Limites mais rigorosos à poluição industrial evitavam 37.000 mortes

  • Lusa
  • 12 Abril 2023

Limites de poluição mais rigorosos na indústria e na energia europeias evitariam cerca de 37.000 mortes e poupariam 103 mil milhões de euros aos contribuintes em cada ano.

Limites de poluição mais rigorosos na indústria e na energia europeias evitariam cerca de 37.000 mortes e poupariam 103 mil milhões de euros aos contribuintes em cada ano, indica um estudo divulgado esta quarta-feira.

A análise, denominada “Upgrading Europe’s Air”, é da responsabilidade do “Centre for Research on Energy and Clean Air” (Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo, CREA, uma organização independente registada na Finlândia) e foi divulgada pelo Gabinete Europeu do Ambiente (EEB, na sigla original), uma rede de mais de 180 organizações ligadas ao ambiente.

No novo estudo os responsáveis dizem agora que com limites de emissões poluentes mais rigorosos no setor energético e industrial evitavam-se 120.000 internamentos hospitalares devido a complicações cardíacas, mais de sete milhões de perdas de dias de trabalho e mais 10.000 mortes, comparando com a análise anterior sobre a mesma matéria.

Além de se pouparem milhões de euros em cada ano, aplicar medidas restritivas em relação à pecuária intensiva (emissões de metano por exemplo) evitariam milhares de mortes em cada ano, indica o estudo, que analisa o impacto da redução dos limites de emissões na União Europeia e no Reino Unido.

Levar as emissões geradas na Alemanha ao nível mais baixo possível tem o potencial de salvar cerca de 12.500 europeus e evitar despesas públicas até 34 mil milhões de euros. A França e a Polónia podem evitar cada uma 4.000 baixas humanas e poupar 11 mil milhões de euros dos contribuintes. Dada a natureza sem fronteiras da poluição atmosférica os benefícios afetam todo o continente, salientam os autores.

O EEB lembra em comunicado que a diretiva sobre emissões industriais está a ser revista pelo que os decisores políticos europeus “têm uma oportunidade única” para a melhorar, visto que a lei tem sido “corroída por padrões fracos e lacunas”, que têm levado a menores reduções de emissões.

A Diretiva Emissões Industriais é a principal legislação europeia para prevenir e reduzir a poluição das grandes instalações industriais, incluindo as explorações pecuárias. Em abril do ano passado a Comissão apresentou propostas para atualizar a lei, à luz do Pacto Ecológico Europeu. Em março os países chegaram a um acordo a nível do Conselho Europeu para uma “orientação geral”.

No comunicado o EEB nota que limites de emissões mais rigorosos para a indústria europeia são possíveis com as técnicas atualmente disponíveis, pelo que não há razão para atrasar a sua implementação.

E acrescenta que após a “dececionante posição do Conselho Europeu” o Parlamento Europeu deve tomar uma posição a 25 de maio, na Comissão do Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar.

A organização ambientalista avisa que não ajustar a indústria aos limites mais baixos de poluição empurrará a ambição da União Europeia de zero poluição para décadas no futuro, “sacrificando ao mesmo tempo o ambiente, a saúde das pessoas e a poupança de dinheiro público”.

Christian Schaible, chefe da área de Zero Poluição na Indústria na EEB, afirmou, citado no comunicado, que “é imperativo mudar a cultura que recompensa os poluidores”.

“Os argumentos a favor de enormes benefícios públicos da poluição atmosférica evitada graças a limites estritos são absolutamente claros, não podemos dar-nos ao luxo de perder mais tempo para os poluidores escaparem às suas responsabilidades”, disse.

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Poluição do ar no centro de Lisboa ultrapassou limites nos primeiros três meses do ano

No centro de Lisboa, os níveis de dióxido de azoto foram superiores aos limites definidos pela Diretiva europeia do Quadro do Ar e Organização Mundial de Saúde.

Os valores de dióxido de azoto (NO2), um poluente atribuído principalmente à combustão dos motores a diesel, emitidos no centro de Lisboa nos primeiros três meses do ano, ultrapassaram “substancialmente” os limites europeus e internacionais.

