Decisões do BCE irão “agravar desnecessariamente a próxima recessão”, critica Vítor Constâncio
Ex-governador do Banco de Portugal considera que as declarações de Christine Lagarde, de que as subidas das taxas de juro ainda vão continuar, se baseiam em previsões "controversas" da inflação.
Vítor Constâncio considera que as recentes decisões e previsões do Banco Central Europeu (BCE) apontam para uma “política excessivamente agressiva”, que irá “agravar desnecessariamente a próxima recessão”. Para o antigo governador do Banco de Portugal, as declarações de Christine Lagarde de que o aumento das taxas de juro não ficará pela nova subida, anunciada esta quinta-feira, baseiam-se em “previsões de inflação controversas”.
“Más notícias para as perspetivas da Zona Euro”, escreveu o economista, que foi vice-presidente do BCE durante a liderança de Mario Draghi, numa publicação na rede social Twitter depois do anúncio de um novo aumento das taxas de juro do euro em 50 pontos base.
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O ex-governador do BdP deixa duras críticas às perspetivas do banco sediado em Frankfurt, que esta quinta-feira reviu significativamente em alta as suas estimativas para a inflação na Zona Euro. O BCE aponta agora para uma inflação média de 8,4% este ano e de 6,3% em 2023, em vez dos 5,5% antecipados há três meses. A previsão da inflação para 2024 salta de 2,3% em setembro, para 3,4% nas previsões atualizadas esta quinta-feira, empurrando os 2,3% para 2025 – valor já bastante próximo do objetivo de 2%.
“Partindo dos atuais 10%, obter uma média de 6,3% implica que, em dezembro de 2023, (a inflação) deverá estar a 3,x% (abaixo dos 4%). Nesse caso, o que pode explicar uma inflação de 3,4% para 2024 com os preços da energia a estabilizar?“, questiona Vítor Constâncio, numa outra publicação na mesma rede social.
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Deste modo, o economista considera que as perspetivas resultantes de uma “linguagem e previsões tão agressivas”, caso se materializem em “decisões futuras compatíveis”, são “mais importantes” do que o aumento das taxas de juro anunciado esta quinta-feira e o início previsto da redução da carteira do programa de compra de ativos do BCE em cerca de 15 mil milhões de euros por mês a partir de março.
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