Em maioria absoluta, Costa perde quase um governante por mês

  • Mariana Marques Tiago
  • 30 Novembro 2022

Oito meses depois de tomar posse, a 30 de março, sete elementos do terceiro Executivo formado pelo socialista António Costa já abandonaram os cargos que ocupavam. Quem foram os sacrificados?

Foi a 30 de março de 2022 que tomou posse o XXIII Governo, o terceiro liderado por António Costa e o primeiro suportado por uma maioria absoluta no Parlamento. Oito meses volvidos, sete elementos deixaram os lugares que ocupavam no arranque da legislatura.

A primeira baixa foi registada a 2 de maio. Sara Abrantes Guerreiro, à época secretária de Estado da Igualdade e Migrações tomou a decisão por uma “questão pessoal e de força maior”, segundo fez saber Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República queria afastar os rumores que ligavam a decisão ao caso relativo ao acolhimento de refugiados ucranianos por russos pró-Putin na Câmara de Setúbal. Acabou substituída por Isabel Rodrigues.

Três meses depois, a 30 de agosto, foi a vez de Marta Temido apresentar a demissão. Em comunicado, a até então ministra da Saúde dizia ter deixado de ter “condições para se manter no cargo”. O anúncio da demissão, ao início da madrugada, ocorreu algumas horas depois de se saber que uma grávida morrera após ser transferida do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, devido à falta de vagas na neonatologia.

Em solidariedade com Marta Temido, António Lacerda Sales (secretário de Estado Adjunto e da Saúde) e Maria de Fátima Fonseca (secretária de Estado da Saúde) seguiram os passos da ministra da tutela, que atravessou os anos da pandemia e acabou por ser substituída por Manuel Pizarro.

Novembro ainda não acabou, mas são já três as saídas. A primeira foi a de Miguel Alves, a 10 de novembro. A demissão do então secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro surgiu após ser acusado do crime de prevaricação pelo Ministério Público. Esta terça-feira, a Presidência da República confirmou que António Mendonça Mendes fica como braço direito de António Costa, deixando a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais.

As outras saídas do mês foram anunciadas no mesmo dia. Aprovado o Orçamento do Estado para 2023, António Costa demitiu demitiu João Neves, por divergências com António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar. Para o seu lugar entra Pedro Cilínio. Pelas mesmas razões, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, será rendida no Executivo por Nuno Fazenda de Almeida.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi informado das alterações no Executivo ao longo da tarde desta terça-feira. Pouco tempo depois das primeiras notícias, os nomes dos substitutos foram anunciados no site da Presidência, com a informação de que a tomada de posse dos novos governantes vai acontecer na sexta-feira, 2 de dezembro, pelas 12h, no Palácio de Belém.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Promovido, despromovido e promovido outra vez. Quem é Mendonça Mendes, o novo “braço direito” de Costa

Chegou ao Governo em 2017 para assumir os Assuntos Fiscais. Foi promovido a Adjunto nas Finanças em 2020 e perdeu o título com a saída de João Leão. É o novo secretário de Estado Adjunto de Costa.

Das Finanças para São Bento, António Mendonça Mendes é o novo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministroHugo Amaral/ECO

Com a saída de Miguel Alves do Governo, após ter sido acusado de prevaricação na Operação Teia, ficou vago o cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Em 10 de novembro, António Costa indicou que “oportunamente” o iria preencher. E esse momento chegou: o novo “braço direito” do primeiro-ministro vem do Ministério da Finanças.

O escolhido é António Mendonça Mendes, 45 anos, até aqui secretário de Estado dos Assuntos Fiscais da equipa de Fernando Medina.

Natural de Coimbra e aí formado em Direito, integra a equipa executiva de António Costa desde julho de 2017, quando foi designado para essas funções após a demissão de Fernando Rocha Andrade, na sequência da polémica das viagens para ver o Euro2016. Na altura, foi a sua estreia na área fiscal — a três meses da entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2018. Hoje, é pela fiscalidade que é mais conhecido do grande público: tem liderado a campanha anual do IRS e é quem anuncia aos portugueses quanto tempo vão demorar a chegar os reembolsos.

Considerado um homem do aparelho do PS, passou pela Juventude Socialista e é irmão mais novo de uma ministra — mais concretamente, de Ana Catarina Mendes, que agora tutela a pasta dos Assuntos Parlamentares, depois de ter sido líder da bancada parlamentar socialista (o facto, que já amplamente conhecido, foi referido esta terça-feira pelo líder do Chega, André Ventura, para criticar esta escolha do primeiro-ministro).

Mendonça Mendes é ainda o presidente da Federação Distrital do partido em Setúbal, função que ocupa desde março de 2016 e para a qual foi reeleito neste mesmo mês de novembro, com 85% dos votos.

Há cinco anos, antes de chegar à equipa governativa, Mendonça Mendes era sócio da André, Miranda e Associados, uma sociedade de advogados em Lisboa, onde esteve desde 2014. Segundo o registo de interesses disponível na Assembleia da República, desfez-se logo da posição de 25% que tinha na empresa assim que assumiu funções. Mas não era primeira vez que circulava nos corredores do poder.

