Membro do BCE antecipa “subida temporária da inflação nos próximos meses”

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

“Os preços da energia continuam como principal fonte de incerteza perante tensões geopolíticas e o impacto de medidas financeiras”, disse Luis de Guindos.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, apontou esta segunda-feira que as atuais taxas de juro deverm ser suficientes para que a inflação desça para o objetivo de 2% a médio prazo.

Na abertura da conferência bancária Euro Finance Week, em Frankfurt, De Guindos registou que o BCE antecipa uma “subida temporária da inflação nos próximos meses”, remetendo para o abrandamento dos efeitos de base referentes ao outono de 2022, quando houve um aumento acentuado dos preços da energia e dos alimentos.

Apesar desses elementos, o BCE “prevê que o processo desinflacionário continue a médio prazo”. “Os preços da energia continuam como principal fonte de incerteza perante tensões geopolíticas e o impacto de medidas financeiras”, disse Luis de Guindos.

O mesmo é verdade para os preços dos alimentos, que também poderão enfrentar pressões crescentes devido a fenómenos meteorológicos mais adversos e a uma crise climática mais abrangente”, acrescentou o vice-presidente do BCE.

Luis de Guindos sublinhou que o BCE está determinado em garantir que a inflação regresse aos 2%. “Com base na nossa avaliação atual, consideramos que as taxas de juro diretoras do BCE se encontram em níveis que, caso sejam mantidos por tempo suficiente, contribuam significativamente para este objetivo”, disse o responsável.

Desde que iniciou o aumento das suas taxas de juro diretoras em julho de 2022, estas já subiram 450 pontos base, tendo o banco central europeu decidido, no final de outubro, manter as taxas de juro de referência pela primeira vez, após 10 subidas consecutivas, depois de abrandamentos generalizados dos indicadores de inflação pela Europa.

A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.

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Portugal prepara saída de 16 portugueses e palestinianos de Gaza através do Egito

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

"Neste momento, estamos a trabalhar com 16. São seis portugueses e 10 familiares próximos. E depois há um conjunto mais alargado de palestinianos que têm ligações familiares a Portugal", disse.

Portugal está a preparar a retirada, da Faixa de Gaza, de 16 portugueses e de “um conjunto mais alargado” de palestinianos com ligações ao país, através do Egito, anunciou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Desde o princípio que estamos em contacto permanente com as autoridades israelitas e egípcias e o que temos é a possibilidade de os acolher temporariamente, por dois ou três dias, no Egito e de trazê-los para Portugal. Não gostaria de dramatizar com esse tipo de terminologia, uma operação de resgate, é simplesmente a retirada de portugueses do Egito, a partir do momento em que possam sair de Gaza”, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Falando em declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final de uma reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia, João Gomes Cravinho apontou que “os portugueses e familiares que estão atualmente em Gaza sairão da mesma maneira que outros estrangeiros têm saído ao longo destas últimas duas semanas”.

“Neste momento, estamos a trabalhar com 16. São seis portugueses e 10 familiares próximos. E depois há um conjunto mais alargado de palestinianos que têm ligações familiares a Portugal”, precisou. Em declarações anteriores no parlamento português, o governante tinha indicado que se trata de seis cidadãos com passaporte português e, destes, cinco são menores de idade.

Questionado sobre o processo de retirada, João Gomes Cravinho explicou: “A nossa embaixada tem isso já estudado e planeado e a partir do momento em que entram no Egito. A nossa embaixada […] assumirá essa responsabilidade e trataremos de os trazer para Portugal, em princípio por via comercial, porque é um número relativamente pequeno”.

De acordo com o governante, estes cidadãos “não estão abandonados”. “Estamos constantemente, todos dias e várias vezes ao dia, em contacto com autoridades israelitas e egípcias para procurar a melhor forma de assegurar a sua saída”, adiantou.

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João Galamba apresenta demissão. Leia o comunicado na íntegra

Galamba considera ainda ter condições políticas, mas demissão surge para "assegurar à [sua] família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito".

João Galamba apresentou a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, na sequência da polémica que levou à saída de António Costa. Esta decisão surge apenas três dias depois de afirmar no Parlamento – na audição no âmbito do Orçamento do Estado para 2024 – que não se iria demitir. Mesmo assim, o responsável continua a considerar que tem condições políticas, justificando a decisão com a proteção da família.

