Autoridade da Concorrência arrisca perder poder de realizar buscas

TC considerou que a regra que permite as buscas e apreen­sões de e-mails feitas pela AdC, apenas com base na autorização do Ministério Público, e não do juiz, é inconstitucional.

O Tribunal Constitucional (TC) considerou recentemente que a regra que permite as buscas e apreen­sões de e-mails feitas pela Autoridade da Concorrência (AdC), apenas com base na autorização do Ministério Público e sem a intervenção de um juiz de instrução, é inconstitucional.

Num acórdão de março, a juíza conselheira concordou com o recurso interposto pela Jerónimo Martins e pelo Pingo Doce da decisão de março de 2020 da Relação de Lisboa. Uma decisão que é sobre um só caso, mas há quem alerte para o risco de alastrar aos restantes processos de práticas restritivas da concorrência, em que o caminho seguido foi o mesmo.

Advogados contactados pelo ECO/Advocatus alertam que “não é necessária uma alteração da lei para a AdC cumprir a decisão do Constitucional”. E concluem que, se esta decisão se repetir em três processos diferentes, fica em aberto a declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral. Aí, não restará outra hipótese à AdC, que ficará obrigada a ter o aval de um juiz para apreender correio eletrónico. E mais: acham “conveniente, e urgente, alterar o Regime Jurídico da Concorrência, adequando-o àquelas decisões, sob pena de, sendo declarada a inconstitucionalidade com força obrigatória geral, a AdC perder de todo qualquer poder de realizar buscas nas entidades visadas nas suas investigações, e, com isso, perder grande parte dos seus poderes de investigação”.

As empresas do grupo Jerónimo Martins contestavam as buscas e a apreensão de e-mails realizadas em fevereiro de 2017, impugnação que não tinha tido concordância nem na primeira instância, no Tribunal da Concorrência, em Santarém, nem no recurso, no Tribunal da Relação de Lisboa.

No entanto, esta situação também pode contribuir para reduzir as coimas de mais de mil milhões de euros já aplicadas pela AdC em processos que envolvem o setor da distribuição alimentar, que envolve retalhistas como o Pingo Doce, o Continente, o Auchan, o Lidl e vários fornecedores.

Por isso mesmo, no dia 7 de junho, o presidente da AdC, Nuno Cunha Rodrigues, no Parlamento, defendeu a alteração da lei da Concorrência, argumentando que tem inconsistências, e admitiu alguma apreensão com estes acórdãos que põem em causa a atividade do supervisor. O presidente da AdC admitiu que “são acórdãos que causam alguma apreensão na AdC, porque estão em causa buscas que a Autoridade fez” através de um mandado emitido pelo Ministério Público, salientando que este organismo está a apreciar “tudo isto”.

Advocatus Summit Lisboa 2020 - 10NOV20
Nuno Cunha Rodrigues, presidente da AdCHugo Amaral/ECO

O que dizem os especialistas em Concorrência?

“O problema da atuação da AdC reside na própria norma que a suportou. De facto, a norma em causa permite buscas, exames e apreensões de documentos ou extratos de escrita, sob autorização de autoridade judiciária, leia-se, do Ministério Público”, explica Nuno Morais, sócio da Pragma e responsável pela área de direito da Concorrência e EU. Mas, na Constituição, está previsto que “é proibida toda a ingerência das autoridades públicas na correspondência, nas telecomunicações e nos demais meios de comunicação, salvos os casos previstos na lei em matéria de processo criminal”. E esta ressalva, diz o advogado, “obriga a que qualquer tipo de mandado destinado a autorizar as buscas e apreensões seja emitido por juiz, e não pelo Ministério Público. As decisões do TC em causa, desconhecendo pormenores de cada caso além dos próprios acórdãos, parecem-me, pois, adequadas ao teor e propósito da Constituição de garantir o sigilo da correspondência”.

Mas alerta que estes acórdãos proferidos apenas produzem efeitos no respetivo processo, sendo certo “que a decisão se repetir em três processos diferentes fica em aberto a declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral. Exatamente por este motivo, é conveniente, e urgente, alterar o Regime Jurídico da Concorrência, adequando-o àquelas decisões, sob pena de, sendo declarada a inconstitucionalidade com força obrigatória geral, a AdC perder de todo qualquer poder de realizar buscas nas entidades visadas nas suas investigações, e, com isso, perder grande parte dos seus poderes de investigação”.

Gonçalo Anastácio, líder do Departamento de Concorrência e União Europeia da SRS Legal defende que “os recentes acórdãos do Tribunal constitucional não obrigam a alteração da Lei da Concorrência. Não obstante, a lei da Concorrência poderá ser ajustada para clarificação em linha com a recente jurisprudência do Tribunal Constitucional. Sara Estima Martins, sócia do mesmo departamento da SRS Legal, acrescenta que “a Lei da Concorrência dá margem à AdC para solicitar o mandado à autoridade judiciária que seja adequada, consoante o caso. Assim, pretendendo incluir nas suas buscas a correspondência eletrónica, a AdC poderia (e deveria) ter solicitado os mandados ao juiz de instrução, e não ao MP. Nesse sentido, podemos dizer que a AdC fez uma interpretação incorreta da Lei da Concorrência, tal como determinou o TC”.