De acordo com o currículo disponibilizado pelo atual Governo, Mendonça Mendes foi assessor do secretário de Estado da Justiça entre 1999 e 2002, que era Diogo Lacerda Machado, também conhecido atualmente por ser o “melhor amigo” de António Costa. Aliás, nessa altura, Costa ocupava o cargo de ministro da Justiça de António Guterres. A equipa contava ainda com Eduardo Cabrita como secretário de Estado Adjunto do Ministro da Justiça.

Desempenhou também a função de chefe de gabinete da secretária de Estado dos Transportes entre 2005 e 2008, Ana Paula Vitorino (atual presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, ex-ministra do Mar e mulher de Eduardo Cabrita, de resto, uma das relações envolvidas no caso Family Gate). Entre 2009 e 2011, foi chefe de gabinete de Ana Jorge, ministra da Saúde no segundo Governo de José Sócrates, que lhe dirigiu um louvor em 20 de junho de 2011.

Referindo-se a Mendonça Mendes, Ana Jorge escreveu: “Ao cessar funções, quero dar testemunho público do meu grande apreço e reconhecimento pelo seu trabalho, pela dedicação e pelo brio profissional demonstrados no trabalho desenvolvido. A sua cordialidade e afabilidade são qualidades que resultaram num contributo muito significativo para o bom funcionamento e espírito de equipa que sempre pautou o ambiente deste gabinete.”

A nota, que pode ser consultada no Diário da República, vai ainda mais longe. Diz que Mendonça Mendes “assumiu com naturalidade o cargo” e esteve “inteiramente à altura das suas responsabilidades”, sendo “profundamente respeitado por todos os colegas e interlocutores”.

Quero dar testemunho público do meu grande apreço e reconhecimento pelo seu trabalho, pela dedicação e pelo brio profissional.

Ana Jorge, ex-ministra da Saúde

Louvor ao então chefe de gabinete, Mendonça Mendes

Este é o homem que António Costa escolheu para “reforçar a coordenação política do Governo”, como tinha dito sobre o cargo o gabinete do primeiro-ministro em setembro. Para Mendonça Mendes, é uma promoção, mas não é a primeira. Em 2020, subiu a secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais de João Leão, quando este último chegou a ministro das Finanças após a saída de Mário Centeno para o Banco de Portugal.

A jornada foi curta. Com o chumbo da primeira proposta de Orçamento do Estado para 2022, o Governo caiu e o país partiu para eleições antecipadas, que deram a maioria absoluta ao PS. Mendonça Mendes transitou para o atual Governo sem o título de Adjunto e com a mesma designação que tinha quando chegou à governação em 2017, num Executivo onde só o primeiro-ministro e Ministério da Justiça os têm (além de a própria Ana Catarina Mendes ser ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares).

Perdeu o título, mas não as responsabilidades. A Orgânica do atual Governo determina que cada ministro escolhe o seu número dois “nas suas ausências ou impedimentos”. Segundo o Ministério das Finanças, o nome indicado por Medina até aqui era, precisamente, o de Mendonça Mendes. Doravante, será o de João Nuno Mendes.

Antes da acusação judicial, Miguel Alves já estava debaixo de fogo por causa de um pagamento de 300 mil euros quando era presidente da Câmara de Caminha, que tem contornos duvidosos. Só que a primeira opção de António Costa durou 56 dias no cargo. O chefe do Governo espera agora que escolha de Mendonça Mendes para secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, um dos veteranos da “Team Costa”, sirva para ajudar a serenar os ânimos. Nas Finanças, Nuno Félix é quem vai assumir o seu lugar.

(Notícia atualizada às 10h17 para clarificar que, apesar de ter perdido o título de Adjunto quando transitou do anterior para o atual Governo, Mendonça Mendes continuou a ser, na prática, o número dois do ministro das Finanças, agora Fernando Medina).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Divergências na Economia. Com Guterres caíram ministro e secretário de Estado

Há 27 anos, um outro diferendo na praça pública entre o ministro da Economia e um secretário de Estado – sobre os horários dos hipermercados – acabou com a demissão dos dois. Recorde o episódio.

A demissão de um secretário de Estado da Economia por causa de divergências políticas com o ministro da tutela, como acaba de suceder com João Neves e António Costa Silva, respetivamente, não é, de facto, um acontecimento habitual, mas traz à memória um episódio com quase três décadas que também agitou o Palácio da Horta Seca. No entanto, nessa altura a corda acabou por partir dos dois lados.

O longo consulado de Aníbal Cavaco Silva em São Bento tinha chegado ao fim, mas foi um decreto aprovado nos últimos meses de vigência desse governo social-democrata, pela mão do então ministro do Comércio, Faria de Oliveira, que acabou por estar na origem do diferendo entre os dois protagonistas que estrearam o Ministério da Economia, criado pela primeira vez pelo socialista António Guterres em 1995.

Com as grandes superfícies comerciais a exercerem forte pressão para que o novo Executivo revogasse as limitações aos horários que tinham sido impostas – abertura aos domingos e feriados por um período máximo de seis horas –, Daniel Bessa, que Guterres tinha ido buscar em outubro de 1995 à Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) para liderar a pasta, defendia que os horários deveriam ser iguais para todo o comércio.

