Lagarde admite “forte probabilidade” de subida de juros este ano
Em entrevista à CNBC, a presidente do Banco Central Europeu admitiu pela primeira vez que há uma "forte possibilidade" de haver uma subida dos juros diretores este ano.
O Banco Central Europeu (BCE) irá acabar com as compras de ativos (maioritariamente dívida pública) no início do terceiro trimestre e deverá começar a subir os juros antes do final deste ano. A indicação foi dada pela presidente Christine Lagarde em entrevista à CNBC esta sexta-feira onde detalhou o plano do banco central para a retirada dos estímulos monetários.
“Se a situação continuar tal como se prevê atualmente, há uma forte probabilidade de os juros virem a ser aumentados antes do final deste ano“, disse Lagarde, explicando que a dimensão do aumento e a frequência dos aumentos dependem dos números que chegarem à mesa do conselho de governadores durante os próximos meses.
Estas declarações surgem numa altura em que a taxa de inflação continua a acelerar na Zona Euro: em março, segundo os dados do Eurostat, a taxa de inflação situou-se nos 7,4%. O BCE já tinha anunciado a retirada dos estímulos monetária para avançar com a normalização da política monetária, mas prepara-se agora para acelerar esse processo.
A concretizar-se, este será o primeiro aumento dos juros diretores do BCE em mais de uma década. A última vez que houve uma subida foi a 13 de julho de 2011, ainda com o francês Jean-Claude Trichet, que viria a ser substituído pelo italiano Mario Draghi.
Na reunião de política monetária da semana passada, o BCE confirmou que iria acabar com a compra de obrigações soberanas — estímulos que são conhecidos por “quantitative easing” — algures no terceiro trimestre. Agora Lagarde indica que tal deverá acontecer logo no início do terceiro trimestre, ou seja, em julho.
Depois desse passo, a próxima reunião de política monetária realiza-se a 21 de julho, mas o conselho de governadores poderá optar por esperar algum tempo. Nas últimas reuniões, nos comunicados, o BCE tentou desfazer a ideia de que haveria uma subida das taxas de juro logo após o fim das compras de ativos.
A aceleração da taxa de inflação já vinha do segundo semestre de 2021 devido à recuperação económica pós-pandemia, mas a invasão russa na Ucrânia veio intensificar as pressões inflacionistas, em particular no preço da energia e de determinados produtos do setor agrícola.
Apesar de admitir que a situação é desafiante, Christine Lagarde mantém-se nesta entrevista confiante de que a economia europeia vai continuar a retoma pós-Covid e que a estagflação — um período de elevada inflação e baixo crescimento (ou nulo) — é improvável.
Já esta quinta-feira o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, tinha sinalizado que podia haver uma subida de juros em julho. “A minha opinião é que o programa de aquisição de ativos deve terminar em julho e que para a primeira subida das taxas de juro devemos olhar para as nossas projeções, para os diferentes cenários e só depois decidir. De momento nada foi decidido”, disse, acrescentando depois que “da perspetiva de hoje, o mês de julho é possível e setembro ou mais tarde também é possível“.
(Notícia atualizada às 17h34 com mais informação)
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