Paypal restringe conta de portuguesa após confundir Cuba do Alentejo com a ilha de Cuba
Maria tentou comprar bilhetes de comboio entre o município alentejano de Cuba e a estação do Porto-Campanhã, mas operação foi travada pelo Paypal por suspeitar da referência a "Cuba".
Há muito que os portugueses se habituaram a fazer trocadilhos entre a localidade alentejana de Cuba e a ilha de Cuba, que fica praticamente do outro lado do Atlântico. Mas desta vez a piada virou-se contra uma utilizadora portuguesa da empresa de pagamentos eletrónicos Paypal.
No passado dia 17, Maria (nome fictício) comprou bilhetes para uma viagem de comboio entre aquele município alentejano e a estação do Porto-Campanhã. Quando foi pagar os bilhetes adquiridos através da plataforma online da CP, usou a sua conta no Paypal.
Aparentemente, seria uma transação normal e livre de suspeitas para qualquer um. Mas fez disparar os alarmes na empresa de pagamentos com sede nos EUA quando os sistemas internos detetaram uma operação financeira relacionada com “Cuba”. Bastou um momento até que a conta fosse bloqueada. O pagamento dos bilhetes ficou pendente, a compra dos bilhetes não chegou a ser finalizada e Maria ficou a pensar que o problema teria sido da CP. Não foi.
Logo a seguir reparou no aviso deixado na sua conta do Paypal: “Precisamos de algumas informações da sua parte para verificar os detalhes da sua conta ou de algumas das suas transações recentes”.
“Algumas funcionalidades da sua conta ficarão limitadas até executar determinadas tarefas na conta. Poderá recuperar o acesso a estas funcionalidades assim que concluir estas tarefas”, acrescentava a mesma nota.
Estas tarefas de Maria para desbloquear a conta passavam por duas coisas, como se pode ver na imagem seguinte:
Sem poder realizar operações na sua conta, como efetuar pagamentos, receber ou enviar dinheiro, Maria explicou à empresa os contornos daquela transação: Cuba é um município em Portugal (e não a ilha nas Caraíbas), a CP é uma empresa de comboios (e não o Communist Party, se houvesse dúvidas) e a finalidade do pagamento era tão simples como para comprar um bilhete de comboio entre as localidades portuguesas de Cuba e o Porto (os parênteses são nossos).
O ECO tentou contactar o Paypal sobre este episódio, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo. Mas o que terá acontecido foi o seguinte: o regime de Havana está sob sanções americanas e o Paypal tem mecanismos internos para evitar que as restrições impostas pelas autoridades sejam violadas, sob pena de a própria empresa vir a ser punida. No momento em que suspeitou de uma operação relacionada com Cuba, a operação foi travada à espera de esclarecimentos.
Para Maria, que não quis ser identificada após o caso que partilhou na rede social X (ex-Twitter) ter recebido mais atenção do que desejaria, a explicação que deu para a transação fez sentido para o Paypal. Já recebeu um e-mail da empresa a indicar que a conta tinha sido “parcialmente restaurada”, mas pedia mais informações para recuperar o acesso total — embora a própria Maria assuma que, aparentemente, tudo voltou ao normal e pode realizar as operações que quiser.
Todas, exceto uma: já vai pensar duas vezes antes de comprar novamente bilhetes de comboio para Cuba no Alentejo através do Paypal.
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