Rita Vasconcelos, sócia da Cruz Vilaça Advogados sublinhou que se compreende esta decisão da juíza do TC “porque é o juiz, imparcial, que pode assegurar, no caso concreto, a adequação, a necessidade e a proporcionalidade daquele meio de obtenção de prova, face à gravidade das práticas e à indispensabilidade da diligência para o caso”. Alertando que, apesar do acórdão ser muito recente, “esta não é uma questão nova. A AdC tem vindo a ser alertada para este risco desde há vários anos. A AdC – entidade que detém um leque de poderes de investigação alargado – tem obrigação de respeitar os direitos fundamentais das empresas na realização da sua missão de assegurar a aplicação das regras de promoção e defesa da concorrência. Para cumprir o acórdão do Tribunal Constitucional não é necessário alterar a lei”, concluiu a advogada.

O sócio responsável pela área de EU e Concorrência da Sérvulo, Miguel Gorjão-Henriques, considera que uma alteração na lei é “desnecessária, inútil, não resolve o problema enorme criado pelo modo de atuação da administração da AdC, no passado e até recentemente. A alteração da lei, como sugerido pelo regulador, não vai certamente tornar legítimas buscas feitas no passado com desrespeito pela própria lei da concorrência e pela Constituição”. E diz ainda que será “mais avisado aguardar pelo normal desenvolvimento da atividade judiciária, seja com a próxima pronúncia do Tribunal Constitucional seja com a reforma do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa em conformidade com o juízo de inconstitucionalidade proferido”.

O advogado realça o facto de o TC ter vindo a ter uma prática “decisória firme e consistente”, já tendo declarado, em três ocasiões (uma delas através de formação de Plenário e há 2 anos, e duas em processos de fiscalização concreta, já este ano) que a “apreensão de correspondência eletrónica depende, entre outros fatores – e todos sabemos porque razão em Portugal é tão restritiva a possibilidade de apreensão de correspondência – de mandado judicial prévio e que é irrelevante que os emails estejam abertos ou fechados, lidos ou não lidos”.

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Banco de Portugal mais pessimista que o Governo na execução do PRR este ano

“A previsão de execução do PRR que consta do BE no horizonte de projeção”, que “é um pressuposto do Banco de Portugal”, “é menos ambiciosa que o assumido pelo Governo, no caso de 2023”.

O Banco de Portugal prevê a execução de 15% das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) este ano. De acordo com o Boletim Económico de junho, a execução será inferior à estimada pelo Governo. “Considera-se uma evolução mais gradual” do PRR, “que coloca a percentagem de execução em cerca de 15% em 2023 e 25% nos anos seguintes”, pode ler-se no Boletim Económico da instituição liderada por Mário Centeno. “As dificuldades na realização efetiva da despesa na fase inicial são comuns aos restantes países da área do euro”, contextualiza o banco central.

No entanto, “a previsão de execução do PRR que consta do Boletim Económico no horizonte de projeção”, que “é um pressuposto do Banco de Portugal”, “é menos ambicioso que o assumido pelo Governo, no caso de 2023”, acrescentou ao ECO fonte oficial do Banco de Portugal.

O Executivo definiu como meta atingir 32% de execução do PRR até ao final do ano, mas esta percentagem estava condicionada à reprogramação da bazuca. Por isso, o Governo admitia que ainda poderia sofrer alterações. De facto, se Bruxelas der luz verde ao exercício, então, este ano, em vez de executar 32% das metas e marcos, o país propõe-se executar 21%.

Portugal recebeu mais 5,6 mil milhões de euros no âmbito da reprogramação. Ou seja, passa de 16,6 mil milhões de euros para 22,2 mil milhões. Este aumento de 33,7%, decorre não só de um reforço das subvenções (2,4 mil milhões), mas também a um recurso mais substantivo aos empréstimos (3,2 mil milhões). E com mais dinheiro vem o compromisso de fazer mais reformas e investimentos. Agora, o país terá de cumprir 501 metas e marcos, o que compara com os anteriores 341. Contudo, este ano não haverá alterações no número de metas e marcos a cumprir: são 52 para solicitar o terceiro e quarto cheque. Um pedido que será feito em simultâneo.

Mas estes objetivos são para o cumprimento de metas e marcos, quando os 15% que o Banco de Portugal prevê para este ano são em termos de execução financeira. Embora não seja na célebre bitola dos pagamentos aos beneficiários finais – que vai, presentemente, em 12%, com 2,03 mil milhões de euros pagos.

A perspetiva” dos 15% de execução “é a do momento do registo dos fundos do PRR enquanto despesa das administrações públicas”, explicou fonte oficial do BdP. “Esta difere do cumprimento de metas e marcos que são necessários atingir para o recebimento das diversas tranches de fundos do PRR”, acrescenta a mesma fonte. Mas, no PRR há que ter em conta que “os fundos são todos registados nas contas das administrações públicas no momento da realização da despesa, mesmo que estas não sejam os beneficiários finais”.

