Regiões autónomas ganham autonomia no ordenamento do espaço marítimo

Proposta aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros vai criar um novo nível de ordenação do espaço marítimo, "atribuindo poderes às regiões autónomas".

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira uma proposta que altera a lei sobre a política de ordenamento e gestão do espaço marítimo, que tem a particularidade de “reforçar o poder e autonomia das regiões autónomas no ordenamento do espaço marítimo” e “consagrar as áreas marinhas protegidas como um instrumento de ordenação”.

“O diploma vai permitir ainda, entre outras inovações, alterar a configuração dos planos de gestão, consagrar as áreas marinhas protegidas como instrumento de ordenamento do espaço marítimo nacional e atribui competências às regiões autónomas para desenvolverem instrumentos de ordenamento do espaço marítimo”, detalha o secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, na conferência de imprensa.

A proposta de lei, que irá ser submetida à Assembleia da República, pretende garantir o ordenamento e a sustentabilidade dos recursos marinhos, desenvolver a economia azul de forma sustentada e contribuir para a concretização da rede nacional de áreas marinhas protegidas no mar português e dos seus planos de gestão, com o objetivo de alcançar 30% do espaço marítimo nacional até 2030, enumerou o governante.

Por fim, José Maria Costa realçou que esta proposta de alteração de lei está em linha com o objetivo de desenvolvimento sustentável no âmbito da agenda 2030 das Nações Unidas sobre a proteção do oceano. “Com o trabalho realizado, temos a confiança necessária para celebrar o oceano como um dos principais fatores de projeção externa no espaço europeu e internacional”, finaliza o secretário de Estado do Mar.

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Governo aprova Balcão Único do Prédio. Saiba o que muda no registo de propriedades

O Governo aprovou o Balcão Único do Prédio, onde vai ser possível identificar propriedades e registá-las de forma gratuita. Gratuitidade foi alargada até 2025.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira dois diplomas relativos ao regime jurídico do sistema de informação cadastral simplificada e do Balcão Único do Prédio, o BUPi. Ambos os diplomas estão integrados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça, salientou na conferência de imprensa que é uma das reformas do Governo “mais marcantes”. “Trata-se de uma reforma do ordenamento do território. De cadastrar as propriedades rústicas e os prédios rústicos e mistos e, com isto, podermos conhecer o território para podermos geri-lo e prevenir melhor incêndios”, disse.

A ministra da Justiça explicou ainda que quem se dirigir a um BUPi pode identificar as suas propriedades e registá-las de forma gratuita. “Isto vai prolongar-se até o final de 2025”, notou.

Este decreto-lei vem introduzir ajustes e adaptações aos procedimentos definidos e estabelece um conjunto de soluções necessárias à execução do projeto. “O objetivo passa por assegurar as condições e prazos necessários para os proprietários identificarem os terrenos rústicos e mistos que se localizam em municípios que não dispõem de cadastro predial e garantir o registo da propriedade rústica em todo o território nacional”, explicou.

Com os dois diplomas, a ministra garantiu que haverá uma “conciliação administrativa” para os casos em que possa existir uma sobreposição dos limites do território. “Os próprios serviços da administração pública devem passar a promover este registo”, apelou.

Um outro passo também importante diz respeito ao facto de a documentação para a identificação recebida por cada serviço do BUPi passa a valer para efeitos de registo. “Ou seja, não é preciso voltar a entregar documentos nem ir novamente à conservatória”, disse.

Em comunicado, o Ministério da Justiça avançou que mais de 250 mil cidadãos já identificaram as suas propriedades através do BUPi, tendo sido identificadas perto de 1,7 milhões de propriedades nos 144 municípios aderentes.

“Com base nas fontes de informação disponibilizadas pelas entidades da Administração Pública e do setor empresarial do Estado e integradas no BUPi, já é possível conhecer 75% da área dos 153 municípios sem cadastro predial, em termos de dominialidade, uso e ocupação, sendo que mais de 20% desta área diz respeito a propriedades identificadas pelos seus titulares, prevendo-se que, até final de 2023, se cumpra o objetivo de 90% de área conhecida e 30% de matrizes georreferenciadas”, lê-se no comunicado.

O BUPi foi criado em 2017, enquanto projeto-piloto em 10 municípios, e tem alavancado a sua presença nos municípios sem cadastro predial desde o início de 2021, altura em que se deu início à expansão do projeto. Atualmente está disponível em 144 municípios aderentes, com uma cobertura de cerca de 38 mil quilómetros quadrados.

