Jerónimo de Sousa deixa liderança do PCP. Paulo Raimundo vai ser o próximo secretário-geral

  • ECO
  • 5 Novembro 2022

Paulo Raimundo vai suceder a Jerónimo de Sousa no cargo de secretário-geral do PCP. Comité Central do PCP reúne no dia 12 de novembro.

Jerónimo de Sousa vai deixar a liderança do PCP, fechando assim um ciclo de 18 anos como secretário-geral do partido. O histórico dirigente vai ser substituído por Paulo Raimundo, que está há mais de 20 anos nos órgãos dirigentes do partido. Jerónimo de Sousa deixará a liderança do PCP depois de uma derrota eleitoral nas legislativas que levou o partido, em coligação com Os Verdes, de 12 para 6 deputados e a saída de deputados de referência como João Oliveira.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, no prosseguimento de uma avaliação própria, refletindo sobre a sua situação de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que assume, colocou a questão da sua substituição nas funções que desempenha, mantendo-se como membro do Comité Central do PCP”, justifica o partido comunista, em comunicado.

O novo secretário-geral será eleito no dia 12 de novembro. “No seguimento da questão colocada, que se compreende face à situação concreta, e concluída a devida auscultação, o Comité Central do PCP terá uma reunião no próximo sábado, 12 de novembro, após o primeiro dia dos trabalhos da Conferência Nacional ‘Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências’, em que será feita a proposta da eleição de Paulo Raimundo para Secretário-Geral do PCP“, acrescenta o comunicado.

Jerónimo de Sousa sai num momento particularmente difícil para o PCP. O apoio implícito à Rússia na guerra promovida contra a Ucrânia deixou o partido isolado. E os resultados eleitorais foram de degradação crescente. Na noite eleitoral das eleições legislativas de janeiro deste ano, depois de uma derrota política pesada, Jerónimo de Sousa admitiu o momento difícil do partido. “Quanto a resultados bons ou maus, é claro que é uma perda. Não estamos propriamente felizes, embora estejamos conscientes da dureza com que travámos esta batalha”. Agora, será Paulo Raimundo o líder do partido nos próximos atos eleitorais.

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SINTAC e ANA chegam a acordo para aumentos salariais entre 2% e 7,5%

  • Lusa
  • 5 Novembro 2022

Trabalhadores “terão um aumento mais que merecido, já no presente mês de novembro e outra parte desse aumento no mês de janeiro”, diz SINTAC.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) anunciou este sábado que chegou a acordo com a ANA Aeroportos para aumentos salariais entre 2% e 7,5%, uma parte já em novembro e o restante em janeiro.

“Informamos que foi alcançado um acordo entre o SINTAC e a ANA para os aumentos salariais, além dos 1,5% já realizado em 2022”, disse o sindicato, em comunicado enviado à comunicação social, onde adianta que “o referido aumento será compreendido entre 2% e 7,5%”.

O SINTAC explicou que os trabalhadores da gestora de aeroportos do grupo Vinci “terão um aumento mais que merecido, já no presente mês de novembro e outra parte desse aumento no mês de janeiro”.

Ainda assim, o sindicato considerou que não é um acordo “excelente”, mas reconheceu a “abertura e boa vontade” da empresa, que tornaram o acordo possível.

Além dos aumentos, para fazer face ao aumento do custo de vida devido à escalada da inflação, o sindicato detalhou que “será também pago um prémio no mês de março a todos os trabalhadores”.

“Face à imprevisibilidade do cenário macroeconómico para o ano de 2023, estaremos atentos à eventual necessidade de voltar a negociar alguma reposição do poder de compra, no decorrer do próximo ano”, rematou o SINTAC.

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EUA reconhecem vantagem de porto de Sines para receber energia norte-americana

  • Lusa
  • 5 Novembro 2022

Randi Charno Levine lembrou que os transportes de GNL dos EUA para Portugal aumentaram 13% este ano.

A embaixadora norte-americana em Portugal, Randi Charno Levine, reconheceu hoje que o porto de Sines é um lugar privilegiado para acolher Gás Natural Liquefeito (GNL) oriundo dos Estados Unidos.

Recordando que o porto de Sines é “o terminal europeu mais próximo dos Estados Unidos”, a embaixadora admite assim que este é um ponto privilegiado de entrada para a Europa da energia norte-americana que atravessa o Atlântico. Em declarações à Lusa, Randi Charno Levine lembrou que os transportes de GNL dos EUA para Portugal aumentaram 13% este ano, revelando o potencial de crescimento de parcerias energéticas entre os dois países.

“No futuro, esperamos que os combustíveis ‘verdes’ como o hidrogénio desempenhem um papel cada vez maior no abastecimento energético mundial, e isso vale também para Portugal, especialmente quando o Corredor de Energia Verde se tornar uma realidade”, explicou a embaixadora norte-americana em Lisboa.

Em declarações à Lusa – nas vésperas das eleições intercalares nos Estados Unidos, marcadas para dia 08 de novembro – a embaixadora mostrou-se confiante nos benefícios para a Europa de uma estratégia energética que valorize o papel de Portugal como plataforma de distribuição, numa visão apoiada pelo seu Governo.

A embaixadora norte-americana em Lisboa recordou que Portugal apoia as iniciativas de reforço das cadeias de abastecimento de matérias-primas essenciais para as tecnologias de energia limpa, incluindo turbinas eólicas ou veículos elétricos, em consonância com a visão do Governo do Presidente Joe Biden.

