Comissão de inquérito da TAP vai ter sala “secreta” para consultar documentos

A Assembleia da República não dispõe de software certificado para consulta de documentos classificados. Deputados vão ter de usar uma sala própria.

A grande maioria dos 307 documentos pedidos pela comissão parlamentar de inquérito à tutela da gestão pública da TAP já foram recebidos. Cerca de 100 vieram classificados como tendo informação secreta ou reservada. Os deputados vão ter uma sala com 10 computadores para os consultarem.

Seguro Sanches, presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI), fez esta quarta-feira um balanço da documentação recebida. Foram pedidos 307 elementos documentais a cerca de 20 entidades e personalidades. Já foram recebidos 173, dos quais uma centena como classificados. Entre as entidades que têm documentos ainda a enviar estão a Comissão Europeia, a TAP e duas sociedades de advogados.

Os documentos classificados terão de ser consultados numa sala própria, com 10 computadores, sem ligação à rede, explicou Jorge Seguro Sanches. Uma exigência necessária para garantir o cumprimento da lei, sustentou durante a reunião ordinária da CPI.

Para cumprir a lei, a informação classificada como secreta tem de ser consultada através de software credenciado e uma rede credenciada, de que a Assembleia não dispõe“, explicou. Daí que a consulta tenha de ser feita “através de um computador standalone, numa sala com as condições de segurança exigidas pela lei”.

A “sala secreta”, como lhe chamou Bruno Dias, deputado do PCP, estará disponível a partir desta quinta-feira. O presidente da mesa propôs que a mesa da comissão, que integra também os vice-presidentes, Filipe Melo, do Chega, e Paulo Rios de Oliveira, do PSD, irá consultar os documentos para aferir se cumprem os critérios para serem considerados classificados.

O presidente da CPI referiu que “os documentos, cuja maioria já está na Assembleia da República, dividem-se em três grupos: com classificação de segurança, que resulta da aplicação da Lei, os cujas entidades ou gestores invocaram segredo de negócio e os sem classificação”. Jorge Seguro Sanches acredita, no entanto, que um grande número de documentos acabará por ser desclassificado por não cumprir os requisitos. Uma análise que começará a ser feita na sexta-feira.

Acredito que vamos aumentar de forma substancial os documentos que podem ser consultados com fácil acesso, no computador de cada um de nós. Alguns, pela sua natureza, não será possível”, afirmou o presidente da mesa.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.

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Estado passa a deter quase 12% do Novobanco

  • ECO
  • 22 Março 2023

O Novobanco aprovou esta quarta-feira em assembleia-geral de acionistas um aumento de capital no valor de cerca de 263 milhões de euros. Estado passou a deter 11,96% do capital social do banco.

O Novobanco aprovou esta quarta-feira em assembleia-geral de acionistas um aumento de capital no valor de cerca de 263 milhões de euros, na sequência da conversão de créditos fiscais, relativos aos exercício de 2018 e 2019, informou o banco liderado por Mark Bourke.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Novobanco explica que este aumento de capital é “realizado na modalidade de incorporação de reservas”, sendo que 146.366.604,25 euros são referentes “ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2018” e que 116.816.620,97 euros são referentes “ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2019”, lê-se. Contas feitas, o aumento de capital ronda os 263 milhões de euros.

O banco liderado por Mark Bourke vai emitir 739.798.019 novas ações, o que corresponde a “6,27% do seu capital social e que são atribuídas ao Estado Português”, Assim, o Estado passará a deter 11,96% do capital social do Novobanco. Com esta operação, o capital social do Novobanco passará a ser de 6.567.843.862,91 euros.

Esta quarta-feira, a instituição financeira nomeou ainda Evgeniy Kazarez como membro do Conselho Geral e de Supervisão (“CGS”) para o atual mandato (2021-2024), adianta ainda outro comunicado enviado ao mercado.

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Comissão de Inquérito da TAP vai ouvir 60 personalidades. Há seis prioritárias

Deputados da comissão parlamentar de inquérito vai arrancar com audições na próxima semana. Inspetor-Geral de Finanças e CFO da TAP deverão ser os primeiros.

Os deputados da comissão parlamentar de inquérito à tutela pública da gestão da TAP aprovaram esta quarta-feira a audição de 60 personalidades requeridas pelos partidos. Os primeiros seis a serem chamados serão o presidente da Inspeção-Geral de Finanças, o administrador financeiro da TAP, Alexandra Reis, a presidente executiva da TAP, o chairman da companhia e o presidente da CMVM.

Os deputados da comissão parlamentar de inquérito acordaram ouvir prioritariamente seis personalidades. Na próxima semana, quarta e quinta-feira, deverá ser ouvido António Ferreira dos Santos, que lidera a Inspeção-Geral de Finanças, a entidade responsável pela auditoria que concluiu pela nulidade do acordo celebrado entre a TAP e a antiga administradora Alexandra Reis e sustentou a devolução da indemnização de 500 mil euros. A intenção dos deputados é também ouvir o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires.

Na lista de audições prioritárias está ainda a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, que o PSD queria que fosse a primeira a ser chamada, “com caráter de urgência”. O coordenador social-democrata, Paulo Moniz, alertou durante os trabalhos da comissão que a gestora francesa poderá ausentar-se do país findas as suas funções na companhia aérea, o que deverá acontecer no final do mês, tornando depois “mais difícil a sua audição”.

Alexandra Reis, que depois de sair da TAP foi presidente da NAV e secretária de Estado do Tesouro, também consta desta lista inicial. Ou outros dois são o presidente do conselho de administração da companhia aérea, Manuel Beja, e o presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa.

O presidente da CPI, Jorge Seguros Sanches, esclareceu que o objetivo é ouvir estas seis personalidades nas próximas três semanas. A ordem irá depender da sua disponibilidade.

Para mais tarde ficou a definição da ordem em que serão chamadas as restantes personalidades. Há uma série de nomes que constam dos requerimentos de vários partidos. Além da CEO e do chairman atuais (cuja demissão foi já anunciada pelo Governo e deverá acontecer até ao final do mês), os deputados vão chamar também antigos responsáveis da companhia, como Fernando Pinto e Antonoaldo Neves.