Por outro lado, o seu secretário de Estado do Comércio, Manuel dos Santos, que mais tarde fez carreira política como deputado no Parlamento Europeu, fazia questão de defender na praça pública que o comércio tradicional devia ter uma “discriminação positiva” nessa matéria dos horários de funcionamento e nos apoios à modernização.

Ora, quando a 22 de março de 1996 é aprovado em Conselho de Ministros um novo regime jurídico para “corrigir distorções da concorrência e dar um sinal de encorajamento ao pequeno comércio e a outras formas de comércio tradicional”, o independente Daniel Bessa bate mesmo com a porta – Augusto Mateus assumiria a pasta. Mas Manuel dos Santos também sai nessa altura do Governo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prestação da casa sobe até 250 euros em dezembro. Calcule aqui a sua

Euribor dão sinais de abrandamento na tendência de subida. Ainda assim, a prestação da casa vai voltar a agravar nos contratos que forem revistos no próximo mês, com subidas entre 10% e 55%.

Dezembro não traz boas notícias para quem tem crédito à habitação e vai ver as condições do contrato novamente revistas pelo banco. Embora as taxas Euribor deem sinais de algum abrandamento em relação à tendência de subida acelerada que vinham registando este ano, a prestação da casa vai voltar a agravar-se de forma expressiva no próximo mês, antecipando-se subidas entre 10% e 55% no próximo mês, de acordo com as simulações feitas pelo ECO.

O aumento dos encargos com a casa surgem num momento particularmente desafiante para as famílias, que estão a lidar com o aumento do custo de vida por via da inflação galopante que supera os 10%. Para lidar com o efeito da subida dos juros, o Governo acabou de lançar medidas que visam agilizar a renegociação do crédito com o banco para evitar situações de incumprimento e despejo.

As Euribor, que são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa, têm estado em forte aceleração desde o início do ano, com o mercado a antecipar um forte aperto do banco central para controlar a espiral de subida dos preços.

O aumento destas taxas impacta diretamente nos contratos com taxa variável, que representam mais de 90% do mercado do crédito à habitação em Portugal, correspondendo a mais de 1,3 milhões de contratos.

Quanto é que a prestação vai subir? Vamos às contas, tomando como cenário base um empréstimo de 150 mil euros e com um spread de 1%:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 617 euros, mais de 62 euros (+11%) em relação à prestação que pagava desde setembro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá subir para mais de 657 euros, um aumento de cerca de 164 euros (+33%) em relação à prestação que pagava desde junho;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para mais de 700 euros, quase mais 251 euros (56%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O impacto da subida das Euribor vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos era de 61.513 euros em setembro, o que significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser mais baixo do que aquele que mostra a simulação do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

Na semana passada, o Banco de Portugal antecipou que a prestação da casa vai subir mais de 90 euros em termos médios até final de 2023, assumindo que a Euribor vai atingir os 3% no final daquele período.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o artigo no browser.

Ainda que as subidas previstas para dezembro sejam expressivas e tenham impacto no bolso de milhares de famílias portuguesas, a evolução da prestação da casa em dezembro mostra uma tendência de abrandamento em relação ao mês anterior nos casos dos contratos associados às taxas Euribor a 3 meses e a 6 meses.

Isto é o reflexo das expectativas do mercado em relação à condução da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que durante o mês de novembro especulou se a autoridade liderada por Christine Lagarde iria abrandar no ritmo de subida das taxas diretoras daqui em diante, perante uma economia que começa a dar sinais de recessão.

Euribor em alta

Fonte: Reuters

Desde junho, o BCE já subiu as suas taxas em 200 pontos base e tem a próxima reunião marcada para 15 de dezembro. Esta semana, Lagarde avisou que a inflação ainda não atingiu o pico e que será necessário continuar a apertar as condições financeiras para trazer a inflação para o objetivo de médio prazo mesmo que isso implique uma recessão.

Para as famílias que sentirem uma deterioração do seu orçamento familiar devido ao aumento da prestação da casa, o Governo avançou com novas regras para permitir uma renegociação do crédito à habitação mais tempestiva, definindo critérios mais concretos (taxa de esforço acima dos 36%) em que os bancos poderão desencadear um processo de negociação dos termos do contrato com o cliente. As medidas já entraram em vigor.

Mas pode sempre tomar a iniciativa e tentar negociar diretamente com o seu banco no sentido de rever as condições do empréstimo da casa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

INE publica vários indicadores económicos importantes, incluindo inflação e evolução do PIB. Jerome Powell vai dar pistas sobre a política monetária da Fed.

Vai ser um dia atarefado para o Instituto Nacional de Estatística (INE), que publica, entre outros dados, a taxa de inflação homóloga, o crescimento económico trimestral e as estatísticas mensais do mercado laboral. Ao final do dia, o presidente da Fed vai falar e os mercados vão ouvir. Ibersol finaliza o divórcio com o Burger King.

Preços voltaram a subir em novembro

Preços continuaram a subir em novembroFreepik

O INE publica hoje mais uma estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor (IPC). Os dados vão confirmar aquilo que todos os portugueses estão a sentir: que os preços dos bens e dos serviços continuaram a subir a um ritmo acelerado em novembro, depois de a taxa de inflação homóloga ter acelerado para 10,14% em outubro, ultrapassando os dois dígitos. A informação vai ser publicada às 9h30 e, seguramente, escrutinada. Em simultâneo, o Eurostat publica as estimativas da inflação na Zona Euro.

