Lucro da Caixa sobe 45,5% para 843 milhões. Paga dividendo recorde acima de 350 milhões e entrega sede ao Estado

Lucro da Caixa subiu 45,5% para 843 milhões de euros em 2022. Banco público vai pagar dividendo recorde superior a 350 milhões de euros ao Estado. Também vai transferir sede, a rondar os 300 milhões.

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, à chegada para a apresentação dos resultados da CGD, na sede do banco em Lisboa, 02 de março de 2023. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSAJOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) aumentou 45,5% para 843 milhões de euros em 2022, com o banco público a anunciar dividendos recorde acima dos 350 milhões de euros a serem pagos em cash ao Estado, que ficará ainda com o edifício-sede da instituição.

O resultado obtido no ano passado fica muito perto do máximo histórico de 856 milhões registado em 2007, há 15 anos, permitindo alcançar uma rentabilidade dos capitais próprios de 9,8% no final de 2022.

Em relação ao dividendo, ainda se encontra sujeito às aprovações regulatórias. Mas proposta é esta: Estado receberá também o edifício-sede do banco, localizado no Campo Pequeno, como pagamento em espécie, além dos 352 milhões em cash. “É um dividendo fantástico”, disse Paulo Macedo, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados. O edifício estará avaliado em quase 300 milhões, segundo a Sic, mas ainda está em avaliação, de acordo com o banco. “O valor da sede só por sorte é que será 300 milhões. Será preciso avaliar, é preciso haver acordo sobre essas avaliações”, afirmou Macedo.

A saída da sede obrigará o banco a procurar um novo espaço a prazo. Para já, o banco conta ficar no Campo Pequeno até ao início de 2026, pagando uma renda ao senhorio Estado, caso este aceite o imóvel. Paulo Macedo revelou que está à procura de instalações com 30 mil metros quadrados na Grande Lisboa. “A oferta não é muita, temos de ver o que existe”, salientou o gestor.

Metade da recapitalização “saldada”

A Caixa salienta que, com estes pagamentos, fica “saldada” metade da recapitalização de 4,9 mil milhões de euros de que foi alvo em 2017. Além dos dividendos (que totalizam os 1.300 milhões), o banco já reembolsou os investidores com a recompra dos títulos AT1 na ordem dos 500 milhões e prevê amortizar antecipadamente outros 500 milhões em títulos AT2 este ano. Tudo somado, incluindo a sede, 2,5 mil milhões de euros da recapitalização estão liquidados.

“É um resultado muito favorável, que permite recuperar perdas que tivemos desde 2011. Ainda não conseguimos ‘zerar’ os prejuízos desde 2011, mas temos um caminho de recuperação sólido”, salientou a administradora financeira, Maria João Carioca.

Receitas com juros dispara 43%

Carioca deu conta de que os lucros tiveram origem em várias fontes. Por exemplo, o negócio internacional teve um ano histórico, com um contributo de 193 milhões. Outros 650 milhões vieram da atividade doméstica.

O negócio cresceu a dois dígitos no ano passado. A margem financeira (diferença entre os juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) disparou 42,8% para 1,4 mil milhões de euros, beneficiando do aumento das taxas de juro no ano passado. Os resultados com comissões atingiram os 606 milhões de euros. O produto global da atividade aumentou 32,3% para 2,3 mil milhões.

Este nível de atividade foi também possível perante o aumento e limpeza do balanço do banco: o crédito a clientes aumentou 2,2% para 50,8 mil milhões de euros e os recursos de clientes cresceram 6,3% para 83,9 mil milhões. Por outro lado, a Caixa registou uma diminuição dos ativos não produtivos em mais de 600 milhões, graças à venda dos fundos ECS, negócio fechado nos últimos dias do ano passado.

Já os “rácios expressivos e os buffers dão confiança”, salienta Maria João Carioca em relação ao rácio CET1 de 18,7%.

(Notícia atualizada)

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