O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre o valor do PRR que o Governo prevê executar este ano e que está subjacente à previsão de crescimento de 1,8% do PIB, inscrita no Programa de Estabilidade, e não obteve resposta até à publicação deste artigo. Mas, no Programa de Estabilidade está definido que o impacto do PRR nas projeções do Executivo ascende a 1,5% do PIB: as subvenções equivalem a 1,4% do PIB e os empréstimos a 0,1%, valores que são incluídos na projeção da receita. Tendo em conta a previsão de crescimento de 1,8% do Produto que o Governo tem inscrito no Programa de Estabilidade em causa estão cerca de 3,65 mil milhões de euros.

No Programa de Estabilidade, está previsto um crescimento de 3,4% do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), à boleia “do aumento significativo da execução dos fundos europeus, em particular do PRR”, que “potencia um comportamento robusto do investimento público, que deverá compensar uma eventual queda do investimento privado, condicionado pelo clima de incerteza e pelo aumento significativo dos custos de financiamento”, lê-se no documento.

De sublinhar que as previsões de evolução do investimento do Ministério das Finanças são muito mais otimistas do que as do Banco de Portugal que aponta para uma progressão de 3% este ano, o Conselho das Finanças Públicas de 3,2%, a OCDE prevê um crescimento de 3,1% e a Comissão Europeia aponta para apenas 2,9%.

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos dados sobre as finanças públicas no primeiro trimestre, enquanto no Parlamento se debate o voto antecipado e em mobilidade nas eleições Europeias.

Serão conhecidos dados relativos às contas públicas no início do ano, que permitirão perceber se Portugal arrancou o ano com um excedente orçamental, como preveem alguns economistas. Além disso, termina a Cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, lançada pelo Presidente francês Emmanuel Macron. No Parlamento, debate-se o voto antecipado para as eleições europeias, enquanto numa cimeira do BIS se discute o futuro das criptomoedas.

INE divulga saldo externo e orçamental de Portugal

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica esta sexta-feira as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, referentes ao primeiro trimestre deste ano, em que o PIB cresceu 1,6% em cadeia e 2,5% em termos homólogos. Estes dados permitem perceber com mais detalhe a situação económica e financeira dos vários setores, nomeadamente as famílias, a Administração Pública e as empresas, bem como o saldo externo do país. Os economistas sondados pela Lusa antecipam que os dados apontem para um excedente orçamental no arranque do ano.

Banco de Portugal publica indicadores sobre défice e dívida

O Banco de Portugal vai também publicar um conjunto de indicadores esta sexta-feira, que permitem completar o “raio-X” às finanças públicas. Serão conhecidos dados sobre as contas financeiras, receitas e despesas e a dívida das Administrações Públicas no primeiro trimestre de 2023, bem como estatísticas de Finanças Públicas (défice, dívida e ajustamento défice-dívida) e sobre o financiamento das Administrações Públicas em percentagem do PIB.

Termina cimeira para novo pacto financeiro global

Chega ao fim esta sexta-feira a Cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, realizada em Paris e lançada pelo Presidente francês, que tem na lista de presenças o primeiro-ministro António Costa, bem como mais de 40 chefes de Estado e de Governo, além de muitas personalidades do setor privado. A cimeira tem como metas a promoção de uma reforma do Banco Mundial e do FMI e a reestruturação da dívida dos países sobre endividados.

Parlamento debate voto antecipado e em mobilidade para europeias de 2024

Na reunião plenária desta sexta-feira, os deputados vão discutir iniciativas sobre o voto antecipado e em mobilidade para as eleições Europeias de 2024, que se realizam junto dos feriados de junho. Está em causa uma proposta do Governo que “estabelece regimes excecionais de exercício do direito de voto em mobilidade e do direito de voto antecipado para a eleição do Parlamento Europeu a realizar em 2024”, mas também iniciativas do PAN e do Livre.

Membro do BCE discute futuro das criptomoedas

Fabio Panetta, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu, discursa esta sexta-feira sobre o futuro das criptomoedas, na 22.ª Conferência Anual do Bank for International Settlements (BIS). Esta conferência do BIS debruça-se sobre bancos centrais, estabilidade macrofinanceira e o futuro do sistema financeiro.

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Nível de endividamento das famílias está em mínimos de 1999

No final do ano passado, o montante de dívida acumulado pelas famílias era de 22,2% do seu património líquido. É preciso recuar 23 anos para se observar um rácio de endividamento tão baixo.

Há dez anos consecutivos que o património das famílias está a crescer. Só no ano passado, a riqueza global das famílias nacionais cresceu 5,6% para 978 mil milhões de euros, o valor mais elevado de sempre.

