Ações da Bacalhôa à venda em leilão por mais de um milhão após BCP executar Berardo
Banco avançou no mês passado com a execução de duas sociedades de Berardo, a Associação de Coleções e a Metalgest. Agora as ações da Bacalhôa vão a leilão, pedindo-se mais de um milhão de euros.
Mais de 1,3 milhões de ações da Bacalhôa, empresa de vinhos de Joe Berardo, estão em leilão por mais de um milhão de euros, após o BCP ter avançado para a execução, no mês passado, de duas sociedades ligadas ao empresário madeirense, a Associação de Coleções e a Metalgest, por conta de uma dívida de dois milhões. Nem o banco nem Berardo comentam.
Em causa está uma participação que corresponde a menos de 2% do capital da Bacalhôa, com sede na região de Setúbal. Os títulos, com um valor base de 1,32 milhões de euros, estão na posse da Associação de Coleções, de acordo com o portal E-Leilões, onde está a ter lugar o leilão. Ainda não há licitações. O fim do leilão está previsto para o dia 22 de março.
Há um aviso aos potenciais interessados para um risco judicial: as ações em leilão estão relacionadas com um processo em que “se encontram pendentes embargos”.
Como o ECO escreveu em janeiro, o BCP avançou para a penhora de bens das duas sociedades do universo de Joe Berardo, por via de uma ação de execução no valor de dois milhões de euros. Com a ação, o banco pode proceder de imediato à penhora de bens de ambas as sociedades sem precisar da autorização do juiz do processo, pois já há uma sentença em julgado. E só depois da penhora é que os executados são citados para se oporem, se quiserem.
Nos últimos anos, não só o BCP como também a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco têm avançado com várias ações contra empresas ligadas ao comendador por dívidas passadas.
Na ação mais relevante, os três bancos tentam, em conjunto, executar a principal coleção de obras de arte de Joe Berardo – detida pela Associação Coleção Berardo – por conta de uma dívida de cerca de mil milhões de euros. Segundo a última avaliação pedida pelo comendador, a coleção encontra-se avaliada 1,8 mil milhões de euros.
Em maio do ano passado, Joe Berardo contra-atacou os bancos, reclamando em tribunal 900 milhões de euros, dos quais 800 milhões se destinam a compensar a fundação por se ter visto “despojada” do seu património para cobrir as dívidas contraídas junto dos bancos, enquanto outros 100 milhões visam para ressarcir o comendador por danos morais.
Bacalhôa com vendas de quase 50 milhões em 2021
Os interessados naquela participação de quase 2% da Bacalhôa poderão consultar no portal de leilões, e já depois de devidamente registados, vários documentos relativos à sociedade, incluindo as contas de 2021, os estatutos e o registo comercial. Há uma nota no portal E-Leilões de que é da “exclusiva responsabilidade dos interessados proponentes, a análise e interpretação da documentação disponibilizada, sem prejuízo das diligências que entendam efectuar na avaliação do bem a adquirir, assegurando-se que corresponde às expectativas”.
Com 300 trabalhadores, a empresa que tem explorações vitivinícolas nas principais regiões do país, incluindo o Douro, Dão, Bairrada, Azeitão e Alentejo, fechou 2021 com vendas de quase 50 milhões de euros, um acréscimo de 17% face ao ano anterior. Os lucros ascenderam a 2,1 milhões de euros, mais 25% em relação a 2021. A sociedade explica a melhoria das contas com a reabertura da economia após as restrições impostas pelas autoridades por conta da pandemia. A dívida líquida caiu quase 10% para 30,8 milhões de euros.
Liderada por Renato Berardo, filho de Joe Berardo, a Bacalhôa apostou em 2022 no crescimento nos mercados externos, nomeadamente na Europa, América e Ásia, do desenvolvimento do enoturismo e, no plano financeiro, na racionalização de custos, reforço dos capitais próprios e diminuição e diversificação da dívida.
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