Líder do concurso para a construção de 117 comboios da CP em aperto financeiro
A Alstom, que lidera o concurso para o fornecimento dos novos comboios da CP, está a atravessar uma crise de liquidez. Compromissos com Portugal não serão afetados, garante.
A Alstom, a primeira classificada no concurso para o fornecimento de 117 novas automotoras elétricas para a CP, está a atravessar uma fase de aperto financeiro. Já anunciou um plano para 1.500 despedimentos, vai vender ativos 2.000 milhões em ativos e poderá avançar com um aumento de capital. Multinacional francesa garante que compromisso assumido com Portugal não está em risco.
A empresa francesa até terminou o primeiro semestre do exercício de 2023/2024 com lucros: 174 milhões de euros, quase tanto como no período homólogo. Mas está a atravessar uma crise de liquidez, com fluxos de caixa negativos de 1.119 milhões de euros.
O número não surpreendeu completamente os investidores. No mês anterior, a fabricante do TGV já tinha alertado que no conjunto do ano terá um défice de caixa entre os 500 e os 750 milhões. Nesse dia, o preço das ações mergulhou 38%, com os investidores a anteciparem a necessidade de medidas.
A Alston anunciou na quarta-feira um plano para reequilibrar a sua situação financeira, que passa pelo corte de 1.500 postos de trabalho, a venda de mil milhões de euros em ativos, a redução do endividamento e eventualmente um aumento de capital. Os títulos chegaram a tombar mais 22% durante a sessão atingido um mínimo histórico, depois do CEO, Henri Poupart-Lafarge, ter admitido à Bloomberg a possibilidade de avançar com a venda de novas ações.
A Alstom obteve a melhor pontuação no concurso para a construção de 117 automotoras elétricas para a CP, um contrato orçado em 800 milhões de euros, ficando à frente da alemã Stadler e da espanhola CAF. O relatório preliminar do júri foi entregue aos concorrentes em junho.
Uma das condições do caderno de encargos é que os comboios sejam construídos em Portugal. O projeto da multinacional francesa prevê o investimento na construção de uma fábrica em Matosinhos e uma oficina em Guifões, criando 300 postos de trabalho diretos.
A empresa francesa garante que os planos para Portugal não serão afetados. “A estratégia anunciada ontem não afeta os compromissos da Alstom com os seus clientes ou a sua capacidade produtiva. Os nossos objetivos de crescimento em Portugal continuam inalterados“, afirma ao ECO fonte oficial da multinacional francesa, cujas contas estão a ser penalizadas pela aquisição da canadiana Bombardier, finalizada em 2021.
O presidente da CP confirmou esta semana que a adjudicação dos 117 comboios (62 para os serviços urbanos e 55 para os serviços regionais) será feita ainda este ano e que o processo deverá estar concluído em breve. O “relatório do júri está a ser ultimado e é expectável que entre esta semana e a próxima já existam resultados”, afirmou, citado pelo Jornal de Negócios.
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