Rússia admite estar em conflito aberto com EUA

  • Lusa
  • 22 Março 2023

"O risco de conflito nuclear "é o maior que tivemos nas últimas décadas", disse ainda o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Riabkov.

A diplomacia russa admitiu esta quarta-feira que a Rússia está em conflito aberto com os EUA e que o risco de um conflito nuclear é atualmente o mais elevado em décadas. Numa intervenção em Moscovo, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Riabkov acusou os Estados Unidos de serem praticamente uma parte no conflito na Ucrânia, país que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro de 2022.

Riabkov disse que o nível “absolutamente sem precedentes” de hostilidade por parte dos Estados Unidos, a escalada do conflito na Ucrânia e a guerra híbrida total contra a Rússia “alteraram fundamentalmente a situação de segurança” para Moscovo.

A Rússia está agora “de facto em conflito aberto com os Estados Unidos”, disse Riabkov, um dos nove vice-ministros no ministério liderado por Serguei Lavrov. Segundo Riabkov, a consequência direta da nova situação foi a suspensão do tratado de desarmamento nuclear entre Moscovo e Washington, o START III, decidida pelo Presidente russo, Vladimir Putin, em fevereiro.

“Um acordo deveria ter sido alcançado antes, mas agora é impossível. De um ponto de vista jurídico, o tratado foi completamente suspenso por nós”, afirmou Riabkov, citado pela agência espanhola EFE. O risco de conflito nuclear “é o maior que tivemos nas últimas décadas”, embora a Rússia continue a afirmar que “o mundo deve estar livre e a salvo da ameaça nuclear”, acrescentou.

O tratado de redução de armas estratégicas, conhecido por START, foi inicialmente assinado entre os Estados Unidos e a União Soviética em 1991, antes da dissolução do bloco soviético. Em fevereiro de 2021, Putin e o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, prorrogaram por cinco anos o novo tratado de desarmamento nuclear em vigor entre as duas potências, que tinha sido assinado em 2010.

Moscovo também anunciou que uma comissão parlamentar russa recebeu a confirmação da existência de instalações militares dos Estados Unidos e da NATO em território ucraniano, sob o disfarce de laboratórios biológicos. “A comissão concluiu que os Estados Unidos apoiam e desenvolvem a capacidade de criar componentes de armas biológicas. E, se necessário, para as produzir e utilizar fora do território nacional”, disse a vice-presidente do parlamento russo.

Segundo Irina Yarovaya, os laboratórios militares norte-americanos têm sido utilizados pela NATO para contornar a exigência de “motivos sérios e controlados” que regulamentam a instalação de bases militares da aliança no território soberano de outros países.

“Os factos e circunstâncias revelados indicam violações da convenção fundamental da ONU“, disse Yarovaya, citada pela agência espanhola Europa Press. Ao abrigo desta política, Washington pode “aproximar-se das fronteiras da Rússia praticamente sem controlo”, afirmou.

Yarovaya disse tratar-se de “uma ameaça crescente” não só para a Rússia, mas também para os países onde existem estes programas dos Estados Unidos. “O rápido desenvolvimento das biotecnologias e os sérios riscos da sua utilização como armas biológicas criam verdadeiros pré-requisitos para mudar a natureza das futuras guerras e depreciar até a paridade nuclear”, acrescentou.

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Apoios para habitação chegam a 300 mil famílias

  • Ana Petronilho
  • 22 Março 2023

Em causa estão os diplomas que criam o apoio extraordinário mensal à renda e a bonificação dos juros para crédito à habitação até 250 mil euros.

Os dois apoios do Governo para a habitação vão chegar a 300 mil beneficiários. Em causa estão os dois diplomas já promulgados pelo Presidente da República, com o apoio mensal à renda e o que cria a bonificação dos juros para crédito à habitação até 250 mil euros.

Durante o debate parlamentar sobre Política Geral, o primeiro-ministro disse que sobre o apoio à renda e bonificação dos juros, “de acordo com os contratos comunicados à AT [Autoridade Tributária e Aduaneira] e informação da banca teremos 300 mil agregados familiares a poderem beneficiar deste apoio”.

O custo previsto para as duas medidas é de 460 milhões de euros e do universo de beneficiários, cerca de metade (150 mil agregados) estão abrangidos pelo apoio mensal à renda, disse António Costa durante a conferência de imprensa após o Conselho de Ministros que aprovou os dois decretos-lei.

O subsídio de renda (denominado “novo apoio extraordinário à renda”) tem um valor que varia entre 20 e 200 euros para ajudar as famílias com taxas de esforço superiores a 35%, e será atribuído aos contratos celebrados até 15 de março de 2023, registados na Autoridade Tributária e Aduaneira.

