A publicidade “perdeu o lugar à mesa”?

Segmentação, IA, digitalização e conteúdos foram alguns dos temas em debate numa conferência que reuniu profissionais do setor para uma reflexão sobre a história e o futuro da publicidade.

A publicidade perdeu relevância e “perdeu o lugar à mesa”, afirma Pedro Bidarra, consultor independente de brandinge comunicação, numa mesa redonda que decorreu no âmbito da conferência “A História e o Futuro da Publicidade”, organizada pela Fundação Amélia de Mello, no Centro Cultural de Belém.

Segundo Bidarra esta é uma situação que “tem a ver com muitas questões”, como o facto de existirem novos concorrentes, uma fragmentação dos meios e uma diminuição de orçamentos. O ex-diretor criativo da BBDO lembrou que antigamente muitos dos profissionais que chegavam ao posto de CEO tinham começado as suas carreiras no marketing, algo que atualmente já não acontece. O exemplo mostra como o panorama mudou, ilustra.

Para Bidarra, uma das grandes questões no futuro da publicidade será escolher os “grupo alvo” da comunicação, até porque deixou de haver o “assunto comum”, como existia antes, e que permitia a existência de marcas globais. Segundo Bidarra, quando há cada vez mais nichos torna-se também cada vez mais difícil para uma marca sair desse nicho, prevendo uma crescente fragmentação das marcas e uma diminuição das marcas globais.

Recentemente não surgiram muitas marcas globais, afirmou Pedro Bidarra, e as que existem atualmente são sobretudo as antigas, que dispõem de relações emocionais e valores partilhados com os consumidores. A segmentação, do ponto de vista estratégico, “é se calhar o maior desafio” para o futuro das marcas e da publicidade, defendeu.

Outro dos oradores, Vasco Thomaz, fundador e diretor criativo da Judas, concorda que a segmentação é de facto um desafio, mas considera-a também “uma belíssima oportunidade” para os “underdogs aparecerem e ganharem espaço. Vasco Thomaz disse preferir olhar para a segmentação e digitalização como uma oportunidade para marcas mais pequenas aparecerem, sendo esse um “desafio estratégico”.

Já para Hélia Gonçalves Pereira, reitora da Universidade Europeia, “é impossível dizer que a publicidade perdeu a relevância“. Esta deve é ser feita de maneira e através de plataformas diferentes e dirigida para um “coletivo que é cada vez menos coletivo, pela necessidade que cada um de nós tem de se sentir único e exclusivo”.

Segundo a também docente, os consumidores são cada vez mais formados e tecnológicos, sendo “cada vez mais difícil comunicar da perspetiva tradicional” – de uma forma unidirecional, de uma entidade “poderosa” (anunciante) para alguém que apenas pode escutar. “Hoje existe uma multidimensão de direcionalidade nestas mensagens e é nesse sentido que as marcas se têm de preparar”, acrescentou.

Já para Ricardo Tomé, head of digital da Media Capital, a forma de comunicar das marcas também mudou bastante. Antes uma marca “apostava tudo” em uma ou duas grandes campanhas por ano, enquanto atualmente é necessário comunicar todos os dias, o que levou a que as empresas tivessem criado novas funções precisamente para a criação de conteúdos.

Segundo o head of digital da Media Capital, hoje a preocupação com o conteúdo e criatividade é diária, diz a propósito por exemplo das redes socais, e papel humano e das agências é “crítico” para conseguir criar “sentido neste labirinto”. É necessário que “isto tudo faça sentido” e “exista uma narrativa para no final do dia o consumidor ficar com uma ideia na cabeça”, reforça.

Hélia Pereira concordou com a ideia, defendendo que a publicidade passa muito por ter uma linguagem adequada para diferentes públicos em diversos formatos.

Um dos grandes desafios para as marcas e agências que com elas trabalham é não só conseguir trabalhar esta miríade de plataformas e ferramentas que têm à disposição, como também saber reagir de forma coerente à forma como aqueles que estão a ser impactados pelas mensagens reagem“, explicou a reitora da Universidade Europeia.

Quanto à televisão, enquanto veículo de comunicação e de publicidade, Ricardo Tomé defendeu ainda que esta não vai acabar, na medida em que uma marca para “chegar ao seu pleno potencial” e à “esmagadora maioria dos portugueses”, tem de o fazer também através da televisão. “Não chega o resto e, desse ponto de vista, a produção de conteúdos televisivos ou audiovisuais claro que tem futuro“, defendeu.

Sobre a adoção da inteligência artificial no setor, a perspetiva é otimista. O diretor criativo da Judas não considera que esta traga a “morte dos criativos” – tal como já foi apregoado -,defendendo que existe sempre um lado humano na criatividade que não pode ser substituído pela tecnologia ou pelas máquinas, as quais no entanto podem ajudar na otimização de processos de forma a “poupar tempo para que se possa dedicar mais tempo ao que importa, que é a criatividade”.

