Debate político “chega menos às preocupações das pessoas”, avisa Marcelo
População apenas tem interesse em casos e casinhos políticos quando está envolvida a gestão do dinheiro dos contribuintes. "Passam a ser um casão", entende Presidente da República.
Na véspera de o concelho da Régua ser o palco das cerimónias oficiais do 10 de junho, o Presidente da República tem passado a tarde na cidade do Douro para ouvir a população e medir o pulso à economia e ao turismo da região. A meio desta incursão, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que as preocupações do povo fora das grandes cidades nem sempre são as mesmas de quem vive nas grandes metrópoles nem da chamada “bolha política”.
“O debate político, por vezes, apaixona mais quem vive nas grandes metrópoles. Chega menos às preocupações das pessoas que vivem noutros territórios”, constatou o Presidente da República através de declarações transmitidas pela RTP3. “Importa ao povo aquilo que lhe sai do bolso, que lhe custa dinheiro. Aí já lhe interessa. Há casos e casinhos que são importantes para o povo. Se envolverem gastos de dinheiro, passam a ser um casão“, acrescentou.
Marcelo destacou que os portugueses “são sensíveis à gestão da cousa pública” e “atentos a como se gasta o dinheiro”. Em causa estão “coisas concretas”, como as obras de centros de dia, centros de saúde e escolas.
Durante a tarde na Régua, o Presidente também ouviu algumas das preocupações diárias da população, “como o custo de vida e o dinheiro não ser suficiente”, “a saúde e a educação”, “os preços da habitação” e ainda a agricultura.
Instado a comentar sobre o discurso de 4 de maio e os recados ao Governo na sequência da recusa de demissão de João Galamba do Ministério das Infraestruturas, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que “deitar o jogo abaixo teria mais custos do que vantagens“. Lembrou, no entanto, que “uma maioria absoluta tem uma responsabilidade absoluta”. Ou seja, “se o Governo não fizer nada, [o povo] será mais exigente” do que no tempo sem a maioria absoluta dos deputados na Assembleia da República.
O Presidente da República admitiu ainda que os portugueses não queriam a dissolução do parlamento. “Quero ser muito sincero: acho que havia muitos comentadores que queriam que eu dissolvesse e eu tinha a noção de que o povo não queria que eu dissolvesse”, justificou Marcelo.
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