Na equação do deve e do haver, também a dívida das famílias tem engordado, mas a um ritmo muito inferior: segundo dados do Banco de Portugal, além de em 2022 o passivo das famílias ter aumentado 4,1% para 178 mil milhões de euros, também nos últimos dez anos a dívida aumentou, em média, a um ritmo de apenas 0,1% por ano, que compara com um crescimento médio anual de 3,7% dos ativos das famílias.

Esta dinâmica contribuiu para uma melhoria significativa do “balanço” dos agregados familiares. O impacto deste movimento no ano passado foi de tal ordem que há 23 anos, desde a adoção do Euro, que as famílias não apresentavam uma robustez financeira das suas contas tão grande como em 2022.

De acordo com cálculos do ECO com base nas mais recentes séries longas do património das famílias (1980-2022) publicadas pelo Banco de Portugal no boletim económico de junho, o rácio da dívida face ao património era de 18,2% no final do ano passado, cerca de 3,84 pontos percentuais abaixo da média dos últimos 24 anos (22%) e menos 7,69 pontos percentuais face aos 25,9% registados em 2012, o valor mais elevado desde 1980.

Com base na evolução dos agregados familiares, estima-se ainda que cada família detenha, atualmente, em média, um património de 237 mil euros e um volume de dívida de 43 mil euros. Isto significa que, por cada 1.000 euros de ativos, as famílias têm 182 euros de dívida. Há dez anos, este rácio era 38% superior, com o endividamento das famílias a contabilizar 251 euros por cada 1.000 euros de riqueza.

Estes números mostram que, atualmente, as famílias têm maior margem de manobra para liquidarem as suas dívidas recorrendo à venda dos ativos do que tinham há uma década. Só os ativos financeiros (depósitos, ações, seguros, etc.), que pesam atualmente cerca de 49% do património global, são suficientes para cobrir até 1,7 vezes o montante de dívida por agregado familiar.

Em 2008, quando esse rácio atingiu o valor mais baixo de sempre, os depósitos e restantes aplicações financeiras não eram suficientes para pagar os créditos e todas as outras responsabilidades financeiras das famílias.

As famílias não têm vivido acima das suas possibilidades. A prudência na gestão dos seus ativos e da dívida têm orientado o comportamento da larga maioria dos agregados familiares.

“Os rácios de endividamento das famílias portuguesas, quer em percentagem do rendimento disponível, quer em percentagem dos ativos, reduziram-se significativamente desde a crise da dívida soberana”, refere o Banco de Portugal ao ECO. A atual almofada financeira espelhada por uma situação patrimonial “robusta” evidencia isso mesmo.

Contudo, não significa que não exista um número significativo de famílias endividadas, sobre-endividadas ou em risco de pobreza e exclusão social, que pela observação da média dos valores (tanto do património como da dívida) não são detetados — em 2021, 16,4% a população estava em risco de pobreza em 2021, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística.

A evolução do património das famílias em 2022, mas sobretudo ao longo dos últimos dez anos, revela também que as famílias não têm vivido acima das suas possibilidades. A prudência na gestão dos seus ativos e da dívida têm orientado o comportamento da larga maioria dos agregados familiares.

“A redução dos rácios de endividamento tem subjacente um nível de dívida relativamente estável em termos nominais e um aumento do rendimento, por um lado, e um aumento do valor dos ativos, por outro”, sublinha o Banco de Portugal em resposta ao ECO.

Isso é notório também no plano do crédito à habitação. Apesar da forte subida das taxas de juro em 2022, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, revelou, na audição parlamentar de 4 de abril, que, “para metade das famílias, 15,5% do seu rendimento líquido de impostos e contribuições é suficiente para fazer face às prestações do crédito à habitação.”

O governador do Banco de Portugal lembrou ainda que, em 2022, apenas 12,3% das famílias tinha taxa de esforço superiores a 36% em 2022 e que, para três quartos dos agregados familiares, a taxa de esforço era inferior a 25%.

Naturalmente que estes números terão sofrido um agravamento este ano, como resultado da contínua subida das taxas de juro e da taxa de inflação em 2023. No entanto, Mário Centeno revelou aos deputados que, no primeiro trimestre, metade das famílias aumentou a parcela do rendimento destinada ao crédito à habitação em menos de 2,4 pontos percentuais.

Esta pequena oscilação no esforço do orçamento destas famílias ocorreu, em grande medida, pelo recurso aos depósitos e a outros ativos financeiros para amortizar parte ou mesmo a totalidade do crédito à habitação e de outros créditos: só nos primeiros três meses do ano, as amortizações de crédito à habitação dispararam 70% face ao mesmo período de 2022, num total de 2,6 mil milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal.

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SAD do Boavista sob OPA espanhola a partir de sexta

  • ECO
  • 22 Junho 2023

Investidor espanhol Gérard Lopez oferece 56 cêntimos por cada ação da SAD do Boavista. Montante total da OPA é de mais de 768 mil euros e será paga em dinheiro.