Os deputados querem também ouvir os antigos acionistas privados da companhia: Humberto Pedrosa e David Neeleman, este último o protagonista do polémico negócio de compra de aviões à Airbus, que esteve na origem dos fundos que usou para capitalizar a transportadora na privatização em 2015, já no segundo Governo de Passos Coelho.

A lista inclui também nomes das tutelas atuais, como Fernando Medina (Finanças) e João Galamba (Infraestruturas), mas sobretudo antigos titulares, como João Leão, Mário Centeno, Pedro Nuno Santos, Hugo Mendes (ex-secretário de Estado das Infraestruturas) ou Miguel Cruz (ex-secretário de Estado do Tesouro). Há também elementos dos Governos de Passos Coelho, como Pires de Lima, antigo ministro da Economia, e Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas.

Os deputados querem também questionar os advogados que estiveram evolvidos nas negociações do acordo de saída da antiga administradora Alexandra Reis da TAP: César Esteves, da SRS Legal, que assessorou a TAP, bem como a equipa da Morais Leitão que acompanhou Alexandra Reis nas negociações da renúncia por mútuo acordo.

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Von der Leyen pede tratamento ‘justo’ para empresas da UE

  • Lusa
  • 22 Março 2023

A presidente da Comissão Europeia disse que há "subsídios ocultos e menos transparentes" da China e espera um "diálogo de transparência" com os EUA nos incentivos. do lado americano.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu esta quarta-feira que as empresas e a indústria de tecnologias limpas da União Europeia (UE) sejam tratadas “justamente” no resto do mundo.

Se olharmos para um nível de igualdade global, para nós é muito importante que as nossas empresas e a indústria das tecnologias limpas sejam tratadas de forma justa”, afirmou em conferência de imprensa após a cimeira tripartida realizada em Bruxelas, que reuniu os principais instituições da UE com empregadores e sindicatos comunitários.

Nesse encontro, discutiu-se a competitividade da economia dos 27, num contexto marcado pelos 340 mil milhões de euros em subsídios “verdes” aprovados pelos Estados Unidos no âmbito da lei anti-inflacionista para o setor das tecnologias limpas, área em que China e Japão também planeavam investir 260.000 e 140.000 milhões de euros, respetivamente.

A Comissão Europeia apresentou, na semana passada, a “Lei das Indústrias de Emissão Zero”, com a qual busca aumentar a produção de tecnologias limpas na União Europeia para cobrir 40% do seu consumo anual com produção própria até 2030. Von der Leyen mencionou que Bruxelas concordou com os Estados Unidos “em ter um diálogo de transparência”, para que se saiba “exatamente quais são os incentivos do lado americano”, para que a UE possa “igualar isso”.

A presidente reconheceu que há “subsídios ocultos e menos transparentes” da China, e afirmou que, nesse caso, deve garantir-se igualdade de condições também para as empresas dos 27. “Dentro do mercado único, há também a necessidade de igualdade de condições. Portanto, o auxílio estatal foi moldado para uma aplicação temporária e específica. Basicamente, todos os Estados-membros podem usar o auxílio estatal, mas é claro que sabemos que para alguns é mais fácil de usar e outros não têm margem de manobra financeira”, afirmou.

Von der Leyen confirmou que esta ajuda deve ser acompanhada de um financiamento europeu comum e explicou que existem vários fundos disponíveis: “Há uma grande variedade de possibilidades para os Estados-membros concederem isenções fiscais à indústria das tecnologias limpas, mas também para incentivar projetos e, mais importante, incentivar projetos transfronteiriços pan-europeus”, afirmou.

O presidente da associação patronal europeia BusinessEurope, Fredrik Persson, admitiu que a competitividade “não se constrói com subsídios”, mas considerou que na atual conjuntura “os subsídios específicos, como no quadro de crise temporária” da Comissão Europeia, “têm um propósito muito importante.”

Já a secretária-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos, Esther Lynch, disse que, se as empresas recebem apoios públicos, é preciso garantir que, com esse apoio, oferecem “empregos de qualidade e que os trabalhadores sejam parte integrante” dos investimentos. “Existem diferenças entre os Estados-membros e temos de assegurar que os diferentes instrumentos que estão a ser implementados garantam que cada região, cada Estado-membro, não fique para trás por não ser capaz de prestar o apoio necessário”, considerou.

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Costa “perdeu a cabeça” por tentar responsabilizar Governo PSD na privatização da TAP, diz Montenegro

  • Lusa
  • 22 Março 2023

Luís Montenegro acusou o primeiro-ministro de “tentar atirar lama ética para cima do PSD” na privatização da TAP, quando “o que fez foi penalizar de forma grosseira o erário público”.

O presidente do PSD considerou esta quarta-feira que o primeiro-ministro “perdeu um pouco a cabeça” quando tentou “atribuir responsabilidades inusitadas” e “atirar lama ética” ao último Governo social-democrata por causa do processo de privatização da TAP.

“[Sobre a TAP] creio que o primeiro-ministro perdeu um pouco a cabeça, para não dizer mesmo que se passou, ao querer agora atribuir responsabilidades inusitadas ao Governo do PSD”, sustentou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas depois de uma reunião com a delegação social-democrata no Parlamento Europeu (PE) e a presidente da instituição, Roberta Metsola, em Bruxelas, na Bélgica.

Na ótica do presidente social-democrata, o primeiro-ministro “já disse tudo e o seu contrário” e fez o mesmo quando “primeiro nacionalizou uma parte, depois nacionalizou 100%” da companhia aérea e agora vai avançar para privatização.

Luís Montenegro acusou António Costa de “tentar atirar lama ética para cima do PSD” quando “o que fez foi penalizar de forma grosseira o erário público” e os contribuintes. Na ótica do líder social-democrata, o líder do executivo atual “está atrapalhado” e limitou-se a criar “cortinas de fumo comunicacionais” para disfarçar a “incapacidade que tem tido de dar resposta” aos problemas do país.

O presidente social-democrata apelou ainda ao Presidente da República para tentar demover o Governo de avançar com o arrendamento coercivo de habitações devolutas, depois das críticas que dirigiu ao pacote “Mais Habitação”.