O pagamento mensal deverá arrancar em maio ou junho, prevê o primeiro-ministro, será realizado de forma automática e atribuído a famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS (38.632 euros) pelo prazo de cinco anos, prazo em que o Governo acredita ser possível “normalizar o mercado de arrendamento”. E a medida terá efeitos “retroativos a janeiro deste ano”, referiu o primeiro-ministro.

Já o decreto-lei que concede uma bonificação dos juros do crédito à habitação num valor global de 720,65 euros por ano (60 euros por mês), o equivalente a 1,5 Indexante de Apoios Sociais (IAS), para todos os contratos celebrados até 15 de março.

A medida abrangerá todos os contratos de crédito à habitação em vigor, desde que o crédito inicialmente contraído não tenha excedido os 250 mil euros e caso as famílias aufiram rendimentos anuais até 38.632 euros (até ao sexto escalão de IRS) e não apresentem poupanças superiores a 62 vezes IAS, o equivalente a 29.786 euros.

A bonificação dos juros será aplicada também a créditos para a construção de habitação própria e permanente e vai variar de acordo com os rendimentos das famílias:

Para famílias até ao quarto escalão, a bonificação será no valor de 75% do aumento da prestação da casa criada pela subida das taxas de juro, face à prestação que teria com a aplicação da taxa de juro “stressada” (três pontos percentuais acima da taxa contratualizada) pelos bancos aquando da celebração do contrato.

Para famílias do quinto e sexto escalão, a bonificação será no valor de 50% do aumento da prestação da casa criada pela subida das taxas de juro, face à prestação que teria com a aplicação de uma taxa de juro de 3%.

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Serviço de subscrição com publicidade da Netflix atinge 1 milhão de utilizadores nos EUA

A maioria dos utilizadores do plano com publicidade é composta por novos clientes (ou antigos que retomaram), e não por utilizadores que tenham mudado de plano de modo a reduzir o encargo mensal.

O novo método de subscrição da Netflix com publicidade está disponível em 12 países (nos quais Portugal não está incluído) desde novembro de 2022. Nos Estados Unidos da América, após dois meses, o novo serviço de streaming contava com um milhão de utilizadores mensais ativos, segundo dados revelados pela Bloomberg. Os mesmos dados revelam ainda que a base de utilizadores do serviço cresceu 500% no primeiro mês desde o seu lançamento e 50% após o segundo.

Segundo avança a publicação, a Netflix cumpriu com os compromissos assumidos com os anunciantes, algo que pode representar alguma “surpresa”, tendo em conta que, nas primeiras semanas, a plataforma não conseguiu reunir tantos subscritores quantos tinha prometido. Este fator levou na altura a várias especulações quanto ao começo difícil da nova aposta da Netflix, embora a maioria dos anunciantes não se tenha mostrado preocupada.

Quando a Netflix criou este novo modelo de subscrição – a pensar em possíveis novos subscritores, com um valor mais baixo – muitos analistas mostraram preocupação perante a possibilidade de os subscritores mudarem os seus planos para esta modalidade de menor custo.

Aparentemente, no entanto, a maioria dos utilizadores do plano com publicidade é composta por novos clientes (ou antigos que retomaram), e não de utilizadores que tenham mudado de plano. A subscrição com publicidade corresponde atualmente a cerca de 20% das novas inscrições na Netflix nos EUA, revela a Bloomberg.

Nos EUA a Netflix já tem 74 milhões de clientes no total, pelo que não existe uma grande margem de crescimento. As previsões apontam para que a subscrição com publicidade atraia, paulatinamente, entre 15 a 30 milhões de clientes nos EUA.

A recente proibição de partilha de contas por parte da Netflix – que levou a que muitas pessoas deixassem de usufruir da Netflix por intermédio das contas de amigos ou familiares – pode ajudar à conquista de novos subscritores para esta modalidade com publicidade.

A modalidade de subscrição da Netflix com publicidade custa 6,99 dólares (6,49 euros) nos EUA, dispõe de menos filmes e séries em relação ao seu atual plano base e não permite descarregar conteúdos. Este serviço está disponível na Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, França, Itália, Japão, Coreia, México, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos da América.

De uma forma similar, o serviço de streaming Disney+ também usou a publicidade para crescer, embora de uma forma diferente: aumentou os preços mensais (num incremento de três dólares) para quem quiser assistir aos conteúdos sem publicidade. E os utilizadores não se importaram com o aumento, revela a Bloomberg, adiantando que não foi registado um aumento de cancelamentos de subscrições após a subida dos preços.

No entanto nem tudo são rosas para estas plataformas de streaming, segundo a Bloomberg, adiantando que a Disney se encontra sob pressão para reduzir custos e que irá despedir centenas de trabalhadores brevemente.