Arranca esta sexta-feira a oferta pública de aquisição (OPA) do investidor espanhol Gérard Lopez sobre a Sociedade Anónima Desportiva do Boavista. Em causa está uma oferta para a compra de 39,22% do capital e direitos de voto do clube do Bessa, por um valor total de 768.712 euros, segundo prospeto divulgado nesta quinta-feira. A operação irá durar até às 15 horas de sexta-feira, 7 de julho.

O processo para a OPA obrigatória à Boavista SAD foi iniciado em 28 de julho de 2021, depois de a Jogo Bonito, sociedade de Gérard Lopez, ter passado a deter 50,78% do capital da SAD dos axadrezados. O empresário pagou 56 cêntimos por ação, num total de um milhão de euros.

Na altura, nem a Jogo Bonito nem a SAD do Boavista informaram sobre o acordo, o que levou à atuação do supervisor. A 30 de agosto de 2021 a CMVM determinou que Gérard Lopez tinha de avançar com uma OPA obrigatória sobre a totalidade das ações, por ter ultrapassado a fasquia dos 50% do capital, como determina a legislação.

O regulador determinou na altura que os direitos de voto de Gérard Lopez na SAD axadrezada ficariam inibidos durante cinco anos, cessando caso avançasse com “anúncio preliminar de oferta pública de aquisição mediante contrapartida não inferior à que seria exigida se o dever tivesse sido cumprido atempadamente”. Uma inibição que poderá agora ser levantada pela CMVM.

A Jogo Bonito anunciou a OPA em dezembro de 2021 sobre as ações de categoria B não detidas pela sociedade do Boavista. De fora ficam de fora as ações de categoria A, representativas de 10% do capital da SAD, que pertencem ao clube, conforme determina o regime jurídico das sociedades desportivas que existiu até ao final de 2022.

Em agosto de 2022, como a SAD do Boavista não fez uma avaliação do preço da OPA, foi necessário que a CMVM nomeasse um auditor independente para cumprir esse papel. Dois meses depois, o auditor independente fixou que o preço por ação não poderia ser inferior a 56 cêntimos.

Com o registo da OPA nesta quinta-feira, o empresário espanhol poderá reforçar o capital na SAD da Boavista a partir desta sexta-feira.

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MetLife estável no 1º primeiro trimestre de 2023

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2023

A MetLife registou uma faturação estável de 15.388 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2023, mantendo-se coerente com o período anterior, enquanto os lucros na região EMEA aumentaram em 30%.

A MetLife registou uma faturação total, globalmente, de 15.388 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2023. O total mantém-se alinhado com as receitas registadas no mesmo período do ano anterior, que se situaram em 15.405 milhões de dólares.

“Continuamos centrados na gestão do risco ao longo dos ciclos económicos e em controlar os resultados que podemos entregar aos nossos acionistas e stakeholders”, conclui, sobre os resultados da empresa, o presidente e CEO da MetLife, Michel Khalaf.

A nível global, o lucro depois de impostos da MetLife foi de 1.200 milhões de dólares nestes três primeiros meses do ano, o que representa um lucro por ação de 1,52 dólares. Comparando com o mesmo período do ano anterior, houve uma diminuição nos lucros, que alcançaram 1.700 milhões de dólares, correspondendo a 2,04 dólares por ação.

“Ainda que 2023 se esteja a perfilar como um novo ano de incerteza, as medidas acertadas que tomámos para enfocar, simplificar e diferenciar o nosso negócio refletem-se nos sólidos fundamentos do nosso negócio. Continuamos centrados na gestão de risco ao longo dos ciclos económicos e em controlar os resultados que podemos entregar aos nossos acionistas e stakeholders”, concluiu, sobre os resultados da empresa, o presidente e CEO da MetLife, Michel Khalaf.

Na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), as vendas da seguradora situaram-se em 266 milhões de dólares, um aumento de 27% em comparação com o primeiro trimestre de 2022, quando ajustado a câmbio constante. O crescimento foi impulsionado pelo aumento de vendas em toda a região.

O lucro depois de impostos na região EMEA alcançou os 60 milhões de dólares, o que representa um crescimento de cerca de 30% em relação a 2022. O aumento foi justificado pela subida das taxas de juro e pelo aumento do volume de vendas.

A rentabilidade financeira, medida pelo ROE, situou-se em 0,2%. Embora seja um valor relativamente baixo, a empresa está empenhada em melhorar sua rentabilidade e eficiência operacionais.

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Insurtech italiana cobre redes sociais, emails e contas financeiras digitais

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2023

Insurtech diz que detetou uma lacuna no mercado para as suas apólices, uma vez que concluiu que não existiam produtos de seguros que protegessem os consumidores contra a pirataria informática.

A insurtech italiana Wallife Group anunciou que vai disponibilizar soluções de seguros para fazer face aos roubos – cada vez mais comuns – de identidades digitais.

Segundo estatísticas da publicação especializada Gitnux, publicadas no guia ‘Social Media Hacking Statistics 2023’, os cibercrimes, nas plataformas de redes sociais, foram responsáveis por 3,25 mil milhões de dólares em receitas globais perdidas anualmente. Cerca de 64% das empresas sofreram incidentes relacionados com as redes sociais, como pirataria informática e fraude, de acordo com este diretório de software e serviços digitais.