“Comunico que apresentei hoje o pedido de demissão do cargo de Ministro das Infraestruturas ao Senhor Primeiro-Ministro”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério das Infraestruturas. “Apresentei este pedido de demissão após profunda reflexão pessoal e familiar, e por considerar que na minha qualidade de pai e de marido esta decisão é a única possível para assegurar à minha família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito”, continua.

Galamba tinha dito na Assembleia da República esta sexta-feira que não tencionava demitir-se, perante repetidas questões dos deputados sobre se tinha condições para ficar no cargo. Agora decide o contrário, apesar de afirmar que continua a “entender que não estavam esgotadas as condições políticas de que dispunha para o exercício das funções”.

Isto já que “o trabalho feito, os seus bons resultados e o desempenho das minhas funções com absoluto respeito pela lei e com total dedicação ao País e aos portugueses são, em meu entendimento, as condições políticas necessárias para o desempenho de funções governativas”, defende o responsável, depois de enumerar um conjunto de marcos do seu percurso no Governo.

Galamba acrescenta ainda que “este pedido de demissão não constitui uma assunção de responsabilidades quanto ao que pertence à esfera da Justiça e com esta não se confunde”. Recorde-se que João Galamba é um dos arguidos na ‘Operação Influencer’, processo que envolve negócios com lítio, hidrogénio e o centro de dados de Sines.

Defende que “a ação de um membro do Governo impõe a ponderação de todos os interesses públicos presentes e a obrigação de desenvolver todos os esforços para os compatibilizar ou maximizar a sua realização quando não seja possível alcançar a realização plena de todos eles, e sempre com total obediência à lei”, reiterando que foi o que fez ao longo do percurso enquanto governante.

Nesse sentido, procurou “soluções para que todos os projetos de investimento no País” das suas áreas de atuação “lograssem concretização e trouxessem o desenvolvimento económico que os portugueses anseiam e merecem”, afirma. O governante demissionário termina a missiva com um agradecimento à família, que “tem sido a mais prejudicada nos últimos tempos”, o que diz não poder ignorar e cuja proteção o “faz apresentar, sem mais, a presente demissão”.

É de recordar que o (ainda) primeiro-ministro tinha marcado uma reunião com o Presidente da República para falar sobre a situação de Galamba, mas fica agora decidida pelo próprio com esta demissão. O Governo ainda se mantém em funções até à aprovação do Orçamento do Estado para 2024, cuja votação final global está marcada para 29 de novembro.

Leia abaixo o comunicado na íntegra:

(Notícia atualizada pela última vez às 17h05)

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Brasil estreia-se na emissão de dívida verde

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

A primeira emissão de dívida sustentável do Brasil deve colocar até dois mil milhões de dólares com juros abaixo dos 7% e maturidade em 2031.

O Brasil deverá lançar esta segunda-feira a primeira emissão de dívida sustentável, ou seja, ligada a investimentos ambientais, sociais e de governação, podendo emitir até dois mil milhões de dólares com juros abaixo dos 7% e maturidade em 2031. A informação está a ser avançada por várias agências internacionais, que citam um documento oficial do Ministério das Finanças local, que remete para o final do dia desta segunda o anúncio do valor final da emissão.

A maior economia da América Latina, onde está 60% da floresta da Amazónia, planeia emitir dívida para financiar projetos ambientais no novo enquadramento que foi recentemente aprovado relativo à emissão destes títulos de dívida que só podem ser usados no âmbito de propósitos sociais, ambientais ou de governação, conhecidos pela sigla inglesa ESG.

A estreia do Brasil nestas emissões está a ser preparada há anos, diz a agência de informação financeira Bloomberg, que nota que os investidores em Wall Street estão expectantes sobre o investimento, principalmente depois de o ministro das Finanças, Fernando Haddad, ter dito que a receção dos investidores tinha sido “extraordinária”.

A emissão surge numa altura em que o governo do Presidente Lula da Silva se comprometeu a baixar a emissão de gases com efeito de estufa e fortalecer os programas sociais do país, e no contexto de acesso a este mercado por parte de outros países emergentes, como o México ou o Chile.