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EDP vai investir mais de 2 milhões em projetos sociais de transição justa em Portugal, Espanha e Brasil

Projetos podem candidatar-se a apoio financeiro a partir de maio.

A EDP vai investir mais de dois milhões de euros para apoiar projetos sociais e inovadores que promovam a transição energética justa em Portugal, Espanha e Brasil. Este apoio será atribuído no âmbito do programa EDP Energia Solidária.

Em Portugal, os projetos candidatos deverão enquadrar-se nas áreas de energias renováveis, da eficiência energética e da mobilidade sustentável. As organizações interessadas poderão candidatar-se à nova edição do Energia Solidária entre 1 e 31 de maio de 2023 através do site da Fundação EDP.

A este programa, dinamizado pelas fundações EDP em território ibérico e no Brasil, podem candidatar-se todas as organizações legalmente constituídas. A relevância social, o caráter inovador e a sua sustentabilidade a longo e médio prazo são alguns dos critérios pelos quais os projetos serão avaliados.

“A EDP está fortemente empenhada, através das suas fundações em Portugal, Espanha e Brasil, em incorporar no seu investimento social as questões da transição energética justa e da inclusão e eficiência energética. (…) Este é um caminho inquestionável e que deve contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas e comunidades, em especial as que se encontram em contexto mais vulnerável”, salienta Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP e presidente da Fundação EDP, citada num comunicado enviado à imprensa.

Em Portugal, o EDP Solidária nasceu em 2004, tendo apoiado até hoje a implementação ou manutenção de mais de 400 projetos sociais em todos os distritos do país, com um investimento de cerca de 17 milhões de euros, relata o comunicado. Em Espanha, o programa foi lançado em 2015 e apoiou já 174 projetos, aos quais atribuiu mais de 5 milhões de euros.

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Bolsa do Centro Europeu de Jornalismo quer ligar aspirantes a jornalistas às principais redações

Os participantes selecionados recebem um montante mínimo de 2.500 euros. A quantia exata é definida pela organização de acolhimento.

Já estão abertas as candidaturas ao programa GNI Student Fellowship, iniciativa conjunta do Centro Europeu de Jornalismo e da Google News Initiative, que pretende “ligar os aspirantes a jornalistas às principais redações”.

Os estudantes e recém-graduados são assim desafiados a candidatarem-se e mostrarem o seu talento em organizações de notícias de toda a Europa durante oito semanas no verão (entre junho e setembro, em datas a definir). Estão disponíveis 20 vagas, distribuídos por nove países: Alemanha, Áustria, Espanha, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Polónia e Reino Unido.

Os participantes selecionados recebem um montante mínimo de 2.500 euros, embora a quantia exata seja definida pela organização de notícias de acolhimento.

“O acesso à experiência no mundo real nas redações é uma das maiores barreiras enfrentadas pelos recém-formados no competitivo mundo do jornalismo. Ao mesmo tempo, o Reuters Institute revelou que os editores de notícias na Europa perceberam que, para fazerem a cobertura mediática, com sucesso, nos seus países, os jornalistas, editores e os decisores nas redações precisam de refletir a sociedade”, refere-se em nota de imprensa, salientando-se a importância da iniciativa.

O objetivo da mesma passa por “ajudar a próxima geração de profissionais da comunicação na Europa e impulsionar a inovação dentro da indústria de notícias“. “Esta é uma oportunidade única que te pode ajudar a iniciar uma carreira no meio noticioso”, diz a organização.

Nos últimos cinco anos, o Centro Europeu de Jornalismo colocou mais de 140 alunos nas redações de mais de 14 países. A bolsa promovida em conjunto com a Google News Initiative – “uma das maiores bolsas de jornalismo para jornalistas em início de carreira na Europa” – permitiu que 35% dos bolsistas recebessem uma oferta de emprego nas organizações de acolhimento ou da sua rede.

O sucesso da bolsa, segundo Martin Stabe, editor de dados do Financial Times, está relacionado com a atração de candidatos de diferentes disciplinas, o que permite aos editores encontrar pessoas com perspetivas e competências “únicas”.

“A bolsa é o único estágio com admissão competitiva e amplamente reconhecido na interceção de jornalismo e tecnologia e, portanto, é inestimável na identificação de novos talentos, especialmente porque atrai imensos candidatos de disciplinas académicas para além do jornalismo”, afirma Martin Stabe, citado pelo Google Portugal Blog.

As candidaturas podem ser submetidas até às 23h59 do dia 21 de abril, através do site da GNI Student Fellowship 2023. Os resultados são comunicados, no máximo, até ao final de junho.

