Empresários do Porto veem “oportunidade desperdiçada” no PRR
"Perante uma oportunidade desperdiçada, terão de ser, uma vez mais, os industriais a dar testemunho da sua resiliência e capacidade de adaptação", diz o presidente da Associação Comercial do Porto.
O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, criticou esta quinta-feira o Governo liderado por António Costa por ter desperdiçado o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao não utilizar este instrumento “como meio de transformação da economia”, à semelhança do que outros países estão a fazer.
“Em Portugal serviu, sobretudo, para que o Estado alavancasse despesa e fizesse o investimento público que não tem capacidade de fazer pela via orçamental“, denunciou Nuno Botelho, durante a abertura da conferência “Que indústria de futuro queremos para Portugal?”, organizada pelo ECO, que juntou dezenas de empresários na Alfândega do Porto.
O líder da ACP admitiu estar desiludido com a forma como o Estado está a a gerir a chamada bazuca europeia. “Devo partilhar a minha desilusão — partilhada por muitos empresários — com o PRR”, afirmou. “Um instrumento que outros países europeus, como a nossa vizinha Espanha, estão a utilizar como meio de transformação da sua economia, mas que em Portugal serviu sobretudo para que o Estado alavancasse despesa e fizesse o investimento público que não tem capacidade de fazer pela via orçamental”, criticou.
Para Nuno Botelho, “perante uma oportunidade desperdiçada, terão de ser, uma vez mais, os industriais portugueses a dar testemunho da sua resiliência e da sua capacidade de adaptação e mudança, mostrando que o país deve seguir”.
Perante uma oportunidade desperdiçada, terão de ser, uma vez mais, os industriais portugueses a dar testemunho da sua resiliência e da sua capacidade de adaptação e mudança, mostrando que o país deve seguir.
Por outro lado, Portugal deve aproveitar o facto de haver “uma vontade política na Europa para reforçar o peso na indústria na economia, diminuir o volume de importações, reduzir o risco das dependências externas e das tensões geopolíticas“. O país tem como trunfos as boas condições geográficas — sobretudo no corredor marítimo transatlântico –, logísticas, técnicas, humanas e sociais, elencou. Mais, reiterou: “Em nada ficamos a dever, nessas características, a outros países do espaço europeu onde a componente industrial no PIB é francamente superior à nossa”.
Nuno Botelho defendeu ainda a otimização no perfil de especialização do tecido produtivo português como “o caminho a seguir e aquele que melhor se enquadra nos objetivos definidos pela Comissão Europeia em termos de reindustrialização do espaço comum, de transição para um modelo de economia verde e de transformação digital dos negócios”.
Uma forma de estar na dianteira e de alavancar Portugal pode passar por “escolher os projetos mais diferenciadores e onde temos mais vantagens comparativas”. Para o presidente da ACP é importante “assumir que Portugal não pode competir em mão de obra intensiva, mas pode crescer em setores de alto valor acrescentado, em processos de automação e de digitalização, em ID e em projetos com as nossas universidades cada vez mais capacitadas e mais bem cotadas nos rankings internacionais”.
Ainda assim, o responsável destacou os “sinais de evolução” registados na atividade industrial, “fruto de uma melhor capacitação dos chamados setores tradicionais, mas sobretudo do nível de diferenciação tecnológica cada vez mais significativo” em setores como o automóvel e seus componentes. Além da eletrónica, farmacêutica, biotecnologia, energia e engenharia de materiais.
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