Já Ricardo Tomé acrescentou que esta tecnologia vai permitir, a título de exemplo, a produção de anúncios dobrados, tornando possível acertar os movimentos labiais com a fala. “Podemos ter George Clooney num anúncio da Nespresso a falar português”, deu como exemplo. Para o head of digital da Media Capital, no entanto, o mais “interessante” será a substituição de figuras humanas por figuras que não se sabe se são humanas.

Entre o papel que a inteligência artificial vai ter para gerar conteúdos ou até para criar interface, isto é só a ponta do iceberg“, acredita.

No futuro, a publicidade vai passar toda para digital e os intervalos vão passar a “breaks”, defendeu também Ricardo Tomé, que considera que a publicidade vai continuar a evoluir até daqui a dez anos passar a ser digital, incluindo na televisão, onde os atuais “intervalos” vão desaparecer e dar lugar a “breaks”, como acontece noutras plataformas como o YouTube ou nas gravações, com o formato Playce.

O anúncio vai deixar de ser colocado no intervalo para passar a ser inserido junto ao conteúdo, defendeu o head of digital da Media Capital, acrescentando que a televisão, enquanto veículo espaço publicitário, também já está a mudar, pelo que “será natural” que daqui a uns anos exista uma colocação de mensagens publicitárias de forma digital e num espaço programaticamente reservado.

Segundo Ricardo Tomé, muitas vezes mistura-se a digitalização do processo com a digitalização da criatividade, algo que está a duas décadas de poder ser concebido, argumentou. O que vai acontecer num futuro próximo é a digitalização do processo, com a migração dos orçamentos para sistemas digitais, mas a criatividade “vai claramente continuar a ser desenhada humanamente”.

Vasco Thomaz defendeu ainda na conferência que os jovens criativos que hoje chegam às agências também são diferentes. Quando começou a trabalhar, recorda, os profissionais tinham o objetivo de fazer carreira, fazendo horas e noitadas se preciso. Agora o “mindset” e “drive” da nova geração é diferente, defendeu.

São mais livres, não têm ambição de fazer carreira no próprio sítio. Cabe-nos a nós aprender a lidar com isso e arranjar outras maneiras de os prender e de os ter ao nosso lado para enfrentar a batalha“, disse o diretor criativo da Judas.

A mudança na cultura das empresas, ou a criação de uma cultura de empresa, faz então parte da equação, adverte, exemplificando com a Judas, que não tem trabalhadores a recibos verdes – quando a área era uma “máquina trituradora de pessoas a recibos verdes e de estágios”, defendeu.

A conferência teve como ponto de partida o lançamento dos livros “História da Publicidade em Portugal – Com Estudo de Caso do Grupo CUF” e “História Ilustrada da Publicidade em Portugal”, de Eduardo Cintra Torres.

Dividida em dois volumes (texto e ilustrações), a obra recorre ao antigo Grupo CUF (Companhia União Fabril) como caso de estudo e é o resultado de uma investigação de cerca de cinco anos, sendo a primeira obra “aprofundada, abrangente e de caráter científico” sobre o tema a ser editada em Portugal. A sua publicação ficou a cargo da Princípia Editora.

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“A esquerda não é isto”, desabafa Mortágua. Bloco quer “impedir direita de transformar o lodo num pântano”

  • Lusa
  • 10 Novembro 2023

Coordenadora do BE pede "esclarecimento público pelo poder judicial" sobre a investigação que levou à demissão do primeiro-ministro e assegurou que a "esquerda não é isto".

A coordenadora do BE pediu esta sexta-feira um “esclarecimento público pelo poder judicial” sobre a investigação que levou à demissão do primeiro-ministro e assegurou que a “esquerda não é isto”, pretendendo impedir “a direita de transformar o lodo num pântano”.

“Virar a página desta crise que degradou o país, recuperar a confiança e a responsabilidade que este Governo enterrou em casos que destruíram a sua credibilidade, impedir a direita de transformar o lodo num pântano, será esse o nosso contributo”, afirmou Mariana Mortágua numa conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa, um dia depois do Presidente da República ter decidido dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

Reiterando a concordância com esta decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, porque “qualquer outra opção implicaria grandes riscos de degradação política e de paralisia”, a líder do BE manifestou “grande preocupação” com a “divulgação de notícias que revelam elementos dos inquéritos em curso”. “Entendemos que uma investigação com as consequências democráticas desta investigação deve ser objeto de esclarecimento público pelo poder judicial”, exortou.

O BE, segundo Mortágua, “não ignora nem desvaloriza os factos conhecidos”. “Há muito por apurar, mas a mensagem é simples: a esquerda não é isto. Há em Portugal uma esquerda de confiança que sempre se bateu contra a corrupção, contra a promiscuidade entre a política e os negócios, e os portugueses sabem da determinação do Bloco”, enfatizou.