(Notícia atualizada às 16h18)

 

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Desbloqueio de contas da Venezuela “não tem impacto nos rácios de liquidez ou capital” do Novobanco

Banco já tinha transferido os 1.500 milhões de dólares "para uma conta dos tribunais portugueses", notando que a sentença proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa já “era aguardada".

O Novobanco assegura que a sentença proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa que ordena o desbloqueio de 1.500 milhões de dólares (1.366 milhões de euros) que estavam retidos em Portugal em contas de instituições e empresas venezuelanas “não tem impacto nos rácios de liquidez ou capital” da instituição financeira.

Num esclarecimento enviado ao ECO, fonte oficial explica que, em 2021 já tinha “procedido à transferência para uma conta dos tribunais portugueses da totalidade dos fundos não bloqueados pertencentes a entidades públicas venezuelanas”.

Em causa estão os ativos que estavam em contas de várias empresas estatais venezuelanas, como o Banco de Desenvolvimento Económico e Social (BANDES) ou a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), além de várias filiais. Tinha sido retidos em janeiro de 2019 depois de o líder da oposição, Juan Guaidó, ter declarado publicamente que assumiria as funções de Presidente interino da Venezuela, até afastar Nicolás Maduro do poder.

O Novobanco, que fechou o primeiro semestre com lucros de 373,2 milhões de euros, quase 40% acima do período homólogo, sublinha agora que esta decisão já “era aguardada” e que “vem esclarecer questões que o banco tinha já suscitado, por sua iniciativa, junto dos tribunais portugueses em virtude das dúvidas existentes relativamente à representação legal das entidades públicas venezuelanas”.

A sentença proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa era aguardada pelo Novobanco e vem esclarecer questões que o banco tinha já suscitado, por sua iniciativa, junto dos tribunais portugueses em virtude das dúvidas existentes relativamente à representação legal das entidades públicas venezuelanas.

Fonte oficial do Novobanco

“À luz dos deveres legais impostos a instituições bancárias, o Novobanco não poderia proceder a quaisquer transferências bancárias enquanto as referidas dúvidas não fossem clarificadas (…) Esta não é uma situação que se verifique exclusivamente em Portugal, sendo vários os casos de idêntica natureza que correm em tribunais estrangeiros”, completa a mesma fonte.

Foi através da rede social X que o ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Freddy Ñañez, anunciou que o Executivo deste país da América Latina tinha ganho a ação judicial e recuperado os seus ativos em Portugal. A publicação, feita na noite de quarta-feira, vinha acompanhada de várias imagens, em idioma castelhano, de decisão do Tribunal Central Civil de Lisboa, com data de 31 de julho e publicada a 8 de agosto.

De acordo com a Lusa, a oposição venezuelana já reagiu ao anúncio, insistindo que a Venezuela não terá acesso a esses fundos devido às sanções internacionais impostas pelos Estados Unidos. “A proteção do dinheiro do BANDES que se encontra no Novobanco tem por base ações do Tesouro [dos EUA] sobre o BANDES e enquanto essas ações existirem Nicolás Maduro não terá acesso a esse dinheiro”, escreveu o ex-deputado Carlos Paparoni nas redes sociais.

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No Mames Wey quer abrir mais sete restaurantes e já tem novas cidades na mira

Com as novas aberturas, a cadeia estima criar mais 50 postos de trabalho. Com os dez espaços, a empresa conta levantar 1 milhão de euros através de crowdfunding.

Manuel Mira, CEO do No Mames Wey Portugal

A No Mames Wey (NMW) quer até ao final do ano abrir mais sete restaurantes em Portugal. Porto, Braga, Coimbra, Évora ou Faro são algumas das cidades na mira da rede de restauração de comida mexicana. Para isso, a rede conta levantar, através de crowdfunding, cerca de 1 milhão de euros, e com estas novas aberturas criar cerca de 50 postos de trabalho.

Com a abertura em julho, em Almada, a rede abriu o terceiro restaurante em Portugal. “Trazemos uma proposta honesta, casual e divertida, que achamos que é bastante atrativa para os estudantes universitários, daí o nosso primeiro restaurante ser junto à Cidade Universitária”, começa por explicar Manuel Palma Mira, CEO do No Mames Wey em Portugal, ao Trabalho by ECO.

“Queremos ser uma alternativa gastronómica atrativa para todos – pelo que procuramos abrir restaurantes em pontos estratégicos e movimentados, com o objetivo de chamar à atenção das pessoas e estar perto delas. Um dos nossos objetivos, até ao final deste ano, é que esperamos conseguir atingir o marco dos 10 restaurantes NMW em Portugal. E, além disso, esperamos levar o NMW até outras cidades portuguesas”, adianta Manuel Palma Mira.