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Fed sobe juros em 25 pontos e vê ciclo de subidas perto do fim

Face à instabilidade financeira e à necessidade de continuar a luta contra a inflação, a Fed optou por uma solução de meio compromisso (esperada) com um aumento das taxas em 25 pontos base.

A Reserva Federal norte-americana voltou a subir os juros, mas diminuiu a dose. O banco central norte-americano aumentou as taxas em apenas 25 pontos base, aquém das últimas subidas de 50 pontos, num esforço para não perder a face no combate à escalada da inflação, mas, ao mesmo tempo, para responder à instabilidade recente na banca com o colapso de algumas instituições mais pequenas. O ciclo de subidas está mais perto do fim.

Com esta decisão, considerada uma das mais difíceis, mas amplamente esperada pelo mercado no rescaldo das falências de vários bancos americanos, incluindo o Silicon Valley Bank, Jerome Powell coloca a taxa das Fed funds no intervalo entre 4,75% e 5%.

Há uma semana, perante um mesmo cenário de incerteza financeira, agravada até pela crise no Credit Suisse, o Banco Central Europeu (BCE) foi em frente com uma subida de 50 pontos base para baixar a inflação, embora houvesse quem apostasse num aumento menor.

Há mudanças relevantes no discurso da Fed. Deixou de identificar a necessidade de “aumentos contínuos” das taxas, mensagem que vinha repetindo reunião após reunião desde que há um ano deu início ao ciclo de subida dos juros. Em vez disso, o comité de governadores aponta agora que “alguma política adicional de firmeza pode ser apropriada”, como abordou o presidente da Fed em conferência de imprensa.

Após nove subidas das taxas, os membros do banco central veem as taxas nos 5,10% no final do ano, sugerindo que poderá a promover mais um aumento na próxima reunião de maio e ficar por aí, antes de avançar com cortes em 2024.

Fed considerou fazer pausa agora

Powell revelou que os membros da Fed consideraram fazer uma pausa na subida dos juros nos dias que antecederam a reunião devido à instabilidade em torno do setor financeiro. Segundo explicou, os últimos acontecimentos relacionados com a falência de bancos “deverão resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas” e afetar “a atividade económica, as contratações e a inflação”.

Ou seja, de alguma forma “este aperto nas condições financeiras funcionaria na mesma direção que o aperto nas taxas”, prosseguiu o presidente da Fed. “Podemos pensar nisso como sendo o equivalente a um aumento de taxas, ou talvez mais do que isso”, explicou ainda.

Contudo, “não é possível fazer essa avaliação com precisão” sobre o impacto da turbulência na banca, acrescentou, pelo que a decisão final – e consensual – foi de dosear a subida de juros enquanto vai monitorizar de perto a evolução do crédito à economia.

No comunicado desta quarta-feira, o banco central reiterou que “permanece altamente atento aos riscos de inflação” e “altamente comprometido em fazer regressar a inflação para o seu objetivo de 2%”. “Continuaremos a tomar nossas decisões reunião a reunião com base na totalidade dos dados recebidos e nas implicações para as perspetivas de atividade económica e inflação”, referiu Jerome Powell.

No início da sua intervenção, Powell tentou tranquilizar os depositantes ao assegurar que as suas poupanças estavam seguras nos bancos, como provaram as ações tomadas pelas autoridades nas falências do SVB, Silvergate e Signature Bank. As autoridades estão preparadas para usar todas as ferramentas conforme o necessário para manter o sistema bancário são e salvo“, assegurou.

De acordo com as novas projeções da Fed, a taxa de desemprego deverá atingir os 4,5% no final do ano, ligeiramente abaixo dos 4,6% do que era projetado em dezembro. As perspetivas económicas foram revistas em baixa, com o PIB a avançar 0,4% em vez de 0,5% previstos anteriormente. A taxa de inflação deverá terminar o ano nos 3,3%, acima da anterior projeção de 3,1%.

(Notícia atualizada às 19h50)

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Sindicatos convocam greve na IP para 6 de abril. Circulação de comboios em causa

  • Lusa
  • 22 Março 2023

Greve de 24 horas prejudica circulação de comboios de passageiros e mercadorias, podendo levar ao cancelamento de viagens em véspera de feriado. Sindicato falam em "silêncio" da IP e do Governo.

Os sindicatos Sintap e Sinafe anunciaram uma greve de 24 horas na Infraestruturas de Portugal (IP) para o dia 06 de abril, apontando o “silêncio” da empresa e do Governo nas negociações com os trabalhadores, segundo um comunicado.

Considerando que a IP é a gestora da rede ferroviária nacional, a greve deverá levar ao cancelamento dos comboios da CP e da Fertagus programados para a véspera de feriado. A situação também penaliza o transporte de mercadorias.