A líder bloquista deixou “uma palavra de esperança” para um “país envergonhado com aquilo a que está a assistir”. “O Bloco está pronto para apresentar uma alternativa e responder por soluções urgentes para aquilo que verdadeiramente importa e o que verdadeiramente importa é um salário e uma pensão que já não pagam o básico, é o tormento na habitação, uma saúde e educação que não têm condições para atender todos os utentes, nem dar uma escola de qualidade a todos, e uma transição climática e energética que faça alguma diferença e não os negócios do lítio que prejudicam o ambiente e as populações”, enfatizou.

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou na quinta-feira à noite, numa comunicação ao país, a decisão de dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março, na sequência da demissão apresentada pelo primeiro-ministro, bem como o adiamento do processo formal de demissão do Governo, por decreto, para permitir a aprovação e entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).

“Optei pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024”, declarou o chefe de Estado, numa comunicação ao país a partir da Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que os partidos foram “claramente favoráveis” a esta decisão, enquanto no Conselho de Estado se verificou um “empate e, portanto, não favorável à dissolução — situação, aliás, que já ocorrera no passado com outros chefes de Estado”. “Fi-lo, portanto, por decisão própria, no exercício de um poder conferido pela Constituição da República Portuguesa”, afirmou.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou. António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o data center de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

Na investigação, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

No dia da demissão, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.

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Preço da mão-de-obra sobe 7,5% e faz aumentar custos de construção de habitação em setembro

  • Joana Abrantes Gomes
  • 10 Novembro 2023

Com o preço dos materiais a cair desde abril, é a mão-de-obra que continua a penalizar os custos da construção de casas, cujo custo aumentou 7,5%.

Os preços dos materiais voltaram a descer em setembro, mas construir uma casa continua a ser mais caro do que há um ano. O Instituto Nacional de Estatística (INE) estimou esta sexta-feira que os custos de construção de habitação nova aumentaram 2,1% em setembro face ao mesmo mês do ano anterior, sobretudo devido ao aumento de 7,5% do custo da mão-de-obra.

Apesar do aumento de 2,1% no custo de construir uma casa nova, o ritmo representa um abrandamento de 0,3 pontos percentuais (p.p.) em comparação com os 2,4% registados em agosto. Na componente dos materiais, os preços caíram 1,7% em setembro — a maior descida desde abril, mês em que começaram a baixar –, enquanto os custos da mão-de-obra sofreram a maior subida desde junho.

Taxa homóloga doÍndice de Custos de Construção de Habitação Nova. Fonte: INE

Entre os materiais, que tiveram um peso de -1,0 p.p. no cálculo da taxa homóloga, foram o aço para betão e perfilados pesados e ligeiros, com um decréscimo de preços de cerca de 25% face a setembro de 2022, e a chapa de aço macio e galvanizada e os materiais de revestimentos, isolamentos e impermeabilização, todos com descidas de cerca de 20%, que mais contribuíram para esta evolução negativa.

Os restantes materiais — cimento; betão pronto; tintas, primários, subcapas e vernizes; mármores e produtos de mármore; e os equipamentos de cozinha — apresentaram, segundo o gabinete de estatísticas, “crescimentos homólogos de cerca de 10%”.

Já a componente de mão-de-obra aumentou a sua contribuição para a formação da taxa de variação homóloga do Índice de Custos de Construção de Habitação Nova (ICCHN) em setembro para 3,1 p.p., face a 2,8 p.p. no mês anterior.

A taxa de variação mensal do Índice de Custos de Construção de Habitação Nova fixou-se em 0,4% em setembro (-0,1% em agosto), enquanto o custo dos materiais subiu 0,1% e o custo da mão-de-obra cresceu 0,8%, de acordo com o INE.

(Notícia atualizada às 11h57)

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Grupo Casais constrói hotel “híbrido” em Espanha à base de madeira e betão

  • Capital Verde
  • 10 Novembro 2023

Empresa garante que modelo é capaz de reduzir a pegada de carbono em mais de 60%, devido ao uso de madeira de engenharia e apenas um terço do betão de um edifício tradicional.

Após inaugurar o Minho Innovation and Technology Hub, em Guimarães, o grupo Casais celebra agora mais uma etapa importante no processo de internacionalização do modelo híbrido de construção: a construção do primeiro edifício a madeira e betão em Espanha, o Hotel B&B Madrid Tres Cantos, situado na capital espanhola.

De acordo com a nota enviada às redações, trata-se de um projeto do atelier TdB Architects, do arquiteto Fernando Herrero, no âmbito da parceria Sunny Casais.

Este é o sexto hotel B&B com a assinatura do grupo Casais. Com 120 quartos, distribuídos por cinco pisos, e com as casas de banho e parte das redes e instalações especializadas pré-fabricadas, este modelo de construção pretende ser o catalisador de “uma nova geração de edifício sustentáveis” em Espanha.

