Diretora executiva do NatWest demite-se após polémica com conta de Nigel Farage

  • Lusa e ECO
  • 26 Julho 2023

Alison Rose, que renunciou ao cargo esta manhã, foi criticada por ter sido identificada como a fonte de informações incorretas divulgadas por um jornalista da BBC sobre a conta de Farage.

A diretora executiva do NatWest, um dos maiores bancos da Grã-Bretanha, demitiu-se esta quarta-feira, na sequência de uma polémica sobre o encerramento de uma conta bancária do antigo líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage. Alison Rose admitiu ter cometido um “sério erro de julgamento” por discutir o encerramento da conta de Farage no Coutts Bank, parte do grupo NatWest, com um jornalista da BBC.

Numa declaração divulgada esta quarta-feira, horas depois de ter expressado total confiança na responsável, o banco acabou por dizer que Alison Rose saiu “por mútuo acordo”. “É um momento triste”, disse ainda o presidente do banco, Howard Davies.

A responsável, que renunciou ao cargo hoje de manhã, foi criticada por ter sido identificada como a fonte de informações incorretas divulgadas por um jornalista da BBC sobre a conta de Farage. A emissora pública também foi forçada a pedir desculpa pelas informações incorretas divulgadas e que indicavam que a conta tinha sido encerrada porque Farage não atendeu à exigência de riqueza do banco – ter um empréstimo de um milhão de libras (1,1 M€) no Coutts.

Quando o caso veio a público, há algumas semanas, Farage admitiu que não sabia porque é que a conta tinha sido encerrada, mas depois disse ter tido acesso a um documento que questionava a sua adequação como cliente do Coutts. O documento expressava preocupação com as suas opiniões políticas e avaliava o risco relativo à sua reputação caso o mantivesse Farage como cliente.

Depois da divulgação da história pela BBC, baseada numa fonte anónima, Farage divulgou documentos que obteve do banco e que mostravam discussões entre funcionários sobre as suas opiniões políticas e o “dano à reputação” associado a mantê-lo como cliente. Os documentos diziam que Farage era “visto como xenófobo e racista” e “considerado por muitos como um vigarista hipócrita”.

Farage desempenhou um papel importante na retirada do Reino Unido da União Europeia, em grande parte alimentando preocupações sobre a imigração. Os eleitores acabaram por apoiar o Brexit num referendo realizado em 2016 e o Reino Unido deixou a UE em 2020.

Na noite de terça-feira, Rose pediu desculpa e reconheceu que ela era a fonte anónima da reportagem imprecisa da BBC, que afirmava que a decisão de fechar a conta de Farage era puramente comercial.

No Twitter, Farage escreveu que, depois da saída de Alison Rose, “outros devem seguir-se”. “Espero que isto sirva de aviso ao setor bancário. Precisamos de mudanças culturais e legais num sistema que, injustamente, encerrou muitos milhares de pessoas inocentes. Darei o meu melhor para ser a sua voz”, lê-se na publicação que fez esta manhã.

 

O NatWest foi resgatado pelo Governo durante a crise global de 2008 e quase 40% continuam a ser propriedade dos contribuintes britânicos.

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