Região do Vinhos Verdes espera um bom ano produtivo
"Não foi um ano fácil porque tivemos casos - como em várias regiões - de míldio, escaldão, mas este ano esperamos manter o ligeiro aumento de produção", indica a CVRVV.
A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes disse esta quarta-feira esperar um “bom ano” de produção, em linha com o registado em 2022, apesar dos fungos e dos casos mais frequentes de “escaldão”, fruto das alterações climáticas.
“Em termos de produção, espera-se um ano bom. Não foi um ano fácil porque tivemos casos – como em várias regiões – de míldio, escaldão, mas este ano esperamos manter o ligeiro aumento de produção conseguido no ano passado”, antecipou a presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Dora Simões, em declarações à Lusa.
Numa altura em que as vindimas na Região dos Vinhos Verdes ainda estão a arrancar, e com os dados disponíveis a esta data, a responsável considera estarem reunidas as condições para uma colheita de qualidade, em linha com a previsão do Instituto dos Vinhos Verdes (IVV). “No Vinho Verde tem havido renovação da vinha, há também alguma vinha nova. Essa vinha, instalada ao longo dos 10 últimos anos, é nova e tem uma produção boa. Parece-nos que vamos ter uma produção idêntica a 2022”, indicou.
No final de julho, o instituto anunciou que a produção de vinho em Portugal deverá aumentar 8% na campanha de 2023/2024, para um volume de 7,4 milhões de hectolitros, face à campanha anterior e 12% em relação à média das cinco últimas campanhas.
Em contraciclo com outras regiões vinícolas do país, onde as alterações climáticas obrigaram a antecipar a vindima, na Região dos Vinhos Verdes “o pleno da vindima” não é ainda uma realidade, sendo exceções os casos em que os viticultores optaram por antecipar a colheita. As razões, garante, prendem-se, sobretudo, com o perfil de vinho.
“Na Região dos Vinhos Verdes, há casos pontuais onde as vindimas já começaram, mas o início em força será feito nas próximas semanas, estimamos nós. No Vinho Verde, a vindima começa de norte para sul e em casos pontuais, o que aconteceu, reportam-se a castas mais precoces e a espumante, num volume pouco significativo”, explicou, acrescentando que o início da vindima na região está em linha com 2022.
“Daquilo que são os registos da Comissão e dos avisos que temos de vindima, o que temos agora não é nada relevante”, indicou, salientando que o pico da vindima deverá acontecer mais próximo da primeira semana de setembro, como é “normal” na região.
Devido às alterações climáticas, o que tem acontecido, referiu, são “mais casos de escaldão, – um tipo de sinistro que não existia ou não era vulgar na região e agora está a acontecer mais, mais até que o início de vindima precoce”. A estes desafios, acresce o impacto do incremento dos custos de produção e da falta de mão-de-obra que, sendo uma realidade no setor do vinho, tem levado muitas empresas em adotar sistema de vinha mecânica.
No início do ano, em declarações à Lusa, a presidente da CVRVV defendeu que o aumento de custos no setor, que subiu na produção, “devia ter sido refletido no preço da uva e não foi”. Questionada sobre se o contexto de alta inflação vivido em 2022 beneficiou os números da região, Dora Simões considerou que “não beneficiou ninguém”: com o preço a manter-se estável, os produtores tiveram de absorver os aumentos dos custos de produção.
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