Por ser uma tipologia de construção ambientalmente mais sustentável e mais célere, o tempo de obra é também ele, reduzido. Segundo o comunicado, este modelo é capaz de reduzir a pegada de carbono em mais de 60%, devido ao uso de madeira de engenharia e apenas um terço do betão de um edifício tradicional.

“Vemos o início desta etapa como um passo importante para aquele que gostaríamos que fosse o futuro do setor. Acreditamos que temos um papel fundamental nas sociedades e comunidades e, por isso, trabalhamos para que o nosso contributo em prol de um setor mais sustentável possa fazer a diferença”, cita a nota as declarações de António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais.

Para além destas características, este tipo de solução industrializada e pré-construída comporta a capacidade de evitar demolições e promove a possibilidade de reutilização posterior noutros edifícios. “Representa, assim, uma vantagem na possível poupança de tempo, dinheiro e recursos”, acrescenta o comunicado.

 

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Feira de emprego do ISEG atrai mais de 1.300 alunos e 250 recrutadores

Feira de emprego incluiu "workshops", painéis e momentos de conexão direta com o mercado de trabalho. Isto já que 70 empresas e mais de 250 recrutadores marcaram presença.

Mais de um milhar de alunos participaram na edição deste ano da feira de emprego do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG), que decorreu esta semana. O evento incluiu workshops e diversos painéis, mas também serviu para colocar os estudantes com o mercado de trabalho, já que 70 empresas e mais de 250 recrutadores marcaram presença.

“Durante dois dias, o ISEG recebeu a 25ª edição do seu maior evento de empregabilidade e o balanço não podia ser mais positivo. Entre os dias 8 e 9 de novembro, passaram pelo ISEG Career Forum 1.301 alunos, que geraram 7.155 interações com as mais de 100 organizações presentes no evento”, adianta o instituto num comunicado esta sexta-feira.

Convém explicar que durante estes dois dias de feira foram promovidos diversos painéis, workshops e apresentações de pitches, que “conectaram os alunos do ISEG ao mundo do emprego e das organizações”. “Deu-lhes a oportunidade de trabalharem o seu marketing pessoal e skills de recrutamento“, sublinha o ISEG.

Em detalhe, por exemplo, no business breakfast (pequeno-almoço de negócios, em tradução livre) que aconteceu no primeiro dia da feira, 418 alunos sentaram-se à mesa com representantes da Caixa Geral de Depósitos, Deloitte, EY, Santander, Jerónimo Martins, KPMG, PwC, BNP Paribas, Essity, Fidelidade e Neyond.

Já no segundo dia, 312 alunos tiveram a oportunidade de apresentar o seu pitch a 150 profissionais, “distribuídos em painéis representativos de mais de 80 organizações dos mais diversos setores de atividade”.

No total, por esta feira, passaram 70 empresas e mais de 250 recrutadores, destaca ainda o ISEG. “Da parte das empresas participantes, recebemos um feedback muito positivo quanto ao potencial dos alunos, o que nos assegura que estamos a conseguir proporcionar-lhes uma aproximação simples e construtiva ao mercado de trabalho”, sublinha Helena Faria, head of career services do ISEG.

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Marcelo pressiona Justiça a despachar investigação a António Costa

A certidão que deu o “pontapé de saída” na investigação a António Costa chegou ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) na terça-feira, depois da demissão do PM e do comunicado da PGR.

“Pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro em funções ficou a saber, no âmbito de diligências relativas a investigação em curso, respeitante a terceiros, uns seus colaboradores, outros não, que ia ser objeto de processo autónomo, a correr sob a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça“. As palavras são de Marcelo Rebelo de Sousa que no discurso de sete minutos em que anunciou a marcação de eleições antecipadas, deixou um recado à Procuradora-geral da República, Lucília Gago, e ao Supremo Tribunal de Justiça para que a investigação a Costa seja rápida.

Espero que o tempo, mais depressa do que devagar, permita esclarecer o sucedido, no respeito da presunção da inocência, da salvaguarda do bom nome, da afirmação da Justiça e do reforço do Estado de Direito Democrático”, acrescentou o chefe de Estado. Em causa a investigação a António Costa, a decorrer o Supremo Tribunal de Justiça, que irá analisar suspeitas de que o ainda primeiro-ministro terá “desbloqueado” os negócios do lítio, hidrogénio e data center que estão a ser investigados.

No âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), “estão a ser realizadas diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse apara a descoberta da verdade”, disse o gabinete de Lucília Gago, num comunicado enviado na terça-feira. Foram ordenadas “17 buscas domiciliárias, cinco buscas em escritório e domicilio de advogado, 20 buscas não domiciliárias, designadamente: em espaços utilizados pelo chefe do gabinete do Primeiro-Ministro, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no Ministério das Infraestruturas e na Secretaria de Estado da Energia e Clima”. E ainda na Câmara Municipal de Sines e “na sede/espaços de outras entidades públicas e de empresas”.