De resto, nos comícios eleitorais em que tem participado, apoiando candidatos democratas ao Congresso, Biden tem colocado a agenda energética como uma das bandeiras do seu partido, demarcando-se do Partido Republicano, a quem aponta críticas pela falta de uma estratégia ambiciosa no campo ambiental.

Por isso, Randi Charno Levine diz que o seu Governo “apoia fortemente os esforços de Portugal para usar os seus recursos minerais críticos, como o lítio, para construir uma cadeia de abastecimento de alto valor”, no sentido de melhorar a transição para as energias renováveis. “Seja qual for o futuro, estamos certos de que os Estados Unidos continuarão a ser um parceiro firme e fiável de Portugal na segurança energética”, concluiu a embaixadora.

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BE quer que “travão” ao aumento das rendas se aplique também a novos contratos

  • Lusa
  • 5 Novembro 2022

"Há senhorios que preferem acabar com contratos e fazerem um novo pelo preço que quiserem, o que significa que as rendas continuam a aumentar”, defende Catarina Martins.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que vai propor que o limite de aumento das rendas se aplique não só aos contratos em vigor, mas também aos novos contratos porque as rendas “não podem” subir mais.

“O BE, das várias propostas que terá sobre inflação e habitação neste Orçamento do Estado, vai propor que o limite de aumento de rendas se aplique não só a contratos em vigor, mas também a novos contratos”, afirmou Catarina Martins durante uma visita ao renovado e recém-inaugurado Mercado do Bolhão, no Porto.

Enquanto percorria as bancas, onde ia ouvindo queixas dos vendedores sobre o aumento dos preços dos bens alimentares e da energia, a bloquista referiu que as rendas não podem subir e que a habitação não pode ser um luxo em Portugal. “Já está [habitação] com um preço exorbitante”, considerou.

Catarina Martins salientou que a medida que o Governo de António Costa anunciou no seu pacote anti-inflação relacionada com o `travão´ às rendas, que em 2023 terão um aumento limitado a 2%, “não foi bem feita” e está agora a ter “resultados perversos”.

“O Governo estabeleceu que nos contratos de arrendamento as rendas não poderiam subir mais de 2%, mas não estabeleceu nada sobre novos contratos, o que quer dizer que os contratos de habitação hoje são muito curtos e há senhorios que preferem acabar com contratos e fazerem um novo pelo preço que quiserem, o que significa que as rendas continuam a aumentar”, afirmou.

Portanto, segundo a coordenadora do BE, é preciso “corrigir o erro” do Governo neste Orçamento do Estado estabelecendo que o limite ao aumento das rendas tem de ser tanto nos contratos em vigor, como em novos contratos. Porque, se assim não for, o teto criado de 2% “não serve para nada” porque basta a um senhorio acabar com um contrato e fazer um novo, sustentou.

A lei que estabelece um limite de 2% para a atualização de rendas para 2023 e cria um apoio extraordinário ao arrendamento, no âmbito das medidas de mitigação do impacto da subida dos preços, foi publicada em Diário da República a 21 de outubro.

Nos termos da lei n.º 19/2022, “durante o ano civil de 2023 não se aplica o coeficiente de atualização anual de renda dos diversos tipos de arrendamento previsto no artigo 24.º da lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro”, sendo o coeficiente a vigorar nos diversos tipos de arrendamento urbano e rural abrangidos de 1,02, “sem prejuízo de estipulação diferente entre as partes”.

Ainda assim, o coeficiente de atualização das rendas definido para 2023 (1,02) é o mais alto dos últimos nove anos. Em 2022, foi aplicado um coeficiente de 1,0043 e em 2021 de 0,9997.

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Lisboa será o “maior hub de talento” da Emma dos colchões

Empresa alemã quer recrutar cerca de 200 pessoas em dois anos para o centro de desenvolvimento em solo português, a partir do qual é feita a gestão de mercados como Itália, França ou Brasil.

Dennis Schmoltzi, CEO da EmmaHugo Amaral/ECO

Lisboa vai tornar-se o nosso maior hub de talento da Emma. Maior do que o de Frankfurt, onde a empresa alemã de colchões inteligentes começou. Em dois anos, a companhia quer recrutar 200 pessoas, elevando para 450 o número de trabalhadores no escritório de Lisboa. A Emma estima fechar este ano com receitas superiores a 800 milhões de euros.

“Lisboa vai tornar-se o nosso maior hub de talento, maior do que Frankfurt, onde começámos. Porquê? Porque temos muito bom talento aqui, e a nossa companhia é sobre isso mesmo. É sobre talento que cria excelência em todas as áreas”, diz Dennis Schmoltzi, CEO da Emma. “Temos 250 pessoas a trabalhar aqui em Lisboa. Mas queremos crescer, com a contratação de, pelo menos, outras 200 pessoas nos próximos dois anos”, reforça o fundador da companhia, numa conversa com o ECO/Pessoas durante a Web Summit.

Atualmente localizada na zona do Saldanha, no cowork da Idea Spaces, a Emma foi obrigada a procurar novas instalações na capital portuguesa. “Ultrapassámos o nosso espaço. Por isso, estamos a olhar para um novo edifício, maior, para arrendar, para o qual nos possamos mudar no início do próximo ano. A mudança deverá ocorrer em fevereiro de 2023. Está atualmente em preparação, para garantir que as pessoas têm o melhor espaço e a melhor experiência, que é um dos pré-requisitos”, refere Dennis Schmoltzi.

Lisboa vai tornar-se o nosso maior hub de talento, maior do que Frankfurt, onde começámos. Porquê? Porque temos muito bom talento aqui.