Economia continua a abrandar

Faz um mês que o INE estimou um crescimento da economia portuguesa no terceiro trimestre de 0,4% em cadeia e 4,9% face ao mesmo trimestre de 2021. Estes dados vão ser confirmados ou revistos esta quarta-feira, dia em que são publicadas as Contas Nacionais Trimestrais. Anteriormente, o INE apontou para uma “desaceleração do consumo privado e do investimento”. E, em meados deste mês, notou que “sinais de abrandamento da economia acumulam-se”.

E como vai o emprego?

A completar o hat-trick de informação económica, o INE publica ainda as estimativas mensais de emprego e desemprego. Apesar do aperto da política monetária pelos bancos centrais e da desaceleração da atividade económica, o mercado laboral tem-se mantido estável. Em setembro, a taxa de desemprego em Portugal manteve-se em 6%, igual à de agosto e 0,3 pontos percentuais abaixo da percentagem de há um ano. Os dados que serão divulgados são relativos a outubro.

Jerome Powell fala aos mercados

Presidente da Fed discursa ao final da tardeEPA/JIM LO SCALZO

O presidente da Fed vai falar sobre previsões económicas, inflação e o mercado laboral na Brookings Institution, em Washington, D.C., quando forem 18h30 em Lisboa. Os investidores vão digerir cada sílaba do discurso de Jerome Powell, depois de a taxa de inflação nos EUA em outubro ter desacelerado para 7,7%, uma notícia que surpreendeu pela positiva os mercados, desencadeando um rally nas bolsas. Alguns investidores acreditam que a inflação já atingiu o pico. Powell deverá deixar recados e lembrar que o trabalho do banco central para controlar os preços ainda agora começou.

Ibersol conclui venda do Burger King

No dia em que apresenta os resultados trimestrais, a Ibersol espera fechar a venda da cadeia de restaurantes Burger King em Portugal e Espanha, segundo informou ao mercado no passado dia 17. Em agosto, a empresa assinou um contrato para a venda da cadeia de fast food à BK Portugal e Burger King Spain, ambas controladas pela Restaurant Brands Iberia. A operação deverá resultar numa mais-valia de cerca de 160 milhões de euros para a Ibersol e avalia as empresas alienadas em 259,7 milhões. É o fim de um divórcio que começou em fevereiro, quando a Burger King anunciou ter rescindido o “contrato de desenvolvimento da marca” com a Ibersol, invocando “incumprimento”. Na altura, a Ibersol disse que a decisão era “injusta e desajustada”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fidelidade ganha nos Prémios Eficácia

  • ECO Seguros
  • 29 Novembro 2022

A Fidelidade arrecadou quatro galardões da categoria ouro nos prémios Eficácia, que visam destacar campanhas de comunicação. Os conceitos criativos dos produtos Pets e Start foram o motivo.

A Fidelidade foi distinguida na edição de 2022 dos Prémios Eficácia, promovidos pela APAN – Associação Portuguesa de Anunciantes.

Sérgio Carvalho, Diretor de Marketing da Fidelidade, considera que este é um “reconhecimento pelo grande trabalho que esta equipa está a fazer, e uma confirmação da certeza da estratégia de reforço da marca Fidelidade e do seu novo posicionamento”.

Na 18ª edição do prémio dedicado a reconhecer a eficácia das campanhas de comunicação em Portugal, a Fidelidade foi uma das duas empresas mais premiadas ao obter quatro ouros, nas categorias Serviços Financeiros e Seguros, Ativação e Patrocínios, Low Budget e Commerce & Shopper:

  • Serviços Financeiros e Seguros: com a campanha Fidelidade Pets, promovida pela Mindshare/ComOn/Caetsu;
  • Ativação e Patrocínios: com a campanha Fidelidade Pets;
  • Low Budget: com a campanha Fidelidade Start, promovida pela Caetsu;
  • Commerce & Shopper: com a campanha Fidelidade Pets

A seguradora conquistou ainda um prémio bronze, na categoria Serviços Financeiros e Seguros, com a campanha Fidelidade Start, promovida pela Caetsu.

Sérgio Carvalho, Diretor de Marketing da Fidelidade, declarou: “receber cinco prémios nos Prémios Eficácia é um motivo de grande orgulho para a Fidelidade. Por outro lado, é o reconhecimento do grande trabalho que esta equipa está a fazer, e uma confirmação da certeza da estratégia de reforço da marca Fidelidade e do seu novo posicionamento – Fidelidade a Todas as Idades – para a proteção sustentável de toda a população, em qualquer idade”.

Os Prémios Eficácia são os únicos galardões em Portugal que se centram e premeiam o trabalho conjunto dos anunciantes e das suas agências tendo como base a eficácia medida e comprovada das suas campanhas de comunicação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

APS alerta para a poupança, riscos naturais e ‘protection gaps’

  • ECO Seguros
  • 29 Novembro 2022

A Associação Portuguesa de Seguradores alerta para os riscos que vão marcar 2023 e os próximos anos: poupança reforma, catástrofes naturais e protection gaps. Apresenta também possíveis soluções.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS), sob a liderança de José Galamba de Oliveira, acredita que “é urgente desenvolver uma maior consciencialização na população portuguesa sobre a necessidade e importância de se poupar para a reforma”.

