BRANDS' ECO Município de Vila Franca de Xira recebe Prémio Autarquia do Ano

A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira esteve presente na 4ª edição do Prémio Autarquia do Ano onde, com o projeto “Museu do Neo-Realismo”, se destacou na categoria Cultura e Património e subcategoria Conservação do Património, o que lhe fez vencer o Grande Prémio.

Em entrevista ao ECO, o município explica em que consiste este projeto e quais as suas principais características.

Qual o processo inerente à criação e implementação do projeto, que acabou por se tornar vencedor nesta 4ª Edição do Prémio Autarquia do Ano?

A iniciativa de criação de um Museu dedicado ao neorrealismo nasceu em Vila Franca de Xira, na década de oitenta do século XX, e nasceu da vontade de um grupo de intelectuais ligados ao movimento neorrealista, concretizado através da criação da Comissão Instaladora do Museu do Neo-Realismo e da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo (APMNR), liderada pelo engenheiro António Mota Redol.

Em 1993 foi dado mais um passo com a abertura ao público do Centro de Documentação do Museu. O projeto foi evoluindo em torno da área arquivística e bibliográfica, porém, cedo enriqueceu e diversificou o seu património, desenvolvendo um vasto conjunto de coleções museológicas, com destaque para espólios literários e editoriais, arquivos documentais (impressos e audiovisuais), acervos iconográficos, obras de arte, bibliotecas particulares e uma biblioteca especializada na temática neorrealista.

Funcionando durante mais de 15 anos em instalações provisórias, o Museu, através da APMNR, e com o apoio do Município de Vila Franca de Xira, desenvolveu uma importante atividade que constitui um património fundamental que enformou o atual projeto museológico.

Criado de raiz enquanto instalação definitiva do Museu, o atual edifício, da autoria do Arquiteto Alcino Soutinho, foi inaugurado em outubro de 2007. Desde então o Município de Vila Franca de Xira assumiu de forma muito clara, no contexto da sua política cultural, a prioridade dada à ampla divulgação do movimento neorrealista em Portugal e no Mundo.

Quais foram as razões e necessidades que levaram ao desenvolvimento do projeto em questão?

Diversos territórios do Concelho de Vila Franca de Xira estão historicamente ligados a autores e obras de referência do movimento neorrealista, tais como Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes. O Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira consubstancia essas raízes históricas num espaço cultural de características únicas em Portugal, inteiramente dedicado à preservação da memória deste que é um dos mais importantes movimentos literários da história e da arte portuguesa do século XX.

Como foi o processo de escolha da categoria a inscrever nesta 4ª Edição do Prémio Autarquia do Ano?

Situando-se inequivocamente na Categoria de “Cultura e Património”, a Sub categoria “Conservação do Património” foi a que melhor se adequou à Missão desenvolvida por este Museu, inteiramente dedicado à preservação e divulgação de um vasto património material e imaterial relacionado com este movimento literário, que se traduz não só numa vasta obra bibliográfica, mas que abrange também muitas outras manifestações artísticas, tais como o Cinema, o Teatro e as Artes Plásticas.

Quais foram os resultados práticos da implementação do projeto em questão, junto da sua comunidade?

A atividade do Museu do Neo-Realismo assenta sempre na conjugação de muitas vontades em prol do serviço público e da democracia cultural, criando uma plataforma de livre acesso à literatura e à arte. Para além do espólio detido pelo próprio Museu, a grande maioria dos seus projetos representam também uma oportunidade para reunir e dar a conhecer neste espaço muitas outras obras de arte, imagens e documentação, gentilmente cedidas por instituições nacionais, internacionais e particulares. Esta generosidade e disponibilidade de colaboração representam uma importante rede de contactos institucionais e de individualidades que permitem fazer de Vila Franca de Xira e do Museu do Neo-Realismo um local privilegiado para a preservação e a valorização do enorme legado cultural que autores e artistas neorrealistas nos deixaram.