“Vemos isto como uma oportunidade de lidar com riscos cibernéticos do ponto de vista do utilizador”, disse Maria Enrica Angelone, diretora executiva da Wallife.

A insurtech, oferece uma solução de seguro contra roubos de identidade digital chamada ‘Wallife Biometrics ID’, que protege a identidade dos indivíduos contra ameaças cibernéticas – como a invasão de conta Instagram – através dos smartphone. Disponibiliza ainda cobertura para poupanças financeiras, no caso de aplicações bancárias digitais serem pirateadas, método de pagamento digital ou conta de correio eletrónico. A insurtech promete atenuar o risco de roubo de dados pessoais de smartphones através da sua aplicação.

Em declarações ao Insurance Times, Maria Enrica Angelone, diretora executiva da Wallife, disse: “abrimos uma entidade jurídica no final de 2022. Queremos trazer novos produtos para o mercado do Reino Unido porque este está aberto à inovação. Vemos isto como uma oportunidade de lidar com riscos cibernéticos do ponto de vista do utilizador. Esperamos também aprender com esta geografia e compreender outros tipos de riscos”.

Como parte da iniciativa para lançar as suas apólices no Reino Unido, a insurtech também solicitou uma licença MGA, já contando com uma licença desta natureza no mercado de seguros italiano. A Waliffe foi fundada em 2020 por Fabio Sbianchi e, desde então, arrecadou mais de 15 milhões de dólares de investidores, que inclui a United Ventures.

A insurtech afirma que detetou uma lacuna no mercado para as suas apólices, tendo concluido que não existiam soluções de seguros que protegessem os consumidores contra a pirataria informática de contas de redes sociais, emails ou contas financeiras.

A insurtech utiliza ainda o método de gamification (utilização de videojogos) para educar os utilizadores sobre a aplicação, fazendo-lhes perguntas sobre proteção digital com recompensas pelas respostas corretas.

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Aon, Lloyd’s e VIG vão ajudar na reconstrução da Ucrânia

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2023

A Aon e a Lloyd's lançaram uma iniciativa destinada a facilitar capacidade de (re)seguros para apoiar a recuperação da Ucrânia, tendo o Vienna Insurance Group (VIG) como parceiro.

A Aon, o Lloyd’s e o Vienna Insurance Group (VIG) vão reunir esforços para fornecer coberturas de seguros à Ucrânia, a fim de apoiar a reconstrução do país afetado pelo conflito europeu, anunciou o Lloyd’s nesta quarta-feira.

“Com urgência e energia, vamos ajudar a restaurar o bem-estar social dos cidadãos, das comunidades e das empresas na Ucrânia”, afirmou Dominic Christian, presidente global de soluções de resseguro da Aon.

O compromisso segue o anúncio do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak sobre um novo quadro para o seguro de riscos de guerra. O Lloyd’s afirmou que as empresas se comprometem a “acelerar o acesso” aos seguros, tanto para as empresas internacionais como para as empresas nacionais ucranianas.

“Este compromisso único do Lloyd’s, da VIG e da Aon reúne a experiência comprovada da indústria seguradora em soluções inovadoras de gestão de riscos e de capital, pelo que, com urgência e energia, vamos ajudar a restaurar o bem-estar social dos cidadãos, das comunidades e das empresas na Ucrânia”, afirmou Dominic Christian, presidente global de soluções de resseguro da Aon, em comunicado. O objetivo é proporcionar acesso rápido a uma capacidade de (re)seguro suplementar estrangeira para apoiar as empresas que operam na Ucrânia com exposição a riscos das indústrias transformadora e de construção, e excluindo as coberturas de guerra. A iniciativa faz parte da Parceria de Financiamento Privado entre o Reino Unido e a Ucrânia.

“A região da Europa Central e Oriental é o nosso mercado de origem e estamos presentes na Ucrânia desde 2004”, referiu Peter Höfinger, membro do conselho de administração da VIG. “Em conformidade com a nossa estratégia de longo prazo, claramente seguida nos nossos mercados, consideramos que é nosso compromisso moral apoiar as empresas ucranianas no processo de reconstrução. Com esta parceria, estamos satisfeitos por podermos utilizar as capacidades internacionais do Lloyd’s e da Aon e por disponibilizarmos a nossa experiência local no setor dos seguros ucraniano.”

O diretor executivo do Lloyd’s, John Neal, acrescentou: “ao garantir que o mercado de seguros do país dispõe do capital necessário para liderar soluções de seguros para os seus clientes, apoiados pelo poder financeiro da indústria internacional de (res)seguros, podemos ajudar a reforçar a capacidade de resistência económica da Ucrânia à medida que recupera e reconstrói.”

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Mediadora CSB Seguros cresceu 15% e vai reforçar equipa

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2023

A mediadora de Diogo Bacelar e do Grupo Villas Boas atingiu receitas de quase um milhão de euros e está a apostar em responsabilidade civil, Vida e Saúde para acelerar crescimento.

