“Boas empresas vão continuar a obter financiamento” na bolsa, diz CEO da Euronext Lisbon
A CEO da empresa que gere a bolsa em Portugal defende que as "empresas cotadas portuguesas estão a aproveitar o mercado para fazer o financiamento".
Apesar do panorama ser de desaceleramento económico, a expectativa é que os mercados de capitais voltem a estar “muito ativos mal saiamos da fase de incerteza”, como prevê Miguel Azevedo, Head of Investment Banking MEA & Africa no Citi. Desta forma, as “boas empresas vão continuar a obter financiamento” nos mercados, assegura Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, a empresa que gere a bolsa em Portugal.
A responsável salienta que “a globalização financeira, sobretudo no mercado de capitais, evoluiu muito significativamente nos últimos anos”, sendo que nos mercados da Euronext, já “40% dos volumes negociados todos os dias são por investidores norte-americanos”. Desta forma, “nos dias de hoje, uma empresa europeia que precise de financiamento em mercado não precisa de se cotar num mercado americano”.
Ao conseguir “aceder a uma base global de investidores, não só americanos”, é possível ter acesso ao financiamento. “As boas empresas, as boas histórias e sobretudo agora mais enviesado para as empresas geradoras de cash flow mais seguro e estável, vão continuar a ter acesso a financiamento“, diz Isabel Ucha, em declarações na conferência “O impacto da nova ordem mundial na economia europeia”, promovida pelo ECO, em parceria com a Morais Leitão, PLMJ e VDA.
Miguel Azevedo também salienta que se está a voltar a “apoiar empresas que estão numa trajetória de rentabilidade e não apenas crescimento”. Os mercados estão a regressar à normalidade, considera, sendo que o IPO da Porsche é um “momento crítico” na reabertura. Apesar de na economia mundial se perspetivar um abrandamento, o “mercado está a frente da economia”, explica, e “no final do ano vamos começar a ter mais atividade e no próximo ano podemos ter atividade até positiva”.
No mercado nacional, Isabel Ucha defende que as “empresas cotadas portuguesas estão a aproveitar o mercado para fazer o financiamento, e era importante que mais empresas pudessem vir a beneficiar”.
Admite, mesmo assim, que há setores mais fáceis, sendo que por há muito capital que “veio do mundo ocidental, que tem muita liquidez e capital acumulado, para investir sobretudo na transição energética e digital”. Exemplos disso por cá são a Greenvolt e a EDP Renováveis, ambas tendo conseguido aumentos de capital recentemente, destaca.
Miguel Azevedo aponta que Portugal pode estar bem posicionado, nomeadamente até em indústrias mais tradicionais. Ainda assim, ressalva que continuamos a ter um “problema clássico de dimensão, de escala”, que “tem vindo a melhorar mas tem que melhorar bastante mais”. “Neste momento há oportunidades de crescimento noutras zonas do mundo, como África”, exemplifica.
Já Ana Lehman, especialista em negócios internacionais e inovação, destaca outro fenómeno, que é o reshoring, o processo de regresso da produção ao país de origem da empresa, sendo que para a indústria pode “estimular trazer mais perto do consumidor”. “Se formos ver numa economia baseada em plataformas, há uma necessidade muito menor de ter fábricas noutros países”, salienta.
Mesmo com esta tendência de regresso, a especialista acredita que a “globalização vai continuar forte”. “Há capital de especialização e eficiência que não podemos perder”, aponta, além de “alguma resiliência ao nível das cadeias de valor”.
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