A Patrícia quer educação financeira e empreendedorismo obrigatório na escola. E lançou uma petição
Cerca de mil cidadãos já aderiram à petição lançada pela fundadora da plataforma A Patrícia, que presta serviços financeiros a profissionais independentes das indústrias criativas.
Pouco mais de metade dos portugueses (55%) sabe o que significa inflação. E apenas 11%, face a 18% a nível europeu, tem elevados níveis de literacia financeira, apontou um estudo da Comissão Europeia conhecido este verão. É para mudar este cenário que surge uma petição online para tornar obrigatória a educação financeira e o empreendedorismo nas escolas, “capacitando os estudantes com habilidades financeiras e empreendedoras essenciais para seu sucesso futuro”, justifica Patrícia Cruz Silva, fundadora de A Patrícia, plataforma que presta serviços financeiros a profissionais independentes das áreas criativas. Mais de mil pessoas já aderiram.
Com 33 anos de idade e dez de carreira como responsável financeira na TorkeCC, uma consultora criativa com clientes na Europa, Ásia e América do Sul, antes de lançar o seu próprio projeto, Patrícia Cruz Silva há muito que se deu conta da dificuldade de muitos profissionais em tratar temas de índole financeira.
“Lidei com uma extensa quantidade de empresas e profissionais independentes, especialmente na indústria criativa. Percebi que os freelancers muitas vezes enfrentam dificuldades na gestão financeira e burocrática dos seus negócios, sobretudo no que diz respeito às obrigações fiscais“, conta a empreendedora. Criada há cerca de três anos, a plataforma apatricia.com é uma “solução personalizada para apoiar freelancers e pequenas estruturas empresariais na organização dos seus negócios”, tendo já trabalhado com “mais de uma centena”.
O certo é que as dificuldades detetadas nos profissionais independentes parecem ser transversais à sociedade portuguesa. Até 2028, Portugal tem em marcha uma Estratégia de Literacia Financeira Digital, desenhada com apoio da OCDE e da Comissão Europeia, com vista a “capacitar a população para a utilização adequada de serviços financeiros digitais e reduzir a exclusão financeira digital”, pode ler-se no site do Banco de Portugal.
Quais os objetivos da petição
Desconhecimento que a empreendedora considera que pode ser combatido através da educação nas escolas, os melhores locais para também incutir, desde cedo, espírito de empreendedorismo junto dos mais novos preparando-os para um mundo onde as formas tradicionais de emprego estão em plena transformação. E, para isso, lançou uma petição. Em menos de uma semana, mais de mil pessoas já assinaram.
A petição “foi motivada pela crescente necessidade de preparar os jovens para as complexidades financeiras da vida moderna e para incentivar o empreendedorismo desde cedo”, com o objetivo de “promover a inclusão desses temas no currículo escolar, capacitando os estudantes com habilidades financeiras e empreendedoras essenciais para seu sucesso futuro”, explica Patrícia Cruz Silva.
“Ao longo de quase três anos do projeto falei com centenas de pessoas e em todas as conversas houve um desabafo que foi comum: por que é que não me ensinaram isto na escola? Achei que estava na altura de agir e enquanto sociedade civil o que podemos fazer é garantir de que a nossa voz seja ouvida e que as mudanças desejadas sejam alcançadas. Esta petição não é apenas sobre obter assinaturas, mas sobre reforçar a conscientização deste tema”, destaca a profissional.
A incorporação de educação financeira no currículo escolar até ao ensino secundário — “dando noções básicas de poupança, orçamentação, investimento, impostos e planeamento financeiro” –, fomentar o empreendedorismo “essencial para o futuro de Portugal”, através da introdução “em todas as escolas de programas educacionais que incentivem a criatividade, a inovação e o pensamento empreendedor desde cedo” são dois dos objetivos da petição.
Outro objetivo é fornecer informação prática aos alunos sobre o mundo do trabalho, como os “vários regimes de contratação e respetivas obrigações fiscais e encargos sociais”, “sobretudo nos anos em que estão mais perto de entrar no mercado laboral”.
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