De acordo com a Bloomberg, nas reuniões com os investidores, o Brasil apresentou a desflorestação e a redução de emissões de carbono como alguns dos objetivos que podiam ser acelerados com estas emissões.

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Nepal proíbe TikTok por “perturbar a harmonia social”

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

“Apesar da liberdade de expressão ser um direito básico, o Governo decidiu proibir o TikTok pois há uma tendência crescente na perturbação da harmonia social”, disse o porta-voz do Governo nepalês.

O Governo do Nepal anunciou esta segunda-feira a proibição da rede social TikTok por “perturbar a harmonia social”, juntando-se à lista de países que proibiram a plataforma, como a sua vizinha Índia.

Apesar da liberdade de expressão ser um direito básico, o Governo decidiu proibir o TikTok pois há uma tendência crescente na perturbação da harmonia social”, disse o porta-voz do Governo nepalês, Rekha Sharma, numa conferência de imprensa.

A data exata da entrada em vigor da proibição ainda não foi anunciada. A medida foi recebida com várias críticas, inclusive na coligação frágil governamental do país, liderada pelo Partido Centro Maoísta (CPN-Maoísta), do primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal.

“Parece que a intenção do Governo é sufocar a liberdade de expressão e a individualidade. O Governo deve recuar”, declarou Gagan Thapa, deputado e secretário-geral do partido do Congresso do Nepal, que faz parte da coligação no poder. A proibição suscitou ainda queixas entre alguns profissionais da imprensa asiática.

“Considero esta decisão caprichosa e prevejo que não irá durar muito tempo, dada a ausência de dados substanciais ou de investigação para apoiar a proibição”, afirmou o jornalista Krishna Acharya. A medida surge dias após o Conselho de Ministros do Nepal ter aprovado um conjunto de regras para regular as redes sociais.

O porta-voz do Ministério das Comunicações e Tecnologias de Informação, Netra Prasad Subedi, informou que as autoridades irão implementar a decisão do gabinete a nível técnico. As regras incluem, entre outros, a proibição dos utilizadores de criarem perfis falsos ou de publicarem conteúdos relacionados com o trabalho e exploração infantil ou tráfico humano.

Redes sociais como o Facebook, o X (antigo Twitter) ou o Youtube terão que abrir gabinetes de ligação no Nepal, sob ameaça de verem o seu acesso bloqueado pelas autoridades, caso não cumpram com a exigência. Este anúncio assemelha-se às decisões tomadas por outros países, como a vizinha Índia, embora por razões diferentes.

Nova Deli proibiu o TikTok em 2020, juntamente com dezenas de outras aplicações desenvolvidas pela China. A proibição aconteceu após uma crise diplomática com Pequim, na sequência de um confronto fronteiriço entre as forças de segurança dos dois países nos Himalaias ocidentais, que causou a morte de pelo menos 20 soldados indianos e mais de 70 feridos.

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📹 Recorde de 2.600 startups e mais de 70 mil participantes. A Web Summit 2023 em números

  • ECO
  • 13 Novembro 2023

A Web Summit regressa esta segunda-feira, apesar das polémicas. São esperadas mais de 70 mil pessoas vindas de 160 países.

Apesar das polémicas que resultaram na demissão de Paddy Cosgrave da liderança da Web Summit, o evento deste ano terá um recorde de 2.600 startups, sendo esperados mais de 70.000 participantes. Conheça estes e outros números da Web Summit 2023:

http://videos.sapo.pt/imfweGoM627WD4FlwnMv

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Crise política. Gomes Cravinho relata “solidariedade e surpresa” na UE

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

"Obviamente que houve manifestações de solidariedade e de surpresa por parte de muitos colegas, mas não passou disso", disse João Gomes Cravinho sobre a situação política.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português relatou esta segunda-feira ter tido manifestações de “solidariedade e surpresa” dos seus homólogos da União Europeia (UE) face à crise política no país, garantindo que permanecerá no cargo até às eleições antecipadas de março.

Isso não era matéria que estivesse em cima da mesa. Somos 27 democracias e cada país tem as suas situações e, por hábito, não colocamos essas questões, mas obviamente que houve manifestações de solidariedade e de surpresa por parte de muitos colegas, mas não passou disso”, disse João Gomes Cravinho. Falando no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, o responsável garantiu que ficará no cargo: “Sim, naturalmente”.