No final desse mesmo comunicado, um parágrafo indicava que “no decurso das investigações surgiu (…) o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido”. Tal como manda a lei, “tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça”.

A certidão que deu o “pontapé de saída” na investigação a António Costa chegou ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) na terça-feira. Assim, o Supremo vai agora analisar as suspeitas que recaem sobre Costa.

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Taxas Euribor sobem em todos os prazos

  • Lusa
  • 10 Novembro 2023

Taxas usadas no cálculo da prestação da casa subiram a três, a seis e a 12 meses.

A taxa Euribor, usada no cálculo da prestação da casa, subiu a três, a seis e a 12 meses. Com as alterações de hoje, a taxa a 12 meses ficou, pela décima sessão consecutiva, com um valor inferior ao da taxa a seis meses.

  • A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou para 4,040%, mais 0,012 pontos do que na quinta-feira, depois de ter subido em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 06 de junho de 2022, também subiu para 4,074%, mais 0,019 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses avançou para 3,992%, mais 0,005 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, em 26 de outubro, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de julho de 2022, após 10 subidas consecutivas.

A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Drahi vai analisar propostas para vender Altice Portugal

Grupo Altice terá pedido a potenciais investidores uma primeira ronda de ofertas pela Altice Portugal já em dezembro. Fundos de private equity estarão interessados.

Vários fundos de private equity estarão interessados em comprar a Altice Portugal e Patrick Drahi, o homem que controla o grupo Altice, prepara-se para receber as primeiras ofertas já no mês que vem, noticia a Bloomberg.

A Altice enviou informações sobre o negócio a potenciais investidores e terá solicitado uma primeira ronda de propostas em dezembro. A operação em Portugal, onde se inclui a operadora Meo, está a ser estudada pela Apax Partners, Apollo Global Management, CVC Capital Partners e Warburg Pincus, sublinha a agência.

“Temos estado calmamente a conduzir os nossos processos, com um calendário bem claro, no sentido de considerarmos várias opções nos próximos trimestres. Os processos estão a desenrolar-se conforme anunciado, e, entretanto, a Altice refinanciou as maturidades de 2025 para depois de 2028″, disse fonte oficial da Altice.

A Bloomberg noticia ainda que alguns fundos avaliam a Altice Portugal em sete mil milhões de euros, incluindo dívida, mas que Patrick Drahi tem uma expectativa superior. O magnata tem uma avultada dívida de cerca de 55 mil milhões de euros para gerir, que se divide entre os três ramos do negócio: a Altice France, a Altice International e a Altice USA.

Além da operação em Portugal, a Altice também está a estudar a possível venda de uma posição na unidade francesa, assim como o negócio na República Dominicana e a plataforma de publicidade digital Teads. Contudo, nenhum negócio está fechado e importa lembrar que a Altice já procurou vender a Altice Portugal em 2021, mas acabou por decidir não avançar.

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PIB do Reino Unido estagna no terceiro trimestre

  • Lusa
  • 10 Novembro 2023

O Produto Interno Bruto do Reino Unido estagnou no terceiro trimestre do ano, ficando duas décimas abaixo do valor do trimestre anterior.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido estagnou no terceiro trimestre do ano, ficando duas décimas abaixo do valor do trimestre anterior, informou hoje o ONS (Office for National Statistics).

O setor dos serviços caiu 0,1% no terceiro trimestre, enquanto a construção avançou 0,1% e a indústria ficou estável, de acordo com os números oficiais.

“Os serviços caíram um pouco, com quedas nos cuidados de saúde, consultadoria de gestão e aluguer de propriedades comerciais. Isto foi parcialmente compensado pelo crescimento na engenharia, vendas de veículos automóveis e aluguer de máquinas”, disse o diretor de estatísticas do ONS, Darren Morgan.

Muitos peritos tinham previsto uma queda de 0,1% do PIB britânico no terceiro trimestre, mas o crescimento em setembro evitou uma contração económica.

O ONS informou ainda que, só no mês de setembro, o PIB cresceu 0,2%. Nesse mês, o setor dos serviços avançou 0,2%, a indústria manteve-se estável (0,0%) e a construção cresceu 0,4%.

Os dados surgem depois de o Banco de Inglaterra ter deixado as taxas de juro inalteradas em 5,25% pela segunda reunião consecutiva, depois de o banco central ter efectuado aumentos ao longo do último ano para controlar a inflação.

No final da sua reunião, o Comité de Política Monetária do Banco votou por seis votos, contra três, a favor de deixar o preço do dinheiro inalterado, uma medida amplamente esperada pelos analistas,

De acordo com os últimos dados oficiais, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) do Reino Unido manteve-se inalterado em setembro, em 6,7%.

O Banco de Inglaterra, ao anunciar a sua decisão sobre as taxas, indicou que manteria as taxas elevadas para reduzir a inflação para 2%.

O banco espera que a inflação atinja 5% este ano e que o objetivo de 2% seja alcançado no início de 2025.

