CDS vai levar a Bruxelas envolvimento de Lacerda Machado em consórcio para comprar a TAP
CDS vai pedir a intervenção da Comissão Europeia e discutir no Parlamento Europeu o envolvimento de Lacerda Machado no consórcio nacional que pondera avançar na privatização da TAP.
O CDS vai pedir a intervenção da Comissão Europeia e discutir no Parlamento Europeu o envolvimento de Diogo Lacerda Machado no consórcio nacional que está a ser desenhado para apresentar uma proposta para comprar capital social da TAP.
Em comunicado, os centristas classificam o caso como “grave” e dizem que põe em causa a “credibilidade e saúde” da democracia. Nuno Melo, eurodeputado do CDS (que já não tem presença no parlamento nacional), desafia ainda o primeiro-ministro a dizer se está “confortável” e apela ao Presidente da República que esteja “particularmente atento” à privatização da TAP.
O presidente do CDS lembra ainda que Diogo Lacerda Machado é amigo próximo do primeiro-ministro “e como tal foi sempre apresentado”. Recorda ainda que o advogado “teve mandato” de António Costa “para reverter a privatização da TAP”, tendo sido, posteriormente, “nomeado pelo governo socialista para o conselho de administração da mesma TAP”.
Por isso, “a presença agora à frente de um consórcio que anuncia concorrer à futura privatização da TAP, coloca legitimamente uma questão de independência política”, sendo “legítimo acreditar-se que” significa “uma preferência do Governo, num concurso que tão pouco tem ainda o caderno de encargos publicado”, lê-se no comunicado no CDS.
Esta é a reação do CDS à notícia avançada esta quinta-feira pelo Jornal de Negócios, que escreveu que a corrida à privatização da TAP deverá contar com um consórcio nacional, que será liderado por Diogo Lacerda Machado, ex-administrador da companhia aérea.
De acordo com a notícia, deste consórcio fará ainda parte o dono da Avianca, Gérman Efromovich, naquela que, a confirmar-se, será a terceira tentativa do empresário para entrar no capital da TAP. Também o empresário nortenho Mário Ferreira, que controla a Media Capital, dona da TVI e da CNN Portugal, poderá já ter sido abordado para se juntar ao grupo, refere ainda a mesma publicação.
Ao Jornal de Negócios, Diogo Lacerda Machado respondeu apenas que tem sido abordado por “candidatos interessados” na TAP e não quis dar mais informação sobre o processo. Mas o certo é que o gestor, que é próximo do primeiro-ministro e foi consultor de António Costa para negócios com privados, já tinha admitido que poderia envolver-se na privatização: “Não excluo envolver-me se achar que posso ser útil à própria TAP”, respondeu em maio quando foi questionado na comissão de inquérito, apesar de ter assegurado, nessa altura, que não tinha aceitado “nenhuma das abordagens” de que tinha sido alvo por parte de candidatos à compra da companhia aérea portuguesa.
Quanto a Germán Efromovich, o jornal refere que o empresário colombiano-brasileiro, que também tem nacionalidade polaca, nunca perdeu o interesse na TAP, nem mesmo depois de ter ficado para trás no processo de privatização de 2015. Assim, deverá juntar-se ao consórcio português, que deverá ser formalmente anunciado nas próximas semanas, assegura a notícia.
Em relação a Mário Ferreira, o Negócios lembra apenas que Lacerda Machado é administrador da Mystic Invest, a holding de investimentos no turismo deste empresário, que é, igualmente, acionista do ECO. Esta quarta-feira, numa entrevista que deu ao Público, o investidor fez alguns comentários sobre o dossiê TAP: “Como empresário, gostava que o Estado mantivesse uma posição na TAP, que teria investidores privados portugueses ou internacionais, mas a gestão tem que ser privada, profissional, desligada dos ciclos políticos e bem auditada. Uma gestão despolitizada é fundamental”, afirmou.
Atualmente, o Governo está à espera de duas avaliações independentes à TAP que estão a ser elaboradas pela EY e pelo Banco Finantia. O Executivo espera fechar a venda até junho de 2024, mas ainda não decidiu qual a percentagem do capital que pretende alienar.
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