Somos frontalmente contra [o arrendamento coercivo] e estamos mesmo convencidos de que o PS vai acabar por compreender, por recuar, tal é o consenso que há na sociedade portuguesa contra essa medida, ainda não vi ninguém a defendê-la que não fossem os mais aferroados apoiantes do PS e os seus dirigentes, e mesmo alguns com alguma vergonha”, sustentou Luís Montenegro.

Questionado sobre o clima de crispação entre o Presidente da República e o Governo, o líder do PSD respondeu que “o país tira sempre proveito quando os órgãos de soberania exercem as suas competências em favor das condições de vida das pessoas”.

Se o Presidente da República mostra discordância perante um pacote legislativo e a intenção de mudança do Governo é porque está preocupado com as pessoas, não é com o Governo”, argumentou. O líder da oposição considerou que “mexer na habitação, hoje, pressupõe, em primeiro lugar, alargar a oferta”. Mas o modelo apresentado pelo executivo socialista “tem o efeito precisamente contrário, desincentiva o investimento e, portanto, haverá menos casas no mercado e o preço vai aumentar”, sustentou.

“Eu não me iria pronunciar em termos de crispação, iria pronunciar-me em termos daquilo que o cumprimento das competências dos órgãos de soberania, no caso de o Presidente da República poder, de alguma maneira, influenciar o Governo para ele atinar e ver o caminho de forma mais correta”, disse.

Luís Montenegro disse estar “muito de acordo” com a apreciação “negativa” que Marcelo Rebelo de Sousa fez do “pacote que o Governo apresentou de forma atabalhoada, repentina, sem uma política estruturante”.

O Presidente da República defendeu esta quarta que o arrendamento coercivo de casas devolutas “ganharia em ser repensado” e apelou a um entendimento entre socialistas e sociais-democratas sobre a habitação: “Ainda há muito debate a fazer no parlamento, o que foi anunciado ganharia em ser repensado porque as câmaras [municipais] já disseram que não vão ajudar, não têm meios.”

 

 

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Lítio: Projeto reformulado da mina em Boticas em consulta pública até 4 de abril

  • Lusa
  • 22 Março 2023

O projeto foi reformulado para dar resposta às questões levantadas pela comissão de avaliação da mina do Barroso, a nível dos sistemas ecológicos e hídricos.

O projeto reformulado da mina de lítio que a empresa Savannah Resources quer explorar, em Boticas, vai estar em consulta pública entre até ao dia 4 de abril, segundo foi divulgado no portal Participa.

A Savannah anunciou ter apresentado, na semana passada, a revisão do relatório ambiental e do plano de lavra para o projeto de lítio, em Boticas, distrito de Vila Real, solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e explicou que, após a submissão dos documentos, o prazo para a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) é “31 de maio de 2023” e que espera que o projeto obtenha a sua licença ambiental em 2024.

O projeto reformulado entrou esta quarta-feira em consulta pública, podendo as participações ser submetidas, segundo a informação dada no portal Participa, até ao dia 4 de abril (13 dias). A mina do Barroso localizar-se-á nas freguesias de Covas do Barroso, Dornelas e Vilar e Viveiro, em Boticas, mas cruza ainda a freguesia de Canedo, em Ribeira de Pena.

O projeto foi reformulado para dar resposta às questões levantadas pela comissão de avaliação da mina do Barroso, a nível dos sistemas ecológicos (potencial perturbação de espécies como o mexilhão-de-rio, gralha-de-bico-vermelho e da atividade natural do lobo-ibérico) e dos recursos hídricos (presença de elementos do projeto sobre linhas de drenagem, a sua proximidade ao rio Covas, possibilidade de deterioração da qualidade das águas superficiais com afetação dos objetivos definidos na Diretiva Quadro da Água”.

Na altura em que a Savannah foi notificada para reformular o projeto, em julho de 2022, após o parecer desfavorável da comissão de avaliação, “não havia compatibilidade paisagística devido à classificação da área como Património Agrícola Mundial” e era também apontada uma “elevada incomodidade provocada pela exploração intensa e continuada” junto da população e uma influência na qualidade do ar da região.

De acordo com o resumo não técnico, o projeto reformulado eliminou as atividades durante o período noturno e concentrou as atividades mais ruidosas nos dias úteis entre as 12:00 e as 15:00. Os principais valores a preservar, segundo o documento, são o lobo-ibérico devido à proximidade do projeto com cinco alcateias conhecidas, áreas afetas às medidas compensatórias do Sistema Eletroprodutor do Tâmega e áreas pertencentes ao Património Agrícola Mundial.

A exploração mineira engloba quatro cortas (pinheiro, grandão, reservatório), onde se encontra o recurso geológico, acrescem ao projeto os anexos mineiros, compostos por uma unidade de processamento (lavaria), instalações de resíduos (estéreis e rejeitados), estruturas de gestão de água, os acessos a beneficiar, tanto internos, como externos, e ainda uma linha elétrica, a relocalizar.

A mina do Barroso terá uma duração estimada de 17 anos, concluindo o documento que, na fase de construção e encerramento, “os impactes sentidos, apesar de negativos, se apresentam como pouco significativos, devido à duração dos trabalhos, à sua natureza e intensidade”.

É na fase de exploração que são apontados os “impactes significativos do projeto”, evidenciando-se efeitos “desfavoráveis significativos” ao nível da afetação paisagística, principalmente associados à instalação da lavaria, ao desmonte de rocha nas cortas e ao enchimento das escombreiras, ainda na afetação dos recursos hídricos, com alteração dos padrões de drenagem e condições hidromorfológicas, e na componente social, devido à necessidade de aquisição de terrenos e deslocação económica.

“Apesar disso, salientam-se as melhorias provocadas pela reformulação do projeto, que permitiram reduzir a significância dos impactes negativos observados face ao projeto anteriormente avaliado”, aponta o resumo não técnico.

Como impactes positivos são referidos o “posicionamento estratégico de Portugal face às políticas europeias do lítio e o dinamismo do quadro socioeconómico”, a “revegetação das áreas afetadas e a implementação do Projeto Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP).