Um dos nossos objetivos, até ao final deste ano, é que esperamos conseguir atingir o marco dos 10 restaurantes NMW em Portugal. E, além disso, esperamos levar o NMW até outras cidades portuguesas.

Manuel Palma Mira

CEO do No Mames Wey em Portugal

Com três restaurantes na Grande Lisboa, a cadeia já tem várias cidades na mira: Porto; Braga; Évora; Oeiras; Portimão; Faro; Albufeira; Guimarães; Setúbal e Coimbra. Apostas que poderão criar mais 50 postos de trabalho. “Temos uma média de cinco pessoas em cada restaurante, pelo que esperamos criar mais de 50 postos de trabalho com a abertura dos outros sete restaurantes, desde empregados de mesa, cozinheiros até ao pessoal das entregas”, adianta o CEO da cadeia em Portugal.

Levantar 1 milhão em crowdfunding

A marca de restauração, parte do Gadea Group — já tem mais de 30 espaços entre Portugal, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Paraguai, empregando mais de 200 pessoas –, assenta num modelo de franchising, apostando no levantamento de parte do capital através de crowdfunding. Para abrir os dez espaços, a empresa conta levantar 1 milhão de euros por essa via.

“Oferecemos um modelo de negócio único. É uma marca à qual o consumidor rapidamente se conecta, pelo que a sua rentabilidade é muito interessante para os franchisados. Somos especialistas no lançamento de modelos de negócio disruptivos com baixo custo e elevada rentabilidade. O franchisado tem o nosso apoio e suporte em todas as áreas do negócio; para nós, é o nosso sócio, e contamos com ele para fazer do Gadea Group, uma referência em franchising de restaurantes”, comenta Manuel Palma Mira, quando questionado sobre se o modelo de crowdfunding facilitava o ritmo de aberturas.

“Qualquer pessoa pode investir e tornar-se acionista de um dos restaurantes do grupo. Dentro de cada um dos restaurantes existem placas com os nomes dos investidores que o financiaram, sendo que por 4.500 euros qualquer pessoa pode ter uma parte de um dos nossos restaurantes”, refere o responsável da cadeia no mercado português, esclarecendo os patamares mínimos de investimento nos espaços.

A marca tem uma “plataforma para gerar envolvimento com os investidores”, diz. “Temos uma marca, que por si, é suficientemente atrativa e que atrai muitos investidores. Também utilizamos as redes sociais, campanhas de anúncios e, claro, tentamos tornar cada uma das nossas aberturas única e diferente. Todos estes fatores fazem com que os investidores olhem para a NMW”, argumenta o CEO.

Quem investe recebe “uma percentagem das vendas do restaurante, mas o mais importante é que fazem parte de um projeto mundial”. Mais de um terço (35%) “dos investidores que decidem aderir ao No Mames Wey são portugueses”, adianta Manuel Palma Mira, sem precisar números. Os investidores nacionais podem investir em qualquer um dos espaços da rede, mesmo no mercado externo. “Trata-se de um projeto global com filiais em vários países”, refere.

Salários em linha com setor

Com as aberturas previstas, estima-se que sejam criados cerca de cinco dezenas de postos de trabalho, mas, apesar das dificuldades com a escassez de talento que se vive no setor da restauração, Manuel Palma Mira não se mostra preocupado com eventuais dificuldades ao nível da contratação.

“Não nos preocupa, porque todas as posições que estamos a recrutar para o restaurante são básicas e fáceis de preencher. Há uma grande rotatividade neste setor, é verdade, mas isso também nos beneficia porque os jovens chegam com novas ideias e vontade de aprender, com uma atitude bastante positiva”, diz o gestor.

“Os salários no NMW estão em linha com os salários estabelecidos no setor da restauração, talvez um pouco mais elevados. Mas, para nós, o mais importante é o ambiente em cada um dos nossos locais”, sustenta, interpelado quanto ao pacote salarial e benefícios na cadeia. “Procuramos sempre criar um bom ambiente de trabalho, com gestores dispostos a motivar e a criar um ambiente positivo”, refere ainda.

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Cabaz IVA zero fica mais caro, após duas semanas a descer

Deco revela que o cabaz IVA zero ficou dois euros mais caro na última semana, quebrando um ciclo de duas semanas a descer. Pescada fresca, ervilhas e brócolos entre os produtos que mais subiram.

Após duas semanas a descer, o preço de um cabaz de bens essenciais, de um conjunto de produtos alimentares abrangidos pelo IVA zero, voltou a ficar mais caro, tendo aumentado dois euros face à semana anterior, passando a custar 128,34 euros, segundo as contas realizadas pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco).