Com 250 colaboradores, a partir de Lisboa a Emma assegura a gestão de diversos mercados. “Estamos realmente a gerir muitos dos nossos países a partir de Lisboa. O mercado italiano é gerido a partir daqui, o francês, o português, certamente, mas até o brasileiro tem funcionado a partir de Lisboa. Estamos a construir este escritório para fazer crescer a Emma internacionalmente. E isso requer também que estejamos a contratar na área. Por isso, para nós, será realmente o maior centro de talentos na Emma nos próximos dois anos”, explica o CEO.

Nos planos está, em dois anos, contratar cerca de duas centenas de pessoas. Mas face à atual escassez de talento, a aposta passa apenas pelo recrutamento do talento local? “Estamos a explorar este mercado de talentos local, mas também estamos também a atrair pessoas internacionais, porque para gerir países como a Itália temos também pessoas italianas a gerir o mercado italiano, mas a partir de Lisboa”, comenta o responsável.

Estamos realmente a gerir muitos dos nossos países a partir de Lisboa. O mercado italiano, o francês, o português, certamente, mas até o brasileiro tem funcionado a partir de Lisboa. Estamos a construir este escritório para fazer crescer a Emma internacionalmente. E isso requer também que estejamos a contratar.

Ao contratar pessoal localizado no mercado externo, Dennis Schmoltzi também se deparou com alguma burocracia. “Estamos a enfrentar alguns problemas ao nível da burocracia em todas as áreas onde temos escritórios. Por exemplo, o número de Segurança Social, que é necessário ter, por vezes leva algum tempo aqui em Portugal. Tem sido, por vezes, um pequeno obstáculo“, comenta.

Espero que isto [a criação de novos vistos] torne todo o processo mais rápido. Essas barreiras seriam ainda mais reduzidas”, diz o responsável, quando questionado sobre as suas expectativas para os novos vistos de trabalho anunciados pelo Governo.

“Penso que temos a nossa forma de gerir [os atrasos[. Temos também a nossa forma de apoiar as pessoas que contratamos e que tentamos atrair, mesmo que isso leve algum tempo — e demorar cerca de dois meses para as trazer até Lisboa. Temos o tipo de programas e o apoio que é necessário. Mas penso que todas as empresas ficariam felizes se houvesse menos burocracia. Todas as coisas seriam ainda mais rápidas”, diz.

Perfis procurados

E os perfis procurados são abrangentes. “Talvez as empresas, quando vêm para Lisboa, preferiram concentrar-se nas áreas operacionais. Nós contratamos realmente em todas as áreas, desde o marketing ao business development até à tecnologia, mas também em operações, suply chain management. Não se trata de uma área específica. É realmente uma equipa totalmente integrada que aqui temos tido a gerir todos os mercados, a gerir a supply chain, o desenvolvimento tecnológico…”, enumera Dennis Schmoltzi.

Dennis Schmoltzi, CEO da EmmaHugo Amaral/ECO

“Somos o melhor lugar, por exemplo, para crescer como um talento empreendedor. As pessoas juntam-se à Emma porque crescem rapidamente. A idade média dos colaboradores é de cerca de 28 anos. Portanto, é uma empresa muito jovem, mas, ao mesmo tempo, as pessoas crescem extremamente depressa. Contratamos muitos jovens, pessoas talentosas, damos-lhes responsabilidade e fazemo-los crescer pessoal e profissionalmente. E isso é o que atrai as pessoas”, defende o fundador da empresa.

Mas não só. As pessoas, considera ainda, sentem-se atraídas pelo “impacto” que têm. “Têm responsabilidade desde o primeiro dia, e decidem coisas que têm um custo e requerem um budget. Não temos budgets na companhia. Pedimos a todos que tomem uma decisão e decidam o que faz melhor sentido”, esclarece.

“Estar no escritório e estar presente é importante”

Um desenvolvimento pessoal do colaborador que o fundador da Emma acredita que é potenciado no escritório. “Acreditamos que toda esta parte do desenvolvimento do talento é melhor se estiverem juntos num escritório e conhecerem outras pessoas, porque aprendem muito observando os outros, participando naquelas discussões informais em que, por vezes, apenas passam por uma secretária e discutem formas, cultura… Isso ajuda-os a crescer, cria um espírito muito empreendedor, em oposição a estar sozinho em casa”, argumenta.

Somos uma empresa que acredita que estar no escritório e estar presente é importante. (…) Somos, de certa forma, anti-modelo.

“Somos uma empresa que acredita que estar no escritório e estar presente é importante”, reforça, defendendo um modelo que não tem sido o mais adotado entre as tecnológicas, em que o modelo remoto ou o híbrido é dominante.

“Somos, de certa forma, anti-modelo. Também vemos que na tecnologia é preciso contratar à distância. E temos talento técnico que é remoto, porque os especialistas de que precisamos por vezes, não conseguimos encontrar em Lisboa e, infelizmente, é difícil atraí-los e fazer com que se mudem para Lisboa. Mas esse é o outro elemento”, diz.

“Lisboa é um centro para a tecnologia, ou seja, onde estamos a atrair jovens talentosos na tecnologia, e a fazê-los crescer. Podemos tentar contratar programadores seniores, mas penso que também é importante construirmos uma equipa forte e fazer crescer as pessoas, porque também é nisso que somos bons”, argumenta.

Melhor trimestre de sempre

Abrir um escritório em Bucareste até ao final deste ano está entre os planos da companhia. “Lisboa tornar-se-á o maior centro de talentos da Europa. Também vamos manter Frankfurt, onde temos o desenvolvimento de produtos, onde os colchões físicos e as camas estão a ser desenvolvidos. Em Bucareste vamos explorar essa pool de talentos para determinadas áreas financeiras, mas também pessoas em todas as áreas”, descreve.