Estamos nesta fase final agora do Governo [já que] o senhor Presidente da República anunciou eleições para 10 de março e, depois, ainda são umas três semanas até à tomada de posse de um Governo e assumo essa responsabilidade, com certeza”, adiantou João Gomes Cravinho. O primeiro-ministro, António Costa, pediu na passada terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados. O chefe de Governo recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

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Juiz da Operação Influencer deixa cair indícios de corrupção. Apenas tráfico de influências

Lacerda Machado com caução de 150 mil e Escária tem de entregar passaporte. Juiz descarta corrupção e indicia apenas tráfico de influência e oferta indevida. Arguidos ficam todos em liberdade.

O juiz de instrução do caso “Operação Influencer” – que resultou na demissão do primeiro-ministro António Costa – decidiu deixar em liberdade todos os arguidos.

O juiz considerou que não existia indiciação de qualquer crime relativo ao presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas. E não validou os crimes de prevaricação e de corrupção ativa e passiva que estavam imputados a alguns arguidos. Segundo o comunicado do Tribunal Central de Instrução Criminal, o juiz Nuno Dias Costa considerou que Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária estão “fortemente indiciados” em co-autoria e na forma consumada de um crime de tráfico de influência.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, Rui de Oliveira Neves

Por seu lado, entendeu que Afonso Salema e Rui Oliveira Neves estão indiciados em co-autoria de um crime de tráfico de influência e um crime de oferta indevida de vantagem. Em relação à empresa Start Campus, o juiz entendeu que esta se mostra “fortemente indiciada” de um crime de tráfico de influência e de um crime de oferta indevida de vantagem, cuja prática se concretizou através dos administradores Afonso Salema e Rui Oliveira Neves. Leia aqui quais os crimes que foram invocados pelo Ministério Público para cada arguido.

As medidas de coação aplicadas aos arguidos são, assim, as seguintes:

Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa – caução de 150 mil euros a pagar no prazo de 15 dias e entrega de passaporte também em 15 dias;

Vítor Escária, ex-chefe de Gabinete de Costa – entrega de passaporte no prazo de 15 dias e proibição de se ausentar para o estrangeiro;

Afonso Salema, administrador da Start Campus – Termo de Identidade e Residência;

Rui de Oliveira Neves, administrador da Start Campus e sócio da Morais Leitão – Termo de Identidade e Residência;

Nuno Mascarenhas, autarca de Sines – Termo de Identidade e Residência;

Start Campus – caução de 600 mil euros a ser paga em 15 dias;

Esta decisão do juiz Nuno Dias Costa é uma machadada no trabalho do Ministério Público que tinha pedido a prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária.

Já para Rui de Oliveira Neves e Afonso Salema foi pedido o pagamento de uma caução, 100 mil e 200 mil euros, respetivamente, bem como a proibição de contactos.

Para Nuno Mascarenhas, o MP pediu a suspensão do seu mandato na Câmara de Sines, a proibição de contactos, bem como a proibição de entrar nas instalações da autarquia.

O Ministério Público tinha pedido ao juiz de instrução que aplicasse uma caução como medida de coação à empresa Start Campus. Um valor, aliás, recorde (19,5 milhões de euros), que fica ‘retido’ e, caso a empresa persista na atividade criminosa, perturbe o inquérito ou destrua provas, terá de pagar esse valor.

A operação da passada terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.

Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do ‘data center’ de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Mas quem é Nuno Dias Costa?

Tem boa fama no meio judicial, conhecido por competência técnica e largos anos de experiência de instrução. Começou a ser falado no caso Rendeiro, em 2021, quando assinou o primeiro mandado de detenção internacional do antigo banqueiro.

No ano seguinte, condenava João Carreira, o estudante de 19 anos, acusado de planear um atentado numa faculdade de Lisboa, a dois anos e nove meses por posse de arma proibida, mas não viu indícios quanto ao crime de terrorismo.

Em junho deste ano, o juiz condenava o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, a uma pena de prisão suspensa de um ano e dez meses, no caso da divulgação de emails do Benfica. Alegou que o arguido “fez aquilo a que se chama a manipulação da informação”.