Entre 1 de janeiro e 6 de abril, os dados, ainda sujeitos a validação final, da estação de monitorização da Avenida da Liberdade em Lisboa, apontam para a emissão de um valor médio de dióxido de azoto de 48 microgramas (μg) por metro cúbico (m3). Além de ter superado os limites internacionais, os níveis de poluição do ar na capital portuguesa ficaram 3 μg por m3 acima da média registada em 2022.

Segundo a associação ambientalista, estes valores são “substancialmente” mais elevados do que os limites propostos a nível europeu e internacional. Se, a nível europeu, a Diretiva Quadro do Ar define um limite anual de de 40 μg por m3, a nível internacional, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma redução destas emissões de 25 µg por m3 para 10 µg por m3, até 2030.

O fenómeno acontece depois de em 2020 e 2021, como consequência da pandemia e do confinamento, se ter registado uma redução nas deslocações na área metropolitana de Lisboa, tendo levado ao cumprimento imediato dos indicadores de qualidade do ar. Os dados são divulgados esta quarta-feira, Dia Nacional do Ar.

Já as estações de medição em locais de tráfego, “com valores habitualmente mais elevados”, indica a Zero, no Porto (Praça Sá Carneiro) e Braga, apontam para valores médios de aproximadamente 36 e 35 μg por m3, respetivamente, nos primeiros três meses do ano.

Esta não é a primeira vez que Portugal ultrapassa os limites da legislação europeia. Em 2021, a Comissão Europeia instou uma ação judicial no Tribunal de Justiça da União Europeia contra Portugal por exceder o valor-limite anual de NO2 nas zonas Lisboa Norte, Porto Litoral e entre o Douro e Minho. Além disso, não adotou medidas adequadas para reduzir tanto quanto possível o período de ultrapassagem desse limite.

Ambientalistas querem zonas de emissões zero em Lisboa e no Porto

A diretiva europeia do Quadro do Ar exige que, para aquelas zonas que tenham problemas de incumprimento dos parâmetros de qualidade do ar, sejam desenhados Planos de Melhoria de Qualidade do Ar e os respetivos programas de execução. Em Lisboa e Vale do Tejo, denuncia a associação ambientalista, o Plano de Melhoria da Qualidade do Ar, aprovado em 2019, está até hoje a aguardar por um programa de execução.

“O Estado não exige às autarquias a implementação das medidas necessárias e estas têm mostrado inação face aos problemas de qualidade do ar que afetam a várias zonas do país”, escreve a organização em comunicado.

A organização defende também uma atualização da Zona de Emissões Reduzidas (ZER) de Lisboa — isto é, zonas onde é proibida ou condicionada a circulação de veículos mais poluentes — criada em 2015, sendo esta a única do país. “Ou, desejavelmente, a criação de uma Zona Zero Emissões“, tanto na capital como na cidade Invicta. Nestas Zonas Zero Emissões, defendem, “apenas poderão circular transportes públicos, veículos de residentes e veículos sem emissões de forma limitada”, promovendo a mobilidade suave e uma deslocação de peões “em condições favoráveis”.

Em Portugal, a poluição do ar é responsável pela morte prematura de cerca de seis mil pessoas todos os anos. O dióxido de azoto, em concentrações elevadas, tem efeitos que vão desde a irritação dos olhos e garganta até à afetação das vias respiratórias, provocando diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, edema pulmonar e lesões no sistema nervoso central e nos tecidos. Crianças, idosos, asmáticos e as pessoas com bronquites crónicas são os grupos mais afetados.

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Transformação Digital em Ação: Casos de Sucesso #3

  • Conteúdo Patrocinado
  • 12 Abril 2023

O terceiro episódio do podcast "Transformação Digital em Ação: Casos de Sucesso" recebe Licínio Seabra, do Banco ATLANTICO Europa, e Arlindo Dias, da IBM.

“Transformação Digital em Ação: Casos de Sucesso” é um podcast de três episódios, todos eles com conversas sobre o impacto da digitalização no mercado de trabalho, as vantagens e desvantagens desse processo e os cuidados a ter durante esta transição.