Serão ainda implementados planos de monitorização da qualidade do ar, de monitorização do lobo, monitorização dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, nomeadamente nas albufeiras a criar com construção dos reservatórios e no rio Covas. A adoção das medidas de minimização recomendadas e o seu correto acompanhamento ambiental, garantirão, segundo o documento, “a reduzida significância dos impactes”.

A exploração mineira é contestada localmente, por autarcas e populares que se uniram na associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso e que tem alertado para consequências da mina a nível “dos consumos de água, da proximidade da aldeia, das cortas a céu aberto e das escombreiras.

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Prémio Investigação ASF já tem júri. Candidaturas até fim de março

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2023

Até final deste mês de março podem ser entregues os trabalhos dos candidatos à 2º edição do prémio de investigação ASF. O júri já está nomeado e o prémio é de 7.500 euros.

Gabriela Figueiredo Dias, Margarida Lima Rego e Francisco Rodrigues Rocha serão o júri da 2ª Edição do Prémio Investigação ASF, uma iniciativa que visa “incentivar a produção de trabalhos de investigação científica de elevado valor para o desenvolvimento dos mercados nacionais dos seguros e dos fundos de pensões”, diz a apresentação. O júri junta, assim, destacados elementos de Direito das Universidades de Coimbra, Lisboa e Nova.

Francisco Rodrigues Rocha, Gabriela Figueiredo Dias e Margarida Lima Rego. O júri junta as escolas de Direito de Lisboa, de Coimbra e da Nova.

A data limite das entregas de trabalhos para avaliação é final desde mês de março. O prémio ascende a 7.500 euros para o vencedor, ou repartido, caso exista mais de um vencedor.

A 2ª edição é dedicada às áreas de Direito e Humanidades, tema que alterna com “Economia, Matemática e Tecnologia”, para atribuição do prémio.

O Júri, nomeado de acordo com a área de conhecimento do ano, avaliará os trabalhos a concurso em 2023 e em julho próximo será anunciado o vencedor.

São jurados do 2º Prémio Investigação ASF:

  • Gabriela Figueiredo Dias, que preside, foi presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – CMVM de 2016 a 2021, sendo atualmente Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra e membro do Observatório de Sustentabilidade daquela Universidade de onde é licenciada e mestre em Direito;
  • Margarida Lima Rego é Professora catedrática e diretora da NOVA School of Law, Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e presidente em Portugal da AIDA, associação que promove a cooperação internacional e nacional para o estudo e o conhecimento do direito dos seguros e também membro da Comissão Executiva e do Conselho Científico da AIDA Europe;
  • Francisco Rodrigues Rocha que é licenciado, mestre e doutor em Direito (2021) pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e autor de vários livros e estudos sobre direito na área dos seguros.

A 1ª edição do Prémio de Investigação ASF, dedicado a Economia, Matemática e Tecnologia, teve dois vencedores com os os trabalhos Longevity – linked life annuities: the Portuguese Experience, da autoria de Ana Catarina Amorim, e Saving for retirement through consumption: an application for Portugal, de Roberto Carcache Flores, Abraham Hernandez Pacheco e Ana Margarida Ramos.

Para mais informação veja aqui .

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Más condições de trabalho geram crise nos profissionais de saúde

  • Lusa
  • 22 Março 2023

"Se tivermos em conta o atual clima de greves, esgotamento e fuga de cérebros, vemos que os nossos sistemas de saúde estão com sérios problemas", advertiu o diretor regional para a Europa da OMS.

As más condições laborais e salariais, o cansaço e o stress geraram uma crise nos profissionais de saúde da Europa que é urgente enfrentar, alertou esta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Não há tempo a perder. Um sistema de saúde é tão forte quanto o pessoal de saúde que o apoia. Se tivermos em conta o atual clima de greves, esgotamento e fuga de cérebros, vemos que os nossos sistemas de saúde estão com sérios problemas”, advertiu o diretor regional para a Europa da OMS, Hans Kluge, durante uma reunião em Bucareste.

“A crise do pessoal que trabalha em saúde na Europa já não é uma ameaça iminente, está aqui agora. Os profissionais de saúde e os trabalhadores da nossa região clamam por ajuda”, disse. Na reunião, 49 dos 53 membros da OMS na Europa aprovaram uma declaração lembrando que a pandemia de covid-19 deixou clara “a fragilidade dos sistemas de saúde e a importância de contar com pessoal de saúde efetivo e resiliente”.

O documento destaca que no ano passado houve uma série de greves de profissionais de saúde na Europa, em protesto contra as difíceis condições de trabalho, os baixos salários e a falta de recursos. “Estão em jogo a saúde e o bem-estar das nossas sociedades, não há tempo a perder”, afirma Kluge num comunicado.

A destaca que as sociedades vivem um duplo envelhecimento, da população e da força de trabalho em saúde, enquanto aumentam os casos de doenças crónicas e continuam presentes os efeitos da pandemia. Um dos problemas que requer uma solução urgente é o da diminuição dos profissionais de saúde, 40% dos quais se reformarão nos próximos 10 anos, segundo algumas estimativas.

O sistema enfrenta uma “ruína iminente” em áreas-chave, se não forem tomadas urgentemente medidas para enfrentar esses desafios, refere o comunicado. Para dar resposta aos desafios, a Declaração de Bucareste pede “ação política” para melhorar os contratos dos trabalhadores e os mecanismos da sua distribuição, bem como para otimizar o desempenho do pessoal do setor.

Destaca também a importância de melhorias no planeamento do trabalho do pessoal e de aumentar o investimento público na sua formação e proteção.

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Problemas nas obras não “beliscam” novas residências da Universidade do Porto

Constrangimentos na construção civil não "beliscam" avanço de construção de novas residências universitárias da U.Porto. A primeira residência deverá estar concluída ainda este ano com mais 54 camas.

O reitor da Universidade do Porto (U.Porto), António de Sousa Pereira, assegurou esta quarta-feira que, “apesar das dificuldades e constrangimentos existentes no setor da construção civil, e da consequente incerteza orçamental, os projetos [das três novas residências e da requalificação de mais quatro] estão a avançar dentro dos prazos previstos” para responder “às dificuldades que os estudantes enfrentam em matéria de acesso ao alojamento na cidade do Porto”.