É filho de um histórico da Polícia Judiciária e ocupa o lugar de J3 no Tribunal Central de Instrução Criminal, onde foi este ano colocado, segundo a revista Visão que acrescenta que é descrito pelos seus pares como um “magistrado sereno, educado, mas com mão firme no momento da decisão”.

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Quem avaliou a ética de Centeno no Banco de Portugal?

Rui Vilar, Rui Leão Martinho e Adelaide Cavaleiro: foram estas as personalidades que avaliaram a conduta do governador do Banco de Portugal após o convite para chefiar um novo governo.

Dois gestores com larga experiência na vida económica e empresarial em Portugal e uma histórica do Banco de Portugal ajudaram a decidir o futuro do governador, na sequência da polémica envolvendo Mário Centeno e o convite para liderar o próximo governo.

Como o ECO avançou em primeira mão, o conselho de ética do supervisor bancário reuniu-se na tarde desta segunda-feira de forma extraordinária para avaliar a conduta de Centeno depois de o seu nome ter sido proposto pelo primeiro-ministro para lhe suceder no governo. Um parecer que era aguardado no Banco Central Europeu (BCE) e que, soube-se esta quarta-feira, avalia que Centeno “cumpriu os deveres gerais de conduta”, embora alerte para “danos à imagem” do Banco de Portugal.

A reunião surgiu depois de um fim de semana que teve desenvolvimentos inesperados e que só vieram adensar a polémica. No domingo, Mário Centeno declarou ao Financial Times que teve um convite do Presidente da República e do primeiro-ministro para “refletir e considerar a possibilidade de liderar um governo”. Um convite que foi prontamente desmentido por Marcelo Rebelo de Sousa.

Já na manhã seguinte, o governador veio emendar a mão, indicando que não houve convite do Presidente. “É inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo”, disse Mário Centeno.

No Banco de Portugal, cabe ao conselho de ética avaliar e emitir parecer sobre “a conformidade de determinada conduta dos membros do conselho de administração com o previsto no código de conduta que lhes é aplicável”. Este órgão é presidido por Emílio Rui Vilar e tem como vogais Rui Leão Martinho e Adelaide Cavaleiro, nomes que foram eleitos este ano

Rui Vilar tem uma longa carreira na vida política e das empresas em Portugal. Foi ministro em três governos na segunda metade da década de 70 (Economia e Transportes e Comunicações) e desempenho altos cargos em algumas das principais instituições do país. Ajudou a fundar a Fundação Sedes em 1970, passou pelo Banco Portugal, incluindo como vice-governador, (1975-1984), e integrou as administrações de várias empresas como Galp, REN e, mais recentemente, Caixa Geral de Depósitos (no banco público foi chairman em regime pro bono, tendo sido uma peça fulcral no processo de recapitalização no final de 2016, após a saída de António Domingues)

Quanto a Rui Leão Martinho, foi presidente da Ordem dos Economistas entre 2011 e 2021. Atualmente é presidente das comissões de remuneração nos outros dois reguladores financeiros, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Também tem uma larga experiência no setor financeiro, tendo passado pelas seguradoras Tranquilidade e GNB Vida, pelo Deutsche Bank em Espanha e Portugal, entre outros cargos.

Adelaide Cavaleiro é economista e fez carreira no Banco de Portugal. Ingressou no supervisor em 1985 para o Departamento de Negócios Estrangeiros. Foi a primeira diretora do Departamento de Estabilidade Financeira, criado em 2013, isto depois de ter sido diretora-adjunta do Departamento de Supervisão Prudencial Bancária.

(Notícia atualizada a 15 de novembro com o parecer da Comissão de Ética)

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Descargas de água salgada da futura dessalinizadora do Algarve podem causar impactos “danosos”

APA indica que elevados níveis de sais nas águas poderão revelar-se "danosos ou até mortais para os organismos mais sensíveis" nas águas costeiras em Quarteira.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) colocou em consulta pública o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) referente à futura dessalinizadora do Algarve, identificando as descargas de lamas e salmoura (águas residuais com elevada concentração de sal) para a ribeira de Quarteira como responsáveis pelos principais impactos negativos resultantes da instalação desta infraestrutura.