Neste terceiro episódio recebemos Licínio Seabra, responsável pela equipa de Core Banking no Banco ATLANTICO Europa, e Arlindo Dias, Turbonomic and Instana Technical Sales na IBM SPGI, que apresentam o caso pioneiro de transição do core de um banco para cloud, o primeiro caso a acontecer em Portugal.

Ouça aqui o episódio:

Pode, ainda, voltar a ouvir o primeiro e o segundo episódios. Este podcast conta com o apoio da IBM.

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Universal quer impedir que IA seja treinada com músicas do Spotify

  • Joana Abrantes Gomes
  • 12 Abril 2023

A Universal está preocupada com os modelos de inteligência artificial que usam músicas com direitos de autor para gerar novos sons que soem como os de artistas populares.

A Universal Music Group exigiu às plataformas de streaming de música, como o Spotify e o Apple Music, que tomem medidas para impedir que modelos de inteligência artificial (IA) sejam treinados com sons e letras de músicas protegidas por direitos de autor, de acordo com emails a que o Financial Times teve acesso.

A editora, responsável por cerca de um terço do mercado da música a nível global, está a pedir às empresas de streaming que cortem o acesso aos catálogos a programadores que os utilizem para treinar tecnologias de IA.

“Não hesitaremos em tomar medidas para proteger os nossos direitos e os dos nossos artistas”, escreveu a Universal Music Group nos emails enviados em março às plataformas de streaming.

Uma fonte familiarizada com o assunto disse ao FT que “grande parte da [inteligência artificial generativa] é treinada com músicas populares“. “Podemos pedir-lhe: compõe uma canção que tenha uma letra como as da Taylor Swift, mas vocais ao estilo de Bruno Mars, mas eu quero que o tema seja mais ao estilo Harry Styles. O que se obtém deve-se ao facto de a IA ter sido treinada com propriedade intelectual desses artistas”, explicou.

Uma das novidades mais recentes nesta área é o MusicLM, um modelo desenvolvido pela Google e treinado a partir de um conjunto de 280 mil horas de música, que gera músicas a partir de qualquer descrição de texto. A empresa não o lançou como produto depois de ter concluído existir um “risco de potencial apropriação indevida de conteúdos criativos”.

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Agência 9 “rebela-se” e dá lugar à Alfred

A Alfred, descreve, conta com cerca de 30 clientes ativos, como Mitsubishi Motors, Kia, E-redes, REN, Vanguard Properties, Sovena, Soudal, José Maria da Fonseca, Nova SBE ou a Fidelidade.

Depois de 25 de atividade, a agência criativa 9 redefiniu-se e apresenta agora uma nova imagem e um novo nome – “Alfred”. A nova assinatura, “Responsible Rebels”, é elucidativa da visão da agência, que promete “revolucionar a comunicação, sempre com responsabilidade pelo passado, presente e futuro de cada marca”.

A renovação teve como ponto de partida “uma abordagem rebelde e autêntica na comunicação comercial, mas com uma base estratégica responsável, com insights e análise fiel de mercado”, refere-se em nota de imprensa.

“Esta redefinição foi fruto de uma transformação orgânica das nossas equipas, bem como na relação e serviços que foram evoluindo com os nossos clientes. Nestes últimos três anos de profundas mudanças na comunicação e, após termos desafiado inúmeras marcas, chegou o momento de nos desafiarmos a nós. A 9 foi uma marca que se consolidou e manteve-se ao longo de quase 25 anos. Por outro lado, 9 é um número também representa fim de ciclos e preparação para um novo começo. E o recomeço chama-se Alfred“, explica, citado em comunicado, Frederico Roquette, fundador e diretor criativo da agência.

O novo nome tem em conta as figuras e personagens, seja na literatura, cinema, animação ou medicina, que “com a dose certa de rebelião, mas sempre com responsabilidade“, inspiraram o país e o mundo, como Alfred Hitchcock, Alfred Pennyworth (mordomo e conselheiro da personagem Batman), Al(fred) Pacino, Alfred Nobel, Alfredo Keil, Alfredo da Costa ou Alfredo Marceneiro, refere a agência Alfred em comunicado.