A CSB Mediação de Seguros, associada do grupo de corretagem Villas-Boas, cresceu 14,7% a sua receita em 2022, atingindo 948 mil euros de receitas. Diogo Bacelar, administrador da CSB comenta que foi um ano “extremamente exigente ao nível financeiro, com uma inflação galopante, que nos colocou na contingência de atribuir uma verba extra salarial aos colaboradores para mitigar os efeitos da subida do cabaz alimentar, e uma cada vez maior concorrência de mercado e exigência dos clientes”.

” Foi um ano extremamente exigente ao nível financeiro, com uma inflação galopante, que nos colocou na contingência de atribuir uma verba extra salarial aos colaboradores para mitigar os efeitos da subida do cabaz alimentar”, descreve Diogo Bacelar, adminsitrador da CSB.

Para este ano a CSB está a apostar nos seguros de Responsabilidade Civil nas denominadas financial lines, e ainda em Vida/Saúde. Quer ainda “reforçar os seus quadros com gestor vocacionado para empresas e seus affinity, mas que seja polivalente pois muitos dos nossos clientes individuais, pelo seu perfil, são geridos com práticas de empresa, em termos de contactos, acompanhamento, necessidades de produtos diferenciados”.

O negócio da CSB é atualmente em 79% do valor proveniente de empresas e os ramos mais volumosos são vida e saúde com 39% e automóvel com 14%. Com vocação multimarca tem na AIG, Fidelidade e Tranquilidade as principais parcerias de seguros.

A fazer 20 anos de atividade, Diogo Bacelar refere ainda que foi atribuída à CSB a Certificação pelo seu desempenho financeiro de “SCORING TOP 5% Melhores PME de Portugal”.

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Fórum Nacional de Seguros 2023 vai juntar decisores do setor

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2023

Ao longo dos dias 4 e 5 de julho vão passar pela Alfândega do Porto os principais decisores dos seguros em Portugal a par com profissionais de todas as áreas do setor. Conheça debates e expositores.

Juntos no Fórum Nacional de Seguros: João Nuno Mendes, Margarida Corrêa de Aguiar, José Galamba de Oliveira e David Pereira.

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes vai encerrar o 2º Fórum Nacional de Seguros que se vai realizar nos próximos dias 4 e 5 de julho na Alfândega do Porto. Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF, fará uma exposição de abertura deste encontro, José Galamba de Oliveira, presidente da APS e David Pereira, presidente da APROSE também estarão presentes e farão intervenções públicas.

Este evento que já é um ponto de encontro anual do setor segurador volta a contar com o apoio institucional da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) e da APROSE – Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros, e vai reunir os stakeholders e profissionais de todas as áreas ligadas ao setor segurador e debater os seus principais desafios. O renovado papel dos seguros no aumento da proteção das famílias e empresas portuguesas, será o tema predominante quer dos expositores quer das diversas sessões de debate que irão acontecer ao longo dos dois dias do evento.

Mais de 30 parceiros terão um espaço de exposição e cerca de 20 debates e intervenções especializadas vão ocorrer num movimento diário de mais de um milhar de pessoas, todos profissionais procurando estar a par do melhor que acontece nos seguros em Portugal.

Siga-nos no nosso site dedicado aqui.

 

 

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Marcelo em silêncio sobre apoio às rendas até haver nova lei

  • Lusa
  • 22 Junho 2023

"Eu devo dizer que ainda não conheço o projeto de lei do PS, vou esperar para ver exatamente o que é que pretende: se é completar a lei anterior, se é alterar a lei anterior", assinalou o Presidente.

O Presidente da República recusou nesta quinta-feira comentar a polémica sobre o apoio extraordinário ao pagamento de rendas e afirmou que aguarda a nova lei da iniciativa do PS para alterar o decreto-lei de março sobre esta matéria.

“Eu devo dizer que ainda não conheço o projeto de lei do PS, vou esperar para ver exatamente o que é que pretende: se é completar a lei anterior, se é alterar a lei anterior, se é corrigir alguns aspetos da aplicação administrativa. Vamos esperar para ver”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à saída de uma conferência na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Interrogado sobre como interpreta a redação do decreto-lei de 22 de março, que para efeitos deste apoio extraordinário estabelece que se considera “o total do rendimento para determinação da taxa apurado pela AT [Autoridade Tributária] na liquidação do IRS”, o chefe de Estado recusou fazer qualquer comentário.

“Eu não me vou pronunciar sobre isso, porque isso é a questão sensível a ser tratada no futuro. Vamos esperar para ver”, respondeu. “Vamos esperar para ver qual é a iniciativa do PS”, reiterou.

O Presidente da República escusou-se a qualificar o despacho interno do Ministério das Finanças, assinado em 01 de junho pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Segundo o que foi noticiado por vários órgãos de comunicação social, este despacho indica que em vez do “total do rendimento para determinação da taxa”, que aparece na linha 9 das notas de liquidação do IRS, o apoio às rendas deve ser calculado tendo em conta o “rendimento bruto”, cujo valor aparece logo na primeira linha e abrange as deduções específicas.

