Iraque declara recolher obrigatório
Dezenas de apoiantes de Moqtada al-Sadr invadiram o Palácio da República, para expressar o seu descontentamento após o clérigo iraquiano ter anunciado a sua “retirada definitiva” da política.
O Iraque declarou esta segunda-feira o recolher obrigatório após tiroteios na caótica Zona Verde de Bagdade, que já provocaram pelo menos dois mortos e 22 feridos, quando o líder Moqtada al-Sadr anunciou a sua retirada da cena política. Dezenas de apoiantes de Moqtada al-Sadr invadiram o Palácio da República, em Bagdade, para expressar o seu descontentamento após o clérigo iraquiano ter anunciado a sua “retirada definitiva” da política.
Os apoiantes do líder religioso e político entraram no Palácio da República, localizado na ultra-segura Zona Verde da capital iraquiana, levando as forças de segurança a disparar, fazendo pelo menos duas mortes e ferimentos em 22 outras pessoas, de acordo com fontes médicas. Antecipando o cenário de confrontos, Al-Sadr ordenou aos elementos do seu círculo mais próximo para que não se pronunciem sobre os eventos em curso, nem usem as redes sociais para promover mais ações de violência.
O clérigo xiita também aconselhou os apoiantes a não empunharem bandeiras do partido, que ficou oficialmente dissolvido com a decisão anunciada por Al-Sadr. Os ocupantes do Palácio da República acomodaram-se em poltronas, saltaram para a piscina do edifício, com as forças de segurança a começar por disparar bombas de gás lacrimogéneo, para tentar dispersar os manifestantes.
A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir desta segunda, quando a polícia começou a usar munições reais, aumentando o clima de confronto que já se vivia entre apoiantes de Al-Sadr e partidários dos partidos oposicionistas. Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem Governo e sem um novo Presidente, depois de o partido de Al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento.
Muqtada al-Sadr anunciou a sua “retirada definitiva” da cena política no Iraque, perante a crise política. “Decidi deixar de intervir nos assuntos políticos. Anuncio a minha retirada final e o encerramento de todas as sedes das instituições políticas (do movimento sadrista)”, disse o influente clérigo e líder do principal partido no Iraque.
O anúncio de al-Sadr ocorreu apenas 48 horas depois de ter exigido a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro. O partido de al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.
Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho. A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.
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