Distribuidoras preparam entregas da Black Friday com mais turnos, apps e armazéns
Para evitar atrasos nas encomendas da Black Friday, CTT e DPD fazem contratações, mexem nos horários, atualizam software e abrem estações. Falta saber quanto fica nas prateleiras, adverte transitário.
A Black Friday entrou em definitivo no calendário das marcas e dos consumidores portugueses, que ainda aproveitam as campanhas de descontos em novembro para adiantar já algumas compras de Natal. A proporção das transações que é feita online, com entregas ao domicílio ou em pontos de proximidade, é cada vez maior, o que aumenta a pressão sobre as principais empresas distribuidoras, obrigando-as a preparar esta operação com antecedência para garantir a qualidade do serviço.
É o caso dos CTT, que reclamam a liderança no mercado doméstico do transporte expresso e que para a peak season deste ano, período que se estende da Black Friday até ao dia de Reis, está a implementar medidas como o reforço das equipas no tratamento e na distribuição das encomendas; a distribuição nos feriados e fins de semana e em horários mais alargados; a recolha de objetos em antecipação dos principais expedidores; e ainda turnos duplos de distribuição diária.
“O objetivo é fazer face ao elevado volume de encomendas que se espera nesta altura, minimizando eventuais constrangimentos que possam surgir numa operação desta natureza e dimensão, em que é movimentado um elevado volume de encomendas por dia”, resume ao ECO o administrador dos CTT, João Sousa. No apoio ao cliente, por exemplo, terá um reforço de 30% de recursos de atendimento e task-forces durante os feriados e fins de semana. Se for necessário, pode alargar os horários de funcionamento dessas linhas de atendimento.
Para assegurar a rapidez nas entregas, abriu novos centros para tratamento de encomendas (Palmela, Aveiro, Leiria e Maia) e reforçou as ligações de transporte, incluindo no fluxo ibérico. Nos dias em que a procura exceda as estimativas partilhadas pelos clientes, as equipas operacionais têm agora informação em tempo real que facilita a entrega mais célere das encomendas atrasadas. E lançou uma nova aplicação mobile (app) para os distribuidores, que “além de ser mais rápida e intuitiva, facilita o contacto com o cliente em caso de ausência, para reduzir o número de objetos em que é deixado aviso para ir levantar em pontos CTT”.
João Sousa frisa ainda que os consumidores têm vários serviços que facilitam a receção das encomendas. “Este ano temos mais de 450 cacifos na rede Locky, que permite aos clientes a recolha das encomendas de forma totalmente independente, no horário de maior conveniência e com total garantia de segurança e qualidade, todos os dias da semana, evitando as habituais filas desta altura do ano”, salienta o administrador da empresa, cuja rede dispõe de um total de 2.500 pontos de entrega e um serviço (CTT Now) para entregas rápidas, em menos de duas horas.
Já a concorrente DPD decidiu reforçar as equipas com a contratação de mais de 700 colaboradores, que aumenta em mais de 400 o número de circuitos de distribuição, e permite alocar mais de 300 novas pessoas às áreas da triagem e do atendimento. Para esta época alta, que no seu caso compreende o intervalo entre 24 de novembro e 24 de dezembro, reforçou igualmente a estrutura com a criação de três estações de distribuição temporárias, situadas em Alfena, na Maia e em Évora.
Vamos ter operações dedicadas aos serviços de distribuição durante os feriados de dezembro e fins de semana, para garantir entregas mais atempadas num período de forte procura, assim como um incremento das ligações domésticas e internacionais, correspondentes ao transporte de encomendas por camião entre estações.
“Vamos ainda ter operações dedicadas aos serviços de distribuição durante os feriados de dezembro e fins de semana, para garantir entregas mais atempadas num período de forte procura, assim como um incremento das ligações domésticas e internacionais, correspondentes ao transporte de encomendas por camião entre estações de distribuição, o que nos permite assegurar rapidez nas entregas e, desta forma, prestar um serviço ao cliente cada vez mais eficiente”, indica Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, que além da tradicional entrega ao domicílio dispõe de uma rede de pontos pickup e lockers.
Em 2022, neste período entre a Black Friday e o Natal, a multinacional que investiu 28 milhões para criar um hub em Loures, prevê processar mais de 2,8 milhões de encomendas na rede da DPD, ultrapassando assim os valores de 2021. No entanto, adverte o gestor de origem francesa, “este ano [tem] uma dificuldade acrescida em chegar a números de volumes, pela imprevisibilidade de consumo que os próprios retalhistas [lhes] têm comunicado”.
Dos contentores marítimos aos estafetas citadinos
Com o maior número de encomendas e as empresas com as equipas cada vez mais espalhadas, também a Papiro Expresso (estafetas) está a reforçar o serviço personalizado de recolhas, transporte e entregas durante os meses de novembro e de dezembro para fazer face ao aumento da procura nesta altura do ano. A empresa prevê um processamento diário superior a 200 encomendas durante a época festiva, contando com o centro de estafetagem das Laranjeiras (Lisboa) como ponto principal de receção.
“Os serviços da Papiro Expresso cresceram 45% desde o início da pandemia e daí a necessidade de agilizar ainda mais a entrega de encomendas que, no limite, pode ajudar a alavancar negócios. Nesta altura do ano é natural um aumento do volume de transações e este novo ponto de entrega foi pensado para um serviço mais próximo e célere”, salienta, citado num comunicado de imprensa, o CEO da Papiro, Luís Bravo.
Do setor dos transportes internacionais de mercadorias, chega outra perspetiva. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, em que as dificuldades logísticas provocadas pela pandemia complicaram as entregas atempadas, este ano, sabendo já desses problemas, as marcas “foram fazendo as suas encomendas e programando o seu abastecimento com um tempo muito mais longo, embora com custos mais elevados”, resume Mário de Sousa, CEO da Portocargo, antevendo agora outras nuvens no horizonte.
Este ano, o problema não é como abastecer nas prateleiras, mas quanto vai ficar nas prateleiras por falta de capacidade de aquisição por parte dos consumidores.
“Este ano, o problema não é como abastecer nas prateleiras, mas quanto vai ficar nas prateleiras por falta de capacidade de aquisição por parte dos consumidores” devido à conjuntura económica que é mais adversa do que quando as empresas encomendaram os artigos para a Black Friday, “convencidas que a procura ia ter um certo nível, que não vai ter”, contrapõe. E as empresas com autonomia financeira diminuta, completa o líder deste operador transitário especializado no transporte internacional de mercadorias, “podem ter um problema de não aguentar ter em stock produtos acabados que até podem passar a obsoletos”.
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