Composta por uma equipa de 13 “responsible rebels”, a renovada agência criativa contou também com uma reestruturação da equipa, através das entradas no último ano de Mariana Horta e Costa (como diretora de serviço a clientes) e Duarte Azevedo (como novo diretor de estratégia).

Contactada pelo +M, a agência confirmou que a reestruturação se limitou à equipa e que não foram registadas alterações na estrutura acionista.

A Alfred, descreve a agência, conta com cerca de 30 clientes ativos, como a Mitsubishi Motors, Kia, E-redes, REN, Vanguard Properties, Sovena, Soudal, José Maria da Fonseca, Nova School of Business ou a Fidelidade, sendo que “é nossa ambição crescer no mercado português, conquistar clientes em alguns setores que consideramos estratégicos para a agência, mas também exportar a nossa criatividade que, sabemos, tem muito a aprender com o que se faz lá fora, mas também tem muito a acrescentar”, afirma Frederico Roquette.

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Academia do ‘tubarão’ Tim Vieira navega até à Índia, Tailândia, Nova Zelândia e Ilhas Maurícias

No final de maio, a Brave Generation Academy contará com cerca de 60 hubs abertos e 1.300 alunos, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos e de diversas nacionalidades.

A Brave Generation Academy (BGA), fundada em 2021, em Portugal, pelas mãos do antigo tubarão do Shark Tank, Tim Vieira, está prestes a chegar a quatro novos países, com a abertura de hubs escolares na Índia, Tailândia, Nova Zelândia e Ilhas Maurícias. O processo de abertura nestas regiões ficará concluído até maio. Estes quatro países juntam-se às academias já disponíveis em Portugal, Espanha, EUA, África do Sul, Moçambique, Namíbia e Quénia.

“Esta expansão, tanto a nível nacional como internacional, representa mais um passo na democratização da oferta de serviços de educação. A Brave Generation Academy quer estar presente nas regiões onde há crianças que precisam dela e, para isso, temos de priorizar as aberturas em zonas interiores do país e nos países ainda em desenvolvimento. Quando se trata de acesso à educação, é nossa responsabilidade nunca dizer ‘não’ a uma criança”, afirma Tim Vieira, em comunicado.

No final de maio, a Brave Generation Academy contará com cerca de 60 hubs abertos e 1.300 alunos, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos e de diversas nacionalidades.

Com o modelo híbrido de educação na base do conceito, o modelo BGA reúne várias valências, entre as quais o uso das novas tecnologias como ferramenta de ensino e a flexibilidade de horários. Para além das competências teóricas, o modelo está orientado para priorizar o desenvolvimento de soft skills nos alunos, visando preparar os estudantes para os novos desafios do mercado de trabalho.

Em Portugal, existem atualmente 40 hubs escolares espalhados por todas as regiões de Portugal Continental. Até ao final do ano, espera-se que este número aumente, com aberturas previstas em Vilamoura, Coimbra, Viseu, Tábua, São Miguel e Funchal, dando início à presença da BGA nas regiões autónomas.

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Juízes do TC não fundamentam decisões de acordo com indicação partidária, conclui estudo

  • Lusa
  • 12 Abril 2023

Os juízes do Tribunal Constitucional não fundamentam decisões em função da sua indicação partidária ou universidade de origem, segundo um estudo divulgado esta quarta-feira.

Os juízes do Tribunal Constitucional (TC) não fundamentam decisões em função da sua indicação partidária ou universidade de origem, segundo um estudo divulgado esta quarta-feira, que destaca o papel desempenhado pela colegialidade no processo decisório deste órgão jurisdicional.

O estudo, intitulado “Decidir em conjunto: Colegialidade e deliberação no Tribunal Constitucional”, vai ser apresentado esta quarta-feira no TC, em Lisboa, e foi realizado pelos investigadores Raquel Barradas, Jorge Fernandes e Miguel Won.

O Tribunal Constitucional é composto por 13 juízes, sendo que 10 são designados pela Assembleia da República – após proposta dos partidos – e os restantes três são cooptados por estes.

