Costa recusa demissão de Galamba, mas pede desculpas aos portugueses pelo “episódio deplorável”
Primeiro-ministro segura ministro das Infraestruturas porque entende que "não procurou ocultar qualquer informação" relativa à TAP.
O primeiro-ministro recusa a demissão do ministro das Infraestruturas. António Costa segura João Galamba no Governo porque entende que o ministro “não procurou ocultar qualquer informação” relativa à TAP. O líder do executivo isenta Galamba de quaisquer responsabilidades no incidente com o ex-adjunto mas pede desculpas aos portugueses pelo “episódio deplorável” no Ministério das Infraestruturas.
“A experiência de trabalho que tenho [com João Galamba] desde há vários anos, primeiro enquanto secretário de Estado e agora como ministro não me permitem, violando a minha consciência, aceitar a sua demissão, quando não lhe é imputável pessoalmente qualquer falha. O incidente é imputável a quem, tendo sido demitido, agiu violentamente sobre outra pessoa, tentando roubar documentos com informação classificada e tendo o facto ocorrido no Governo e contribuindo para a sua descredibilização, compete-me apresentar as devidas desculpas aos cidadãos. Em minha consciência não posso aceitar o pedido de demissão“, referiu o primeiro-ministro em conferência de imprensa a partir do Palácio de São Bento.
António Costa assume toda a responsabilidade pela decisão de manter João Galamba e garante que a mesma foi “comunicada ao Presidente da República”. O primeiro-ministro e o chefe de Estado estiveram reunidos praticamente duas horas nesta terça-feira no Palácio de Belém.
“O ministro não procurou, de forma alguma, ocultar qualquer informação à comissão parlamentar de inquérito. Pelo contrário, o facto que determinou a sua decisão de demitir um colaborador foi a suspeita que esse colaborador estava a ocultar informação que é solicitada pela comissão parlamentar de inquérito. Como todos sabemos, foi o próprio ministro que se disponibilizou e que entregou à comissão parlamentar de inquérito da documentação solicitada.
Meia hora antes da conferência de imprensa do primeiro, João Galamba tinha apresentado a sua demissão de ministro das Infraestruturas por causa do incidente com o ex-adjunto Frederico Pinheiro. Apesar de João Galamba ter dado uma conferência de imprensa no passado sábado a defender que tinha “todas as condições” para continuar no Governo, no mesmo dia, segundo o Expresso, o Presidente da República falou ao telefone com António Costa e fez saber que esperava que o ministro das Infraestruturas deixasse o elenco do Executivo.
Em causa está o papel de Galamba em reuniões secretas com Christine Ourmières-Widener e entre a ex-CEO da TAP com o grupo parlamentar do PS, antes da audição para explicar a demissão de Alexandra Reis. Soma-se ainda a polémica, que estalou na passada sexta-feira, com a demissão do adjunto de Galamba, Frederico Pinheiro, que acusou Galamba de querer mentir à CPI da TAP. A saída de Frederico Pinheiro do ministério envolveu ainda alegadas agressões e o Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação de um computador.
António Costa garante ainda que “não foi dada nenhuma ordem aos serviços de informações” para a recuperação do computador. “Foi feito o que devia ser feito quando é roubado um computador que contém informação classificada: ser comunicado às autoridades competentes. Não houve qualquer violação da legalidade dos serviços de informações“, assegura o primeiro-ministro.
Antes de assumir as pastas das Infraestruturas, João Galamba foi secretário de Estado do Ambiente e da Energia entre outubro de 2019 e janeiro de 2023, altura em que sucedeu a Pedro Nuno Santos que também deixou a tutela na sequência das polémicas com a TAP.
(Notícia atualizada às 21h54 com mais informação)
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