Em causa está a monitorização de 41 dos 46 alimentos – que incluem peru, frango, carapau, pescada, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, leite, queijo ou manteiga –, que desde 18 de abril passaram a estar isentos de IVA, na sequência do acordo tripartido entre Governo, distribuição e produção.

Na última semana, isto é, entre 2 e 9 de agosto, o custo do cabaz IVA zero monitorizado pela Deco aumentou dois euros (1,58%), passando a custar 128,34 euros face aos 126,34 euros estimados na semana anterior, a 2 de agosto.

Não obstante, se a comparação for feita com o dia anterior ao arranque da medida, a 17 de abril, a diferença é expressiva: no espaço de mais de três meses, este cabaz ficou 10,43 euros mais barato, o que se traduz numa quebra de 7,53%.

De notar, que esta quinta-feira, o INE confirmou que a inflação abrandou para 3,1% em julho, à boleia do “decréscimo de preços verificado na classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”.

Pescada fresca e ervilhas sobem mais de 10% numa semana

Na última semana, a pescada fresca foi o produto que mais subiu de preço, tendo disparado 19% (1,56 euros) face à semana anterior. Seguem-se as ervilhas ultracongeladas (+12%), os brócolos, o arroz carolino e a laranja (todos +6%), a perna de peru e a curgete (ambos +5%), o bacalhau graúdo e a batata vermelha (+4%) e as massas espirais.

Já em termos de categorias de produtos, os laticínios foram produto que mais beneficiou com a entrada em vigor desta medida, dado que uma cesta deste produto recuou 11,15% (menos 1,57 euros), passando a custar 12,52 euros. Segue-se a mercearia cujo preço baixou 10,69% (menos 2,38 euros), passando a custar 19,91 euros; os congelados; que recuaram 10,11% (menos 36 cêntimos), para 3,23 euros; o peixe, que desceu 9,6% (menos 3,35 euros), para 31,52 euros; a carne, que desceu 6,42% (menos 2,63 euros) para 38,26 euros; e, por fim, as frutas e legumes, cuja cesta recuou 0,58% (menos 13 cêntimos), passando a custar 22,89 euros.

Paralelamente, a Deco faz ainda a monitorização ao habitual cabaz de bens essenciais, que engloba 63 produtos e que inclui alguns produtos também abrangidos pelo IVA zero. Mas ao contrário do cabaz IVA zero, o preço deste cabaz voltou a descer pela terceira semana consecutiva. Só na última semana, o cabaz de bens alimentares ficou 46 cêntimos mais barato, passando a custar 210,54 euros. Já, desde o início deste ano ficou 7,42 euros mais barato (-3,4%).

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Banco Central da Rússia suspende compra de moedas estrangeiras no mercado de câmbios nacional

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

A partir de 10 de agosto de 2023 e até ao final de 2023, o Banco Central decidiu deixar de comprar moedas estrangeiras no mercado nacional para reduzir a volatilidade dos mercados financeiros.

O Banco Central da Rússia vai suspender a compra de moedas estrangeiras no mercado de câmbios nacional a partir de quinta-feira, para limitar o enfraquecimento do rublo.

Atualmente, o rublo está no nível mais baixo face ao euro e ao dólar desde março de 2022.

“A partir de 10 de agosto de 2023 e até ao final de 2023, o Banco Central decidiu deixar de comprar moedas estrangeiras no mercado nacional (…) a fim de reduzir a volatilidade dos mercados financeiros”, anunciou o Banco Central da Rússia (BCR) num comunicado divulgado na quarta-feira à noite.

Este anúncio, esperado por vários intervenientes do mercado, marca o abandono pelo BCR da regra orçamental segundo a qual a Rússia compra ou vende divisas estrangeiras, armazenadas no seu Fundo Nacional de Riqueza, para equilibrar o orçamento federal em função das variações das receitas dos hidrocarbonetos.

A medida surge numa altura em que o rublo caiu a pique nas últimas semanas, levando muitos russos a recear a queda do seu nível de vida.

Esta quinta-feira de manhã eram necessários 107 rublos para trocar um euro e 97 rublos para um dólar, os níveis mais baixos do rublo desde as primeiras semanas após o início da ofensiva russa na Ucrânia.

No entanto, em meados de janeiro, o BCR, que atua em nome do Ministério das Finanças russo, retomou a compra e venda de divisas no mercado de câmbios nacional, depois de quase dez meses de suspensão, marcados por uma série de sanções adotadas em resposta à intervenção militar na Ucrânia.