O Presidente da APS, José Galamba de Oliveira confirma ser “expectável que alguma coisa aconteça em termos de incremento [de preços]”, frisando que tal dependerá da carteira de apólices das diferentes seguradoras.
No encontro da associação com os jornalistas, no contexto dos 40 Anos da APS, foram citados dados preocupantes relativos ao ‘Ageing Report 2021’, criado pela Comissão Europeia, que indica que a taxa de substituição à idade da reforma (regime público) era, em Portugal, em 2019, de 74,0%, e projeta-se que reduza para 54,5% em 2040, e até 43,0% em 2060.

Os regimes complementares promovidos por entidades patronais, identificadas como Pilar II, e a poupança individual, Pilar III, são cada vez mais vistos como a única forma de garantir a sustentabilidade e a adequação das pensões de reforma individuais.

Mas a APS destaca que estão disponíveis no mercado produtos importantes, destinados à poupança de longo prazo: produtos financeiros tradicionais que, tipicamente, combinam uma garantia de capital e/ou rendimento com uma componente de participação nos resultados, dependente do comportamento dos ativos afetos à cobertura das responsabilidades; e produtos unit-linked que, tipicamente, não oferecem garantias, mas permitem aos aforradores beneficiar integralmente das evoluções favoráveis dos mercados financeiros.

A APS reconhece que existem constrangimentos para a poupança de longo prazo, e cita o ambiente prolongado de baixas taxas de juro; os elevados requisitos de capital exigidos pelo regime prudencial – no contexto da Solvência II – ­ a produtos de longo prazo e com garantias, levando-as a concentrar a sua oferta em produtos unit-linked (produtos menos exigentes em termos de requisitos de capital); a inexistência de incentivos fiscais para a poupança de longo prazo e a falta de literacia e transparência sobre o valor das futuras pensões de reforma.

Como fomento para a poupança para a reforma, a APS sugere medidas como a implementação do Pan-European Personal Pension Product (PEPP) em Portugal; de Planos de poupança para a reforma de iniciativa empresarial; uma fiscalidade equilibrada para os produtos de reforma. A associação também assinalou que a subida recente das taxas de juros tem permitido, embora de forma tímida, o desenvolvimento de mais produtos com garantias de capital e/ou rendimento, produtos mais apelativos a um perfil de aforrador mais avesso ao risco.

A Associação destaca a importância de produtos inovadores nesta área, como é o caso de soluções que permitam a possibilidade de monetização/descumulação de Poupança acumulada em Património Imobiliário, bem como produtos mistos com coberturas de Vida, Saúde e Dependência.

Quando, no encontro, foi abordado o tema da cobertura de riscos catastróficos, a APS destacou a necessidade da criação de um sistema nacional de proteção de riscos catastróficos, que tenha subjacente uma articulação entre o Estado e as empresas de seguros, mas que seja essencialmente baseada em soluções seguradoras. Esta foi já proposta no contexto da Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva 2030.

Perante a chegada de um novo ano em que se perspetiva que os níveis de inflação continuem historicamente elevados, o presidente da APS refere ser “expectável que alguma coisa aconteça em termos de incremento [de preços]”, sublinhando porém que tal dependerá da carteira de apólices das diferentes seguradoras.

“Os custos estão a crescer”, o que coloca “alguma pressão nas seguradoras”, disse, admitindo que o ramo automóvel será um dos mais pressionados.

Durante o encontro, o Presidente da APS salientou ainda a importância da obrigatoriedade da cobertura do condutor nos seguros automóvel, já que 60% dos acidentes causam danos ao condutor.

A APS considera ainda, no âmbito das alterações climáticas, e tendo em conta que a ‘protection gap’ (diferença entre o nível de perdas seguro e não seguro) é em Portugal superior à média global de 70%, devia haver contratação obrigatória da cobertura de fenómenos sísmicos em seguros de incêndios e multirriscos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Isabel dos Santos recusa favorecimentos políticos em Lisboa

Em entrevista à TVI, a empresária angolana diz que não sabe se António Costa ligou mesmo a Carlos Costa, mas garante que a sua "relação com Portugal foi sempre através dos investimentos privados".

Isabel dos Santos insiste que nunca teve favores de nenhum governo em Portugal – “a relação que eu tive em Portugal nunca foi com os governos, mas, efetivamente, uma relação com os privados” – e, em entrevista à TVI, salvaguarda que a única queixa que tem em relação ao país está relacionada com a “lentidão da justiça”.

O poder político em Lisboa nunca a ajudou? “Os meus contactos foram sempre empresariais, de uma maneira ou de outra. Não tive contactos com o Governo, a não ser os normais dos licenciamentos, quando as empresas precisam de algum documento. São coisas das próprias empresas. A minha relação com Portugal foi sempre através dos investimentos privados”, respondeu.

Os meus contactos foram sempre empresariais, de uma maneira ou de outra. Não tive contactos com o governo, a não ser os normais dos licenciamentos.