Na nota, divulgada nesta quarta-feira, o Sintap – Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos e o Sinafe – Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins disseram que, “depois da jornada de luta dos passados dias 28 de fevereiro e 02 de março, os trabalhadores esperavam que a Infraestruturas de Portugal e os ministros que a tutelam encontrassem algum tempo nas suas agendas para [os] receberem”.

No entanto, quase um mês depois, e apesar de “diversas tentativas desencadeadas pelo Sinafe e pelo Sintap”, não houve “qualquer resposta e os problemas que afetam os trabalhadores não só se mantêm como se avolumam”.

“A greve ocorreu num contexto extremamente desfavorável”, recordaram, dando conta de que se verificaram “fortes constrangimentos rodoviários e ferroviários”.

“O tempo vai passando e os aumentos atribuídos pela empresa não são bastantes para enfrentar o aumento do custo de vida”, lamentaram, garantindo que “este ‘aumento por decreto’ não cobre metade da inflação verificada o ano passado”.

O Sinafe e o Sintap garantiram que “mantêm a porta aberta para a negociação, considerando que ainda existem condições para um aumento salarial digno e que traga mais poder de compra aos trabalhadores”.

No entanto, “também sabem que o silêncio da empresa e da tutela obrigam os trabalhadores a voltar à greve e, assim, no próximo dia 06 de abril” irão voltar “a parar a IP por 24 horas”, asseguraram.

Os sindicatos reivindicam o aumento dos valores salariais e do poder de compra, a retoma da negociação coletiva, a “não discriminação de trabalhadores” e mais contratações.

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Imóveis devolutos do Estado vão ser transformados em oito mil habitações

  • Ana Petronilho
  • 22 Março 2023

Entre terrenos, apartamentos e edifícios emblemáticos já foram sinalizados quatro mil imóveis devolutos do Estado que vão ser transformados em 7.925 fogos para arrendamento acessível, disse Costa.

Os quatro mil imóveis devolutos do Estado que já estão sinalizados vão ser transformados em cerca de oito mil habitações para arrendamento acessível, havendo obras em curso.

O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro durante o debate que está a decorrer no Parlamento sobre política geral. “Procedemos a uma identificação dos milhares de imóveis devolutos do Estado. Quatro mil imóveis que podem dar lugar a 7.925 fogos”, adiantou António Costa que, em resposta ao líder parlamentar do PSD, Miranda Sarmento, acrescentou ainda que “há intervenções em curso entre o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IRHU) e os municípios”.

Entre os imóveis devolutos do Estado há terrenos, apartamentos ou edifícios públicos históricos. É o caso do antigo quartel da GNR no Largo do Cabeço da Bola, em Lisboa, onde o Estado, através do Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE), vai investir 65 milhões de euros para construir apartamentos, que, em grande parte, ficarão, disponíveis no Programa de Arrendamento Acessível. Está ainda previsto para o imóvel uma infraestrutura de apoio a idosos (um centro de dia), escritórios, uma área de comércio e lugares de estacionamento.

O concurso público internacional para adjudicar a conceção do projeto e as obras de reconstrução do edifício, foi lançado no início de dezembro de 2022, com um valor-base de 42 milhões de euros. As obras deverão arrancar no final de 2023, diz a Fundiestamo, a entidade que gere o FNRE.

Ainda em Lisboa, o ministério da Habitação disse, ao Expresso, que “está em marcha” a reconversão do Palácio Baldaya e, tal como avançou o ECO, o projeto para o antigo hospital Miguel Bombarda pode ainda vir a sofrer ajustes, tendo em conta que vai ser lançado “brevemente” um estudo conjunto da Câmara de Lisboa e da Estamo para “avaliar o estado de conservação e situação estrutural” dos edifícios.

Os terrenos de Almada ou Setúbal “estão em fase avançada de projeto ou em construção e que permitirão disponibilizar centenas de imóveis”, disse ao Expresso o Ministério da Habitação.

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Raul Azevedo é o novo CEO da Ivity, Carlos Coelho e Paulo Rocha mantém participação de 90%

Um ano depois de ter estado em vias de mudar de mãos, a Ivity Brand Corp. apresenta um novo CEO, nova identidade e planos de crescimento. Agência volta a colocar a internacionalização na mira.

Carlos Coelho e Paulo Rocha, fundadores da Ivity Brand Corp., entregaram a gestão da agência a Raul Azevedo, o novo CEO da empresa. Carlos Coelho, que acumulava a função de CEO com a de chairman, mantém-se como presidente da Ivity, mas “há agora uma gestão profissional”, explica ao +M. Apostar na internacionalização “com consistência” está igualmente nos planos.