Até fevereiro de 2022, a Rússia utilizou, sobretudo, dólares e euros para equilibrar o seu orçamento. Mas Moscovo está agora empenhada numa corrida para ‘desdolarizar’ a sua economia, de modo a ficar menos dependente de Washington, o seu rival diplomático, e anunciou em janeiro que queria negociar principalmente em yuan, a moeda do seu parceiro chinês.

Qualquer decisão sobre o reinício das operações do BCR “será tomada tendo em conta a situação atual dos mercados financeiros”, declarou o organismo que garante a estabilidade financeira do país em comunicado.

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Comissão Europeia diz que Rússia não é parceiro económico de confiança

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

A Comissão Europeia considerou hoje que, como parceiro económico, a Rússia é "irrealista, imprevisível", "tem falta de transparência" e que apenas faz o que quer para atingir a sua agenda política.

A Comissão Europeia considerou hoje que, como parceiro económico, a Rússia é “irrealista, imprevisível”, “tem falta de transparência” e que apenas faz o que quer para atingir os seus objetivos políticos.

A atual postura comercial da Rússia “apenas tem demonstrado que é irrealista, imprevisível”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, em conferência de imprensa em Bruxelas.

O representante comunitário apontou ainda “a falta de transparência” de que Moscovo tem “enquanto parceiro económico”.

Depois da suspensão, em 17 de julho, do acordo para a exportação de cereais provenientes da Ucrânia pelo Mar Negro, o Kremlin (Presidência russa) tem-se apresentado aos países que mais necessitam destes cereais, em particular os africanos, como o principal fornecedor.

Contudo, para Bruxelas, a saída do acordo que foi negociado com os dois países em guerra, sob mediação das Nações Unidas e da Turquia, demonstra a incapacidade da Rússia para respeitar quaisquer acordos. “Faz diariamente o que quer para atingir os seus objetivos políticos, reforçando a sua imagem como um parceiro económico e comercial instável”, acrescentou o porta-voz.

Peter Stano defendeu que “há um consenso internacional de que é necessário” o regresso da Rússia à iniciativa que vigorava desde julho do ano passado. “Não é só importante para a Ucrânia, é também para [impedir que aumentem] os preços da alimentação globais”, concluiu.

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Exportações de componentes automóveis sobem 21% em 2023 e já superam os 6 mil milhões de euros

  • ECO
  • 10 Agosto 2023

As exportações de componentes automóveis estão a subir há 14 meses, contabilizando este ano mais de 6 mil milhões de euros, cerca de 21,1% acima do registado no mesmo período do ano passado.

As exportações de componentes automóveis aumentaram 20,1% em junho, face a igual período do ano passado, ultrapassando a fasquia dos 1.000 milhões de euros pelo segundo mês consecutivo, anunciou esta quinta-feira a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

Em comunicado, a AFIA adianta que este crescimento “representa uma subida pelo 14.º mês consecutivo, continuando a mostrar também um ritmo de crescimento superior às exportações nacionais de bens”, que neste período caíram 3,4%, “apresentando-se como um dos motores do crescimento económico de Portugal”.

O bom momento do setor é visível nas vendas contabilizadas no primeiro semestre do ano. Segundo a AFIA, entre janeiro e junho, “as exportações de componentes automóveis ultrapassaram os 6.000 milhões de euros”, o que representa uma subida de 21,2% face aos primeiros seis meses de 2022. Esta dinâmica foi reforçada pelo comportamento registado no segundo trimestre, com as exportações de componentes automóveis a registarem um crescimento homólogo de 21,9%.

A associação realça ainda que “70% das exportações portuguesas de componentes automóveis continuam a pertencer a 5 países principais – Espanha, Alemanha, França e Eslováquia e, agora também o Reino Unido, substituindo os Estados Unidos da América neste top 5”.

Espanha continua a ser o principal cliente dos componentes fabricados em Portugal, absorvendo cerca de 1.714 milhões de euros das vendas, seguida pela Alemanha (1.332 milhões de euros), França (662 milhões de euros), Eslováquia (263 milhões) e Reino Unido (237 milhões de euros). “Por outro lado, as exportações para os Estados Unidos da América registaram novamente uma queda, 18,9%”, nota a AFIA, referindo que este país ocupa agora a sexta posição.

“É importante destacar que a indústria de componentes automóveis tem mantido a sua resiliência e encontrado formas de se manter competitiva e enfrentar os desafios que se mantém ativos no panorama nacional e internacional, como o aumento dos custos da inflação, transportes, energia e matérias-primas, que afetam este e outros setores de atividade”, conclui.

A análise da AFIA tem como base os dados divulgados na quarta-feira pelo INE referentes ao comércio internacional de bens, que apontaram que as exportações portuguesas registaram uma diminuição de 3,4% em junho, enquanto as importações recuaram 7,6%. É o terceiro mês que recuam.

