Crise política “deveria fazer soar os alertas no Governo e no PS”, diz Alexandra Leitão
Ex-ministra de António Costa diz que os acontecimentos recentes envolvendo o Governo deveriam fazer soar os alertas no Executivo e no PS, porque algumas eleições são "perdidas" por quem está no poder.
A ex-ministra socialista Alexandra Leitão, que integrou o Executivo de António Costa entre 2019 e 2022, acredita que “esta crise recente deveria fazer soar os alertas no Governo e no PS”. Referindo-se à última vaga de demissões, a antiga governante lembra que “muitas vezes as eleições não são ganhas pelos partidos da oposição, mas sim perdidas pelos governos”.
“A solução governativa proporcionada pelo PS não está esgotada, mas devem retirar-se lições do que correu mal até agora. Falta um desígnio ou desígnios claros. É preciso mais cuidado e mais humildade na gestão política e a definição de um modelo de crescimento económico mais eficiente e mais justo, com melhor distribuição de riqueza (que não se consegue apenas com apoios pontuais, por mais importantes que estes sejam)”, escreve Alexandra Leitão num artigo de opinião publicado no Expresso.
"Muitas vezes as eleições não são ganhas pelos partidos da oposição, mas sim perdidas pelos governos.”
Numa recomendação implicitamente dirigida ao primeiro-ministro António Costa, a ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração afirma que “é preciso espírito reformista” na maioria absoluta.
E elenca: “Não para fazer as reformas que a direita preconiza e que se reconduzem quase sempre ao jargão ‘menos Estado’, mas sim as reformas que se esperam de um Governo socialista: tornar os serviços públicos e, em especial, o Serviço Nacional de Saúde mais eficientes, erradicar a pobreza, diminuir as diferenças e rendimentos e a desigualdade social, alterar a legislação laboral no sentido de proteger mais os trabalhadores e fortalecer a contratação coletiva, diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social e criar um mercado público de habitação.”
No mesmo artigo, Alexandra Leitão defende que não existem “razões para dissolver a Assembleia da República ou demitir o Governo”. “Temos um Governo eleito há menos de um ano com uma maioria absoluta robusta, que tomou posse há nove meses e cujo primeiro-ministro é o mesmo que venceu essas eleições enquanto líder do partido mais votado”, remata.
O Parlamento debate esta quinta-feira uma moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal, com chumbo garantido, no rescaldo da tomada de posse de seis novos secretários de Estado e dois novos ministros.
Isto dá-se na sequência da demissão do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, depois de se saber que a TAP pagou uma indemnização de meio milhão de euros a uma administradora que saiu, Alexandra Reis. Esta viria, pouco depois, a integrar outra empresa pública, a NAV, e mais recentemente o próprio Governo, como secretária de Estado do Tesouro, até se demitir na última semana de 2022, a pedido do ministro das Finanças, Fernando Medina.
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