A mudança na gestão da agência pretende abrir caminho para um “modelo de sustentabilidade geracional” e, para já, não tem impacto na estrutura acionista da empresa, detida a 90% pelos dois sócios fundadores, ambos com 45%. Desde o último ano também Diana Carvalhido e Rita Pinto, ambas da equipa, passaram a sócias da agência, cada uma com 5%.

O contrato de Raul Azevedo, com a duração de quatro anos, prevê como parte dos incentivos que o antigo vice-presidente comercial do Rock in Rio para os EUA, Brasil e América Latina e ex diretor de desenvolvimento de negócios e marketing da SIC também possa vir a entregar a estrutura acionista da agência, adianta Carlos Coelho ao +M.

Raul Azevedo foi convidado para implementar o plano que o próprio, enquanto consultor, desenhou para a agência, conta Carlos Coelho, e a solução agora encontrada é bastante diferente da que esteve em cima da mesa no último ano, altura em que a Ivity esteve em vias de mudar de mãos.

Houve um contrato de promessa assinado“, confirma Carlos Coelho. O contrato foi com o grupo Independence, de Carlos Cardim e João Maria Pinto Gonçalves, que no início de 2021 também lançaram a agência de eventos GR8.

De acordo com o site de registos de atos societários, os dois empresários chegaram a entrar na administração da Ivity no início de março do último ano, tendo Carlos Coelho e Paulo Rocha, presidente e vogal, cessado funções. Em novembro dá-se o movimento contrário, com a renúncia dos dois empresários.

O contrato não avançou, desenhamos uma alternativa e vamos investir de outra forma“, explica Carlos Coelho. A alternativa passou então por encomendar a um consultor — Raul Azevedo — um plano estratégico para a agência e “desenhar uma agenda de crescimento“.

Esta consiste no lançamento de uma escola de marcas, a The School of Brands, e de um novo espaço, o Rocket Shop, uma “loja do futuro” que pretende “funcionar como plataforma física e digital para acelerar a forma como as marcas, empresas e pessoas se lançam para o futuro”. Dois projetos que já estavam a ser pensados e que, mantendo-se a estrutura acionista, vão ser desenvolvidos no universo Ivity e não de forma autónoma pelos dois fundadores da agência.

Em simultâneo, prossegue Carlos Coelho, a aposta será na internacionalização, “com consistência”. O regresso a Angola — mercado que chegou a representar 50% da faturação da agência e do qual tiveram que sair há acerca de 10 anos — Brasil e mesmo Espanha são opções.

Com uma equipa de 30 pessoas, Carlos Coelho reconhece que “os últimos anos foram muito difíceis”, com resultados “só marginalmente positivos”. 2022 terá sido melhor e este é um ano de crescimento, diz.

Nova etapa assinalada com nova identidade

Para marcar esta nova etapa, a Ivity tem também uma nova identidade visual. “Somos agora duas gerações que no seu conjunto valorizam as marcas de Portugal há 38 anos. Estamos a acelerar a nossa mudança, mas continuaremos a ser os estruturalistas das marcas, os que olham com profundidade, conceptualizam com criatividade e executam com intemporalidade. Mudámos a nossa marca, para nunca deixarmos de sonhar”, refere Carlos Coelho, citado em comunicado.

Desde 1985, que somos a referência na criação de marcas em Portugal. Queremos continuar a crescer com poesia e economia, os valores que sempre nos acompanharam e que levaremos, sempre, para o futuro. Em todas as vertentes, há uma nova geração da marca Ivity”, acrescenta Paulo Rocha, no mesmo comunicado.

Integro hoje uma Ivity conectada com uma nova geração, aberta a novos modelos de negócio digitais e posicionada para se internacionalizar”, diz, por seu turno, Raul Azevedo.

Com a entrada do novo CEO, Carlos Coelho não esconde que terá mais tempo para projetos próprios — como os dois livros que tem vindo a adiar ou uma maior dedicação a marcas territoriais — mas, mesmo deixando de exercer algumas funções, a saída a curto prazo não está prevista. “As empresas muito pessoalizadas têm tendência para acabar, se não for acautelada uma nova geração. Estamos no tempo certo para o fazer. Não temos pressa para sair, vamos dar tempo a esta nova geração“, resume em conversa com o +M.

Galp, Telecel, TAP, Multibanco, Yorn, RTP, CTT, Sonae, Sogrape ou Fidelidade são algumas das marcas desenhadas pela Ivity ao longo dos últimos 15 anos.

 

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Investimento de fundo da Segurança Social no Credit Suisse não correu bem, assume Costa

O investimento no banco suíço "não deu lucro. Pelo contrário. Embora no conjunto do mercado suíço a rendibilidade já obtida desde 2018 totalize 81 milhões de euros", disse Costa.

