Jerónimo de Sousa aponta “contradição insanável” a Costa nos aumentos salariais
PCP junta-se ao BE e aos patrões para arrasar apelo do primeiro-ministro para aumento de 20% no salário médio até 2026, "quando não o fez para o setor da administração pública do qual é responsável".
O secretário-geral do PCP disse este domingo ter dificuldades em entender o apelo do primeiro-ministro às empresas para que aumentem os salários “quando não o fez para o setor da administração pública do qual é responsável”.
“Tenho dificuldade em perceber como é que no sítio em que é responsável não dá despacho a uma questão fundamental que é a valorização dos salários dos trabalhadores da administração pública, e faça apelos ao setor privado como se de repente tivessem uma recaída qualquer de consciência e desatassem a aumentar salários”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O primeiro-ministro apelou no sábado às empresas para que contribuam para um esforço coletivo de aumento dos salários dos portugueses, para que haja “maior justiça” e os salários médios em Portugal possam aumentar 20%. Segundo António Costa, que falava perante uma plateia de jovens, no Algarve, as empresas têm de ter consciência que deve haver “maior justiça nas políticas remuneratórias que praticam”, sublinhando que, na União Europeia, o peso dos salários no conjunto da riqueza nacional é de 48% e em Portugal é de 45%.
Hoje Jerónimo de Sousa reagiu a estas declarações de António Costa durante uma visita ao Parque Urbano do Miratejo, no Seixal, considerando que esta é “uma contradição insanável” defendendo que o primeiro-ministro deve explicações mais concretas aos portugueses.
“O mesmo Governo que tentou atribuir praticamente zero vírgula qualquer coisa de aumento da administração pública onde tem responsabilidades particulares, o mesmo Governo que recusou um aumento intercalar do salário mínimo nacional, é o mesmo que vem dizer que lá para 2026 é possível um aumento de salário de 20%”, referiu.
Segundo o secretário-geral do Partido Comunista Português, o que pode ser resolvido por negociação da contratação coletiva, designadamente dos trabalhadores da administração pública, não encontra resposta no quadro do Orçamento do Estado.
Este anúncio do primeiro-ministro, adiantou, “é capaz de resultar em termos de propaganda e não em relação à resolução dos problemas dos trabalhadores, particularmente nos seus salários, nas suas carreiras”. “Tem de dar um exemplo, não tem que atirar para 2025 um hipotético aumento de não sei quantos por cento. Tinha possibilidade de o fazer no quadro do Orçamento do Estado que foi votado. Não o quis fazer”, disse.
Jerónimo de Sousa defende que os trabalhadores não devem “confiar tanto no Governo e continuar a sua luta pelo direito de negociação da contratação coletiva, de valorização dos salários, de valorização das reformas e pensões e de valorização dos serviços públicos”. “Os trabalhadores sabem que se não for pela luta não chegam lá”, salientou.
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