Bélgica pressiona bancos após captar 22 mil milhões junto das famílias

  • ECO
  • 4 Setembro 2023

Governo belga captou um valor recorde de 22 mil milhões de euros através de obrigações para as famílias. “É um sinal para os bancos”, atirou ministro das Finanças. Procura quebrou sistema informático.

O Governo belga captou um valor recorde de 21,9 mil milhões de euros junto das famílias através da venda de obrigações que foram desenhadas para concorrer com os depósitos bancários.

A operação, lançada no dia 24 de agosto, teve como objetivo pressionar os bancos belgas a melhorar a remuneração dos depósitos, um tema que tem causado polémica em vários países, incluindo Portugal.

A procura de larga escala foi “um claro sinal para os bancos”, referiu o ministro das Finanças belga, Vincent Van Peteghem, citado pela agência Reuters (conteúdo em inglês, acesso livre). “Os aforradores estão a enviar um sinal aos seus bancos: estamos à espera de juros mais elevados do que vocês estão a oferecer atualmente nos vossos depósitos, pedimos pelo menos o mesmo respeito que vocês têm com os vossos acionistas”, acrescentou o ministro.

Os títulos com a maturidade de um ano pagam uma taxa de juro de 3,3%, acima dos 2,5% que os bancos belgas oferecem, segundo o comparador Spaargids citado pela agência.

A agência que gere a dívida pública belga adianta que se tratou de uma das maiores operações de financiamento junto do retalho na Europa. O diretor da agência, Jean Deboutte, revelou que a forte procura provocou uma quebra nos sistemas informáticos por várias ocasiões durante o processo.

“A determinado momento tivemos uma subscrição por segundo. É um número que apenas encontramos paralelo na Amazon”, referiu.

A dívida pública tem se tornado na principal alternativa aos depósitos em vários países, devido à resistência dos bancos em melhorar a remuneração das poupanças. Por cá, os Certificados de Aforro tiveram uma forte procura na primeira metade do ano, captando mais de oito mil milhões de euros em cinco meses, antes de o Governo ter cortado a taxa de juro no início de junho.

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