A entidade liderada por Nuno Lacasta alerta no EIA, que se encontra em consulta pública até 19 de dezembro, que a descarga desta água salgada pode ter “impactes nas águas costeiras”, nomeadamente devido à “concentração de sais e compostos químicos decorrentes das escorrências/lavagem de equipamentos”. Estes podem “revelar-se danosos ou até mortais para os organismos mais sensíveis“.

O possível impacto resulta do facto de estas águas possuírem uma salinidade, isto é, sais existentes em massas de água naturais, de cerca 67 ppt/psu — duas unidades que servem para medir a salinidade da água — e por ser cerca de seis graus Celsius mais quente que a água do mar, que tende a registar uma temperatura ambiente de cerca de 20 graus Celsius. Segundo o documento, estas águas serão libertadas a “sensivelmente dois quilómetros da costa e através de uma conduta equipada com 10 difusores na sua secção terminal, espaçados cerca de cinco metros entre si”. Estes difusores permitirão, no entanto, reduzir parte da salinidade registada.

Uma central de dessalinização utiliza a água do mar para rega de jardins, piscinas e lavagens várias numa unidade hoteleira em Alvor, Portimão, 1 de novembro de 2009. (ACOMPANHA TEXTO) LUIS FORRA/LUSA

 

“Nos difusores é expectável que ocorra a dispersão e diluição da salmoura na água do mar. No entanto, estes fenómenos dependem de vários fatores, como a velocidade das correntes e a topografia do local. Se a salmoura não se misturar adequadamente com a água do mar, pode levar a uma concentração localizada de salinidade elevada, agravando os impactes esperados“, lê-se nos documentos em consulta pública.

Além de registar níveis de salinidade e temperaturas diferentes daqueles da massa de água para onde serão descarregadas, a salmoura gerada após a dessalinização poderá “conter sólidos suspensos” o que prejudicará a penetração da luz solar na água, aumentando, por sua vez, a “turbidez da água”.

Apesar de admitir que o impacte da descarga de salmoura no mar ser “negativo”, o documento considera que “esta salinidade apenas deverá ser observada no local de rejeição“, que “está afastado de zonas sensíveis como pradarias marinhas, fundos rochosos e recifes artificiais, minimizando assim o impacte da descarga da salmoura nos organismos aquáticos”.

Com base nesta conclusão, não são apresentadas entraves significativas que impeçam a concretização desta obra. A APA sublinha que o projeto surge como necessidade de “criar uma alternativa capaz de garantir a resiliência do abastecimento público à população da região, mesmo em períodos de seca prolongada”.

A futura dessalinizadora do Algarve está prevista para entrar em operação em 2026 no Algarve, tendo como objetivo remover o sal da água e transforma-la em água potável. A obra terá um custo de 45 milhões de euros e terá capacidade de contribuir com mais de um terço do consumo urbano na região. A infraestrutura faz parte do Plano Regional de Eficiência Hídrica da Região do Algarve, financiado em 90 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

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PAN critica Centeno por usar “camisola PS”, Livre e PCP desvalorizam polémica

Enquanto o PAN critica a posição do governador do Banco de Portugal, o Livre apela a ponderação dos partidos para não acrescentar à crise política uma crise financeira. PCP desvaloriza polémica.

A polémica à volta de Mário Centeno e a proposta para ser primeiro-ministro continua a motivar críticas, desta vez pela parte do PAN. Inês Sousa Real reitera que Centeno “não consegue despir a camisola do PS” e indica que o governador do Banco de Portugal deve “ponderar se tem condições” para continuar no cargo. Já o Livre apela a que não se adicione à crise política uma crise financeira, apontando que “não devemos dar passos para que o país se encontre despido de instituições”. O PCP também desvaloriza a polémica e apela à defesa dos interesses da população.

A deputada do PAN recorda que o partido “tinha razão quando criticou ida direta de Centeno para cargo de governador” e, por essa situação, tem também “defendido um período de nojo para cargos que possam ter funções de fiscalização das próprias políticas públicas”, em declarações transmitidas pelas televisões.

Inês Sousa Real defende assim que “fica provado que Mário Centeno não consegue despir a camisola do PS”, salientando que o responsável “tem a cabeça na política, num momento tão crítico para o país”, nomeadamente com a crise na habitação. Perante os pedidos de demissão do governador, a deputada do PAN também aponta que “Centeno deve ponderar se tem condições para o cargo“, já que não “reúne equidistância e independência” necessárias.

