Europa arrisca-se a ser ultrapassada pelos EUA na corrida ao hidrogénio verde, diz CEO da Fortescue Future Industries
CEO da Fortescue Future Industries considera que os investidores em hidrogénio verde vão começar a beneficiar com o plano de Biden, a menos que Bruxelas melhore os incentivos.
A Europa poderá ter dificuldades em alcançar as metas previstas para o hidrogénio verde, e reduzir a dependência do gás russo, a menos que consiga igualar os avanços feitos pelos Estados Unidos em matéria ambiental, depois da aprovação da lei anti-inflação, o Inflation Reduction Act (IRA, na sigla em inglês), na semana passada.
A opinião, proferida por Mark Hutchinson, CEO da energética Fortescue Future Industries, em entrevista ao Financial Times, publicada esta segunda-feira, surge numa altura em que o principal gasoduto que liga a Rússia à Alemanha, e abastece o bloco europeu, se prepara para uma nova suspensão no final do mês, voltando a reacender as preocupações de que a Europa poderá ficar sem reservas para o inverno. Segundo o líder da energética, se Bruxelas pretende levar a sério a substituição do gás russo, torna-se imperativo melhorar os seus incentivos, caso contrário “todo o capital verde vai fluir para os EUA”, esclareceu.
No ano passado, a Fortescue fechou milhares de milhões de dólares em acordos de fornecimento de hidrogénio verde, mas ainda não iniciou a produção comercial do combustível. Um deles foi com a Alemanha, depois de ter acordado fornecer 5 milhões de toneladas por ano até 2030 para substituir cerca de um terço de suas importações alemãs de gás russo. “Os EUA mudaram o jogo. Criaram uma indústria do nada”, cita a publicação as declarações de Hutchinson, que diz que os investidores em combustível “limpo” vão começar a aproveitar o plano de Biden, a menos que Bruxelas melhore os incentivos.
O hidrogénio verde tem sido encarado como uma peça-chave do plano da União Europeia para reduzir a dependência do gás russo, mas ainda encontra-se longe de ser produzido em grande escala devido aos custos de produção e problemas de transporte. Embora existam grandes projetos de hidrogénio previstos para a Europa — em Portugal inclusive — as decisões finais sobre investimentos apenas foram tomadas em alguns países. Isso é, em parte, reflexo da necessidade de maior clareza na regulamentação e incentivos para tornar o custo do hidrogénio verde competitivo.
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