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Mobi.E regista novo recorde de carregamentos de carros elétricos em julho. Há 50 tomadas por cada 100 km de estrada

Em média, nos setes primeiros meses do ano, cada utilizador efetuou 19 carregamentos na rede Mobi.E. Existem atualmente 50 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia.

A Mobi.E contabilizou 378.669 carregamentos na sua rede no mês de julho, o que representa uma subida de 63% face ao mesmo mês do ano passado. Desta forma, também os consumos de energia atingiram um novo máximo, de 6.348.476 quilowatts-hora, um aumento de 83% em comparação com o mesmo período homólogo.

No conjunto deste ano já se realizaram um total de cerca de 2,3 milhões de carregamentos, o que representa um aumento de cerca de 68% face ao ano passado.

“O contínuo crescimento da rede é um dos principais fatores que contribui para estes números, uma vez que tem acompanhado o incremento do parque de viaturas elétricas”, justifica a Mobi.E, no comunicado em que faz o balanço destes números.

No final de julho, integravam a rede Mobi.E um total de 4.809 postos (3.673 públicos). Cerca de 1.347 postos de carregamento eram rápidos ou ultrarrápidos, o que representa mais de um terço (36%) do total. A potência da rede é atualmente superior a 206.528 quilowatts (kW), um aumento de 44% em relação ao ano anterior. Existem atualmente 50 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia em Portugal.

Desde o início deste ano, acederam à rede pública nacional mais de 119.226 utilizadores distintos, uma subida de 59% face a 2022. Em média, nos sete primeiros meses do ano, cada utilizador efetuou 19 carregamentos na rede Mobi.E.

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Só a Polónia superou Portugal na subida do PIB per capita no arranque do ano

Apesar de ser um dos países da OCDE com maior crescimento do PIB per capita no primeiro trimestre, Portugal é também um dos países em que as famílias mais viram os seus rendimentos cair neste período.

Há oito trimestres consecutivos que Portugal regista um crescimento do PIB per capita. No primeiro trimestre voltou a registar-se esta dinâmica, com a riqueza por habitante a subir 1,7%, colocando Portugal na segunda posição do ranking dos países da OCDE com o maior crescimento do PIB per capita neste período. É apenas superado pela Polónia.

No entanto, isso reflete-se pouco no bolso das famílias. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta quinta-feira, o rendimento real das famílias portuguesas contraiu 0,5% entre janeiro e março. Entre os 23 países com dados recolhidos pela OCDE, apenas sete registaram uma contração maior que Portugal neste indicador e no mesmo período.

Segundo dados da OCDE, as famílias destes 23 países contabilizaram um crescimento dos seus rendimentos reais de 0,9% no primeiro trimestre, excedendo o crescimento de 0,3% do PIB per capita. “Este é o terceiro trimestre consecutivo em que o rendimento real das famílias per capita cresceu na OCDE e o maior aumento trimestral desde o primeiro trimestre de 2021, quando os rendimentos foram impulsionados por programas de assistência relacionados com a pandemia”, refere em comunicado.

A dinâmica de Portugal é outra. No último ano, apenas por uma ocasião — no último trimestre de 2022 – os rendimentos reais das famílias portuguesas tiveram um aumento. E também foi numa única vez que registaram uma taxa de crescimento acima da taxa de crescimento do PIB per capita, o que aconteceu precisamente no mesmo trimestre.

Além disso, os dados divulgados esta quinta-feira revelam ainda que, entre janeiro e março deste ano, os rendimentos reais das famílias nacionais foram 7,7% inferiores à média dos rendimentos reais das famílias dos países da OCDE.

Apesar de ainda distante, o fosso de rendimentos é hoje metade do que era em 2021, quanto os rendimentos reais das famílias nacionais eram 15% inferiores aos rendimentos das famílias da OCDE. E há um ano, no primeiro trimestre de 2022, a diferença era de 7,8%.

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Disney+ perde 11,7 milhões de subscritores e vai aumentar preços

O saldo de balanço trimestral do conglomerado de media foi negativo, com o lucro homólogo de 1,4 mil milhões de dólares de 2022 invertido agora para um prejuízo de 460 milhões.

O serviço de streaming Disney+ registou uma perda recorde de 11,7 milhões de subscritores globalmente no segundo trimestre do ano. Nos planos da empresa está um aumento de preços e a proibição da partilha de passwords.

O número de subscritores caiu assim no segundo trimestre do ano de 157,8 milhões para 146,1 milhões, um decréscimo de 11,7 milhões de assinaturas, onde se incluiu uma quebra de 300 mil subscritores (para 46 milhões) nos EUA e no Canadá.