Considerando-se um rendimento anual maior para o cálculo da taxa de esforço com rendas de habitação, resulta um valor menor de apoio extraordinário.

A oposição em geral contestou esta opção do Governo e o presidente do PSD, Luís Montenegro, apelou ao Presidente da República para que vete a futura lei a aprovar pelo PS no parlamento.

Mesmo sendo já conhecida a intenção do PS de consagrar na lei que o apoio às rendas seja calculado em função do “rendimento bruto”, indo ao encontro da opção do Ministério das Finanças, Marcelo Rebelo de Sousa reservou a sua posição para mais tarde: “Não me quero pronunciar sobre a matéria sem ver a lei”.

Perante a insistência da comunicação social para que qualificasse a atuação das Finanças, o chefe de Estado frisou: “Eu não me quero pronunciar sobre essa matéria, como já perceberam”.

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Governo promete a abertura de 561 vagas para promoção de oficiais de justiça

Desde 2019 que não se registavam promoções de trabalhadores pertencentes a esta carreira. Esta é uma das queixas que tem levado os oficiais de justiça a greves sucessivas desde janeiro.

O Governo aprovou a abertura de 561 vagas para promoção de oficiais de justiça, no âmbito da “estratégia de reforço e valorização dos recursos humanos levada a cabo pelo Ministério da Justiça”, segundo comunicado do gabinete de Catarina Sarmento e Castro.

Desde 2019 que não se registavam promoções de trabalhadores pertencentes a esta carreira. Diz o Governo que este “é mais um sinal de que o Ministério da Justiça reconhece e partilha das legítimas preocupações que têm sido transmitidas pelas estruturas sindicais representativas do pessoal da carreira oficial de justiça, tendo até agora desenvolvido todos os esforços para encontrar soluções que permitam alcançar o regular funcionamento dos tribunais e a desejável paz social”.

O Ministério da Justiça anuncia que tem em marcha as seguintes medidas

  • O reforço do número de oficiais de justiça com a entrada de 200 novos trabalhadores;
  • A promoção de 150 trabalhadores do Corpo da Guarda Prisional (CGP);
  • A contratação de 50 conservadores de registos e 240 oficiais de registos, recrutamento que não ocorria há mais de duas décadas;
  • Está ainda a decorrer o curso de formação para novos trabalhadores do CGP, com 111 formandos.

Sem esquecer o que o Governo chama de “passo histórico” que foi dado com a aprovação do plano de recrutamento plurianual para a Polícia Judiciária (PJ), que no final do ano de 2022 abriu procedimentos concursais para recrutamento de 195 novos profissionais a integrar as carreiras de especialista de polícia científica, inspetor e segurança e que, já no início do corrente ano, lançou mais dois concursos para recrutamento de 150 inspetores e 25 especialistas.

As medidas de recrutamento e promoções na carreira dos oficiais de justiça, a par do processo de revisão do Estatuto, que se encontra em curso – “e que sendo uma absoluta prioridade, ficará concluída este ano -, evidenciam o empenho deste Ministério na resposta àquelas que são as principais reivindicações apresentadas pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) e pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) para a manutenção das greves decretadas, numa clara convergência com as expectativas dos trabalhadores e com as preocupações das estruturas sindicais que os representam”, concluiu o mesmo comunicado.

Funcionários judiciais com a chamada greve atípica

Segundo o SFJ, no dia 30 de maio, o primeiro dia de uma greve atípica, realizada em moldes diferentes consoante os serviços e comarcas, e que decorre até 14 de julho, a adesão dos oficiais de justiça rondou os 90% o que leva o sindicato a considerar que o arranque da nova paralisação “correu muito bem”.

A greve estende-se até 14 de julho, mas não é contínua, com o pré-aviso que incidiu nos dias “29 a 31 de maio de 2023, nos dias 1 e 2, 5 a 9, 12 a 16, 19 a 23 e 26 a 30 de junho de 2023 e nos dias 3 a 7 e 10 a 14 de julho de 2023”.

A greve, decidida e anunciada no final de abril, depois de as paralisações anteriores não terem tido os resultados pretendidos junto do Ministério da Justiça, vai decorrer “num formato criativo”, que não será coincidente em comarcas, em horários ou jurisdições, ou seja, a greve pode decorrer de uma forma e horário num tribunal judicial e de outra diferente nos serviços do Ministério Público, ou dentro de uma mesma comarca decorrer de forma diferente nos diferentes tribunais que a compõem.

Não foram decretados serviços mínimos para a greve que se iniciou na segunda-feira e os seus impactos vão acumular-se com os que já se sentem na Justiça desde o início do ano, com sucessivas greves a adiar milhares de diligências e julgamentos.

Os funcionários judiciais querem ver garantidas pelo Ministério da Justiça questões de carreira como promoções e a integração do suplemento de recuperação processual no vencimento.

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