UBS antecipa cortes das taxas de juro do BCE em meados de 2024
Banco de Inglaterra deverá ser o primeiro banco central a cortar as taxas, logo no primeiro trimestre de 2024. Em meados do próximo ano será a vez do BCE e da Fed, segundo antevê o UBS.
O UBS antecipa uma queda das taxas de juro nos principais mercados no próximo ano. Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth Management (GWM), antecipa que os primeiros cortes poderão ocorrer já no primeiro trimestre pela mão do Banco de Inglaterra, por “a economia do Reino Unido ser mais sensível às taxas de juro que a economia europeia e norte-americana”.
Seguir-se-ão o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal norte-americana (Fed) que, segundo o UBS, deverão realizar os primeiros cortes em meados do próximo ano. “Até acho que haverá uma espécie de competição entre os dois para ver qual será o primeiro a cortar as taxas”, referiu Paul Donovan, esta quinta-feira, numa videoconferência com jornalistas a propósito da apresentação do outlook do banco para 2024.
Entre as expectativas do UBS para o próximo ano está um mar de desafios para os investidores. De acordo com as previsões do banco suíço, divulgadas esta quinta-feira, a economia dos EUA deverá apresentar um crescimento mais lento no próximo ano, “uma vez que os consumidores enfrentam ventos contrários cada vez mais fortes”, refere o banco no relatório.
Além da diversificação da sua carteira, a UBS recomenda os investidores a recorrerem a ativos alternativos ou a tomarem posições em ouro e petróleo para protegerem o seu capital contra os riscos do mercado do próximo ano.
Para a Europa, o UBS antecipa que a economia mantenha um crescimento moderado e que “a China entre numa ‘nova normalidade’ de crescimento mais baixo, mas potencialmente de maior qualidade”.
Com este cenário como pano de fundo, Mark Haefele, diretor de investimentos do UBS GWM, antevê um bom ano para portefólios de ações de qualidade, “incluindo no setor da tecnologia, que podem proporcionar um crescimento dos lucros mesmo num contexto de abrandamento do crescimento global.”
Entre os segmentos acionistas, Themis Themistocleous, responsável de investimento do banco para a região EMEA, refere ainda que “há boas oportunidades no segmento das pequenas e médias empresas”.
Como resultado de um ambiente generalizado de queda das taxas de juro, os analistas do UBS antecipam uma queda das yields das obrigações soberanas no próximo ano, cabendo aos investidores limitar as suas alocações em tesouraria e preferirem a aposta em obrigações de qualidade.
Por fim, no cenário central do banco suíço para 2024, está o sempre incerto impacto das tensões geopolíticas que, no próximo ano, “terão um papel de grande dimensão”, nota Mark Haefele.
Os analistas do banco suíço referem que as eleições presidenciais nos EUA, as guerras entre Israel e Hamas e entre a Rússia e a Ucrânia, e a atual rivalidade entre os EUA e a China poderão ter repercussões nos mercados mundiais. “Além disso, as decisões políticas no sentido de aumentar as despesas orçamentais avultadas e não financiadas criam riscos de investimento, tanto ascendentes como descendentes, para as previsões económicas de base.”
Nesse sentido, o UBS recomenda os investidores a tomarem estratégias de preservação de capital, com destaque para fundos de cobertura de risco, para o petróleo e para o ouro como ativos capazes de protegerem as carteiras dos riscos políticos que se vislumbram em 2024.
Para navegar no próximo ano, os analistas do UBS acreditam que os investidores devem concentrar os seus investimentos e as suas estratégias em cinco ideias gerais:
- Liquidez: Com a previsão da UBS de queda das taxas de juro em 2024, os seus analistas recomendam os investidores a limitarem a exposição em “cash” e aproveitarem as oportunidades geradas pelo mercado para melhorarem a rendibilidade da sua carteira recorrendo, por exemplo, a depósitos a prazos com prazo fixo, a um portefólio de obrigações com diferentes maturidades (bond ladder) ou a soluções estruturadas.
- Qualidade: O foco dos investidores em 2024 deverá concentrar-se em comprar qualidade. Para a UBS, as obrigações de qualidade devem proporcionar rendimento e valorização do capital, enquanto “as ações com balanços estáveis e margens de lucro sustentáveis estão provavelmente melhor posicionadas para gerar lucros, apesar de um crescimento económico mais fraco.”
- Forex e commodities: A UBS antecipa que o dólar americano permaneça apoiado em torno dos níveis atuais e o petróleo seja negociado na faixa de preços entre 90 a 100 dólares por barril. Nesse sentido, o banco suíço sugere os investidores a seguirem estratégias de geração de rendimento, ou estratégias que permitem aos investidores comprar sistematicamente divisas abaixo dos níveis atuais.
- Proteção: A incerteza geopolítica que deverá marcar presença em 2024 significa que os investidores precisam de se preparar para a volatilidade que se avizinha. Além da diversificação da sua carteira, a UBS recomenda os investidores a recorrerem a ativos alternativos ou a tomarem posições em ouro e petróleo para protegerem o seu capital contra os riscos do mercado no próximo ano, e não interromperem as suas atuais estratégias de investimento.
- Crédito alternativo: O cenário de taxas de juro mais baixas e a elevada volatilidade dos preços e dos spreads causada pelos elevados saldos de dívida global são, segundo a UBS, “favoráveis a várias estratégias de crédito, incluindo a arbitragem de crédito e a dívida em dificuldades.”
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