Através de entrevistas a membros, atuais ou antigos, do TC e análise de acórdãos utilizando métodos de ciências computacionais, os autores do estudo indicam que, na fundamentação das decisões dos juízes conselheiros, não se detetam “padrões de polarização político-partidária”.

“Tudo indica que as diferenças ideológicas e de sensibilidade político-constitucional que separam os juízes são, pelo menos em parte, mitigadas por fatores institucionais vários, incluindo a colegialidade, e pela natureza técnico-jurídica de grande parte das questões que o Tribunal é chamado a analisar”, lê-se no estudo.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora Raquel Barradas – que é também assessora do presidente do TC, João Caupers – realçou que o estudo chegou a essa conclusão depois de ter analisado as citações a que recorrem os juízes quando relatam acórdãos, para perceber se, por exemplo, um juiz indicado pelo PS teria mais propensão a citar jurisprudência elaborada por outro juiz do mesmo espaço político.

A cor política, o partido de indicação do conselheiro, não tem impacto de todo no processo decisório no que diz respeito à jurisprudência do próprio tribunal que é citada no processo decisório para fundamentar a conclusão a que se chega e a decisão que se toma”, frisou.

No mesmo sentido, o estudo indica também que o género e a universidade de origem não têm influência na fundamentação dos juízes, o que, segundo Raquel Barradas, mostra que “as razões para decidir são de outro tipo”.

A investigadora salientou que, apesar de não ter dados empíricos sobre a matéria, nas diversas entrevistas que fizeram houve juízes conselheiros que apontaram as diferenças geracionais como uma das razões que podem ter influência no processo decisório.

Há a perceção de que os juízes mais novos se preocupam mais com questões de segurança do que questões de liberdade individual. Os juízes de uma geração mais antiga, que se calhar fizeram a transição da ditadura para a democracia, valorizam mais a questão da liberdade”, exemplificou.

Por outro lado, existe também a perceção de que os juízes de carreira têm “mais preocupação com questões de centralização, de poder do Estado e do interesse” do que os juízes académicos.

No entanto, uma das principais conclusões retiradas pelo estudo, referiu Raquel Barradas, é que “a colegialidade é uma regra internalizada pelos juízes”, que “condiciona a sua ação, a forma como decidem e participam no processo decisório”.

“O lugar central da colegialidade no desenho institucional do TC e na autoimagem dos seus membros recomenda que o eixo de uma análise de comportamento judicial se mova das atitudes ou preferências individuais dos juízes para a decisão coletiva”, lê-se no estudo.

Raquel Barradas destacou que os juízes têm entendimentos diversos sobre a definição de colegialidade, alguns considerando que se trata sobretudo da “dimensão procedimental” e das “regras escritas”, enquanto outros sublinham que se manifesta nos aspetos de lazer da vida do TC, como conversas informais entre conselheiros ou com assessores.

No entanto, todos os testemunhos, “quase sem exceção”, apontam para “um nexo entre um diálogo informal regular entre juízes, e entre assessores, e um grau de colegialidade mais elevado nos processos deliberativos“.

“Quanto mais trocas de impressão houver entre juízes, mais provável será a efetiva consideração de pontos de vista diversos e a ponderação de razões para decidir que não se apresentem espontaneamente a cada um”, lê-se.

O estudo “Decidir em conjunto: Colegialidade e deliberação no Tribunal Constitucional” vai ser apresentado esta quarta-feira e foi feito a pedido do presidente do TC, João Caupers, no âmbito de um conjunto de iniciativas que visam dar a conhecer o funcionamento deste órgão jurisdicional à sociedade.

O estudo insere-se num conjunto de quatro volumes que estão a ser publicados pelo TC. O primeiro, intitulado “Olhar os 40 anos”, foi escrito por João Caupers e apresentado no mês passado.

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Galp na lista final para comprar 12 parques eólicos em Espanha

  • ECO
  • 12 Abril 2023

Energética portuguesa concorre com espanhola Naturgy e norueguesa Statkfraft para compra de 12 parques eólicos aos franceses da Ardian, avaliados em 650 milhões de euros.

