Bancos vão apertar critérios de concessão de crédito a empresas e famílias
Os bancos da Zona Euro antecipam uma queda na procura e na concessão de crédito no quarto trimestre do ano. O maior impacto deverá ser sentido na concessão dos empréstimos à habitação.
O aumento das taxas de juro no espaço do euro e a contração da economia europeia são as causas principais para que os bancos antecipem um corte significativo na concessão de crédito para empresas e famílias neste quarto trimestre do ano.
De acordo com o inquérito trimestral do Banco Central Europeu (BCE) aos bancos do espaço da moeda única divulgado hoje, as instituições financeiras antecipam “um aperto líquido significativamente mais forte dos critérios de concessão de empréstimos a empresas em comparação com o trimestre corrente”, lê-se no documento.
O BCE revela que já no terceiro trimestre os bancos tornaram os seus padrões de crédito (ou seja, orientações internas dos bancos ou critérios de aprovação de empréstimos) mais restritivos para empréstimos ou linhas de crédito a empresas. A entidade liderada por Christine Lagarde salienta que o aperto líquido dos padrões de crédito no terceiro trimestre foi inclusive ligeiramente mais forte do que no pico observado após o surto da crise do Covid-19, mas ficou “abaixo dos picos observados durante a crise da dívida soberana e da crise financeira mundial.
Em relação às famílias, a generalidade dos bancos da área do euro antecipam para o último trimestre do ano “um aperto líquido dos padrões de crédito para todos os empréstimos às famílias”. Além disso, estão também a contar com uma forte diminuição líquida contínua da procura de empréstimos à habitação e uma diminuição menor, mas ainda relativamente significativa, da procura de crédito ao consumo.
De acordo com dados do BCE, os bancos da Zona Euro reportaram, no terceiro trimestre, um forte aperto líquido dos critérios de concessão de crédito à habitação e um aperto líquido menor, mas ainda pronunciado, para o crédito ao consumo. “O aperto líquido dos critérios de concessão de crédito à habitação foi o maior desde o quarto trimestre de 2008”, destaca o inquérito do BCE, salientando que os fatores principais para este comportamento foram uma maior perceção do risco e uma menor tolerância ao risco por parte das instituições financeiras.
No contexto da normalização da política monetária, os bancos referem que começaram a indicar uma contribuição negativa do nível geral das taxas de juro para com a procura de empréstimos. E é também nesse sentido que no quarto trimestre os bancos esperam um declínio líquido moderado na procura de empréstimos tanto por parte de empresas como de famílias.
Mas não são só as empresas e as famílias que deverão contar com mais dificuldades em aceder ao crédito. Para o quarto trimestre, os bancos da Zona Euro esperam igualmente uma deterioração do seu acesso a financiamento. “O acesso aos títulos de dívida (percentagem líquida de 22%), aos mercados monetários (percentagem líquida de 11%) e à titularização (percentagem líquida de 9%) deverão todos deteriorar-se”, referem os bancos no inquérito do BCE.
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