O que a TAP quer no futuro aeroporto de Lisboa
"O ecossistema aeroportuário está saturado" e os clientes da TAP "não têm hoje a melhor experiência possível devido à infraestrutura existente", afirma Ramiro Sequeira, administrador da companhia.
“Uma Coca-Cola não sabe ao mesmo num voo com duas horas de atraso”, afirmou Ramiro Sequeira, chief operacional officer da TAP, para salientar o impacto da falta de pontualidade, “uma das mais baixas a nível mundial”, no serviço aos passageiros. É um dos problemas que o responsável da companhia aérea espera que seja resolvido com um novo aeroporto, para o qual deixou um “caderno de encargos”.
“O nosso cliente não tem hoje a melhor experiência possível devido à infraestrutura existente”, afirmou o responsável da companhia aérea, numa apresentação durante a conferência “Novo aeroporto, tempo de decidir”, organizada pelo Conselho Económico e Social e o jornal Público. “O ecossistema aeroportuário está saturado. A infraestrutura é limitada porque só tem uma pista, porque não tem uma saída rápida, precisamos de mais estacionamentos e de mais mangas. Temos a utilização no máximo de slots e movimentos. Não há buffers (colchões) para enfrentar vicissitudes, por exemplo quando há nevoeiro, e depois não há capacidade para recuperar ao longo do dia”, diagnosticou.
A isto acresce o “espaço aéreo congestionado, que é partilhado com o tráfego militar”, o que concorre para que “a pontualidade seja das mais baixas a nível mundial”. “Temos uma desvantagem competitiva enorme se nos compararmos com os principais aeroportos da Europa e com o que nos faz concorrência direta, que é o de Madrid”, acrescentou o responsável da TAP.
Face a este cenário, Ramiro Sequeira apontou os fatores que é preciso melhorar num próximo aeroporto:
- O COO da TAP começou por apontar que é preciso melhorar a eficiência na utilização do espaço aéreo. Neste momento, a utilização é de 66%, devido à coexistência do tráfego militar e civil. Nos outros países europeus a utilização ronda os 85%.
- O próximo aeroporto tem de permitir melhorar a pontualidade, “que é um dos fatores mais importantes para os clientes e o turismo”, refere o COO da companhia. A pontualidade atual ronda os 63% e o objetivo da TAP é chegar aos 75%. “Não é muito ambicioso, mas tem em conta a realidade atual. Não conseguimos recuperar a nossa pontualidade por estaremos neste hub [Humberto Delgado]”, referiu.
- É também necessária uma “modernização da jornada do cliente”, diz Ramiro Sequeira, com a criação de “check-in” com áreas amplas e tecnologia avançada, um serviço de segurança e fronteiras com tecnologia e recursos adequados, portas de embarque com reconhecimento biométrico, lounges ajustados ao volume e dimensão ou terminais de bagagem que permitam minimizar perdas e demoras.
- Outro ponto que o COO da TAP considera determinante é a existência de rede elétrica e acesso a fontes renováveis de energia. Além disso, que a localização não obrigue a impor limitações aos voos devido ao ruído e que tenha “uma verdadeira capacidade de expansão”. Por fim, aponta a necessidade de ter um serviço para pessoas com mobilidade reduzida.
“Portugal, os clientes e a TAP merecem uma infraestrutura com todas as valências concentradas num único polo”, afirmou Ramiro Sequeira. “Acreditamos num hub — e se formos ver 90% dos hubs estão concentrados num único polo, — que agregue todas as eficiências, sempre pensando na terra e no ar”, acrescentou.
O chief operational officer afirmou que a TAP espera transportar oito milhões de passageiros a partir do aeroporto de Lisboa no próximo ano, “sensivelmente o mesmo que em 2019”.
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