CEO da petrolífera Chevron culpa governos ocidentais pelo agravar da crise energética
Mike Wirth considera que foi prematuro tentar transitar dos combustíveis fósseis para energia limpa, o que resultou em "consequências involuntárias" como insegurança no fornecimento de energia.
O CEO da petrolífera norte-americana Chevron considera que os governos ocidentais são culpados pelo agravamento da crise energética, devido à aposta em políticas climáticas que tornarão os mercados da energia “mais voláteis, mais imprevisíveis, mais caóticos”. Em entrevista ao Financial Times (acesso livre), Mike Wirth apontou que um esforço prematuro para a transição dos combustíveis fósseis resultou em “consequências involuntárias”, incluindo a insegurança no fornecimento de energia.
“A conversa [sobre energia] no mundo desenvolvido, com certeza, inclinou-se para o clima, tomando a acessibilidade e a segurança como garantidas”, disse o chefe executivo da Chevron, a partir da sede da empresa em San Ramon, Califórnia.
Lembrando o forte investimento global nas fontes renováveis nas duas últimas décadas, Wirth sublinhou que os combustíveis fósseis ainda satisfaziam cerca de 80% da procura mundial, pelo que os governos tiveram de manter uma “conversa honesta” sobre a escala do desafio energético. “A realidade é, [os combustíveis fósseis] é que imperam no mundo hoje em dia. Vão imperar no mundo amanhã e daqui a cinco anos, daqui a 10 anos, daqui a 20 anos“, declarou.
Estes comentários de Mike Wirth surgem numa altura em que as metas climáticas dos governos dos EUA e da Europa colidem com uma crise energética, agravada pela invasão russa da Ucrânia, que, ao mesmo tempo, tem feito disparar a inflação nos países, deixando-os à beira de uma recessão económica.
O chefe executivo da petrolífera dos EUA disse, aliás, que a atual crise energética acontece após anos de subinvestimento em novos abastecimentos de crude. Neste momento, detalhou Wirth, a despesa anual em projetos de petróleo e gás é cerca de metade face ao período pré-pandemia, embora a procura tenha continuado a aumentar.
Ao mesmo tempo, os gastos em alternativas ao petróleo e ao gás eram “terrivelmente curtos, biliões de dólares curtos”, afirmou. Mike Wirth considera, por isso, que este desfasamento “ilustra o risco de passar agressivamente de um sistema que mantém o mundo a funcionar hoje para outro sistema, e de encerrar o nuclear e o carvão, desencorajando o [investimento em] petróleo e gás”.
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