Na região Ásia Pacífico, o maior polo de atração está em Manila, nas Filipinas. Para a América Latina e América do Norte é a Cidade do México. “É assim que estamos atualmente estruturados e é também isso que estamos a manter”, sublinha o gestor.

Entre julho e setembro, a Emma registou receitas de 211 milhões de euros, elevando para 595 milhões no acumulado do ano, uma subida de 36% em relação ao ano passado.

E apesar dos ventos económicos menos favoráveis, a empresa não pensa alterar os planos. “Não precisamos disto porque estamos a crescer tão fortemente. Há atualmente muitos ventos contrários na economia. E mesmo na nossa indústria, vemos muitos outros players a lutarem intensamente. Temos trabalhado arduamente para oferecer os produtos certos a um ótimo preço em todo o mundo. Estamos agora em 30 países. O terceiro trimestre foi o melhor de sempre na história da empresa”, diz.

Entre julho e setembro, a empresa registou receitas de 211 milhões de euros, elevando para 595 milhões no acumulado do ano, uma subida de 36% em relação ao ano passado. “Esperamos mais de 800 milhões este ano de receitas. Para que isto aconteça, estamos sempre à procura de talento. Temos 150 posições abertas em todo o mundo e muitas delas são em Lisboa”, diz.

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Marcelo avisa ministra da Coesão. “Não lhe perdoo” se falhar execução dos fundos

O Presidente alerta que as verbas do PRR "estão disponíveis num período de tempo que torna urgente utilização de fundos".

O Presidente da República voltou a avisar para a necessidade de acelerar a execução dos fundos europeus, nomeadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), desta vez com um alerta direcionado à ministra da Coesão Territorial. Na inauguração do novo edifício da Câmara Municipal da Trofa, Marcelo assinalou um dia “super feliz“, mas aproveitou para uma declaração surpreendentemente dura sobre um dia “super infeliz”: “Para si [Ana Abrunhosa], é o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos não é a que deveria ser e nesse caso não lhe perdoo”.

Marcelo Rebelo de Sousa foi à Trofa com mensagens diretas para Ana Abrunhosa, a ministra ‘apanhada’ num caso em que uma empresa do marido beneficiou de fundos comunitários. A ministra chegou a emocionar-se numa audição parlamentar a falar do caso que quase a atirava para fora do Governo. Marcelo tinha alguma coisa para lhe dizer, e disse-o em público. “E como não tenho tido oportunidade de o dizer digo-lhe hoje. Quando aceitamos funções políticas sabemos que é para o bom e para o mal. Não somos obrigados a aceitar. Sabemos que são difíceis, são árduas, que estão sujeitas a um controlo e a um escrutínio crescente – a democracia é isso – e há dias bons e dias maus, dias felizes e dias infelizes. A proporção é dois dias felizes por 10 dias infelizes”, referiu.

Foi este o gancho que Marcelo usou para falar sobre a execução dos fundos comunitários. “Este é um dia super feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que eu acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo“. afirmou. E acrescentou. “Espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso de chegar”, referiu a uma plateia onde estava também o líder do PSD, Luís Montenegro.

Já antes, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu trazer a execução dos fundos comunitários para a discussão pública. Apesar de ser um “fator favorável” a “disponibilidade de fundos pensados para compensar parcialmente a pandemia”, estes “estão disponíveis num período de tempo que torna urgente utilização de fundos”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações nos 50 anos do grupo Solverde, transmitidas pelas televisões.

Assim, alertou Marcelo, “é imperdoável se o tempo passar e isso não acontecer e não houver utilização em tempo” dos fundos que Portugal tem acesso na chamada “bazuca europeia”.

Afirmou mesmo que seria “imperdoável” se não existir utilização em tempo útil das verbas comunitárias que o país pode ter acesso.

A ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, é a responsável pela execução dos Programas Operacionais Regionais, mas quem tem a tutela política do PRR e dos fundos comunitários é a ministra Mariana Vieira da Silva, que escapou às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.

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As caras da Web Summit 2022

Retratos de oito participantes na Web Summit. Para cada um deles, a mesma pergunta: o que os trouxe a Lisboa?

Lisboa foi, nos últimos dias, uma espécie de capital do mundo. Mais de 70 mil pessoas estiveram presentes na edição 2022 da Web Summit, tornando a Altice Arena e os pavilhões da FIL numa autêntica comunidade multinacional e multicultural vinda dos mais diversos pontos do planeta.

Uma mexicana e um coreano que vivem em Portugal, um indiano que viveu na Austrália e agora trabalha em Londres ou uma portuguesa exótica a trabalhar em Paris. Pelo meio, um sentimento comum: a Web Summit é incrível. O ECO conheceu alguns dos participantes do evento e “tirou-lhes” o retrato.

