Uma em cada quatro vacinas da Covid compradas por Portugal foi doada ou revendida
Até terça-feira, Portugal recebeu 43.484.000 vacinas contra a Covid-19, tendo sido administradas 27.075.000. Mais de dez milhões foram doadas ou revendidas.
Mais de uma em cada quatro vacinas contra a Covid-19, do total das 43.484.000 recebidas em Portugal, foram doadas ou revendidas a outros países, revelou esta quarta-feira o responsável do Núcleo Coordenador de Apoio ao Ministério da Saúde.
Segundo dados avançados pelo coronel Carlos Penha Gonçalves na comissão parlamentar de Saúde, Portugal recebeu até terça-feira 43.484.000 vacinas, tendo sido administradas 27.075.000 vacinas, e mais de dez milhões foram doadas ou revendidas por diferentes mecanismos a outros países.
Citando dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), o coronel Penha Gonçalves realçou que Portugal é o país europeu com mais doses administradas por 100 habitantes (275), seguido da Dinamarca, Irlanda e da Bélgica que administraram 257 doses por 100 habitantes.
“É uma diferença grande e eu diria que é uma boa medida da eficácia do processo”, disse o responsável, observando que, segundo os dados do ECDC, Portugal nem é dos países que recebeu mais vacinas por 100 habitantes através do processo de compra centralizada conduzido pela Comissão Europeia.
Em primeiro lugar está a Áustria, com 583 doses por 100 habitantes, seguida da Letónia, com 484, e da Espanha, com 444. Portugal aparece em 11.º lugar, com 344 doses por 100 habitantes, disse Penha Gonçalves na comissão de Saúde, onde foi ouvido a pedido do PS “sobre o ponto de situação do processo de vacinação em curso, designadamente sobre o contributo deste processo para o número de mortes evitáveis e sobre as estratégias para a garantir o sucesso da vacinação no futuro”.
Questionado pelo deputado do Chega Pedro Frazão sobre os 3,5 milhões de vacinas contra a Covid-19 que foram inutilizadas por ter passado o prazo de validade, o responsável explicou que as vacinas são utilizadas de acordo com os parâmetros técnicos e científicos que balizam a sua utilização, sendo que há constrangimentos desta ordem que “determinam o modo como são utilizadas as vacinas e às vezes isso tem um impacto na ultrapassagem dos prazos de validade”.
Fazendo uma análise da situação atual, o coronel Penha Gonçalves afirmou que as autoridades estão “a vacinar a um ritmo muito baixo”, estando o processo a ser feito nos centros de saúde. “Temos 700 pontos de vacinação e uma capacidade de 70.000 vacinas por semana, portanto, estamos mesmo entre fases de campanha”, disse, lembrando que a campanha de vacinação tem um dispositivo de 300 a 400 pontos de vacinação, com uma capacidade de administrar cerca de 100.000 vacinas por dia.
“Aquilo que nós conhecíamos como dispositivo de vacinação para vacinação massiva foi desmantelado e toda a vacinação recuperou para os cuidados de saúde primários”, comentou, adiantando que o mecanismo de marcação que está a ser utilizado é o agendamento local.
Penha Gonçalves disse ainda que as autoridades continuam “a monitorizar tudo o que se está a passar”, mas referiu que o mecanismo que existia, de contacto semanal e às vezes bissemanal com todos os agentes que estavam a operar, não se justifica neste momento.
“E, portanto, enquanto não houver justificação na preparação da próxima campanha, não retomaremos esse contacto, mas assim que for necessário, claro que todos esses mecanismos vão ser reativados”, assegurou.
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