Isabel dos Santos

Empresária

Na entrevista divulgada esta terça-feira, a empresária angolana repete a ideia que já tinha passado há poucos dias, em declarações à alemã Deutsche Welle, afirmando que “o Estado português nunca interveio a [seu] favor ou fez pressões de género algum em relação aos investimentos” que tinha no país. Agora, sublinha que nem no período crítico da troika recebeu “pedidos específicos para investir em Portugal por parte do Governo” então liderado por Pedro Passos Coelho.

Já questionada sobre o episódio relatado por Carlos Costa no livro “O Governador”, em que o antecessor de Mário Centeno acusa o primeiro-ministro de intromissão política junto do supervisor bancário no caso de Isabel dos Santos, a empresária é lacónica. “Não sei se a chamada [de António Costa a Carlos Costa] aconteceu. O que posso dizer é que, do meu lado, as relações foram sempre empresariais, e não com o Estado” português, frisa.

Não sei se a chamada [de António Costa a Carlos Costa] aconteceu. O que posso dizer é que, do meu lado, as relações foram sempre empresariais, e não com o Estado português.

Isabel dos Santos

Empresária

O Chega já propôs uma comissão eventual de inquérito parlamentar “para apurar a eventual ingerência do primeiro-ministro na autonomia do Banco de Portugal para proteger a filha do Presidente de Angola”. O partido liderado por André Ventura quer “apurar se houve abuso de poder por parte do líder do governo com o intuito de salvaguardar objetivos ou interesses externos à estabilidade do mercado financeiro português”.

Antes de tomar uma posição sobre este pedido de inquérito parlamentar, o grupo parlamentar do PSD quer esperar pelas respostas do primeiro-ministro às 12 perguntas que seguiram para o Palácio de São Bento com o intuito de esclarecer as declarações do ex-governador do BdP, Carlos Costa, tanto sobre o afastamento de Isabel dos Santos do BIC, como da resolução do Banif.

“Vingança” em Luanda, “carinho” por Moscovo

Alvo de um mandado de captura internacional emitido pela Interpol para extradição, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos reclama ainda que está a ser vítima de uma “perseguição política” no país natal.

“Não há dúvidas de que estamos perante um cenário de perseguição política. Olhando para Angola e para o seu sistema jurídico, é fácil de entender que o Procurador-Geral da República recebe ordens diretamente do Presidente João Lourenço. Acredito que haja uma vingança política e uma perseguição política em relação à minha pessoa e à minha família”, afirma.

Sobre o processo Luanda Leaks, Isabel dos Santos argumenta que “foi uma construção do Estado angolano, especificamente do presidente João Lourenço”. “Hoje tenho provas disso. É uma histórica mal contada. Quem leu 715 mil documentos? Vimos 140 documentos [disponibilizados] no website e a maior parte são completamente inócuos”, resume.

Nesta entrevista em que afirma que “o único sítio em que não [estará] a salvo é em Angola”, numa altura em que é procurada pelas autoridades policiais, a empresária africana admite ter “um carinho especial” pela Rússia, a terra onde nasceu a sua mãe e onde tem família, evidenciando “muito respeito pela história e pela cultura” do país liderado por Vladimir Putin.

E como é que encara a invasão russa da Ucrânia? “Espero que as coisas se resolvam. A paz é importante para todos”, sentencia Isabel dos Santos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Covid: Reforço vacinal alargado a crianças entre 5 e 11 anos com doença de risco

  • Lusa
  • 29 Novembro 2022

As crianças entre os 5 e os 11 anos, com pelo menos uma doença de risco identificada, devem receber um reforço da vacina contra a Covid da Pfizer.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) estendeu esta terça-feira a vacinação de reforço sazonal contra a covid-19 às crianças entre os 5 e os 11 anos com pelo menos uma doença de risco identificada.

A norma que define a campanha de vacinação sazonal contra a covid-19 para o outono-inverno 2022-2023 foi atualizada para esta faixa etária, com uma doença de risco associada, com base numa indicação da Agência Europeia do Medicamento, apoiada por um parecer da Comissão Técnica de Vacinação Contra a covid-19 e pelo Grupo de Peritos Independente da Área da Pediatria e Saúde Infantil.

Segundo a DGS, a Comissão Técnica recomendou que deve ser cumprido um intervalo mínimo de pelo menos seis meses desde a última dose da vacina administrada ou o diagnóstico de infeção com o coronavírus que causa a covid-19, o SARS-CoV-2. Às crianças entre os 5 e os 11 anos é dada a vacina do laboratório Pfizer.

A norma determina que os grupos elegíveis para a dose de reforço sazonal no outono-inverno 2022-2023 “são definidos em função do risco para doença grave, hospitalização e morte por covid-19, de acordo com uma estratégia de vacinação de proteção de vulneráveis, e para mitigar o impacto da incidência de SARS-CoV-2 no sistema de saúde”.

São elegíveis para o reforço da vacinação os profissionais e residentes de lares de idosos, instituições similares, unidades de cuidados continuados integrados e estabelecimentos prisionais, pessoas com 50 ou mais anos e com 5 a 49 anos com doenças de risco.