Num investimento total de 32 milhões de euros – 20 milhões financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os restantes 12 milhões com receitas próprias da universidade –, a instituição vem, assim, responder a uma lacuna no mercado habitacional que também afeta os estudantes deslocados.

Durante o seu discurso nas comemorações do Dia da Universidade do Porto, assinalado esta tarde numa cerimónia de comemoração dos 112 anos da instituição, o reitor apontou a conclusão da primeira destas residências em obra – a da Carvalhosa, na zona de Cedofeita –, para o início do próximo ano letivo, aumentando, assim, a atual oferta em 54 novas camas.

A instituição de ensino superior tem em curso a construção de mais três novas residências, que vão acrescentar 411 camas à atual oferta de alojamento, representando um acréscimo de 40%. Assim como a requalificação de quatro residências para otimizar a eficiência energética dos edifícios, mediante a implementação de “melhorias significativas nos quartos, nos espaços de convívio, nas cozinhas e na envolvente exterior”, descreveu António de Sousa Pereira.

O reitor da U.Porto adiantou ainda que “já está em fase bastante adiantada, ao abrigo do Fundo para uma Transição Justa, a negociação tendo em vista a instalação de um polo tecnológico e de um centro de inovação em terrenos da antiga refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos”.

Num espaço, com cerca de 50 hectares, vai nascer uma incubadora de talento nas áreas da ciência, tecnologia e engenharia para responder ao mercado laboral e à competitividade do tecido empresarial português. “Aí criaremos um novo campus dedicado às engenharias e à ciência, o qual permitirá o crescimento e a afirmação da universidade como um centro de excelência nos domínios da neutralidade carbónica e climática, das energias limpas e renováveis, da mobilidade sustentável e da economia circular”, sublinhou o reitor da U.Porto.

António de Sousa Pereira destacou também o facto de o ecossistema da Universidade do Porto participar em 37 dos 51 projetos aprovados, a nível nacional, no âmbito das Agendas Mobilizadoras e dos Pactos de Inovação do PRR. “O que representa a captação de um investimento institucional de 155,4 milhões de euros destinados à promoção da inovação empresarial e à criação de sinergias de investigação entre o meio académico e a economia nacional”, frisou.

O reitor aproveitou a altura para elencar um conjunto de investimentos que estão em curso:

  • Os trabalhos de requalificação do edifício Abel Salazar, orçados em mais de oito milhões de euros e financiados pelo PRR, para implementação de um espaço de formação multidisciplinar e pós-laboral que permitirá alargar e reforçar a oferta formativa. Assim como avançar na formação contínua e na maior qualificação dos recursos humanos.
  • “O primeiro ano de vigência do Programa de Formação Multidisciplinar da U.Porto permitiu a abertura de 66 novos cursos e formações para maiores de 23 anos, num esforço que abrange um investimento total de 9,3 milhões de euros para atingir mais de sete mil formandos até 2025.”
  • A segunda fase da modernização do Estádio Universitário, num investimento na ordem dos 2,5 milhões de euros, suportada por fundos próprios da universidade. A obra contempla a criação de uma nova sede para o Centro do Desporto da Universidade do Porto (CDUP).
  • Numa iniciativa conjunta com a Metro do Porto está em projeto um novo espaço de estudo e e-learning sobre a estação do Campo Alegre da futura linha rubi. Com projeto do arquiteto Eduardo Souto de Moura, este será um espaço multifuncional, com 700 metros quadrados e com capacidade para uma centena de utilizadores em simultâneo.

Durante o discurso, o reitor deu ainda conta da “conquista de seis novas bolsas do European Research Council, representando um financiamento adicional de 18,9 milhões de euros para a investigação realizada na Universidade do Porto”. O que, sustentou, vem comprovar a qualidade dos investigadores da instituição.

Por fim, António de Sousa Pereira realçou a consolidação da Universidade do Porto no QS World University Rankings by Subject 2023, que “assinala a liderança nacional em 17 áreas”, como a arte e o design, as ciências biológicas, a medicina, a farmácia, a psicologia ou o desporto.

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Volume de água armazenado nas albufeiras nacionais é de 81%

  • Lusa
  • 22 Março 2023

No Algarve continua com uma situação "muito grave", antevendo-se que "o verão não vá ser nada fácil". Também a situação das barragens no Nordeste Transmontano é muito preocupante.

O volume de água armazenado nas albufeiras do território nacional situa-se atualmente nos 81%, uma subida de 24% desde outubro de 2022, revelou esta quarta-feira Nuno Bravo, da Administração de Região Hidrográfica (ARH) do Centro.

Em outubro [de 2022] tínhamos uma situação difícil, com 57% do volume de armazenamento nas nossas albufeiras, em média, em todo o território português. Agora, em março, a situação mudou claramente e estamos com um valor de 81% de volume total armazenado”, referiu.

O administrador da ARH Centro participou, durante a tarde desta quarta, numa conferência promovida pela Águas de Coimbra, com a temática das “Secas e Cheias: Uma inevitabilidade no contexto das alterações climáticas? – Soluções estruturais e não estruturais”. Ao longo da sua intervenção, centrada nos novos desafios da gestão da água, Nuno Bravo recordou que o último ano hidrológico foi “extremamente seco”, sendo mesmo “o terceiro ano mais seco de sempre”.

Esse facto obrigou a que, a partir de fevereiro de 2022, fossem delineadas medidas de contingência, centradas especialmente na contenção dos usos nas albufeiras, de forma a precaver o abastecimento público. Neste ano hidrológico, que começou em outubro de 2022, o armazenamento de água nas albufeiras é “mais confortável”, devido à precipitação muito intensa que se registou em dezembro de 2022 e em janeiro.

As chuvas que se fizeram sentir e que até causaram algumas cheias no Porto e no Algarve permitiram que as albufeiras conseguissem “restabelecer os seus níveis” na maioria das albufeiras nacionais, com exceção do Algarve, que continua com uma situação “muito grave”, antevendo-se que “o verão não vá ser nada fácil”.