Toda esta visão e estratégia tem vindo a criar uma dinâmica de proximidade em relação às populações, nomeadamente as mais jovens, colocando o Museu do Neo-Realismo entre os melhores do país, com uma importância cultural que tem efeitos e repercussões que extravasam largamente as fronteiras da sua localização geográfica.

Em vésperas de celebrar 30 anos em termos absolutos e 16 anos de existência nas atuais instalações, a atividade regular do Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira continua a multiplicar exponencialmente as redes de contactos e as colaborações com curadores e Universidades, trazendo novos olhares sobre o movimento neorrealista e as suas diversas expressões artísticas.

Tem conseguido ainda olhar para as novas gerações de artistas e para a ligação do movimento com a produção artística e literária contemporânea, ultrapassando aí as fronteiras da sua vocação temática original para se situar no território das ideias e da cultura do século XXI e relacionando assim outras correntes literárias, artísticas e de pensamento.

Em 2021, num ano em que a afluência ao Museu foi ainda fortemente condicionada pela Pandemia, registou-se um total de cerca de 4600 visitantes. Em 2022, verificou-se já um crescimento deste número, registando-se um total de 7462 visitantes. Para além do público nacional, assinala-se também a presença de visitantes estrangeiros, provenientes da Alemanha, Brasil, Espanha, França, Holanda, Itália e Reino Unido, entre outros países.

Como descreveria a relação entre o projeto em questão e os objetivos traçados pelo seu município para 2023?

O Museu do Neo-Realismo, gerido pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, tem vindo a granjear grande reconhecimento e prestígio a nível nacional e internacional, desenvolvendo um trabalho notável na investigação e divulgação desta corrente literária. Desde outubro de 2007 foram produzidas mais de uma centena de exposições biobibliográficas, documentais e de artes plásticas, a maioria das quais documentadas pela edição de catálogos, complementadas por centenas de atividades paralelas. O Museu do Neo-Realismo é, assim, um equipamento fundamental no desenvolvimento da política cultural deste Município.

Em 2023 e nos próximos anos, continuará a desenvolver uma programação anual de Exposições, visitas guiadas dirigidas ao público adulto e escolar, ciclos de cinema, congressos, conferências e apresentações de livros.

Quais as áreas e setores de atuação que foram mais impactados, positivamente, com o projeto em causa? Quais os seus pontos fortes?

O Museu do Neo-Realismo foi construído com o objetivo de acolher o legado cultural neorrealista. A solidez deste projeto da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, consolidado com a adesão à Rede Portuguesa de Museus em 2021, está corporizada nos milhares de documentos que constituem os espólios literários, a biblioteca especializada e as centenas de obras de arte dos diversos autores do movimento neorrealista português. Este Museu é uma referência nacional com créditos reconhecidos nas diversas vertentes expositivas, de conservação e de investigação.

A atividade do Museu do Neo-Realismo traduz-se na presença constante das mais diversas manifestações culturais, com especial enfoque na Literatura, nas Artes Plásticas e no Cinema, mas também no Teatro, na Música, na Fotografia e noutras formas de expressão artística.

O Museu tem vindo a expandir cada vez mais as suas fronteiras, numa programação que ao mesmo tempo que cumpre a sua missão original de divulgação dos autores e do Movimento Neorrealista português, é também capaz de criar novos laços com o movimento artístico internacional.

Tem sido também uma prioridade na ação programática deste equipamento cultural municipal a abertura às novas gerações de criadores, numa estreita ligação com a arte e o pensamento contemporâneos.

Através das obras de artistas da nossa contemporaneidade, a partir dos Ciclos “Return of The Real” (2007-2013) e “Cosmo/Política” (2017-2021), o Museu do Neo-Realismo reforçou a sua abertura a um público mais jovem e aproximou as novas gerações do legado histórico do movimento neorrealista, afirmando a sua pertinência estética, social e política para o presente e para a criação contemporânea , mantendo o Museu de portas abertas ao futuro.