Associações acusam celuloses de ilegalidade em reflorestação em Pedrógão Grande
Ambientalistas da Quercus e Acréscimo acusaram a Celpa, onde estão integradas empresas como a Navigator e a Altri, de plantar eucaliptos em 4,6 hectares que estariam destinados a medronheiros.
As associações ambientalistas Quercus e Acréscimo denunciaram esta quinta-feira uma alegada ilegalidade num projeto de reflorestação em Pedrógão Grande promovido pela Celpa (Associação da Indústria Papeleira), onde terão sido plantados eucaliptos em área destinada a medronheiros.
O caso foi avançado pelo semanário Jornal de Leiria, com as duas associações a acusarem a Celpa, onde estão integradas empresas como a Navigator e a Altri, de plantar eucaliptos em 4,6 hectares que estariam destinados a medronheiros, num projeto de rearborização intitulado “ReNascer Pedrógão”.
Esta quinta-feira, a Celpa afirmou, em comunicado, que não é “formalmente responsável pela manutenção das áreas em causa”, mas que solicitou ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que “desenvolva os procedimentos que considere necessários” para que a área abrangida seja “novamente espelho da legalidade que se impõe”.
Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, a Quercus e a Acréscimo afirmaram que se depararam, após visita no início de julho ao terreno, com uma parcela aprovada pelo ICNF em setembro de 2020 para a instalação de medronheiro, mas que estava ocupada por eucaliptal. Para as duas associações, trata-se de uma “situação de evidente ilegalidade, reflexo de um projeto que foi adulterado na sua execução”.
“Neste e em núcleos adjacentes, a Quercus e a Acréscimo constataram que, na anunciada intervenção na construção e beneficiação de caminhos e aceiros, tendo em vista uma ‘maior resiliência aos incêndios’, os eucaliptos só não se visualizam nas faixas de rodagem. Foram plantados até aos limites de caminhos e aceiros”, salientam. Na nota de imprensa, apontam ainda para os fortes impactos decorrentes da mobilização dos solos para a construção de terraços na margem direita do rio Zêzere produz “um significativo acréscimo do risco de erosão”.
“Esta injustificável mobilização do solo ocorreu em plena Reserva Ecológica Nacional e no enquadramento do Plano de Ordenamento das Albufeiras de Cabril, Bouçã e Santa Luzia”, criticam. O projeto foi feito em parceria com a Câmara Municipal de Pedrógão Grande, a Associação dos Produtores e Proprietários Florestais (APFlor) e a Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG).
A Celpa encarou com “surpresa e indignação” a informação de “que podem existir no terreno pontuais incumprimentos decorrentes da instalação do programa”, defendendo que, “se alguma característica do projeto foi alterada após a sua plantação”, essa deve ser “de imediato reposta”.
Na nota de imprensa, a Celpa, que designa o programa de “Replantar Pedrógão” (no passado apelidou-o de “ReNascer Pedrógão”), salienta que a iniciativa nasceu da “necessidade de devolver a vida à floresta e a esperança à população de Pedrógão Grande”, após os grandes incêndios de 2017. De acordo com a Celpa, já foram rearborizados cerca de 130 hectares de floresta, com a utilização de espécies como o pinheiro-bravo, o eucalipto, o medronheiro ou o carvalho, e construídos 54 quilómetros de caminhos e aceiros.
“Determinada em contribuir para uma melhor floresta, a Celpa também vai, a partir de dia 8 de agosto, iniciar um processo interno de identificação minuciosa de toda a área já intervencionada e eventualmente caracterizar as situações que forem encontradas e que não cumpram os requisitos legais que fizemos questão de cumprir desde a primeira hora”, realçou. A agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto do ICNF, mas sem sucesso até ao momento.
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