Segundo Nuno Bravo, também no que toca as águas subterrâneas, o território nacional passou “de uma situação crítica” para “uma situação mais confortável a norte do Tejo e uma situação ainda crítica a sul do Tejo”. A conferência, que decorreu ao longo de todo o dia no Convento São Francisco, em Coimbra, reuniu especialistas e responsáveis políticos, que trouxeram para o centro do debate a ameaça de escassez de água, bem como a ocorrência de cheias.

Durante a manhã, os trabalhos abordaram mais a questão do planeamento dos recursos hídricos, ficando para a tarde o ciclo urbano da água.

APA “muito preocupada” com nível da água nas barragens em Trás-os-Montes

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse que a situação das barragens no Nordeste Transmontano é muito preocupante, adiantando que vai reunir-se em breve os autarcas para avançar com a elaboração de um Plano Regional de Eficiência Hídrica. “Temos uma barragem que é a barragem de Fontelonga, em Carrazeda de Ansiães, que todos os meses contamos os metros cúbicos porque estamos à espera do dia que esta barragem não tenha água para suprir as necessidades de consumo”, afirmou o vice-presidente da APA, Pimenta Machado.

Aquele responsável, que participou via remota na conferência “Uso sustentável da água. Cada gota conta”, promovida pelo Jornal de Notícias, avançou que à semelhança daquilo que foi feito para a região do Algarve, a APA vai avançar com a elaboração do Plano Regional de Eficiência Hídrica para a região de Trás-os-Montes que, alertou, precisa de adaptar à nova realidade climática.

É verdade que este ano o nordeste transmontano tem uma situação muito difícil, estou mesmo muito preocupado. É outra região que tem de olhar para os seus sistemas, que tem de perceber a nova realidade que o clima lhe traz e tem de se adaptar”, defendeu.

Pimenta Machado, que nada adiantou quando questionado sobre ponto de situação do plano do Governo para poupança de energia e água apresentado em setembro de 2022, referiu que nesta altura a APA está a fechar o plano para a região do Alentejo, avançando depois para Trás-os-Montes e para Viseu, afetada pelos incêndios de 2017. “Muito em breve, será convocada uma reunião. Vamos juntar todos os municípios e também a agricultura e trabalhar em conjunto para a resiliência desta região que, no ano passado, viveu situações muito complicadas. A mesma coisa em Viseu”, revelou.

O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente reconheceu que, embora Portugal esteja hoje mais bem preparado para os cenários de seca, “há regiões do país que não deixam descansar”, e onde os níveis de água nas barragens se ficam pelos 14%.

Em Portugal consumimos anualmente duas barragens do Alqueva, seis mil hectolitros, sendo que a agricultura pesa 75% e o setor urbano cerca de 19%. E este ano, apesar das chuvas de dezembro e de janeiro e até deste mês, está a ser um ano acima da média. Ainda temos neste país barragens com 14%. A Barragem de Bravura no Barlavento, que abastece três municípios, está com 14%. A mesma coisa que a Barragem de Monte da Rocha ou se quiserem a Barragem do Mira”, indicou.

Para Pimenta Machado, a prioridade de Portugal deve assentar na aposta na eficiência na gestão da água, ainda que sem prejuízo da aposta em novas barragens, novas formas não convencionais de gestão e reutilização de água. “Nós temos de usar melhor a água que temos. Não é aceitável termos sistemas que perdem cerca de 50% de água. Além do prejuízo ambiental, há também o prejuízo económico”, disse, recordando que em 2019, no Algarve, aquando da elaboração do Plano de Eficiência Hídrica, andavam a lavar caixotes do lixo com água potável.

A ideia de maior eficiência na gestão dos recursos hídricos foi também defendia por Joaquim Poças Martins que, como especialista na área da gestão da água, considera que é no setor agrícola que há maior caminho a percorrer e onde é necessário fazer avanços significativos.

Reconhecendo as dificuldades decorrentes de interferir numa atividade privada, onde cada um decide o que quer plantar, o ex-governante e ex-gestor público referiu que apesar do setor ser responsável por 75% do consumo de água em Portugal, tal não resulta num ganho efetivo, com o país a ser forçado a importar matéria-prima para suprir as suas necessidades. “Se quisermos ter cereais são precisos cinco Alquevas”, disse.

Interpelado sobre a necessidade de aumentar o preço da água para travar comportamentos de desperdício, o docente defendeu que se houvesse gestão eficiente em todas as entidades públicas que gerem a água seria possível garantir uma “segunda geração sem aumentar tarifas”, contudo, vaticinou, “há uma bomba-relógio” para a qual as empresas não estão a preparar-se.

Há aqui uma bomba-relógio que é o envelhecimento das condutas. Foram construídas sobretudo nos anos 90, estão a aproximar-se do período que começam a dar problemas e nenhuma entidade está a incluir nas tarifas o valor necessário para fazer face a isto”, alertou.

Já no setor agrícola, Poças Martins defende que neste caso a autorregulação deve passar também pelo preço para incentivar a poupança, uma vez que em Portugal não se paga para utilizar a água do poço, pelo que não há um incentivo à poupança. O ex-governante destacou ainda como bom exemplo as políticas de gestão da água levadas a cabo pelos autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP) que conduzir à redução significativa das perdas de água.

No caso, Porto, adiantou o seu presidente Rui Moreira, na sessão de abertura, foi possível reduzir este valor para os 13%. Sublinhando a importância dos municípios nesta matéria, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues defendeu que importa avançar com políticas públicas de combate ao desperdício antes que a seca chega ao Norte do país, deixando um aviso de não se pode pensar em estratégias de gestão em agosto quando confrontados com um cenário de seca.

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Lucros da dona do Pingo Doce sobem 27,5% em 2022. Margem cai 0,3%

Jerónimo Martins regista resultado líquido de 590 milhões, com margem EBIDTA a recuar 0,3 pontos pelo "investimento em preço e impacto da inflação nos custos". Propõe dividendo de 0,55 euros por ação.

Os lucros da Jerónimo Martins (JM) aumentaram em 2022 para 590 milhões de euros, o que representa uma subida de 27,5% em relação ao ano anterior. Ao nível da margem EBITDA registou uma redução homóloga de 0,3 pontos percentuais, para os 7,3%, “o que reflete o aumento do investimento em preço e o impacto da inflação nos custos”.