Marisol Vásquez

Marisol é mexicana mas vive em Lisboa há um ano e meio. Veio para Portugal em trabalho remoto porque “o clima é ótimo e o país é fantástico”. Marisol é product manager de uma empresa de tecnologia e veio à Web Summit para conhecer outras pessoas. “É a primeira vez que venho e estou a adorar!”, conta ao ECO.Hugo Amaral/ECO

Madhuri Thakur

Madhuri é indiana, tem 33 anos e já tinha estado na Web Summit em 2019. Trabalha numa empresa de desenvolvimento de aplicações mobile que vem em busca de novos clientes para os ajudar a implementar as suas ideias. E estás a gostar da Web Summit? “Sim, está muita gente este ano!” afirma, entre sorrisos.Hugo Amaral/ECO

Rodrigo Olmedo

“Sou de Curitiba, mas moro na Holanda, em Haia”, conta Rodrigo Olmedo. O brasileiro de 26 anos trouxe duas delegações com 20 empresas a Portugal para conhecer a cimeira. O trabalho de Rodrigo é servir de intermediário na ligação com o mercado português na busca de clientes, parceiros e investidores. “Esse lugar aqui é muito bom! É uma pequena parcela de melhores inovações do mundo inteiro. É incrível”, afirma.Hugo Amaral/ECO

Cátia Mota da Cruz

Cátia, de 41 anos, é diretora de arte freelancer. Trabalha em vídeo e fotografia nas áreas da moda e música, principalmente. Nascida em Portugal, está neste momento a viver em Paris e veio à Web Summit com a irmã para “sentir a vibe” do evento e fazer networking dentro da sua área.Hugo Amaral/ECO

Vish Kaduthodil

O nome não engana. Indiano? “Sim! Nasci na Índia, vivi na Austrália e agora trabalho em Londres”, responde sorridente. Vish trabalha na British Telecom, numa espécie de unidade de incubadoras de startups, e esteve na Web Summit à procura de empresas para integrar o projeto. Que idade tens? “Tenho…23…não, desculpa, tenho 32, mas vivo com se tivesse 23!”, conta, depois de soltar uma gargalhada.Hugo Amaral/ECO

Seo Jaedeok

Seo tem 24 anos e veio pela primeira vez à Web Summit. Mas não veio de longe. Apesar de ser coreano, Seo está a estudar português em Lisboa há três meses e está na cimeira através duma empresa estatal coreana que trouxe 12 startups a Portugal. A experiência parece tê-lo impressionado. “Nunca pensei que fosse assim tão grande. Isto é gigante!”Hugo Amaral/ECO

Toni Finnimore

Toni vem de Brighton, no Reino Unido. A inglesa de 37 anos veio a Lisboa promover o seu negócio, uma plataforma de subscrição de uma comunidade de eventos de voluntariado. “Basicamente, ligamos as pessoas (voluntários) a organizações de caridade que precisam de ajuda”, explica.Hugo Amaral/ECO

Stephan Beutler

Stephan, 36 anos, veio de Berlim e esteve pela primeira vez na Web Summit. Trabalha numa think tank da Audi centrada no desenvolvimento de serviços digitais no contexto de mobilidade. “A Web Summit é o local perfeito para estar e procurar empresas que trabalhem o conceito de mobilidade e estamos à procura de empresas que queiram candidatar-se ao nosso programa de aceleração de startups“, explica o alemão, que se confessou “maravilhado” com toda a gente que encontrou e toda a informação que recolheu. “Vou precisar de alguns dias para digerir tudo isto.”Hugo Amaral/ECO

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Elon Musk diz que Twitter perde quatro milhões de dólares por dia

  • Lusa
  • 5 Novembro 2022

O novo líder do Twitter justifica os despedimentos de pessoal com uma queda drástica nas receitas, nomeadamente devido à saída de vários anunciantes por causa de "grupos ativistas".

A rede social Twitter perde quatro milhões de dólares (cerca de quatro milhões de euros) por dia, o que justifica o despedimento de pessoal, disse o novo proprietário, o bilionário Elon Musk.

Sem especificar o número total de despedimentos, Musk justificou a decisão, numa mensagem publicada naquela rede: “não há escolha quando a empresa está a perder cerca de quatro milhões por dia”. De acordo com a imprensa norte-americana, mais de 3.700 trabalhadores vão ser despedidos, o que representa mais de metade da força de trabalho global da empresa.

Na sexta-feira, Musk já tinha indicado que o Twitter tinha registado uma queda drástica nas receitas, devido à saída de vários anunciantes por causa de “grupos ativistas” que alegadamente pressionavam as empresas a fazer publicidade.

Quanto aos empregados despedidos, Musk disse que a todos foi oferecida uma compensação equivalente a três meses de salário, ou “50% mais do que legalmente exigido”. No entanto, alguns trabalhadores já denunciaram a empresa por despedimento abusivo, uma vez que não receberam um pré-aviso de 60 dias, exigido pela lei laboral em vigor em São Francisco, onde o Twitter tem a sede.

Sobre a política de moderação de conteúdo, Musk disse “permanecer absolutamente inalterada”, acrescentando: “ao contrário do que se pode ler na imprensa, vimos em certos momentos da semana que o discurso do ódio caiu abaixo dos nossos padrões anteriores”.

O empresário tem defendido uma visão absolutista da liberdade de expressão, a qual, na opinião de críticos, pode levar ao ressurgimento de abusos, como assédio, discurso de ódio, ou desinformação.

Vários grupos já decidiram suspender publicidade no Twitter, como a gigante norte-americana agroalimentar General Mills, a fabricante automóvel norte-americana General Motors e a concorrente alemã Volkswagen.

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TAP admite cancelar até sete voos por dia entre 15 de novembro e 31 de dezembro

  • Lusa
  • 5 Novembro 2022

Cancelamentos vão ocorrer "em ligações com menor ocupação e para as quais existam várias alternativas disponíveis na rede TAP ou em companhias parceiras”.

A TAP admitiu hoje que pode cancelar, em média, até sete voos por dia, a partir de 15 de novembro e até 31 de dezembro, devido a um reajuste da operação de inverno, sendo os passageiros colocados em voos alternativos.

