Governo demite chairman e CEO da TAP

Depois de avaliado o relatório da IGF sobre a saída de Alexandra Reis da TAP, o Governo decidiu demitir Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener. Saem sem direito a indemnização.

Fernando Medina e João Galamba, depois de terem recebido o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) sobre a saída de Alexandra Reis da TAP, decidiram demitir a liderança da companhia aérea. O presidente do conselho de administração, Manuel Beja, e a CEO, a francesa Christine Ourmières-Widener, estão de saída da TAP.

Fernando Medina afirmou esta tarde que “se impõe neste momento um virar de página na gestão da empresa”, tendo por isso o Governo decidido a “exoneração, com justa causa, do Presidente do Conselho de Administração e da Presidente da Comissão Executiva da TAP“.

O ministro das Finanças afirmou que o processo de saída da antiga administradora Alexandra Reis com uma indemnização de 500 mil euros “levantou uma legítima indignação no país”, numa altura em que a companhia está sujeita a um plano de reestruturação que “impõe sacrifícios diários aos trabalhadores da empresa e que requereu um esforço muito significativo dos portugueses”. Gerou além disso “justificada incompreensão quanto a falhas evidentes nas práticas de gestão e de governo societário”.

Fernando Medina considerou, por isso, que era necessário “um virar de página que recupere laços de confiança da TAP com o país. Que devolva sobriedade às práticas da empresa em todos os níveis. Que prossiga a aplicação do plano de reestruturação de forma eficaz, tendo em vista a concretização bem-sucedida da privatização”.

Os dois gestores foram demitidos com “justa causa”, pelo que não terão direito a qualquer indemnização, esclareceu Fernando Medina. Sobre o pagamento de eventuais bónus relativos aos resultados alcançados, Fernando Medina disse apenas que “serão pagas as compensações legalmente devidas pela TAP no âmbito da lei”.

Os restantes administradores irão manter-se em funções, incluindo o administrador financeiro, Gonçalo Pires, que foi nomeado pelas Finanças e tem sido alvo de críticas. “O administrador financeiro não é visado no relatório da IGF, nem pelo conhecimento nem pela participação em nenhum ato”, disse o ministro das Finanças.

Coube ao ministro das Infraestruturas, João Galamba, anunciar que o novo CEO e chairman da TAP é Luís Manuel da Silva Rodrigues, até aqui presidente executivo da SATA, as linhas aéreas açorianas. Os restantes membros do conselho de administração mantêm-se, pelo menos por ora, podendo existir mudanças por vontade do novo CEO.

Fernando Medina negou que a mudança de administração venha a prejudicar a “venda parcial” do capital da TAP na privatização, cuja aprovação pelo Governo mantém que será “em breve”.

A atual administração tinha tomado posse em junho de 2021 e o mandato foi marcado por várias polémicas. Antes da indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, a gestão foi criticada pela tentativa de renovar a frota automóvel de diretores e administradores com viaturas BMW, a atribuição de vouchers da Uber no valor de 450 euros e uma relação conflituosa com os sindicatos, que levaram à primeira greve na companhia desde 2017.

Christine Ourmiéres deixa a TAP numa altura em que a companhia fechará o último exercício com lucros, o que não acontece há vários anos, com uma capacidade em lugares oferecidos muito próxima da de 2019 e acima das metas acordadas com Bruxelas. Fernando Medina assinalou “os bons resultados da atual equipa de gestão na implementação do plano de reestruturação”.

O relatório da IGF concluiu que o acordo de rescisão celebrado entre Alexandra Reis e a TAP é nulo, tendo a antiga administradora de devolver cerca de 450 mil euros. Fernando Medina rejeitou a possibilidade de ser reintegrada na companhia.

Leia abaixo o relatório da IGF:

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