Turismo vai ter quebra em 2023 mas não irá entrar em recessão, aponta BCP
"Em Lisboa existem 183 turistas por cada 100 habitantes e no Porto existem 160 turistas por cada 100 habitantes", disse João Nuno Palma, que classifica os números como "realmente extraordinários".
O vice-presidente do Millenniun bcp, João Nuno Palma, afirmou esta terça-feira que o setor do turismo “é resiliente” e que vai ter uma “quebra em 2023”, mas “nunca irá entrar em recessão” pelas perspetivas do banco. João Nuno Palma falava na 6.ª Cimeira do Turismo Português, a primeira em modo presencial desde a pandemia, no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, no painel “Financiamento do turismo e gestão dos custos de contexto”.
“Temos consciência que vai haver um abrandamento e perspetivamos para 2023 um abrandamento na procura no setor, mas o setor nunca irá entrar em recessão, pelas nossas perspetivas irá ter uma redução”, afirmou o vice-presidente do Millenniun BCP, que destacou que “em Lisboa existem 183 turistas por cada 100 habitantes e no Porto existem 160 turistas por cada 100 habitantes”, o que classificou de “realmente extraordinário”.
O responsável citou as recentes declarações do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, sobre a necessidade de “haver um equilíbrio entre as políticas monetárias, as políticas orçamentais”. Se as políticas orçamentais forem “muito generalistas estão a impedir o efeito da política monetária e vão fazer um agravamento ainda maior nas taxas de juro, isto dentro de um framework [enquadramento] de taxas de juro funciona, se de repente das taxas de juro tiverem de ir para outros níveis completamente diferentes, aí podem derivar outro tipo de cenários”, prosseguiu.
“No cenário central que temos, o setor é resiliente, em 2023 tem uma quebra e em 2024 começa a recuperar”, rematou. O presidente do Conselho de Administração da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, referiu que durante a pandemia o grupo construiu quatro hotéis, uma abertura no Brasil, em São Paulo, e agora estão “com mais cinco em andamento e mais alguns projetos em carteira”.
À pergunta se está tudo bem, o gestor foi perentório: “Não, não está tudo bem. Levei aqui um abalo com esta dose da conversa sobre o aeroporto e a ferrovia que me apeteceu fugir porque, efetivamente, a gente já não consegue ouvir” falar sobre o tema. Aliás, “isto não é vergonha alheia, isto é vergonha própria” desta situação, sublinhou Jorge Rebelo de Almeida.
“Os comboios são importantíssimos para o desenvolvimento do turismo em Portugal, para desenvolvermos o interior”, apontou, lamentando que “a linha elétrica não chega uma capital de distrito, que é Beja”. O presidente do Vila Galé acrescentou, com alguma ironia, que é preciso apostar no ciclismo. “Nós temos de voltar-nos para o ciclismo e começar a cativar internacionalmente ciclistas” porque “ciclovias temos muitas, felizmente”, disse perante uma plateia que sorria e onde se ouviu palmas.
Chamou ainda a atenção para o atual problema da seca, apontando que em Espanha o processo de dessalinização está a ser tratado. Sobre o pacote de ajudas às empresas anunciado pelo Governo, o presidente da Vila Galé disse não ter encontrado “lá nada de interessante”. E argumentou: “O que é que o país precisa? O país precisa que haja uma definição clara de qual é o caminho para onde vamos, nós passamos a vida nos últimos anos – ou quase desde sempre – a tirar da cartola ideias soltas”.
Para as grandes empresas, até internacionais, “não é a taxa [de IRC] que é tão decisiva”, o que é verdadeiramente “importante” é que “os licenciamentos sejam ágeis, que sejam transparentes, que sejam rápidos, que o sistema de justiça funcione”, prosseguiu. “Durante a pandemia, as ajudas às empresas, o lay-off‘ foi extraordinário, o Governo andou muito bem”, mas agora “parece que adormeceram todos”, apontou Jorge Rebelo de Almeida.
“Eu gosto até do António Costa, mas hoje estive quase para lhe perguntar se adormeceu. O Governo parece que está adormecido, aliás, os disparates sucedem-se”, acrescentou, referindo-se ao SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. “Anunciou-se a extinção”, mas sem se ter previamente preparado “uma situação alternativa”, criticou. Ou seja, “ainda não há solução para o SEF”, pelo que questionou, perante isto, “como é que o SEF há de poder funcionar”.
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