No comunicado enviado à CMVM, Pedro Soares dos Santos garante que o grupo fez “a [sua] parte para contribuir para a contenção da inflação alimentar”. “Fizemo-lo absorvendo parte dos aumentos de preço apresentados pelos nossos fornecedores, por forma a não transferir todos os incrementos registados ao nível do custo das mercadorias compradas para o aumento dos preços de venda ao consumidor”, assinala o presidente da JM.

No conjunto das operações em Portugal, na Polónia e na Colômbia, as vendas aumentaram 21,5%, para um total de 25,4 mil milhões de euros. O grupo assinala que todas as insígnias “garantiram a sua competitividade de preço, protegendo os volumes e moderando o efeito de substituição por produtos similares mais baratos”. E que foi essa estratégia que levou a um “forte crescimento das vendas, limitando o impacto do contexto sobre a rentabilidade”, estando na base do “sólido crescimento”, em valor, do EBITDA (1,9 mil milhões de euros, +17%).

“Em linha com a política de dividendos”, assinala, o conselho de administração vai propor à assembleia-geral de acionistas o pagamento de um dividendo bruto de 345,6 milhões de euros, equivalente a 0,55 euros por ação (excluindo as 859 mil ações próprias em carteira). Representa um payout de perto de 50% dos resultados consolidados ordinários (ou c.56% dos resultados líquidos consolidados), quando excluídos os efeitos da aplicação da IFRS16″, justifica.

Com o primeiro trimestre de 2023 quase fechado, Pedro Soares dos Santos nota que a inflação alimentar permanece elevada e com “apenas ténues sinais de abrandamento”. Embora espere a evolução para um “cenário de desinflação, sobretudo no segundo semestre” – quando os comparativos com o ano passado já incorporarem a acentuada subida de preços registada ao longo de 2022 –, o gestor reconhece que “é, neste momento, ainda difícil antecipar o nível que assumirá essa desinflação”.

“Num contexto em que a confiança dos consumidores está muito fragilizada, o aumento dos salários mínimos e a manutenção de taxas de desemprego relativamente baixas poderão compensar, em parte, a persistência da inflação e das taxas de juro elevadas. A resiliência do consumo privado dependerá, no entanto, do equilíbrio que se venha a verificar entre todas estas variáveis, o qual apresentará necessariamente formas diferentes nos três países em que operamos”, completa o presidente da JM, que terminou 2022 com uma dívida líquida de 1,4 mil milhões de euros.

Vendas do Pingo Doce com subida de 11,2%

No caso do Pingo Doce, as vendas tiveram um crescimento de 11,2%, com um LFL de 9,4% (excluindo combustível), atingindo os 4,5 mil milhões de euros. A principal marca do grupo retalhista no mercado português, que contribui para 17,7% das vendas consolidadas e 14,3% do EBITDA, registou uma margem EBITDA de 5,9%, ligeiramente abaixo dos 6% em 2021, “com o desempenho das vendas a mitigar os efeitos do investimento em preço, do trade down no mix de margem e da inflação nos custos”.

Numa altura em que está a acelerar o programa de remodelações de lojas – um modelo “assente nas suas vantagens competitivas e fatores críticos de diferenciação (perecíveis, marca própria e meal solutions” –, a insígnia prevê remodelar até 60 lojas durante este ano e inaugurar perto de uma dezena de novas localizações. Também o Recheio planeia crescer no canal HoReCa e no retalho tradicional, contribuindo para a expansão da rede Amanhecer, que já integra mais de 500 parceiros.

Na Polónia, as vendas da Biedronka cresceram 24,1% em moeda local e atingiram, em euros, 17,6 mil milhões, o que levou a um “sólido crescimento de 15% do EBITDA (+18,1% em moeda local), com a respetiva margem a descer para 8,8%, “em resultado da decisão de investir em preço num contexto marcado por um progressivo e substancial aumento dos preços alimentares, da eletricidade e dos combustíveis”.

Já na Colômbia, onde fechou o ano com mais 274 localizações e a operar um total de 1.093 lojas, a Ara “entregou um forte crescimento de 62,1% das vendas em moeda local (+60,5% em euros), que incorporou um LFL de 35,7% e um contributo significativo da expansão”. O EBITDA cifrou-se em 60 milhões de euros, com a respetiva margem a subir de 2,3% em 2021, para 3,4%, em 2022, refletindo a “melhoria da alavancagem operacional”.

Num ano em que investiu 1.013 milhões de euros, quase metade da despesa foi direcionada para a polaca Biedronka, com o Pingo Doce a ficar com a segunda maior fatia (19%). O grupo que vai distribuir em abril um prémio extraordinário de 750 euros a 22 mil trabalhadores em Portugal calcula ainda que em 2022 criou 7.636 postos de trabalho e apresenta-se como um “grande contribuinte”, com o pagamento de 845 milhões de euros em impostos. Em Portugal, a JM continua a impugnar a cobrança da taxa alimentar, devendo já quase 30 milhões ao Estado.

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Prémios Produto do Ano distinguem os 67 produtos mais inovadores de 2023

Na 19ª edição desta iniciativa foram avaliados um total de 168 produtos, repartidos entre 67 categorias diferentes. A avaliação foi realizada por 5.320 consumidores através de um estudo online.

Foram 67 os produtos e serviços distinguidos como os mais inovadores do mercado nacional, na Entrega de Prémios Produto do Ano, realizada esta semana. Os produtos diversificam-se entre vários setores como alimentação, saúde, higiene e bem-estar, beleza, tecnologia ou produtos para o lar.

Tendo em conta a classificação final, entre os vencedores destaca-se a Wallim Business Card (categoria de “Cartões de Visita Digitais”) com uma classificação de 8,37, e o Edredon e a Almofada Diamond, da marca Emma (categorias “Coberturas” e “Almofadas”), ao receberem uma pontuação de 8,30 e 8,02, respetivamente.

A Allsfor tech (categoria “Placas de Indução”, com a pontuação de 7,94), os Hambúrgueres Vegetarianos do Dia (categoria “Hambúrgueres Vegetarianos”, com a pontuação de 7,88), a Beefeater Light (na categoria “Bebidas Espirituosas Light e 0 álcool”, com pontuação de 7,84), a Philips OneBlade 360 (categoria “Sistemas de Barbear”, com pontuação de 7,82) e o Topper Diamond Degree Emma (categoria dos “Sobrecolchões”, com pontuação de 7,82), foram outros dos produtos em destaque.