Em comunicado, a companhia aérea informou sobre a alteração da operação de inverno, que “vai começar a ser aplicada a partir de 15 de novembro e até 31 de dezembro, podendo ser cancelados, em média, até sete voos por dia, em ligações com menor ocupação e para as quais existam várias alternativas disponíveis na rede TAP ou em companhias parceiras”.

Esta medida, explicou, foi provocada pela conjugação de vários constrangimentos, sendo eles a mudança para o sistema de navegação Top Sky em Lisboa, a migração do sistema de controlo aéreo em Marselha, o absentismo previsto para o período de Natal e fim do ano e, ainda, por não ter sido possível fazer regressar um avião da Guiné-Conacri.

“Os passageiros afetados pelos voos cancelados serão informados diretamente e de forma atempada pela TAP, com indicação da solução de viagem alternativa”, garantiu a transportadora.

Adicionalmente, a TAP disse que vai estender o contrato de prestação de serviços externos ACMI (sigla em inglês para Avião, Tripulação, Manutenção e Seguro) com a Air Bulgária, “para evitar o cancelamento de voos adicionais e manter a operação no máximo da sua capacidade”.

“A TAP pede desculpas antecipadamente aos passageiros afetados, sabendo a importância que a época do Natal tem para todos os seus clientes, e está a desenvolver esforços para garantir que todos possam fazer as viagens que planearam sem contratempos”, acrescentou a companhia aérea.

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140 entrevistadores, 620 mil preços e 1.300 produtos. Como o INE calcula a inflação?

A taxa de inflação é um dos indicadores mais acompanhados pelos portugueses este ano. E o seu impacto já é sentido devido à perda de poder de compra. Mas, afinal, como é calculado o IPC?

A inflação entrou em força no léxico dos portugueses. Seja na ida ao supermercado, a atestar combustível, na fatura da eletricidade ou a jantar fora, a escalada dos preços já faz “mossa” no bolso das famílias devido à perda de poder de compra. A invasão russa à Ucrânia veio puxar ainda mais pelos preços da energia e dos transportes, e aliada à seca, agravou o custo de vários bens alimentares e não só. Mas, afinal, como é calculado o índice de preços no consumidor (IPC) e que produtos são contemplados neste indicador?

Todos os meses o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o IPC, que mede a evolução média dos preços de um cabaz de bens e serviços representativo da despesa dos consumidores. “A amostra é composta por cerca de 1.300 produtos”, que vão deste o arroz carolino ou agulha até às estadias em alojamentos turísticos, propinas, despesas de manutenção de contas bancárias ou aos automóveis.

Para cada um destes produtos são recolhidos mensalmente, em média, “cerca de 150 a 160 variedades“, explica Vítor Mendonça, diretor do Serviço de Estatísticas de Preços do departamento de Contas Nacionais do INE, ao ECO. “Mas depois também depende do produto. Há produtos que têm mais oferta do que outros”, acrescenta.

Contas feitas, o gabinete de estatísticas recolhe diretamente, em média, cerca de 120 mil preços por mês, dos quais cerca de 60 mil dizem respeito a produtos alimentares relativos a mais de 250 bens e outros 500 mil preços individuais com recurso a informação administrativa, websites e outras técnicas.

O objetivo é medir as variações de preço existentes em todas as regiões do país (incluindo nas regiões autónomas), pelo que todos os meses são seguidos os mesmos produtos nos mesmos estabelecimentos comerciais, que incluem grandes superfícies e lojas de pequena dimensão. No entanto, nem todos os produtos “têm a mesma importância”, sinaliza Vítor Mendonça, uma vez que os produtos que as famílias “consomem em maior valor são os que têm o maior peso no IPC”.

Nos últimos dois anos, o produto mais relevante que entrou no IPC foram as máscaras cirúrgicas, que até 2020 ninguém comprava e no início de 2021 entraram no IPC.

Vítor Mendonça

diretor do Serviço de Estatísticas de Preços do departamento de Contas Nacionais do INE

A escolha dos produtos incluídos neste cabaz é feita, por um lado, “com base nos dados das contas nacionais portuguesas que nos dão o nível de despesa das famílias até um nível relativamente desagregado de informação”, bem como num inquérito realizado à despesa das famílias que é feito quinquenalmente” pelo INE junto a 120 mil famílias. “Todos os anos a amostra é refrescada”, acrescenta o diretor do Serviço de Estatísticas de Preços do departamento de Contas Nacionais do INE. “Nos últimos dois anos, o produto mais relevante que entrou foram as máscaras cirúrgicas, que até 2020 ninguém comprava e no início de 2021 entraram no IPC”, atira, entre risos.

Assim, a partir destes dois critérios é feita “uma ponderação” por classes de consumo individual por objetivo (COICOP) e por agregados de bens e serviços. No total existem 12 categorias, sendo que mesmo dentro da mesma classe nem todos os produtos pesam da mesma forma para o cálculo do IPC. “Há produtos que pesam mais dentro de cada uma das classes do que outros e isso tem a ver com a despesa do consumo final das famílias”, destaca Pedro Oliveira, elencando que a classe 1, que diz respeito aos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, representa cerca de 22% do IPC.

Pedro Oliveira, diretor do departamento de Contas Nacionais e Vítor Mendonça, diretor do Serviço de Estatísticas de PreçosHugo Amaral/ECO

Como é feita a recolha de preços?