A lista inclui, ainda, grávidas com pelo menos uma doença de risco e profissionais de serviços de saúde, estudantes em estágio clínico, bombeiros que transportam doentes e prestadores de cuidados a dependentes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Negociação coletiva será alargada a independentes economicamente dependentes

  • Lusa
  • 29 Novembro 2022

Os trabalhadores independentes economicamente dependentes são aqueles que, no mesmo ano, beneficiem de mais de 50% do valor total da atividade com a mesma entidade contratante.

Os deputados aprovaram esta terça-feira na especialidade uma proposta do PS que altera a legislação laboral e cujo objetivo é alargar a cobertura da negociação coletiva aos trabalhadores independentes economicamente dependentes.

A proposta foi aprovada no grupo de trabalho da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão sobre alterações à legislação laboral no âmbito da Agenda do Trabalho Digno. “O objetivo da proposta é alargar a cobertura da negociação coletiva aos trabalhadores independentes economicamente dependentes quando desempenhem funções de forma regular e por um período de tempo significativo“, disse o deputado do PS e coordenador do grupo de trabalho, Fernando José.

Os trabalhadores independentes economicamente dependentes são aqueles que, no mesmo ano civil, beneficiem de mais de 50% do valor total da atividade de trabalhador independente com a mesma entidade contratante.

Fernando José indicou que a proposta pretende “alargar a contratação coletiva a estes trabalhadores, dentro de determinadas regras e abrindo espaço à negociação coletiva para inclusão de outras matérias, em capítulo próprio ou não” para que estes trabalhadores deixem e estar “desprotegidos” quanto à matéria da contratação coletiva.

Foi também aprovada uma norma da proposta do Governo que fará aplicar o princípio do tratamento mais favorável na contratação coletiva a matérias relacionadas com o uso de algoritmos, inteligência artificial e matérias conexas, nomeadamente, no âmbito do trabalho nas plataformas digitais.

Os deputados aprovaram ainda uma alteração, prevista na proposta do Governo, sobre a forma e conteúdo de contrato com trabalhador estrangeiro ou apátrida. Neste âmbito, a proposta aprovada revoga a norma que dita que o empregador deve comunicar à inspeção do trabalho, mediante formulário electrónico “a celebração de contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro ou apátrida, antes do início da sua execução” e “a cessação de contrato, nos 15 dias posteriores”.

Já as propostas de alteração apresentadas pelo PSD, BE e PCP foram todas chumbadas. As alterações à legislação laboral no âmbito da Agenda do Trabalho Digno começaram esta terça a ser votadas na especialidade, artigo a artigo, havendo mais quatro reuniões agendadas até meados de dezembro. As novas regras deverão entrar em vigor no próximo ano.

A proposta do Governo sobre a Agenda do Trabalho Digno foi aprovada na generalidade em julho. Entre as medidas está a presunção do contrato de trabalho nas plataformas digitais, que deverá ser votada na especialidade na próxima reunião, marcada para dia 06 de dezembro.

A proposta reflete ainda medidas do acordo de rendimentos celebrado entre o Governo, as confederações patronais e UGT, como o aumento do valor da compensação por despedimento, de 12 para 14 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano de antiguidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Viana do Castelo aprova orçamento de 117,8 milhões de euros

Executivo da câmara de Viana do Castelo aprova orçamento de 118 milhões de euros para 2023. Entre as áreas estratégicas estão o ambiente e qualidade de vida, educação, coesão territorial e habitação.

A Câmara Municipal de Viana do Castelo aprovou, na reunião extraordinária do executivo desta terça-feira, o Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2023 com uma dotação financeira de 117,8 milhões de euros. Este “é o maior orçamento de sempre” para o presidente da câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre.

Deste bolo mais de 111 milhões destinam-se à autarquia e 6,692 milhões reportam-se aos serviços municipalizados. Entre as áreas estratégicas estão o ambiente e qualidade de vida, a educação, a coesão territorial, a habitação e urbanização, e o desporto e lazer.

No topo das Grandes Opções do Plano está a rubrica do ambiente, qualidade de vida e transição climática com uma dotação financeira de 8,81 milhões de euros. Esta área “visa o bem-estar coletivo, a proteção do ambiente e o combate às alterações climáticas, assim como a erradicação da pobreza e a promoção da prosperidade”, explica a autarquia em comunicado.

Nesse sentido, a câmara de Viana do Castelo estabeleceu para 2023 o “Plano Municipal de Eficiência Energética” e o “Plano Municipal de Poupança de Água”, que integram a campanha “poupar hoje para garantir o amanhã”.

A autarquia destina ainda quatro milhões de euros para “a continuidade dos investimentos de ampliação nos domínios do abastecimento de água e das redes de drenagem de águas residuais e pluviais, de forma transversal ao concelho”.

A segunda área com maior dotação financeira é a educação, ciência e conhecimento com 8,7 milhões de euros. O que, segundo o município, representa “um reforço superior a 300 mil euros relativamente a 2022″.

Esta é uma área de grande importância para a autarquia. “A educação assume-se como um pilar fulcral para o desenvolvimento humano sustentável do concelho e, no próximo ano, é prioridade a conclusão da elaboração do Projeto Educativo Municipal, transversal a todo o território e níveis de ensino”, frisa.