A NOS TV, por seu turno, conquistou o selo de Produto do Ano nas categorias de “Experiência de Televisão” e “App’s de TV”.

Entre os produtos mais inovadores na área de sustentabilidade, destacaram-se alguns produtos como as armações ecofriendly biodegradáveis da Óculos para Todos, a gama de detergentes ECO do Intermarché, o papel higiénico 100% reciclado do Continente, a escova de dentes Green Clean Change da Jordan, o sabonete em pó da Essences Du Monde, a gama Waunt Cuidados do Rosto Híbridos Vegan da Oriflame, a Nourish da Sensodyne e o Betão Verdi Zero da Secil.

Na 19ª edição desta iniciativa foram avaliados um total de 168 produtos, repartidos entre 67 categorias diferentes. A avaliação foi realizada por 5.320 consumidores através de um estudo online desenvolvido pela Netsonda, Netquest e CINT, o qual permitiu perceber a relação dos utilizadores com os novos produtos lançados no mercado nos diferentes setores.

Eis a lista de todos os vencedores:

  1. Hygiene&go spray Enna (Higiene Feminina)
  2. ZTOP Pulseiras (Repelentes)
  3. Gama de Cuidados Solares Wells (Protetores solares)
  4. Aero-Om (Alívio de cólicas)
  5. Queen Be Apivita (Produtos Cosméticos Naturais)
  6. Once Spray Gel Hedrin (Prevenção de Piolhos)
  7. Expert Champô Diário Nizoral (Tratamento Capilar)
  8. Probióticos Symbiosys (Probióticos)
  9. Vitamina D NANCARE®(Suplementos)
  10. Beefeater Light (Bebidas Espirituosas Light e 0 álcool)
  11. Macieira Cream (Licores)
  12. Máquina de Café Exclusiva + Cápsula café Fortezza Continente (Máquinas de Café)
  13. Gama cápsulas de café exclusivas PorSi (Café)
  14. Hambúrgueres Vegetarianos Dia (Hambúrgueres Vegetarianos)
  15. Cerveja Artesanal Dia (Cerveja Artesanal)
  16. Allsfor Tech bancada com indução integrada (Placas de Indução)
  17. Gama Fritadeiras sem Óleo Becken (Fritadeiras Sem óleo)
  18. Pão de Espelta e Pão de Curcuma Dia (Pão)
  19. Glow by Soft&Co (Séruns para o Rosto)
  20. Linha Cuidados do Rosto Skinrelief Novage Oriflame (Cuidados de Rosto Antienvelhecimento)
  21. Óculos 100% à medida – 3D Biométrico – Alberto Oculista (Soluções Óticas)
  22. Shamir Metaform (Lentes Oftálmicas)
  23. Philips OneBlade 360 (Sistemas de Barbear)
  24. Keep Simples – Keep Wells (Seguros de Saúde)
  25. Gama de fralda cueca PorSi (Fraldas)
  26. Armações biodegradáveis ecofriendly – Óculos para Todos (Óculos e armações)
  27. Gama Detergentes ECO PorSi (Detergentes Eco)
  28. Papel Higiénico 100% reciclado Continente Eco (Papel Higiénico)
  29. Jordan Green Clean Change (Escovas de Dentes)
  30. Sabonete em Pó Essences Du Monde (Sabonetes)
  31. Gama Waunt Cuidados do Rosto Híbridos Vegan Oriflame (Cosmética Sustentável)
  32. Betão Verdi Zero Secil (Betão Sustentável)
  33. Sensodyne Nourish (Dentífricos)
  34. iziBizi Millennium bcp (Soluções de Tesouraria)
  35. Alarme Inteligente NOS | Securitas (Segurança – Serviços)
  36. Câmara Arlo Essential – Security Securitas (Segurança – Equipamentos)
  37. Woo APP (Tarifários à Medida)
  38. Navegação Segura NOS (Serviços de Internet)
  39. UMA TV NOS (Experiência de Televisão)
  40. APP TV NOS (APP’s de TV)
  41. WI Fi Total NOS (Extensões de Sinal)
  42. LG gram Z90Q (Portáteis)
  43. IllusionTV Lollipop Glassinnovation (Televisões)
  44. Click to Buy Hyundai (Compra Automóvel Online)
  45. Business Card Wallim (Cartões de Visita Digitais)
  46. Acelerador Digital ERA (Marketing Digital)
  47. App Millennium bcp (Apps Bancárias)
  48. Sommier Emma (Camas)
  49. Almofada Diamond Emma (Almofadas)
  50. Topper Diamond Degree Emma (Sobrecolchão)
  51. Edredon Emma (Coberturas)
  52. Conjunto Roupa de Cama Emma (Roupa de Cama)
  53. Glasroc® X Placo Saint-Gobain (Placas de Gesso)
  54. Clube RE/MAX (Serviços Imobiliários)
  55. MSFAAU-09HFN8 Ar condicionado Midea (Ar Condicionado)
  56. Gama Frigoríficos Combinados e Side-By-Side BOOSTCOOLING Becken (Frigoríficos Combinados)
  57. Colchão Vital Molaflex (Colchões)
  58. Perfumador Quanto (Perfumador de Roupa)
  59. Pastilhas Máquina Loiça Power + Platinium Continente (Detergente Máquina Loiça)
  60. Máquina de Lavar Loiça CornerIntense Beko (Máquina de Lavar Loiça)
  61. Detergente Máquina de Roupa Power + Ultimate Continente (Detergente Roupa)
  62. Draker RTU Insecticida (Inseticidas)
  63. BIC(R) EZ Reach (Isqueiros)
  64. Key n’Go Goldcar (Soluções de Mobilidade)
  65. Crédito Pessoal WZ Eco WiZink (Crédito Pessoal)
  66. Cartão de Crédito Benfica Wizink (Cartões de Crédito)
  67. Suplementos para cães e gatos PURINA® PRO PLAN® (Pet Care)

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