Siza Vieira culpa PRR pelo “arranque difícil” do Banco de Fomento
Ex-ministro da Economia admite “arranque difícil” do Banco de Fomento. Pacotes de apoio “são sempre insuficientes”, mas aconselha sucessor a “encontrar outras formas de ajudar as empresas” na energia.
Pedro Siza Vieira reconheceu esta sexta-feira que “o arranque do Banco Português de Fomento (BPF) está a ser difícil”. Defende o mérito da ideia inicial – tínhamos quatro sociedades financeiras que concorriam entre si em alguns produtos, pouco eficientes e a ideia foi fundi-las e criar uma instituição para usar esses recursos –, e indicou que foi “outra oportunidade [que] constituiu uma dificuldade”, numa alusão à chamada bazuca europeia.
“Quando surgiu o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) decidimos incorporar a gestão de uma parcela significativa para reforçar o capital do BPF e lhe dar outro músculo. A colocação em execução dos fundos do PRR tem-se revelado extremamente complicada. Só por estes dias é que o Tribunal de Contas deu autorização” para o aumento de capital de 250 milhões de euros”, referiu o ex-ministro da Economia.
O aumento de capital social de 250 milhões de euros do Banco de Fomento era um dos marcos inscritos no PRR, que deveria estar cumprido no primeiro trimestre deste ano. Com o visto do Tribunal de Contas, esta operação já pode avançar. Fonte oficial da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) indicou ao ECO que “será concretizada nos próximos dias”.
Durante uma intervenção no congresso Portugal Empresarial, organizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) na Exponor, em Matosinhos, Siza Vieira aconselhou a “não desmerecer” este projeto do Banco de Fomento. “Precisamos de um banco promocional. (…) Os bancos portugueses não estão a dar crédito às empresas na medida das suas necessidades. Depois da Covid-19, parece que os bancos só dão dinheiro às empresas se houver garantias do Estado”, frisou.
Precisamos de um banco promocional. (…) Os bancos portugueses não estão a dar crédito às empresas na medida das suas necessidades. Depois da Covid-19, parece que os bancos só dão dinheiro às empresas se houver garantias do Estado.
O advogado que em julho se tornou sócio da PLMJ criticou a “pouca disponibilidade do lado da procura” para os instrumentos públicos de capitalização que estão disponíveis e apontou como essencial o reforço do balanço das empresas através da retenção de resultados. Por outro lado, o facto de a maior parte do investimento ser feito com capitais próprios e com excedentes de exploração “limita o crescimento” dos negócios. “É preciso que queiram e que saibam ter um modelo para atrair capital externo”, completou.
Já questionado sobre o pacote de apoio às empresas no valor de 1.400 milhões de euros, apresentado esta semana pelo Governo, o ex-ministro sublinhou que “estes pacotes são sempre insuficientes”. Elogiou, em particular, as medidas fiscais que trazem majoração no IRC e a redução do ISP sobre gás natural, e aconselhou o seu sucessor, António Costa Silva, a “focar a atenção” na “grande aflição” que são os custos das matérias-primas e energia, e em “encontrar outras formas de ajudar as empresas”.
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