Rússia já duplicou receitas com venda de combustíveis fósseis à UE desde o início da guerra
Mesmo com a redução do volume de exportações de combustíveis fósseis, Moscovo beneficiou do aumento dos preços.
A Rússia praticamente duplicou as receitas com a venda de combustíveis fósseis à União Europeia (UE) durante os primeiros dois meses de guerra na Ucrânia, avança o The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês). Mesmo com a redução do volume de exportações, Moscovo beneficiou do aumento dos preços.
Nos dois primeiros meses de invasão à Ucrânia, Putin recebeu cerca de 62 mil milhões de euros em exportações de petróleo, gás natural e carvão, de acordo com uma análise do Centro de Pesquisa de Energia e Air Limpo (CREA, na sigla inglesa). Para a UE, as exportações totalizaram cerca de 44 mil milhões de euros, em comparação com os cerca de 140 mil milhões durante todo o ano de 2021.
Estes dados mostram que a Rússia continua a beneficiar da posição que tem no fornecimento de energia à Europa, apesar dos esforços dos países em reduzir a dependência energética de Moscovo e tentar impedir que Putin use os combustíveis fósseis como arma económica.
Apesar de as exportações terem caído desde que Moscovo invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro, isso levou a um aumento dos preços, que já estavam altos numa altura em que as economias mundiais recuperavam dos efeitos da pandemia. O envio de petróleo russo para portos estrangeiros caiu 30% nas primeiras três semanas de abril, segundo dados do CREA.
A mesma análise concluiu ainda que, apesar das várias sanções que têm sido impostas pelo Ocidente, muitas empresas de combustíveis fósseis continuaram a fazer grandes volumes de comércio com a Rússia, incluindo a BP, Shell e ExxonMobil.
“As exportações de combustíveis fósseis são um fator-chave para o regime de Putin e para muitos outros países”, diz Lauri Myllyvirta, analista-chefe do CREA, citada pelo The Guardian. “As importações contínuas de energia são as principais lacunas nas sanções impostas à Rússia. Todos os que compram esses combustíveis fósseis são cúmplices das horrendas violações do direito internacional feitas pelos militares russos”, acrescenta.
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