Trabalhadores de centros de comando ferroviário em greve a 2 e 4 de janeiro

  • Lusa
  • 29 Dezembro 2023

A paralisação, que deverá continuar no dia 10 de janeiro caso não se iniciem negociações, está relacionada com as condições de trabalho e vencimentos da profissão, que considera exigente e complexa.

Os trabalhadores de operação, comando, controlo, informação, gestão de circulação e conservação ferroviária estarão em greve na Infraestruturas de Portugal (IP) a 2 e 4 de janeiro, dias em que se poderão ocorrer perturbações na circulação de comboios.

Em declarações à Lusa, Adriano Filipe, presidente da Aprofer – Associação Sindical dos Profissionais do Comando e Controlo Ferroviário, explicou que a paralisação, que deverá continuar no dia 10 de janeiro caso não se iniciem negociações, está relacionada com as condições de trabalho e vencimentos da profissão, que considera exigente e complexa.

“Os motivos desta greve são os mesmos” da paralisação que tinha sido convocada para setembro de 2022, lembrou, indicando que a IP se tinha comprometido, nessa altura, a negociar um acordo, mas que isso não aconteceu, apesar de terem remetido um documento ao grupo. “Teoricamente, desde maio até setembro, seria o tempo de negociar”, disse, salientando que isso “nunca aconteceu”.

O acordo seria fechar as negociações e compromisso de paz social até 31 de dezembro de 2023, mas face ao incumprimento por parte da IP, resolvemos decretar greve a partir do início de janeiro e será uma greve que, até que haja um acordo ou uma mudança de posição, irá continuar”, destacou. Estes trabalhadores, distribuídos essencialmente por centros de comando operacionais (CCO), que controlam todo a operação ferroviária a nível nacional, exigem a regularização da sua profissão.

“Há 17 anos que novos postos de trabalho carecem de uma regularização do funcionamento e, portanto, nós trabalhamos nos moldes ainda da antiga CP”, indicou, salientando que o trabalho é “num posto altamente tecnológico, que concentra a circulação e manutenção toda do país inteiro”.

O que nós pedimos é uma diferença de remuneração em relação àquilo que se paga nas estações”, indicou, salientando que estes cerca de 300 trabalhadores têm “o mesmo escalão remuneratório dos trabalhadores das estações”. “Só que o trabalhador está numa estação tem uma responsabilidade muito local. Nós temos a uma responsabilidade nacional”, apontou, indicando que “o grau de concentração” é muito elevado, com os trabalhadores a terem de gerir manobras, circulação, acidentes, avarias, entre outras tarefas.

O presidente da Aprofer criticou ainda as condições em que vários trabalhadores foram deslocalizados das suas casas, por exemplo, para o CCO de Lisboa, sem nenhum apoio monetário. “Foi tudo à nossa conta, nem nos compensaram”, lamentou. “Tenho pessoas a trabalharem em Braço de Prata [Lisboa], quatro trabalhadores, por exemplo, que vieram da Beira Alta, todos eles com cerca de 60 anos, maior parte deles já são avós e vivem num apartamento pago à conta deles”, denunciou.

Contactada pela Lusa, a IP alertou que, no seguimento do aviso prévio de greve apresentado pela Aprofer, “para o período compreendido entre as 00:00 e as 24h00 do dia 02 de janeiro e o período compreendido entre as 00:00 e as 24:00 do dia 04 de janeiro” poderão “registar-se perturbações na circulação ferroviária”.

A greve conta com serviços mínimos, no entanto, indicando a IP que, nos termos definidos pelo Tribunal Arbitral, “garantirá a abertura de 25% do seu canal ferroviário para o serviço Urbanos – Lisboa e Porto e de 30% para as circulações de Longo Curso e Regionais no dia 02 de janeiro”. “No dia 4 de janeiro será assegurada a abertura de 30% do canal ferroviário para o serviço Urbanos – Lisboa e Porto e de 25% para as circulações de Longo Curso e Regionais”, adiantou.

 

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