Roberta Metsola desafia PCP a ir a Kiev e critica Chega sobre migrações
A presidente do Parlamento Europeu desafiou a deputada Paula Santos a falar em Kiev perante os deputados ucranianos. Pediu ainda a André Ventura que pondere posições sobre migrações.
A presidente do Parlamento Europeu desafiou a deputada comunista Paula Santos a falar no Parlamento de Kiev perante os deputados ucranianos. Durante o debate na Assembleia da República, em que participou esta sexta-feira, Roberta Metsola pediu ainda ao líder do Chega, André Ventura, para ponderar posições sobre migrações.
“Eu decidi falar no Parlamento da Ucrânia no dia 1 de abril de 2022. Peço-lhe (deputada Paula Santos) para que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos. Para falar com esses deputados que não falam com as mulheres durante semanas, cujos filhos não podem ir à escola (…). Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia. Nem mais nem menos”, disse Metsola, dirigindo-se à deputada do PCP.
A líder parlamentar comunista reiterou que “é preciso parar de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e abrir vias de negociação”, e considerou que “a UE que mobiliza e disponibiliza milhões de euros para o armamento é a mesma que recusa a valorização dos salários e das pensões”.
Sobre os efeitos da guerra na Ucrânia, sobretudo económicos, Metsola acrescentou que é preciso ouvir os jovens afetados pela crise da habitação e os empresários atingidos pela inflação.
Peço-lhe (deputada Paula Santos) para que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos. Para falar com esses deputados que não falam com as mulheres durante semanas, cujos filhos não podem ir à escola (…). Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia. Nem mais nem menos.
Roberta Metsola participou esta sexta-feira num debate na Assembleia da República que considerou “muito animado” por parte dos deputados dos vários partidos portugueses.
Respondendo diretamente ao líder do Chega sobre os casos de alegada corrupção na UE, Metsola disse que é preciso encarar e analisar o problema, mas sublinhou que se devem evitar generalizações. “Vimos o que aconteceu e vimos o que podemos fazer melhor, mas temos de ser um Parlamento que não é empurrado para um canto por aqueles que querem destruir o projeto europeu, por causa de alegadas ações praticadas por alguns”, disse Roberta Metsola.
Referindo-se às críticas de André Ventura sobre as políticas migratórias da UE, Metsola recordou que em 2022 assinalam-se dez anos sobre a maior crise no Mediterrâneo, urgindo o deputado a ponderar as posições.
“Eu venho de uma ilha (Malta) que está no centro do problema. Sabe o que dissemos há dez anos? Dissemos: ‘Nunca Mais’. Finalmente temos, entre os Estados membros, meios de seguir em frente. O senhor [André Ventura] pode dizer ‘nem pensar’ mas o que eu lhe peço é que se sente à mesa e vote por um pacto que também olha pela proteção das fronteiras, porque há países mais pressionados que outros”, disse Metsola.
“Não se esqueça disto: para milhões de pessoas ainda é mais seguro embarcar e enfrentar a morte (…) Estamos a falar de pessoas”, declarou a presidente do Parlamento Europeu, dirigindo-se a Ventura.
Regulamentação da IA
Na Assembleia da República, Roberta defendeu ainda a importância de existir legislação europeia que regule a inteligência artificial (IA). “Acabo de chegar do Parlamento Europeu, onde votámos a legislação mais avançada do mundo em matéria de inteligência artificial. Elaborámos uma lei que nos permite ser líderes mundiais na inovação digital, com base nos valores da UE”, disse, sublinhando a importância da regulação nesta matéria.
“No futuro, vamos precisar de limites claros e constantes para a inteligência artificial. Vamos incentivar a inovação, mas há uma coisa que não vamos comprometer: sempre que a tecnologia avança, deve ser acompanhada pelos direitos fundamentais e pelos valores democráticos”, declarou Metsola.
Neste aspeto, a Presidente do Parlamento Europeu disse que a União Europeia tem de reconsiderar a forma como “legisla e pensa”. “Começou uma nova era e, com ela, uma ameaça de agentes malignos que utilizam a tecnologia para minar as nossas democracias. Trata-se de uma nova forma de ameaça híbrida que temos de enfrentar em conjunto”, acrescentou.
Num discurso em inglês, Metsola, de origem maltesa, disse ainda que a transição climática não pode ser ignorada e que a recuperação económica pós-pandemia (Covid-19) continua a ser “demasiado frágil”.
Roberta Metsola sublinhou o papel de Portugal como membro do bloco europeu, considerando que se trata do ponto onde a Europa começa. “É verdade que Portugal sabe ultrapassar melhor do que ninguém os desafios da geografia. O vosso país é a nação onde a Europa começa. Da América Latina, de África à Ásia, os laços únicos (de Portugal) permitiram que a Europa falasse ao mundo (…) o Corvo – uma ilha de 17 quilómetros quadrados nos Açores – está tão longe dos Estados Unidos como de Bruxelas. É a nossa porta de entrada para o mundo. Isto é a Europa”, disse Metsola.
É verdade que Portugal sabe ultrapassar melhor do que ninguém os desafios da geografia. O vosso país é a nação onde a Europa começa. Da América Latina, de África à Ásia, os laços únicos (de Portugal) permitiram que a Europa falasse ao mundo (…) o Corvo – uma ilha de 17 quilómetros quadrados nos Açores – está tão longe dos Estados Unidos como de Bruxelas. É a nossa porta de entrada para o mundo. Isto é a Europa.
Esta é a primeira vez que um presidente de uma instituição europeia participa num debate com os líderes parlamentares, no plenário da Assembleia da República. Durante a tarde, Roberta Metsola participa no Conselho de Estado, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. A reunião vai abordar as perspetivas sobre a atualidade da agenda europeia, a menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu.
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