Costa quer Portugal a exportar energia renovável no futuro
Para o primeiro-ministro, a falta de investimento em renováveis na Europa mostra-se evidente numa altura em que o abastecimento de gás russo está em risco. Portugal "depende zero" da Rússia, frisou.
O primeiro-ministro defende que, face aos recursos hídricos, solares e eólicos no país, e os sucessivos investimentos em matéria de energias renováveis, Portugal tem a capacidade de produzir a energia que consome — e, no futuro, exportá-la para outros países.
“Não temos gás natural, petróleo, nem combustíveis fósseis e por isso importamos toda essa energia. Mas temos recursos hídricos, solares, eólicos, e podemos ser nós a produzir a energia que nós consumimos, e um dia produzir energia para passarmos a ser exportadores”, disse esta segunda-feira, durante a inauguração da gigabateria da Iberdrola, do Tâmega, referindo este investimento como a capacidade de produção energética que Portugal pode vir a ter. “Esta gigabateria permite produzir energia e importar menos 160 mil toneladas de petróleo que teríamos de importar para produzir a mesma quantidade de energia”, frisou.
Além do petróleo, o investimento de 1,5 mil milhões nas três barragens e centrais hidroelétricas da energética espanhola vai produzir uma energia equivalente à central de carvão de Sines que foi encerrada ano ano passado. Portugal “é livre de produção de energia com base no carvão”, frisou, acrescentando, assim, que o carvão também tinha de ser importado para que fosse produzida energia dessa fonte.
“Portugal depende zero da Rússia”
No mesmo momento, Costa voltou a lançar farpas a alguns países europeus pela falta de investimento em energias renováveis, demarcando-se dessa realidade ao frisar que “Portugal depende zero da Rússia” no que toca ao fornecimento da energia, uma realidade diferente da União Europeia que “depende bastante” de Moscovo numa altura em que o abastecimento de gás para o inverno, através do gasoduto Nord Stream, está em risco.
“No momento em que vivemos é compreensível a importância de termos derrotado os velhos de Restelo contra as energias renováveis. Basta olhar para o que acontece à nossa volta”, disse, numa referência à guerra na Ucrânia.
António Costa realçou, no entanto, que Portugal é “solidário” no apoio ao bloco europeu através do reforço da capacidade de transbordo, no Porto de Sines, de navios que transportem gás natural liquefeito (GNL) para os países mais dependentes.
“Quando nos pedem solidariedade, somos solidários. Estamos a montar a partir do Porto de Sines uma operação de logística que aumenta a capacidade de de transshipment [transbordo] para acelerar o fornecimento de gás natural aos países que dependem dos portos altamente congestionados no norte da Europa ou nos Países Bálticos”, disse o primeiro-ministro.
“Somos solidários quando disponibilizamos no Porto de Sines a capacidade de um grande [navio] metaneiro poupar quatro dias numa viagem [de ida e volta] até Roterdão, aumentando a capacidade dos grandes metaneiros de fornecer gás natural aos países que se estão a tentar libertar da dependência Rússia”, acrescentou, frisando no entanto que esta ajuda não se traduz em “custos suplementares para compensar o atraso em que outros se colocam quando podia e deviam ter feito o investimento em renováveis”.
O primeiro-ministro relembrou que o bloco europeu está a preparar um plano de emergência para fazer frente ao corte do gás russo, explicando que uma das medidas é o racionamento do consumo. Sobre isto, Costa salienta ser uma “ameaça às nossas famílias e a produtividade das empresas” e por isso defende a urgente aposta em energias “vendes”
“A resposta que temos de dar não é racionamento mas acelerar a capacidade de produção de energias renováveis, para a Europa depender de si própria e não de outros”, vincou.
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