No que toca à recolha direta de preços, estes “são recolhidos, mensalmente, a meio do mês normalmente com a ajuda de 140 entrevistadores distribuídos pelo país“, adianta Vítor Mendonça. Para o efeito, os entrevistadores não têm em conta apenas o preço do artigo, mas outras características, como é o caso da quantidade. “Há um preço para um determinada quantidade e qual o produto que está associado a essa embalagem. Se houver uma redução da quantidade para o mesmo preço, isso no IPC traduz um aumento de preço”, afirma Pedro Oliveira, diretor do departamento de Contas Nacionais, do INE, ao ECO, referindo-se à reduflação. Além disso, maioritariamente vão já direcionados a um tipo de produto e respetiva marca, isto se este já fizer parte do cabaz selecionado.

E se o produto não estiver disponível? No caso de existir uma quebra de stock pontual, os responsáveis do INE estimam o preço desse produto e no mês seguinte retomam a sua recolha. Por outro lado, se houver indicação de que esse produto foi descontinuado “o que entrevistador vai fazer é substituir esse produto por outra marca e depois internamente tratamos esta diferença”. A partir daí será esse novo produto a ser considerado.

Na saúde, neste momento, temos variações negativas de preço porque houve uma decisão política de eliminar o pagamento das taxas moderadoras dos hospitais na maior parte das situações.

Pedro Oliveira

diretor do departamento de Contas Nacionais do INE

Na maioria dos produtos a recolha de preços é feita apenas uma vez por mês, contudo, há produtos com um tratamento ligeiramente diferente. É o caso das frutas, cuja recolha de preços é feita três vezes por mês, dado que estes são habitualmente produtos com preços mais voláteis. Já no que diz respeito às dormidas em hotéis ou viagens de avião, a recolha é feita com alguma antecedência, uma vez que nestes casos, o preço também depende da antecipação com que é feita a compra. O objetivo é “ter um preço representativo daquilo que as pessoas que dormiram naquele hotel naquele mês teriam pago se tivessem feito a reserva com mais ou menos antecedência”, explica Vítor Mendonça.

No que toca à cobertura territorial feita por estes 140 entrevistadores, o número de produtos recolhidos é tendencialmente o mesmo. Contudo, o número de preços recolhidos pode variar. “Da mesma forma que usamos a despesa total para fazer a distribuição dos produtos, também usamos a despesa regional para fazer a distribuição regional do consumo. Como é evidente a região de Lisboa tem um peso muito maior que o Algarve na maioria dos produtos”, afiança o diretor do Serviço de Estatísticas de Preços do departamento de Contas Nacionais do INE, ao ECO. Assim, nas regiões onde há menos despesa há também uma menor recolha de preços e, consequentemente, de entrevistadores.

Da recolha manual nos sites ao “web scraping”

Além destes 140 entrevistadores, o INE conta ainda com uma equipa de cerca de 20 pessoas que faz o trabalho de acompanhamento da recolha, verificação e validação da informação e dão apoio informático, bem como outras quatro pessoas que ficam responsáveis por obter os resultados finais do IPC. Assim, paralelamente da recolha direta de cerca de 120 mil preços por mês, o gabinete de estatísticas recolhe outros outros 500 mil preços individuais com recurso a informação administrativa, websites e outras técnicas. No que toca à recolha de preços manual através de sites esta ferramenta é maioritariamente utilizada na área dos serviços, como é o caso das telecomunicações e luz.

Já o “web scraping” consiste na recolha de grandes volumes de informação a partir dos sites, sendo que atualmente esta ferramenta está restrita apenas algumas categorias, como o vestuário e mobiliário. Mas nestes dois casos há que ter “um certo cuidado”, dado que se os preços forem “substancialmente diferentes dos preços praticados em loja” há que “ponderar essas duas vertentes de forma diferente”, realça Vítor Mendonça, chamando a atenção para a necessidade de “verificar se o comportamento dos preços é comparável”.

O INE recolhe, em média, diretamente, cerca de 120 mil preços por mês para o apuramento do IPC, mais cerca de 500 mil preços individuais com recurso a informação administrativa, websites e outras técnicas.Hugo Amaral/ECO

Por outro lado, o INE recorre ainda a bases de dados administrativas. Neste âmbito incluem-se, por exemplo, as rendas de habitação, dado que mensalmente o gabinete de estatísticas tem acesso aos recebidos eletrónicos de renda da Autoridade Tributária, para apurar a variação dos preços na habitação.

O cálculo do IPC contempla uma grande variedade de produtos, que vão desde despesas do dia-a-dia a aquisições poucos frequentes como é o caso dos automóveis, consultas médicas ou os seguros. E apesar da atual conjuntura económica, marcada por um contexto de alta inflação e subida dos juros, nem todos os produtos estão a contribuir para a subida do IPC. “Na saúde, neste momento, temos variações negativas de preço porque houve uma decisão política de eliminar o pagamento das taxas moderadoras dos hospitais na maior parte das situações”, destaca Pedro Oliveira, dando ainda o exemplo dos transportes públicos, nomeadamente na Área Metropolitana de Lisboa.

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Marcelo preocupado com subida de juros no crédito habitação que atinge 1,2 milhões de famílias

  • Lusa
  • 4 Novembro 2022

"São um milhão e 200 mil agregados familiares atingidos e é evidente que pode ser uma quantia pequena se a prestação for pequena, mas 50, 60, 80 ou 100 euros não é tão pequena assim", disse Marcelo.

O Presidente da República disse esta sexta-feira estar preocupado com a subida da taxa de juros no crédito habitação que atinge 1,2 milhões de famílias, defendendo que a subida “não é pequena” para quem tem baixos rendimentos.

