Mulheres do “ESG” reúnem-se em lista aberta para promover igualdade
Women in ESG é um movimento que arranca este ano e que visa promover a igualdade no setor da sustentabilidade. Tudo começa com uma lista, que se quer transformar numa comunidade fora do "papel".
Alice Khouri, advogada brasileira que exerce em Portugal, moderou dois painéis na 27.ª Conferência das Partes (COP 27), que decorreu no passado mês de novembro, no Egito. Fez também uma intervenção, neste que é um dos eventos mais marcantes no universo da sustentabilidade, e do ambiente em particular. Mas olhou em volta e ficou impressionada com a aparente falta de participantes do sexo feminino. Comprovou mais tarde, num relatório, que não era mera perceção sua: apenas 39% dos participantes na conferência eram do sexo feminino, e o tempo de antena a que tiveram direito foi ainda menor, de 27%.
Confrontada com esta realidade, quis agir. Para isso, dirigiu-se a duas outras mulheres com quem partilhava laços familiares e de amizade, assim como o interesse pelos temas de sustentabilidade e igualdade de género. Num grupo de Whatsapp, começou a discussão de ideias com a partner da Maingreen Capital Partners, Rita Rendeiro, e a vogal do conselho de administração da Resinorte e Amarsul, também diretora técnica da EGF, Filipa Pantaleão.
Inspiradas por uma iniciativa brasileira bem-sucedida, decidiram criar uma lista. Uma lista pública que reunisse mulheres com currículo na área da sustentabilidade, disponível online, para lhes dar visibilidade. No Brasil, a diretora do regulador da Energia fazia parte de um arquivo semelhante quando foi eleita para este cargo. Mas, por cá, o objetivo é não ficar por aqui: além de facilitar a identificação de perfis femininos no mundo da sustentabilidade, querem criar uma comunidade, na qual os elementos da lista possam encontrar-se e partilhar conhecimento. Chamaram-lhe Women in ESG.
“O Women in ESG surge numa ótica de movimento cívico e de solidariedade, que é o elemento mais catalisador da iniciativa. Tudo o que é feito em grupo, em comunidade, funciona muito melhor como alavanca. É importante haver cabeças diferentes a pensar diferente com um interesse comum”, defende Rita Rendeiro.
O processo para integrar a lista consiste apenas no preenchimento de um formulário no site. Lançada no início de janeiro, já conta com 37 nomes, incluindo o das fundadoras. É possível fazer a própria inscrição ou referenciar pessoas que encaixem na lista, ou seja, cuja profissão esteja relacionada com as áreas do Ambiente, Social ou de Governança (ESG, na sigla em inglês). “Nós fazemos o impulso inicial, mas o pretendido é que a lista se alimente a ela própria e assim vá crescendo”, explica Filipa Pantaleão
Contudo, para que a comunidade não fique circunscrita à plataforma online, já está planeado um evento: uma masterclass, presencial, no dia 2 de março. Está ainda previsto, entre abril e junho, um ciclo de palestras e, na segunda metade do ano, uma conferência de maior dimensão. Os temas ainda não estão fechados, mas a intenção é “descomplicar o ESG” e “fazer a ponte com a igualdade”. “Algo que afirme a conexão desses assuntos, que muitas vezes são divulgados como autónomos, mas a verdade é que um acelera muito o outro”, indica Alice Khouri.
Estes encontros servem para a partilha de experiência e conhecimento, mas a ideia é que sejam partilhados também documentos, com dados relevantes sobre sustentabilidade e igualdade, através de uma drive, disponível no site. “Com mais informação sobre como é que as chefias podem contribuir para mitigar a desigualdade, ou como a diversidade de género impacta de forma positiva a economia, entre outros dados, esperamos contribuir para diminuir o estigma e combater o problema”, indica Rita Rendeiro.
Além de visibilidade, o Women in ESG também quer dar voz aos elementos da lista. Neste sentido, está ainda a ser preparado um podcast e uma rubrica de opinião, a ser publicada quinzenalmente no Capital Verde a partir do dia 12 de janeiro, na qual as participantes que assim o desejem podem partilhar a sua visão sobre os temas relevantes do setor.
Embora a lista seja constituída apenas por mulheres, uma vez que atualmente são o género sub-representado, os homens também são convidados a abraçar a iniciativa, mas noutro papel: o de embaixadores. O presidente da direção da APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis), Pedro Amaral Jorge, o managing partner da PLMJ Bruno Ferreira ou o economista João Confraria são alguns dos nomes masculinos que apoiam a iniciativa.
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