O banco também estimou que o PIB do Reino Unido permanecerá estável a partir de março do próximo ano e durante vários trimestres consecutivos, depois de cair 0,2% no primeiro trimestre de 2024.

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Crise política é “perturbação indesejada, mas mitigada por não ficarmos sem OE”, diz CEO dos CTT

João Bento diz que crise política vai afetar a credibilidade do país, mas expressa alívio por OE2024 avançar. Temas como indicadores de qualidade dos CTT e nomeação na Anacom podem derrapar, alerta.

A crise política que estalou esta semana é uma “perturbação indesejada” e “vai afetar a credibilidade do país“, afirmou esta sexta-feira João Bento, CEO dos CTT.

“Naturalmente seria melhor não haver [a crise]”, afirmou num encontro com jornalistas na sede da empresa, adiantando, no entanto, que acredita que a crise “é mitigada por não ficarmos sem Orçamento do Estado para 2024“.

Questionado se os CTT já foram contactados por acionistas ou analistas com perguntas sobre a situação, João Bento disse que não. Em relação à atividade económica, admitiu que “irá haver um arrefecimento“, mas sublinhou que deverá afetar os CTT da mesma forma que a outros agentes económicos.

O Presidente da República esta quinta-feira optou pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024. Depois de ouvir os partidos e o Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa informou ainda na declaração ao país que vai deixar passar o Orçamento do Estado para 2024 do Governo demissionário de António Costa e só depois, no início de dezembro, irá formalizar a exoneração.

António Costa pediu a demissão do cargo de primeiro-ministro na quarta-feira depois de ter tido conhecimento que estava a ser investigado pelo Ministério Público, no âmbito de suspeições de corrupção ligadas aos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Mudança na tutela? “Consequências normais”

Um dos temas que envolvem os CTT, e que ainda carecem da aprovação do Governo, é o das novas metas que a empresa terá de cumprir no serviço postal universal e que foram apresentadas pelo regulador em outubro.

Tratando-se ainda de uma proposta, atualmente em consulta pública, a decisão final recai sobre o Ministério das Infraestruturas, atualmente tutelado por João Galamba, que é arguido na Operação Influencer, mas que poderá não ficar no cargo por muito mais tempo. Pouco depois do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na quinta-feira, António Costa disse aos jornalistas que “ficou de falar” com o Presidente da República acerca do ministro.

Questionado sobre eventuais atrasos na entrada em vigor de novos indicadores de qualidade, João Bento entende que “não vamos ter já um Governo em gestão”, pois a demissão do primeiro-ministro só será aceite após a aprovação do OE2024 para minimizar o tempo de um Executivo com poderes limitados.

“Confesso que me parece de forma bastante evidente que a gestão de um contrato de concessão está associada a atos de gestão, portanto, não há de nada de reformista na gestão corrente“, afirmou, explicando que o facto de o Governo não ser de gestão, “e o que temos para tratar são assuntos do normal desenvolvimento do contrato de concessão”, faz crer aos CTT “que pode não haver grande perturbação”.

Sublinhou, contudo, que, “naturalmente, se o ministro que representa o Estado na gestão deste contrato enquanto concedente mudar, teremos as consequências normais”, como, por exemplo, “ser preciso conhecer a nova pessoa”.

O regulador das comunicações apresentou em outubro novos indicadores de qualidade para os CTT, que reduz de 24 para oito os objetivos de qualidade que a empresa terá de cumprir a partir de 2025.

A empresa reagiu a 27 de outubro afirmando que entende que a significativa simplificação que foi anunciada é tardia e mais aparente do que real. Alega ainda que continua desalinhada do que é praticado na União Europeia.

João Bento reiterou esta sexta-feira a discordância com a proposta da Anacom: “Não podem é ser estes indicadores“.

Segundo o CEO dos CTT, “o que está em curso, a proposta que foi feita não faz nenhum sentido, está completamente desalinhada da lei postal e da lei de concessão”.

Maximiano já terá sido ouvida na CReSAP, segundo João Bento

Ainda em relação à Anacom, João Bento falou sobre eventuais impactos da crise política na mudança da presidência do regulador. João Cadete de Matos, atual presidente da Anacom, está em fim de mandato, devendo ser substituído por Sandra Maximiano, caso o nome passe no crivo do Parlamento.

“Há esse risco [de a aprovação de Maximiano não ser a tempo desta legislatura]. Se não houver uma alteração na presidência da Anacom, vai ser difícil afastarmos muito da proposta que temos sobre os indicadores“, explicou.

“É verdade que poderá demorar mais tempo do seria normal termos uma nova presidente da Anacom. É público que já foi ouvida na CRESAP, é de crer que isso tenha resultado bem e o que falta para ser nomeada é apenas a audição na Assembleia da República, cujo resultado também não é vinculativo”, adiantou.