António Costa admitiu esta quarta-feira, durante o debate na Assembleia da República, que a aposta do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) no Credit Suisse não correu bem. O investimento no banco suíço “não deu lucro. Pelo contrário. Embora no conjunto do mercado suíço a rendibilidade já obtida desde 2018 totalize 81 milhões de euros”, disse.

Em resposta a uma pergunta do PSD, o primeiro-ministro avançou também que “em 2023, o fundo já teve uma valorização da carteira de ações em 120 milhões de euros”. Antes de recordar que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) só pode investir 20% da carteira em ações, Costa adiantou que “há investimentos que rendem mais e outros que rendem menos”, como “todo o investimento em ações”.

Como o ECO noticiou esta semana, o fundo, que é a reserva da Segurança Social para o pagamento de pensões no futuro, tem uma perda potencial de quase todo o montante investido no banco suíço, adquirido no domingo pelo rival UBS, depois de uma semana de forte turbulência na banca (os 2,7 milhões de euros investidos estarão a valer pouco mais de 200 mil).

O PSD, durante o debate, insistiu várias vezes em confrontar o Governo com a exposição exata do FEFSS ao Credit Suisse. Em resposta, António Costa deu também mais dados sobre o desempenho financeiro do fundo. Segundo o governante, a rendibilidade geral do fundo foi de 50% desde 2018, o que se traduz numa valorização em absoluto de dois mil milhões de euros.

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Patrões estão “profundamente desiludidos” com aprovação das alterações à lei laboral

O Presidente da República promulgou esta quarta-feira a Agenda do Trabalho Digno. Confederações patronais mostram-se preocupadas com "efeitos negativos" na vida das empresas.

O Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) manifestou a sua “profunda desilusão” com a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de promulgar as alterações à lei laboral, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno. Os patrões dizem ainda estar preocupados com o “efeitos negativos” que daí surgirão e que “prejudicarão gravemente a competitividade e a vida das empresas nos diversos setores económicos”.

“Além de uma profunda desilusão com esta decisão e posição do Senhor Presidente da República e após a aprovação pela maioria do Partido Socialista na Assembleia da República desta medidas, o CNCP está seriamente preocupado com os efeitos negativos para a vida das empresas que irão surgir, tanto a curto como a médio prazo, em particular numa altura tão desafiante e vulnerável para as empresas como aquela que enfrentamos”, lê-se numa nota enviada às redações.

O Presidente da República promulgou esta quarta-feira a Agenda do Trabalho Digno, sublinhando os “numerosos aspetos positivos” do diploma, mas que, ao mesmo tempo, este se afasta, em alguns aspetos, do acordo assinado entre o Governo e os parceiros sociais.

“Embora o decreto aprovado pela Assembleia da República se afaste, nalguns aspetos, do acordo assinado pelo Governo com os parceiros sociais e consagre certas soluções que podem porventura vir a ter, no mercado de trabalho, um efeito contrário ao alegadamente pretendido, mas tendo em consideração os numerosos aspetos positivos do diploma, bem como que contou com a viabilização de uma larga maioria do Parlamento, que votou a favor ou se absteve, designadamente o maior partido da oposição, o Presidente da República promulgou o decreto da Assembleia da República que altera o Código do Trabalho e legislação conexa, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno”, lê-se na página oficial da internet da Presidência da República.

Perante a promulgação, os patrões reagem com desilusão. “A afirmação do Senhor Presidente da República de que estas alterações terão no mercado de trabalho um efeito contrário ao pretendido pelos legisladores vai de encontro aos avisos enviados pelo CNCP ao próprio Presidente da República, ao Governo e aos partidos com assento parlamentar”, comenta ainda o Conselho Nacional que reúne a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

Alterações “feridas de inconstitucionalidade”

As alterações aprovadas no Parlamento no Código de Trabalho, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, tem gerado forte preocupação junto dos patrões que consideram que algumas das medidas estão “feridas de inconstitucionalidade”. E elencaram quais numa carta endereçada a Marcelo Rebelo de Sousa.

Uma delas é não ter havido uma apreciação na Concertação Social, nem ter havido uma apreciação pública, em várias das alterações.

É o caso do “regime de teletrabalho (artigo 168.0/3); a impossibilidade de extinção dos créditos laborais por via da remissão abdicativa (artigo 337.0/3); alterações ao procedimento de despedimento coletivo (artigos 360° a 363.0); aumento dos números de dias de faltas justificadas por falecimento do cônjuge, de cinco para 20 dias consecutivos de trabalho (artigo 251.0/1,a)”, elencaram as confederações nessa mesma carta.