“Preocupa-me que, por pouco que seja a subida dos juros do crédito habitação, são um milhão e 200 mil agregados familiares atingidos e é evidente que pode ser uma quantia pequena se a prestação for pequena, mas 50, 60, 80 ou 100 euros não é [uma quantia] tão pequena assim para quem tem rendimentos baixos”, afirmou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

À margem da cerimónia que assinalou o 50.º aniversário do grupo Solverde, Marcelo Rebelo de Sousa prometeu mais comentários para quando receber o diploma do Governo, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros, que estabelece medidas de acompanhamento e mitigação do aumento da taxa de esforço nos contratos de crédito à habitação.

Questionado sobre a subida das taxas de juro, confirmada na terça-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), o chefe de Estado disse não discutir “orientações” de política monetária, lembrando que “quem decide é o BCE” e que os “bancos nacionais não têm autonomia hoje”.

“A inflação começou a subir a partir do começo do ano e deu um salto a partir da guerra, a partir de março, e havia dois caminhos possíveis. Um era subir moderadamente as taxas de juro, o outro era não subir, deixar para mais tarde e de repente ter de subir muitíssimo. O Banco Central Europeu não quis seguir o primeiro caminho, quis esperar pelo verão, entendendo que não era de subir os juros. Depois quando subiu, teve de subir de oito para 80“, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

E acrescentou, “talvez tivesse sido preferível o primeiro, mas como é o Banco Central Europeu que manda, seguiu o segundo”. Também questionado sobre a diferença de visões do Governo e do governador do Banco de Portugal nesta matéria, o Presidente da República salientou que o “governador pensa o que o BCE pensa” e que o Governo, “como outros políticos, teria preferido uma coisa mais natural”, referindo-se a uma subida mais gradual das taxas de juro.

“Agora não vale a pena chorar sobre o leite derramado. A realidade é esta, vamos ver como se lida com esta realidade”, disse, acrescentando que “só um dia mais tarde é que se saberá se tinha valido a pena ter começado mais cedo [a subida das taxas de juro] e conduzido isto de outra forma, ou se tinha de ser assim, esperar e fazer o que se fez”.

 

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Portugal, Espanha e França têm de apresentar plano sobre interconexões até 15 de dezembro

  • Lusa
  • 4 Novembro 2022

Os governos dos três países estão a trabalhar para que, “depois do encontro em Alicante”, a 9 de dezembro, possa ser apresentado “um projeto comum na UE na data limite, que é 15 de dezembro".

O primeiro-ministro anunciou esta sexta-feira que Portugal, França e Espanha têm de apresentar a Bruxelas o projeto sobre as interligações energéticas até 15 dezembro, querendo os executivos trabalhar com a Comissão Europeia para identificar fontes de financiamento europeu.

Na conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no final da 33.ª cimeira luso-espanhola, que decorreu em Viana do Castelo, António Costa saudou o acordo alcançado em outubro entre Portugal, Espanha e França para a construção de interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da Europa.

Segundo o primeiro-ministro, os governos dos três países estão a trabalhar para que, “depois do encontro em Alicante”, no dia 9 de dezembro, possa ser apresentado “um projeto comum na União Europeia na data limite, que é 15 de dezembro”. Intervindo depois do primeiro-ministro português, Pedro Sánchez sublinhou que, no encontro de Alicante, os três países vão definir os prazos e o financiamento do plano.

Neste encontro, além dos chefes de executivo português e espanhol, e do Presidente francês, Emmanuel Macron, Pedro Sánchez anunciou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também irá marcar presença. Abordando as críticas apontadas pelo PSD ao acordo – o eurodeputado Paulo Rangel acusou o Governo de não ter conseguido “nada” em termos de interligações elétricas –, Sánchez garantiu que esse tipo de interconexões também está contemplado no plano.

“Quero, porque sei que foi objeto de debate em Portugal, garantir que as interconexões elétricas também se incorporam neste acordo e que, evidentemente, a Espanha vai cumprir – como não podia deixar de ser – o seu compromisso”, assegurou Sánchez.

A questão do acordo alcançado entre Portugal, Espanha e França, designado como ‘Corredor de Energia Verde’, foi um dos aspetos abordados durante a 33.ª cimeira luso-espanhola, com os dois executivos a comprometerem-se a “dar a máxima prioridade à conclusão da interligação de gás renovável, ligando Celorico da Beira e Zamora (CelZa)”, prevista no acordo.

“Tendo em vista a dimensão europeia deste projeto, [os governos] trabalharão em estreita articulação com a Comissão Europeia nas próximas semanas, nomeadamente com vista à identificação de fontes de financiamento europeu”, lê-se no documento. Nesta declaração, os dois países manifestam também a vontade de “reforçar as suas interligações elétricas” e “sublinham os esforços desenvolvidos para concretizar a interligação elétrica Minho-Galiza”.

No que se refere à produção de energias renováveis, designadamente “de origem ou localização oceânica”, os executivos português e espanhol destacam “a importância potencial das fontes de energia renovável ‘offshore’ e concordam em cooperar e acelerar a sua produção até 2030”. Portugal e Espanha “confirmam a recente decisão das Entidades Ambientais de ambos os países de manter a interligação Este/Nascente como a mais viável”, é indicado.

No âmbito das energias renováveis, os dois países comprometem-se ainda a trabalhar “na identificação das necessidades de armazenamento na Península Ibérica no horizonte 2030 e no desenvolvimento de um quadro regulatório que incentive de maneira eficiente os novos investimentos”.

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