“Sendo público que a pessoa vai ser indicada, é mesmo só por falta de agenda que o assunto pode não passar“, vincou.

João Bento quis ainda sublinhar que não os CTT nunca tiveram um problema de relacionamento com Cadete de Matos. “Outra coisa é a apreciação que fazemos sobre o seu papel de regulador”.

Admito que do mesmo modo que sempre tivemos uma relação bastante fácil e fluida com o atual presidente da Anacom, ainda que praticamente sempre em desacordo, não poderá ser pior [com quem suceder]”, referiu.

Sandra Maximiano é atualmente professora no ISEG, instituição onde fez a licenciatura em em Economia e também o mestrado. Doutorou-se na Universidade de Amesterdão e deu aulas na Universidade de Purdue e em Chicago. Além da vida académica, escreve mensalmente uma coluna de opinião no Expresso sobre variados temas ligados à economia e à sociedade.

O CEO dos CTT referiu que ainda não “teve o prazer de conhecer” a economista, mas admitiu “que, numa nova escolha, provavelmente terá havido uma preocupação de encontrar um perfil que possa de algum modo preencher de forma mais completa aquilo que são as preocupações de um regulador setorial”.

(Notícia atualizada às 11h43)

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Eurodeputados chegam a acordo sobre a controversa Lei do Restauro da Natureza

  • Lusa
  • 10 Novembro 2023

Parlamento Europeu e os Estados-membros chegaram a acordo sobre a controversa Lei do Restauro da Natureza, que visa recuperar 20% dos ecossistemas terrestres e marinhos danificadas da UE até 2030.

O Parlamento Europeu e os Estados-membros da União Europeia (UE) chegaram esta quinta-feira a um acordo sobre a controversa Lei do Restauro da Natureza, que visa recuperar 20% dos ecossistemas terrestres e marinhos danificadas da UE até 2030.

“Chegámos a um acordo para recuperar o que gera não só a vida, mas também os serviços económicos e sociais, o que impacta o bem-estar das pessoas e a viabilidade da maior parte das nossas atividades, incluindo, claro, a segurança alimentar”, sublinhou a ministra interina para a Transição Ecológica espanhola, Teresa Ribera.

Em representação da presidência espanhola do Conselho da UE, Ribera deslocou-se a Bruxelas para liderar a negociação final entre os Estados-membros e o Parlamento Europeu, que teve como relator o eurodeputado espanhol César Luena (PSOE).

“Depois de setenta anos de arranque do projeto europeu, vamos ter uma política comum de restauro da natureza, que é muito importante porque não só resolve o estado dos ecossistemas que estão degradados, mas também serve para lutar contra os efeitos das alterações climáticas”, frisou Luena após o acordo.

A Lei do Restauro da Natureza faz parte de uma proposta lançada em dezembro de 2022 pela Comissão Europeia para acompanhar os acordos sobre biodiversidade alcançados na COP15 das Nações Unidas.

Como complemento de outros instrumentos jurídicos da UE, os novos regulamentos procuram reparar pelo menos 20% dos ecossistemas terrestres e marinhos degradados da UE até 2030 e todos estes até 2050, através metas vinculativas.

O acordo final prevê que, até 2030, será priorizado o restauro dos espaços da rede Natura 2000, uma das muitas flexibilidades que foram introduzidas para finalizar um acordo difícil.

Para ultrapassar o controverso obstáculo ao financiamento, foi acordado que a Comissão apresentaria um relatório sobre os recursos financeiros disponíveis a nível comunitário, as necessidades e, se apropriado, apresentaria uma proposta para aumentar a dotação no orçamento da UE.

E, num aceno aos agricultores, o texto acordado permite a suspensão das medidas de regulação por até um ano “por motivos emergenciais inesperados, não sendo possível cumprir alguns destes objetivos no prazo previsto”, explicou Ribera.

Não se esperava que fosse um dossier polémico, mas a lei da natureza, à qual as grandes explorações agrícolas, representadas pela plataforma Copa-Cogeca, opuseram-se desde o início, ficou politicamente envenenada com a proximidade das eleições para o Parlamento Europeu, em meados de 2024.

A Comissão Europeia propôs o texto em 2022 mas o partido mais importante do Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu (PPE, direita) tentou abandoná-lo no início de 2023.

Mais de 80% dos habitats naturais estão em más condições, segundo dados da UE.

Para Tatiana Nuno, responsável sénior de política marinha da associação ambientalista Seas At Risk, o acordo “está longe do que é necessário para enfrentar a crise da biodiversidade, mas no que diz respeito ao oceano é um passo crucial para a restauração da preciosa vida marinha que abriga”.

“Apesar de consideravelmente enfraquecidas pelo Conselho, as disposições relativas à pesca na lei constituem uma tentativa de trazer coerência entre as políticas do ambiente e das pescas, o que já deveria ter sido feito há muito tempo”, frisou, por sua vez, Vera Coelho, vice-presidente adjunta da organização Oceana in Europe.