A Galp estará na lista final para a compra de 12 parques de produção de energia eólica em Espanha. O negócio está avaliado em cerca de 650 milhões de euros e os ativos foram postos à venda pelo fundo de infraestruturas francês Ardian (donos da Frulact). A petrolífera portuguesa concorre com os espanhóis da Naturgy e os noruegueses da Statkfraft, avança o El Economista.

Os 12 parques eólicos permitem a produção de um total de 422MW de energia e têm cerca de 13 anos. Estão divididos por seis regiões de Espanha (Palencia, Albacete, Barcelona, Granada, Lugo e Zamora) e podem ser conjugados com 435 MW de produção de painéis solares.

A Galp tem apostado no mercado espanhol de energias renováveis: em julho de 2022, com 140 milhões de euros, passou a deter todo o capital da Titan; em agosto de 2021, comprou portefólio renovável em Espanha, com uma capacidade agregada de 220 megawatts; em janeiro de 2020, investiu 450 milhões, com a compra da Zero-E.

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Reformei-me em maio. Como preencho a declaração de IRS este ano?

  • ECO
  • 12 Abril 2023

O ECO escolheu algumas dicas do Guia Fiscal da Deco Proteste para ajudar os contribuintes na altura da entrega do IRS, que serão partilhadas diariamente.

A campanha do IRS já arrancou, no primeiro dia do mês, mas há quem tenha ainda dúvidas sobre a entrega desta declaração. Alguns têm o trabalho facilitado, estando abrangidos pelo IRS automático, mas mesmo assim certos aspetos poderão ainda estar por esclarecer. A resposta às perguntas mais frequentes dos contribuintes pode ser encontrada no Guia Fiscal 2023, da Deco Proteste.

Há vários contribuintes com acesso ao IRS automático, e os mais novos podem optar pelo IRS Jovem. Entre as novidades deste ano, onde já se pode sentir o efeito das novas tabelas de retenção na dimensão do reembolso, encontra-se o desdobramento de escalões de IRS, de sete para nove.

O ECO selecionou algumas dicas disponibilizadas pela Deco Proteste para ajudar a esclarecer todas as dúvidas, que serão partilhadas diariamente.

Reformei-me em maio de 2022. Até lá, fui trabalhador por conta de outrem. Como preencho a declaração de IRS este ano?

Declare os rendimentos obtidos por trabalho dependente no quadro 4A do anexo A, com o código 401. Já os da pensão de reforma devem ser indicados no mesmo quadro, mas com o código 403. Caso tenha quotizações sindicais ou de ordens profissionais, mencione-as também no quadro 4A.

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Obras da linha circular do Metro de Lisboa suspendem ligação entre Campo Grande e Cidade Universitária

  • ECO
  • 12 Abril 2023

Moradores de Telheiras vão ficar mais de dois meses e meio sem acesso ao Metro de Lisboa durante vários períodos. Operação será reforçada com autocarros da Carris e outras transportadoras.

A construção dos novos viadutos na zona do Campo Grande vai suspender a circulação do Metro de Lisboa, na linha amarela, entre as estações do Campo Grande e da Cidade Universitária, e também afetar a linha verde. As limitações vão ocorrer entre 15 de abril e 7 de julho, durante várias fases. Os moradores em Telheiras serão os principais afetados pela empreitada relativa à linha circular, refere o Público.

A ligação entre as estações do Campo Grande e da Cidade Universitária será suspensa entre 2 de maio e 7 de julho, deixando a linha amarela do Metro de Lisboa a funcionar em dois troços independentes: Rato-Cidade Universitária e Campo Grande-Odivelas – este último terá apenas comboios com três carruagens. A estação de Telheiras estará encerrada entre 15 e 26 de abril e entre 2 de maio e 7 de julho. Entre 2 de maio e 7 de julho também estará cortada a circulação entre o Campo Grande e a Cidade Universitária. Antes disso, no fim de semana de 29 e 30 de abril, não haverá comboios a circular entre o Campo Grande e o Rato. Serão disponibilizados autocarros da Carris e de outras empresas como meio alternativo de transporte.

