Cerca de 30% da população empregada tinha ensino superior em 2021
O aumento do emprego na área das TIC contrasta com a diminuição da população empregada em profissões relacionadas com a agricultura e a criação de animais. Nestas há quebras de 80%.
A população empregada que possui habilitações ao nível do ensino superior aumentou em todos os grupos profissionais ao longo da última década, ultrapassando, em 2021, o patamar dos 30%. Paralelamente ao reforço da escolaridade da população portuguesa, assistiu-se também a um aumento do emprego num setor em particular, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que contrasta com a diminuição da população empregada em profissões relacionadas com a agricultura e a criação de animais. Nestas há quebras acima dos 80%, revelam esta terça-feira os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Numa década, passou a trabalhar-se mais 2,8 anos em Portugal. Os professores estão entre os grupos profissionais mais envelhecidos.
Em 2021, 30,3% da população empregada tinha o ensino superior, um valor que representa um acréscimo de oito pontos percentuais (p.p.) face à realidade apurada em 2011. Também a população com ensino secundário ou pós-secundário aumentou, passando de 22,3%, em 2011, para 31,2%, em 2021, o que se traduz numa subida de 8,9 pontos percentuais.
Em sentido oposto, a população empregada com o ensino básico, embora ainda represente a fatia mais significativa, caiu 15,5 p.p., para 37,6%. Já a população empregada sem qualquer nível de escolaridade é cada vez menos expressiva, representando apenas 1% em 2021.
O aumento da população empregada com ensino superior, apesar de ter sido verificado em todos os grupos profissionais, teve maior peso nos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos”, profissão na qual a subida foi de 18,6 p.p. Segue-se o “pessoal administrativo” e os “técnicos e profissões de nível intermédio”, com aumentos de 11,8 p.p. e 11,2 p.p., respetivamente.
TIC contrastam com agricultura e criação de animais
Olhando apenas para a população empregada, independentemente do seu nível de escolaridade, de 2011 a 2021, os “especialistas das atividades intelectuais e científicas” constituíam o grupo profissional em que se verificou o maior crescimento da população empregada (3,3 p.p.), seguindo-se os “trabalhadores não qualificados”, com um acréscimo de 2,3 p.p., passando a representar 15,4% da população empregada.
Em contrapartida, o maior decréscimo observou-se no grupo dos “trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices” (com uma diminuição de 2,1 p.p.).
Contudo, uma análise mais detalhada do INE conclui que foram as profissões relacionadas com as Tecnologias de Informação e Comunicação que viram a sua população empregada crescer em maior escala, destacando-se os diretores dos serviços das TIC, os analistas e programadores de software, web e de aplicações e ainda os especialistas em base de dados e redes. Nestas três funções em específico, a população empregada mais do que duplicou em apenas dez anos.
“Também o grupo dos ‘especialistas em finanças e contabilidade’ (151,8%), onde se incluem profissões como contabilistas, consultor financeiro, analista financeiro e o grupo dos ‘especialistas em organização administrativa’ (136,9%), registaram crescimentos na última década muito significativos. No grupo 3 dos ‘técnicos e profissões de nível intermédio’ destacam-se acréscimos significativos nos ‘técnicos e assistente de veterinários’ (165,2%) e nos ‘técnicos de atividade física e de desporto’ (91,1%)”, detalha o INE.
Inversamente, os decréscimos mais significativos foram registados em algumas profissões relacionadas com a agricultura e a criação de animais, com quebras acima dos 80%. É o caso dos agricultores e criadores de animais de produção combinada, de subsistência, bem como dos diretores de produção na agricultura, produção animal, floresta e pesca.
Idade média da população empregada aumentou para 44,2 anos
A idade média da população empregada aumentou de 41,4 anos, em 2011, para 44,2 anos, em 2021, o que acompanha o envelhecimento da população residente em Portugal. Durante esse período, registou-se um aumento de 2,8 anos.
“Realça-se o grupo de ‘trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices’ com maior envelhecimento entre 2011 e 2021 (cerca de quatro anos). O grupo profissional ‘agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta’ foi o que menos envelheceu, apesar de se manter como o grupo profissional com idade média mais elevada (48,5)”, pode ler-se.
Mais detalhadamente, no conjunto dos grupos profissionais mais envelhecidos, destacam-se ainda os professores, com uma idade média de 48,7 anos e, particularmente, o subgrupo professor dos ensinos básico (2.º e 3.º ciclos) e secundário, cuja idade média se situa nos 50,2 anos.
Já os grupos com idades médias mais baixas, com valores inferiores a 40 anos, eram ‘outro pessoal das forças armadas’, nomeadamente praças (33,1 anos), ‘especialistas em tecnologias de informação e comunicação’ (36,1 anos) e ‘pessoal de apoio direto a clientes’ (37,7 anos), onde se incluem rececionistas e trabalhadores de contact centers.
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