Esta quebra de subscritores a nível mundial deveu-se, em grande parte, a uma notória perda de subscrições na Índia, onde o serviço local Disney+ Hotstar registou uma quebra de 24%, passando de 52,9 milhões para 40,4 milhões de assinantes.

Esta descida já era esperada na medida em que a Disney perdeu os direitos de uma importante liga de críquete na Índia (Indian Premier League), desporto bastante relevante no país asiático, que levou ao cancelamento de um grande número de assinaturas. Os direitos acabaram por ser adquiridos pela Viacom18, num empreendimento conjunto com a Reliance Industries, por 2,6 mil milhões de dólares (cerca de 2,36 milhões de euros), refere a Forbes.

Se não for considerado o serviço da Disney+ Hotstar, o total das subscrições a nível mundial até cresceu em cerca de um milhão. A Hulu e a ESPN+ – também detidos pela Disney – mantiveram praticamente o mesmo número de subscritores em relação ao trimestre passado.

Bob Iger, CEO da Disney, já admitiu que a fixação de preços da Disney+ é um “trabalho em curso”, segundo a Forbes, adiantando que o serviço de streaming vai aumentar três dólares nos EUA, passando de 10,99 dólares para 13,99, a partir do dia 12 de outubro.

Em Portugal o serviço vai encarecer dois euros. Os subscritores vão assim passar a pagar 10,99 euros mensalmente, em vez dos anteriores 8,99. Anualmente, o preço fixado também aumentou de 89,90 euros para 109,99.

A Disney vai também alargar a sua modalidade de subscrição com publicidade (com a assinatura mais baixa) ao Canadá e a vários países da Europa – entre os quais não se encontra Portugal – como a França, Suíca, Alemanha, Itália, Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca e Reino Unido, revela a Variety.

Segundo o CEO da Disney, em 2024 a empresa vai também tentar combater a partilha de passwords, que tem o peso “significativo”, embora a empresa não saiba exatamente em que medida, pelo que “conformo o eliminarmos, veremos a relação no aumento de subscrições”, cita a Forbes.

Esta ação é vista pelos investidores como uma “verdadeira possibilidade de crescer o negócio”.

No trimestre, o conglomerado do entretenimento apresentou um ligeiro aumento da faturação (de 4%), mas abaixo das expectativas dos analistas, para 22,3 mil milhões de dólares, conforme o seu comunicado de divulgação de resultados.

Mas o saldo de balanço trimestral foi negativo, com o lucro homólogo de 1,4 mil milhões de dólares de 2022 invertido agora para um prejuízo de 460 milhões.

“Os nossos resultados trimestrais refletem o que temos conseguido na transformação sem precedentes que estamos a fazer na Disney, para a reestruturar, melhorar a efetividade e devolver a criatividade ao centro do nosso negócio”, argumentou o presidente, Bob Iger, no texto do comunicado.

No trimestre em causa pesaram encargos de 2,44 mil milhões de dólares relacionados com a reestruturação, a retirada de conteúdos das plataformas de transmissão em contínuo e o fim das licenças de utilização a terceiros, bem como outros 210 milhões de dólares relativos a indemnizações por despedimento.

(Notícia atualizada às 15h45 com os novos preços em Portugal)

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Maçã de Carrazeda de Ansiães com perdas de 95 a 98% nesta colheita

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

Devido ao granizo que caiu entre finais de maio e inícios de junho, produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães estimam perdas "entre os 95 e os 98%". Pedem ao Governo apoio para sistemas anti-granizo.

Os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, estimam perdas na colheita “entre os 95 e os 98%”, por causa do granizo que caiu entre finais de maio e inícios de junho, disse esta quinta-feira à Lusa o presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), Luís Vila Real.

“Este ano, não tivemos o problema da falta de água, mas tivemos o granizo extremamente intenso. Caiu cinco vezes no concelho. As perdas estão apuradas entre os 95 e os 98%, na parte mais crítica. No resto, rondarão os 80 a 90%”, avançou Luís Vila Real.

O responsável disse ainda que “o produto ficou sem qualidade, não tem valor de mercado, e, obviamente, os compradores não querem esse tipo de produto, porque o consumidor final também não”.

Por isso, o destino de grande parte da maçã é a indústria, essencialmente para fabrico de concentrado ou sumo fresco.

Luís Vila Real não tem um número exato da quebra a nível económico, mas não tem dúvidas de que é muito elevada.