Por outro lado, o deputado do Livre apela a alguma reflexão por parte dos partidos, num momento em que o país já enfrenta uma crise política. “É importante que consideremos se ouvir telefonema do primeiro-ministro e refletir sobre se deve desempenhar ou não um papel de chefe de Executivo é uma falha grave e se devemos acrescentar à crise política que já temos uma crise financeira“, argumenta Rui Tavares, também nos Passos Perdidos.

O deputado único pede assim alguma ponderação aos partidos para não deixarem que “a campanha suba à cabeça”, “antes que comecemos a pedir demissões de toda a gente e às tantas ficamos sem instituições”.

Para Rui Tavares, o país tem de “dimensionar reações ao que acontece”, sendo que nesta altura “ainda tem instituições e nós [os partidos] não devemos dar passos para que o país se encontre despido de instituições”.

O PCP, por sua vez, também não pede a demissão do governador do Banco de Portugal, exigindo ao invés que “rompa” com as opções que tem tido e “que tenha em conta o interesse da população e não da banca”. Duarte Alves salienta que a crítica do partido ao mandato de Centeno “tem sido em torno das opções que tem tido”, nomeadamente no que diz respeito ao aumento dos juros e aos lucros da banca, pelo que deve passar a “postura de defesa das populações e dos interesses dos trabalhadores”.

Já no que diz respeito à polémica sobre ter disponibilidade para assumir o cargo de primeiro-ministro, o deputado do PCP aponta que “são questões que estão a ser avaliadas pela comissão de ética”. “O maior problema de independência é face ao setor que é regulado”, defende, na Assembleia da República.

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Nova FCT faz protocolo com consultora para “acelerar carreira dos estudantes”

Nova FCT celebrou protocolo com NTT Data que inclui estágios curriculares e bolsas de estudo e de mérito, que pretendem acelerar a carreira dos estudantes dessa faculdade.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa decidiu firmar um protocolo plurianual com a consultora NTT Data com vista a “acelerar a carreira profissional” do seus estudantes, nomeadamente através de estágios curriculares. O objetivo é, pois, aproximar os estudantes do mercado de trabalho.

“A Nova FCT e a consultora de negócio e tecnologia multinacional NTT DATA acabam de estabelecer um acordo plurianual, com o objetivo de acelerar a carreira profissional dos universitários, mas também estimular o desenvolvimento de iniciativas conjuntas, que podem passar por atividades de investigação, inovação e transferência de tecnologia, entre outras”, anunciou a faculdade esta segunda-feira.

Em maior detalhe, ao abrigo deste novo protocolo, serão desenvolvidos, por exemplo, trabalhos de investigação em estágios curriculares, mas também serão promovidas bolsas de estudos e de mérito, e serão lançadas “formações desenhadas à medida das necessidades do mercado“.

Assim, a Nova FCT acredita que esta parceria permitirá aos estudantes “conhecer em primeira mão as oportunidades profissionais disponibilizadas pela NTT DATA, que estará também presente nos fóruns de emprego que a faculdade venha a realizar”.

Em reação a este novo protocolo, Ana Rodrigo Gonçalves, head of partnerships & engagement da Nova FCT, afirma que tal está alinhado com a estratégia da faculdade “de ligação cada vez mais forte ao mundo empresarial, pois não só oferece aos estudantes oportunidades práticas e críticas que enriquecem o curriculum, como também impulsiona a inovação, a transferência de conhecimento e o crescimento económico, permitindo que ambas as partes beneficiem do intercâmbio de ideias, pesquisa e recursos, resultando em soluções inovadoras, avanços tecnológicos e um ambiente económico mais robusto e competitivo”.

Já da parte da NTT Data, Pedro Fonseca, head of university relations and digital upskill, sublinha que este acordo “abre portas para o desenvolvimento de muitas iniciativas que serão não só relevantes para as duas entidades, mas acima de tudo, para os estudantes da faculdade, que assim terão a oportunidade de conhecer melhor a NTT DATA, aceder mais rapidamente a oportunidades profissionais e, quem sabe até, acelerar os seus conhecimentos e competências através de cátedras, bolsas, estágios e projetos de investigação.”

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