Com a linha circular, o Metro de Lisboa vai fazer comboios diretos entre o Rato e o Cais do Sodré, com novas estações em Santos e na Estrela, e assim criar uma nova linha verde interligada. Os trabalhos deverão terminar entre o final de 2023 e início de 2024, e a nova linha está prevista abrir ao público no último trimestre de 2024. Quando foi inicialmente apresentado, em 2017, o plano previa concluir os trabalhos até ao final de 2021. A linha circular tem gerado polémica porque o novo modelo de exploração implica transbordos para os residentes na zona norte de Lisboa: por exemplo, se quiser deslocar-se de Odivelas para o Marquês de Pombal, terá de mudar de linha na estação do Campo Grande. A construção da linha circular vai custar 331.429.066 euros, mais 121,2 milhões de euros do que inicialmente previsto.

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Ucrânia está pronta para voltar a exportar eletricidade

  • Lusa
  • 12 Abril 2023

A Ucrânia está pronta para voltar a exportar eletricidade, um volte-face em relação há seis meses, quando os russos bombardearam as estações elétricas para a colocar às escuras e no frio.

A Ucrânia está pronta para voltar a exportar eletricidade, disse o ministro da Energia, um volte-face em relação há seis meses, quando os russos bombardearam as estações elétricas para a colocar às escuras e no frio.

O anúncio, feito pelo ministro Herman Halushchenko, que assegurou que a Ucrânia não só estava a satisfazer as suas necessidades internas como estava pronta para recomeçar as exportações, foi uma mensagem clara sobre o falhanço dos russos na sua tentativa de enfraquecer a Ucrânia, através de ataques às suas infraestruturas.

A procura doméstica ucraniana está “100%” satisfeita, disse, em entrevista à Associated Press, acrescentando que tem reservas para exportar, graças ao “trabalho titânico” dos seus engenheiros e parceiros internacionais.

A Federação Russa aumentou os ataques às infraestruturas ucranianas em setembro, quando vagas de mísseis e drones ditos suicidas destruíram cerca de metade do sistema de energia da Ucrânia. Os cortes de energia no país tornaram-se comuns, com as temperaturas a caírem para graus negativos e dezenas de milhões de pessoas a esforçarem-se para se aquecerem.

Os dirigentes do Kremlin justificaram os ataques com a intenção de enfraquecer a capacidade da Ucrânia se defender, mas os ocidentais contra-argumentaram com a acusação de os russos quererem causar sofrimento nos civis e que os ataques, ao causarem cortes de energia, correspondiam a crimes de guerra. Os ucranianos consideraram que a altura escolhida para os bombardeamentos foi pensada para destruir a moral das populações.

A Ucrânia teve de interromper as exportações de eletricidade em outubro, para satisfazer a procura interna. Os engenheiros trabalharam sem parar, arriscando a sua vida com frequência, para pôr as centrais a funcionar e garantir o fornecimento contínuo de energia.

Os aliados de Kiev também deram uma ajuda. Em dezembro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou uma ajuda de 53 milhões de dólares para a Ucrânia comprar equipamentos para a rede elétrica.

O primeiro país a importar energia ucraniana vai ser a Moldávia, avançou Halushchenko. Devem seguir-se Polónia, Eslováquia e Roménia, acrescentou. A 100 euros/MWh (megawatt-hora), o rendimento mensal ucraniano com estas exportações pode atingir 30 milhões de euros.

A Ucrânia começou a vender eletricidade aos vizinhos europeus em junho, como um esforço para sair da esfera de influência da Federação Russa. A sincronização das linhas de transporte foi feita em março de 2022, pouco depois de começar a invasão russa.

Os engenheiros aceleraram o professo para ligar a Ucrânia à rede continental, o que permitiu que acabasse com a ligação do seu sistema elétrico ao russo. A Moldávia foi acrescentada posteriormente. Antes, a Ucrânia e a Moldávia integravam um sistema de partilha de energia que incluía a Federação Russa e a Bielorrússia.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 12 de abril

  • ECO
  • 12 Abril 2023

Ao longo desta quarta-feira, 12 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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