Entre os vários projetos na área da educação consta ainda a revitalização da Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica assim como o investimento nos equipamentos educativos, “dando continuidade ao programa de requalificação e modernização do parque escolar do concelho”.

Com este orçamento a autarquia quer apoiar a “consolidação da qualidade de vida do território, aumentando dos fatores de competividade, ascensão das competências e capacitação de todos, aprofundamento do desenvolvimento das freguesias, disponibilização de soluções à necessidade de habitação e implementação de hábitos saudáveis”.

Este orçamento, que ainda vai a aprovação em reunião da Assembleia Municipal, teve em conta o contexto económico que se vive.

“Do pré ao pós pandemia acreditávamos que os novos desafios estavam estabilizados. Com a invasão da Rússia à Ucrânia, os impactos colaterais tomaram todos os setores estruturais do país, gerando uma crise energética e uma enorme pressão sobre a estabilidade dos preços. E remeteram-nos para uma pressão inflacionista à escala global como nunca sentimos”, destacou Luís Nobre, durante a apresentação do documento.

O autarca socialista realçou ainda como fator positivo a capacidade que o município continua a manter na captação de Fundos Comunitários, pois já garantiu até agora 41 milhões de euros no PT2020.

A autarquia estabelece ainda “como quadro de oportunidade o período de overbooking do PT2020, o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) que disponibilizará mais de 42 milhões de euros até 2026, com financiamento a 100% nos domínios da saúde e social, e cirurgicamente na rede rodoviária, habitação, centros de investigação e valorização do território, eficiência energética, transições climática e digital, e do PT2030″, refere o município em comunicado.

A terceira maior fatia do orçamento vai, assim, para o domínio da coesão territorial com uma dotação financeira de 8,1 milhões de euros.

O documento dá ainda conta que “a política fiscal do município para as famílias e para os investidores continua a ser a maior ferramenta de trabalho, pelo que o regime de incentivos continuará a incorporar e a disponibilizar um conjunto de isenções em áreas como a regeneração urbana, acolhimento empresarial, setor tecnológico, criativo e serviços partilhados, empreendimentos turísticos e equipamentos”.

“A estratégia do executivo para a reabilitação urbana no concelho disponibiliza um conjunto de incentivos a empresas e particulares, como isenções no IMT e IMI, deduções no IRC e IRS e aplicação da taxa de IVA a 6% nas 12 áreas de reabilitação em vigor”, adianta o município.

Por fim, a autarquia afirma “é objetivo do executivo continuar a desenvolver uma estratégia sólida de desenvolvimento económico e atração/fixação de investimentos âncora de referência local e internacional que consolidem os clusters existentes, bem como atraiam e fixem os emergentes”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dona do Meo atribui cheque anti-inflação até 750 euros. Sindicatos convocam greve

A medida abrange 6.500 trabalhadores mas não 'convence' os Sindicatos que convocaram uma greve nacional para 9 de dezembro. 

A Altice Portugal vai atribuir uma compensação extraordinária aos seus colaboradores internos, paga em janeiro. O cheque anti-inflação oscila entre 500 e 750 euros, consoante o rendimento dos trabalhadores, confirmou a Pessoas junto da operadora. A medida abrange 6.500 trabalhadores mas não ‘convence’ os Sindicatos que convocaram uma greve nacional para 9 de dezembro.

Para “contribuir para mitigar os efeitos da inflação”, a dona do Meo vai atribuir aos colaboradores internos, com uma remuneração global mensal igual ou inferior a 1.500 euros, um apoio extraordinário de 750 euros. Já aqueles cuja remuneração global mensal seja superior a 1.500 euros, o valor da compensação extraordinária será de 500 euros, confirmou o ECO/Pessoas junto da companhia.

A medida, cujos detalhes são agora conhecidos, tinha sido comunicada na semana passada durante a festa de Natal, a primeira presencial depois da pandemia, e que reuniu cerca de 4 mil pessoas no Altice Arena, em Lisboa. No mesmo encontro, além deste apoio extraordinário, foi ainda comunicado que, durante 2023, os colaboradores internos iriam ter as comunicações gratuitas, apurou o ECO/Pessoas junto de fonte da empresa.

Sindicatos criticam opção por prémios e não aumento de salários

A medida não agrada, no entanto, aos sindicatos que já convocaram uma greve nacional para 9 de dezembro e criticam a opção por prémios extraordinários, depois de a companhia ter rejeitado uma proposta de aumentos salariais intercalares. No final de outubro, os sindicatos representantes dos trabalhadores da operadora tinham apresentado uma proposta de atualização salarial de 9,5%, com um aumento mínimo de 90 euros.

“Sabemos bem os objetivos que estão implícitos nos prémios, que é não aumentar o salário base, para impedir valores superiores quando se negociem os aumentos salariais e, por isso, a Frente Sindical diz rotundamente ‘não a prémios’ e ‘sim a aumentos nos salários’”, afirmam os sindicatos, em comunicado, citados pela Lusa.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV), Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT), STT – Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), Federação dos Engenheiros e Sindicato de Quadros Das Comunicações (Sinquadros).

Esta terça-feira foi a primeira reunião dos Sindicatos com a empresa para a revisão do Acordo de Empresa (ACT).

(notícia atualizada às 20h57 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.