Esta é a “última oportunidade” para recuperar a TAP e “não podemos falhar”, diz CEO
A discursar em português, Christine Ourmières-Widener afirmou que a companhia tem de "melhorar a forma de comunicar com os trabalhadores, com os clientes e com os contribuintes".
“Há muitos anos que a TAP não é uma empresa lucrativa. Na verdade, nunca foi. Os anos de 2017 e 2019 foram uma exceção”, afirmou a CEO da companhia esta quarta-feira, numa intervenção na Portugal Air Summit, em Ponte de Sor. O atual plano de reestruturação é a “última oportunidade” tornar a empresa sustentável, defendeu Christine Ourmières-Widener, que discursou, pela segunda vez, em português.
“Encontrei uma situação muito difícil na empresa, não só económica e financeiramente, mas também humana”, afirmou a presidente executiva, que chegou à TAP há pouco mais de um ano. “A preocupação com o futuro, os cortes salariais, a saída de pessoas. Foi dolorosa para todos. Continua a ser. Mas encontrei também pessoas empenhadas” em construir um futuro melhor, acrescentou.
Christine Ourmières-Widener reconheceu que a intervenção do Estado, com a injeção de até 3,2 mil milhões de euros, teve “um preço alto para os contribuintes”, mas disse que “tudo será feito para tornar a companhia sustentável no longo prazo”.
“Temos a oportunidade de criar uma TAP mais forte, recuperar o orgulho do país na sua companhia de bandeira”, afirmou, salientando que se trata da “última oportunidade”, porque, durante dez anos, a companhia não poderá receber mais apoios”. “Não podemos falhar”, sublinhou.
Segundo a CEO, os últimos resultados financeiros mostram que a empresa está “a cumprir o plano de restruturação e até com algum avanço”. “Temos os mesmos níveis de receita, com frota mais pequena e menos trabalhadores”, disse. Mas, “há ainda muito por fazer. Temos de otimizar os nossos custos. Temos de reduzir os custos com a frota. Queremos renegociar todos os Acordos de Empresa, porque a TAP não vai parar depois de terminado o Plano de Reestruturação e os acordos de emergência. E, muito importante: temos de criar o nosso futuro, também melhorando a relação com as nossas pessoas”, acrescentou.
Depois dos vários conflitos com sindicatos, do aumento de queixas dos consumidores e a recente polémica relacionada com o contrato para a renovação da frota com 50 BMW, a presidente executiva da TAP disse que é necessário “melhorar a forma de comunicar com os trabalhadores e com os contribuintes”. A responsável afirmou que a empresa está a conseguir melhorar a capacidade do call center, aumentando a performance de 80% em julho, agosto e setembro e para 85% na primeira semana de outubro.
No próximo verão, a empresa espera aumentar a capacidade trocando quatro aviões ATR por aviões Airbus A330 e A320, contornando dessa forma o limite de 99 aviões imposto por Bruxelas e a redução dos slots no aeroporto de Lisboa. “A inflação galopante, o disparar do preço do combustível, bem como as incertezas em relação à procura no próximo ano, são preocupações presentes e de futuro”, afirmou.
A responsável garantiu ainda que a companhia está “concentrada em aumentar a fiabilidade da frota para que possamos evitar que as operações sejam penalizadas pela indisponibilidade de aeronaves e por questões técnicas desnecessárias”. “Este ano assinalámos 77 anos. Vamos trabalhar para celebrar mais 77”, disse Christine Ourmières-Widener, a fechar a sua intervenção.
À margem da conferência, a CEO da TAP comentou ainda a notícia do Público que dá conta do potencial interesse do fundo de investimentos norte-americano Certares, acionista da Douro Azul, na privatização da TAP. Citada pela Lusa, Christine Ourmières-Widener considerou que a competição é “sempre boa”, mas negou saber algo “específico” sobre um eventual interesse do fundo.
(notícia atualizada às 15h15 com comentário da CEO da TAP ao interesse do fundo Certares na companhia)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Esta é a “última oportunidade” para recuperar a TAP e “não podemos falhar”, diz CEO
{{ noCommentsLabel }}