Outros dos pontos destacados foi o impedimento do recurso ao outsourcing (artigo 338.°-A). Para as confederações trata-se uma “violação inadmissível da liberdade de iniciativa económica, por se revelar desadequada, desnecessária e desproporcional face ao propósito pretendido (art. 18.º da Constituição)”.

“Sendo o objetivo pretendido a diminuição da precariedade, não se vislumbra como é que a proibição do recurso a entidades externas prestadoras de serviços pode influir nesse propósito, já que as entidades prestadoras de serviços estão sujeitas às mesmas regras laborais que o beneficiário da atividade, designadamente, quanto à celebração de contratos de trabalho (em regra, vínculos permanentes), à proibição dos despedimentos sem justa causa, a regras limitadas quanto ao recurso à contratação a termo, entre outras”, apontam.

“Os empregadores passam a ficar impedidos de externalizar um serviço ou atividade que não desejam já desenvolver, ficando impossibilitados de modelar a sua atividade como lhes aprouver, no exercício da sua liberdade de iniciativa económica e do seu direito de propriedade”, alertam ainda. Por isso, dizem, “além de inconstitucional”, a solução mostra-se “completamente desalinhada com a tendência global de especialização da atividade das empresas na busca de maior eficiência e qualidade”.

A irrenunciabilidade dos créditos laborais dos trabalhadores, salvo por meio de decisão judicial (artigo 337.°, N.° 3), é outra das alterações referidas pelas confederações. “É, porventura, uma das mais significativas da presente reforma, representando um retrocesso inaceitável no que respeita ao reconhecimento da autonomia das partes na relação laboral, assentando num paternalismo injustificado e em preconceitos infundados, desconsiderando a realidade das empresas, dos trabalhadores e do mercado de trabalho como um todo”, consideram.

Como esta regra, “é desincentivado o recurso ao mecanismo dos acordos de revogação, antevendo-se que o efeito prático seja o recurso massivo aos despedimentos, contra o pagamento, em exclusivo, dos valores legalmente exigíveis”.

Antes ainda da promulgação de Marcelo Rebelo de Sousa, o CNCP já tinha anunciado que iria requerer audiências aos diferentes grupos parlamentares para dar conta no que, no seu entender, reside a inconstitucionalidade das alterações das normas.

As alterações laborais da Agenda do Trabalho Digno foram aprovadas em fevereiro, em votação final global com os votos favoráveis apenas do PS, a abstenção do PSD, Chega, PAN e Livre e votos contra do BE, PCP e IL.

(Notícia atualizada às 17h32)

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Finsolutia vendida a private equity britânico

Pollen Street compra participação maioritária na Finsolutia, um servicer que gere ativos imobiliários e crédito malparado. Investimento vai ajudar na expansão do negócio em novas geografias.

A portuguesa Finsolutia, um servicer que gere ativos imobiliários e crédito malparado, foi vendida a uma sociedade de capital de risco britânica, a Pollen Street Capital. Não foram divulgados valores da operação.

No âmbito da operação, os britânicos ficam com uma participação maioritária na Finsolutia, num investimento que se enquadra “no plano ambicioso de crescimento da empresa ibérica, fortalecendo a sua trajetória de crescimento, além de permitir a expansão para novas geografias e a diversificação da base de clientes”, segundo o comunicado divulgado esta quarta-feira.

A equipa de gestão liderada por Nuno Espírito Santo Silva, fundador da empresa, continuará na liderança. “É com grande entusiasmo e ambição que acolhemos a Pollen Street como acionista chave. O conhecimento e experiência da Pollen Street em serviços financeiros e negócios que envolvem tecnologia será uma grande alavanca para reforçar as nossas capacidades e, ao mesmo tempo, expandir rapidamente a nossa oferta na Península Ibérica e para novas geografias”, sublinha o responsável português.

“O capital e os recursos agora disponibilizados pela Pollen Street permitir-nos-ão desenvolver ainda mais a nossa oferta comercial para instituições financeiras, proprietários de carteiras de ativos e fundos de investimento”, acrescenta.

Com mais de 350 trabalhadores, Finsolutia é uma sociedade que presta serviços de gestão e recuperação de créditos. Tem sob a sua gestão uma carteira de ativos da ordem dos seis mil milhões de euros. Nasceu em 2007, em resultado de uma joint-venture entre o UBS Investment Bank, o Espírito Santo Investimento e a Ongoing Strategy Investments. Nuno Espírito Santo Silva é primo de Ricardo Salgado, ex-presidente do BES.

Já a Pollen Street, fundada em 2013, é um fundo gestor de ativos de capital privado de rápido crescimento, com mais de 3,7 mil milhões de euros em ativos sob gestão.

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