“São uns milhões, porque somos um concelho que produz entre 25 a 30 mil toneladas de maçã de qualidade por ano. Temos uma redução na ordem 95 a 98% desse valor. Se o preço por quilo andar na ordem dos 35 cêntimos, é só fazer as contas do descalabro económico que vem por aí”, assinalou.

Este preço pago por quilo ao agricultor – em média entre os 30 e os 35 cêntimos em fruta de qualidade – é considerado baixo para fazer face ao aumento dos fatores de produção no pós-pandemia.

“O produtor vende a preços ridículos, que, muitas vezes, já nem estão a cobrir os custos da produção. O custo por quilo para produzir já se aproxima muito dos 30 cêntimos. O que significa que quase não fica nada para o produtor”, afirmou Luís Vila Real, que disse ainda que não conseguem “traduzir o aumento de custo no produto que é vendido aos operadores do mercado”.

Considerando que “o preço justo, em média, seriam 50 cêntimos por quilo na colheita de fruta de qualidade”, Luís Vila Real explicou ainda que os produtores “acabam por ceder” aos preços pagos pelos grandes grossistas, porque “os agricultores não têm uma organização que faça a gestão da comercialização”. Por isso, quem compra a fruta são as “grandes unidades fruteiras, que estão nas mãos dos grandes armazenistas. Têm câmaras de frio de grande capacidade”.

O produto vai depois encarecendo ao longo da cadeira de distribuição: “Neste processo, não vem nada para o produtor. A responsabilidade do encarecimento não é do agricultor”, lamentou Luís Vila Real.

Carrazeda de Ansiães é o maior produtor de maçã de Trás-os-Montes. São 600 hectares de pomar, cultivados por cerca de 45 agricultores. O concelho dedica aos produtos de maior expressão a Feira da Maçã, do Vinho e do Azeite, entre 25 e 27 de agosto. Luís Vila Real diz que haverá maçã para as montras do certame e garante ainda que as preocupações dos agricultores também vão estar presentes.

“Também vamos lá pôr o nosso produto deteriorado, para que as pessoas tenham consciência do que realmente se passou”, disse.

A campanha de colheita começa dentro de cerca de duas semanas.

Produtores de maçã de Carrazeda pedem apoios para sistemas anti-granizo

O presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), Luís Vila Real, pediu esta quinta-feira apoios para os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães instalarem sistemas anti-granizo na região.

“Nós precisamos de apoios para instalação de sistemas de proteção. Sejam sistemas de telas anti-granizo, ou então uns mais fáceis de instalar e muito mais baratos, que são as torres anti-granizo. Já têm provas dadas em Movimenta da Beira, em Armamar e pelo mundo. Só que o Governo insiste em não apoiar essa medida e estamos de mãos atadas”, afirmou ainda.

Dos 600 hectares de pomar do Planalto de Ansiães, cultivados por cerca de 45 agricultores, apenas cerca 10% têm atualmente proteção com telas anti-granizo.

“As telas têm um custo de 30 mil euros por hectare e é de difícil e demorada implementação. Tendo em conta que nos anteriores programas de financiamento que estiveram abertos os valores de referência eram pré-pandemia, e que agora os custos subiram exponencialmente, não há qualquer capacidade dos agricultores”, justificou Luís Vila Franca.

Para o presidente da AFUVOPA, a solução mais vantajosa seria a torre anti-granizo.

“A torre anti-granizo é um sistema que faz um disparo de uma onda de choque para as altas camadas da atmosfera onde se forma o granizo e dissipa-o antes de atingir o solo”, explicou Luís Vila Real.

Luís Vila Rela lança contas à instalação destas proteções em Carrazeda de Ansiães.

“No concelho de Carrazeda de Ansiães, a instalação das telas rondaria os 18 milhões de euros e as torres anti-granizo entre os 750 e os 800 mil euros e seria possível instalá-las num mês. É uma diferença brutal. Só que continua a haver uma resistência enorme por parte do Estado em apoiar essa medida. Por exemplo, com uma comparticipação de 50% do Governo, entre os 350 ou 400 mil euros de ajuda do Estado, conseguiríamos proteger o núcleo-duro da produção”, concluiu.

Quanto aos apoios anunciados pelo Governo em junho, de um máximo 55 euros por hectare de área afetada para minimizar os efeitos do granizo, Luís Vila Real disse à Lusa serem insuficientes.

“É uma brincadeira de mau gosto. Porque só um tratamento de uma aplicação foliar fica muito mais caro do que isso. E estamos a falar de 17 a 18 tratamentos por campanha. Alguns tratamentos ultrapassam os 150 euros por hectare. E nestes casos não resolve absolutamente nada. O mal já está no terreno”.

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