Tensão na banca trava Euribor, mas prestação da casa volta a subir até 300 euros em abril
Taxas Euribor travaram com instabilidade criada pela queda do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse, mas a prestação da casa vai dar novo salto até 300 euros no próximo mês.
Apesar da turbulência na banca — na sequência da queda do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse — ter interrompido a trajetória (que parecia imparável) de subida das Euribor nas últimas semanas, a prestação da casa vai dar um novo salto até 300 euros nos contratos que forem revistos no próximo mês, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO.
Vamos já às contas. Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%, se o contrato tiver como indexante:
- Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 707 euros, mais de 70 euros (+11%) em relação à prestação que pagava desde janeiro;
- Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 739 euros, um aumento de cerca de 139,19 euros (23,3%) em relação à prestação que pagava desde outubro;
- Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 773,6 euros, quase mais 307,5 euros (66%) em relação à prestação que pagou no último ano.
Em Portugal, cerca de 90% dos empréstimos à habitação estão associados taxa variável. Quem tem este tipo de contratos está mais exposto às variações das Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa. Estas taxas têm vindo a subir de forma ininterrupta no último ano à boleia da subida dos juros de referência do Banco Central Europeu (BCE) para combater a inflação.
Mas o mês de março acabou por registar um abanão nos mercados financeiros devido à crescente tensão que se gerou em relação à banca, após o colapso do Silicon Valey Bank. As ondas de choque atravessaram o Atlântico e atingiram o Credit Suisse, que acabou por ser absorvido pelo UBS para evitar um problema de maiores proporções.
A situação de instabilidade no sistema financeiro provocou uma mudança profunda nas expectativas dos investidores em relação à atuação dos bancos centrais, que já não deverão ser tão agressivos no aumento dos juros para não desestabilizar o sistema financeiro. E isso refletiu-se imediatamente no comportamento das Euribor, que travaram a fundo nas últimas semanas, como demonstra o gráfico abaixo.
Instabilidade nos bancos trava Euribor
Fonte: Reuters
Dentro deste quadro, as famílias com crédito da casa acabaram por ser um vencedor improvável da turbulência. A travagem nas Euribor não significa que a prestação vai baixar. Vai continuar a subir por causa do disparo nos meses anteriores, mas o mini episódio de crise na banca conteve alguma da subida que iria registar se as coisas tivessem seguido o curso “normal”.
Em fevereiro, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação avançou para 2,532%, o valor mais elevado desde 2012. Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida era de 62.533 euros, com a prestação média a fixar-se nos 322 euros. Isto significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor em março vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.
O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.
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As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração nos últimos meses, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.
Desde o verão, o BCE já aumentou as taxas em 350 pontos base, com a taxa principal a subir dos -0,5% para os 3% no espaço de oito meses. A expectativa dos mercados é se as subidas terão ficado por aqui.
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