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APDL toma posse do Cais de Gaia após anos de diferendo com concessionária

  • Lusa
  • 10 Novembro 2023

Transferência do poder sobre a infraestrutura física no Cais de Gaia, que contém lojas, restaurantes e bares, deu-se "através da tomada de posse administrativa", sem a cooperação da Dourocais.

A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) confirmou esta sexta-feira que tomou posse administrativa do Cais de Gaia, após anos de diferendo com a concessionária Dourocais, que não pagou rendas de uso do espaço.

“No passado dia 09 de maio de 2023, a APDL (…), na qualidade de Entidade Pública com jurisdição sob o Terrapleno Adjacente ao Cais de Gaia, procedeu à tomada de Posse Administrativa do Estabelecimento da Concessão do Direito de Exploração Turístico-Hoteleira do Terrapleno Adjacente ao Cais de Gaia”, pode ler-se numa resposta da APDL à Lusa.

De acordo com um processo a que a Lusa teve acesso, em novembro do ano passado, o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto julgou improcedente uma ação da Dourocais que defendia a nulidade do ato da tomada de posse administrativa do Cais de Gaia pela APDL, que remonta a 2015.

Segundo fonte oficial da APDL, após recurso da Dourocais para o Tribunal Central Administrativo do Norte (TACN), este tribunal confirmou “integralmente a sentença de primeira instância”, tendo o acórdão transitado em julgado.

A APDL explica que a transferência do poder sobre a infraestrutura física no Cais de Gaia, que contém lojas, restaurantes e bares, se deu “através da tomada de posse administrativa” e responde à Lusa que “não” houve uma postura cooperante por parte da Dourocais nesse processo.

A Lusa tentou contactar telefonicamente e por e-mail a Dourocais, colocando questões, e aguarda resposta.

Em termos práticos, a APDL já está “a receber as rendas de lojistas ao abrigo de processo executivo que instaurou contra a Dourocais para cobrança do montante a que tinha sido condenada”.

Em causa na relação entre APDL e Dourocais estão 3,1 milhões de euros, “sem prejuízo dos demais valores ainda em dívida, designadamente as rendas não pagas desde 24.06.2009 a 10.06.2021 (data da caducidade da concessão)”, que ascendem a 6,1 milhões de euros.

Segundo a APDL, adicionam-se ainda juros de mora da Dourocais por “não efetuar o pagamento do capital na sequência do trânsito em julgado” de uma decisão datada de fevereiro de 2022.

“Consequentemente, a APDL tem direito a receber da Dourocais uma indemnização correspondente aos juros de mora vencidos de 03.02.2022 até ao integral pagamento dessa quantia”, referiu a administração portuária em resposta à Lusa.

O processo remonta a 2009, quando a APDL intentou contra a Dourocais uma ação que visava reconhecer o contrato de concessão assinado em 2000 entre as partes e o pagamento de rendas pela Dourocais, não ocorrido até então.

Em 2 de outubro, a Câmara de Gaia também confirmou que não teria de indemnizar em 10,4 milhões de euros a concessionária do Cais de Gaia, na sequência de uma decisão dos tribunais, referente a dados patrimoniais e não patrimoniais.

A concessionária defendia que os decretos-lei que instituíram o programa Polis e as zonas por ele abrangidas (o Cais de Gaia foi incluído inicialmente, mas depois retirado em 2007) anulavam as concessões anteriormente assinadas e permitiriam “uma ocupação sine título” do Cais de Gaia.

Mesmo admitindo um regresso do espaço ao domínio da APDL pós 2007, a Dourocais defendeu que isso não significaria o regresso ao contrato de concessão.

Em 2012, foi penhorado um imóvel do Cais de Gaia na sequência de uma ação da Unicer, ano em que também correu termos o Processo Especial de Revitalização (PER) da Dourocais, “não tendo sido aprovado o plano de recuperação”, segundo o TAF do Porto.

Nesse ano, o Tribunal Arbitral proferiu decisão reconhecendo a validade do contrato de concessão desde 2000 e obrigando ao pagamento de 3,1 milhões de euros pela Dourocais, mas dispensando-a de juros de mora.

Dois anos depois, a Dourocais foi notificada da intenção da APDL de revogar o contrato de concessão, da qual discordou, por não encontrar fundamento para tal.

Em 2015, a APDL efetivou a rescisão unilateral do contrato, algo contestado pela Dourocais, que intentou um procedimento cautelar para evitar a tomada de posse administrativa do Cais de Gaia pela APDL.

Já em 2019, o TACN julgou improcedentes os recursos de ambas as partes (sobre a validade do contrato, pela Dourocais, e ao pagamento de juros de mora, pela APDL) à decisão arbitral de 2012, tendo depois ambas recorrido ao Supremo Tribunal Administrativo em 2021, que negou os recursos.

A Dourocais ainda recorreu ao Tribunal Constitucional, sem sucesso.

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