Alcochete com Humberto Delgado é a melhor opção para o novo aeroporto. Montijo e Santarém são considerados inviáveis
A Comissão Técnica Independente estima que construção da primeira pista em Alcochete demore sete anos e custe 8 mil milhões. Santarém e Montijo considerados opções inviáveis.
O relatório da Comissão Técnica Independente para o aumento da capacidade aeroportuária na região de Lisboa recomenda uma solução dual para o novo aeroporto de Lisboa, com a construção de um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete e a manutenção do Humberto Delgado (AHD), até poder ser desativado. Tempo estimado para a primeira pista é de sete anos. Montijo e Santarém são considerados inviáveis.
“A nossa recomendação é que se inicie com um modelo dual. É inevitável, porque o AHD só pode fechar quando houver uma pista com capacidade de o substituir e isso vai levar algum tempo”, justificou Rosário Partidário, coordenadora geral da Comissão Técnica Independente (CTI).
O novo aeroporto deve ser “desejavelmente no local onde possa ser aeroporto único, onde haja capacidade de expansão”. “Este tipo de estratégia é a que mais favorece o desenvolvimento de um hub intercontinental”, acrescenta.
O Campo de Tiro de Alcochete, combinado com o Humberto Delgado, é a solução “que apresenta mais vantagens”, afirmou Rosário Partidário. Esta combinação surge como a melhor classificada ou a segunda melhor nos cinco fatores críticos de decisão considerados. A melhor alternativa a Alcochete seria uma combinação entre Vendas Novas e o Humberto Delgado, mas a distância é maior.
“As duas têm mérito equivalente do ponto de vista aeroportuário e aeronáutico. Têm capacidade de expansão idêntica e sem grandes restrições”, explica Rosário Macário, coordenadora da aérea de planeamento aeroportuário. Mas há diferenças relevantes. “O Campo de Tiro de Alcochete é um terreno público e que se usa a si próprio, não exige uma expropriação. Vendas Novas é terreno privado e a operação exige que se encerre o Campo de Tiro de Alcochete”, acrescenta.
Já o Montijo e Santarém são considerados inviáveis. O primeiro, pela incapacidade de expansão para lá de uma pista, por razões aeronáuticas e ambientais. O segundo devido ao conflito com o tráfego aéreo militar de Monte Real.
“Santarém sobretudo como hub internacional teria capacidade quase inferior ao Humberto Delgado. Para não falar da distância a Lisboa”, justificou Rosário Partidário. O Montijo só conseguiria assegurar a procura até 2038, num cenário central, disse também a coordenadora da CTI.
O tempo estimado para a construção da primeira pista do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete é de sete anos, mais um do que no Montijo, com um custo de oito mil milhões de euros. O financiamento da infraestrutura não exige dinheiros públicos, sendo feito através das taxas aeroportuárias.
O relatório de Análise Estratégica e Multidisciplinar do aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa está a ser apresentado esta terça-feira à tarde pela Comissão Técnica Independente responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).
“A Comissão Técnica Independente é independente. Sempre foi”, garantiu Rosário Partidário, reagindo às acusações de imparcialidade que surgiram nos últimos meses. “Não está sujeita hierarquicamente ao Governo e e não tem preferências profissionais ou individuais em relação a qualquer uma das estratégias”, garantiu. “Nenhum de nós está mandatado por nenhuma tutela política”, acrescentou.
A Avaliação Ambiental Estratégica foi lançada no ano passado pelo Governo, num acordo com o PSD, para servir de base à decisão política sobre o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, onde a única infraestrutura está já sobrelotada.
Foram selecionadas para análise nove opções estratégicas em sete localizações: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas e Rio Frio + Poceirão. Rosário Partidário esclareceu esta terça-feira que a última opção acabou por não ser avaliada, por “não ter condições ambientais”.
Para a análise das várias opções foram considerados cinco fatores críticos de avaliação: segurança aeronáutica; acessibilidade e território; saúde humana e viabilidade ambiental; conectividade e desenvolvimento económico; investimento público e modelo de financiamento. Cada um daqueles fatores inclui vários critérios, num total de 24, avaliados à luz de uma bateria de 88 indicadores.
Com a demissão de António Costa, a decisão política passa para o Executivo que sair das eleições antecipadas de 10 de março. O desejo de conciliar uma decisão entre PS e PSD mantém-se.
O relatório que será apresentado esta quarta-feira ainda é preliminar. Após a realização da conferência no LNEC, o relatório será disponibilizado para consulta pública durante 30 dias úteis. Só depois será elaborado o relatório final, concluindo os trabalhos da CTI.
(Artigo atualizado às 18h15)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Alcochete com Humberto Delgado é a melhor opção para o novo aeroporto. Montijo e Santarém são considerados inviáveis
{{ noCommentsLabel }}