Petróleo na Amazónia é tema tabu no Brasil a dias de cimeira para salvar a floresta

  • Lusa
  • 6 Agosto 2023

Apesar da ambição brasileira para a cimeira, a diminuição da exploração de petróleo na região é tema tabu, ao qual diplomatas, Lula da Silva e a ministra do Ambiente têm tentado esquivar-se.

O Brasil acolhe a partir de terça-feira a Cimeira da Amazónia, considerada pelo Presidente Lula da Silva como um “marco histórico” rumo à desflorestação zero, mas com a exploração de petróleo no bioma a ser tabu entre as autoridades brasileiras.

Desde sexta-feira, com o início dos Diálogos Amazónicos, até quarta-feira com o culminar da Cimeira da Amazónia, a maior floresta do planeta será o mais importante tema da América do Sul, numa consciência coletiva de que salvar a Amazónia é salvar o planeta.

Queremos preparar, pela primeira vez, um documento conjunto de todos os países que têm florestas para que a gente chegue unida na COP-28, nos Emirados Árabes, e possamos ter uma discussão séria com os países ricos, que desde 2009 prometeram liberação de 100 biliões de dólares para criar um fundo de ajuda à manutenção da floresta e da preservação da diversidade“, afirmou Lula da Silva, durante um encontro organizado para a imprensa internacional, em que a Agência Lusa esteve presente, no Palácio do Planalto, em Brasília.

“O mundo precisa não apenas admirar a Amazónia, mas ajudar a preservar e a fazer desenvolvimento na Amazónia”, acrescentou.

Além dos oito países que compõem a Amazónia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), foram convidados a Indonésia, a República Democrática do Congo e a República do Congo, nações que, juntamente com o Brasil, possuem as maiores florestas tropicais do mundo, bem como a França, pela Guiana Francesa.

Quase todos os chefes de Estado dos países da Amazónia marcarão presença no evento, com a exceção do Equador e Suriname.

O Presidente de França, Emmanuel Macron, que é chefe de Estado da Guiana Francesa, ainda não confirmou presença.

Noruega e Alemanha, países que financiam o Fundo da Amazónia, foram também convidados.

Aqui, os oito países amazónios deverão atualizar o Tratado de Cooperação Amazónica (TCA), assinado em Brasília em 1978, que prevê ações conjuntas para equilibrar a proteção da floresta e o desenvolvimento económico. A atualização, segundo o Governo brasileiro, terá como tónica o “respeito pelos direitos humanos, a abordagem intercultural e a soberania”.

“Seremos muito duros em relação ao desmatamento”, disse o Presidente brasileiro, que se comprometeu a reduzir a zero o desmatamento ilegal da maior floresta tropical do mundo até 2030.

Apesar da ambição brasileira para esta cimeira, a diminuição da exploração de petróleo na região tem sido tema tabu, que, desde diplomatas, a Lula da Silva, até à própria ministra do Ambiente, Marina Silva, têm procurado esquivar-se na questão.

O assunto “ainda está na negociação”, responderam os diplomatas, após consecutivas perguntas dos jornalistas numa conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, sobre a Cimeira da Amazónia.

A Colômbia, para além de insistir no desmatamento zero, anunciou o fim de novas licenças para explorar petróleo no início do ano e esperava que o assunto fosse discutido nesta cimeira de líderes.

O próprio presidente Gustavo Petro, já mostrou preocupação com a exploração de petróleo e gás na Amazónia, mas a ministra do Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, já veio esfriar as ambições dizendo que a situação é “muito mais complexa”.

Também numa conferência de imprensa para demonstrar os bons resultados no ataque ao desmatamento ilegal da Amazónia, Marina Silva foi questionada sobre se a redução de petróleo no bioma seria tratado e se da cimeira poderia sair um pacto contra mais perfuração.

“A declaração conjunta vai ser anunciada pelos presidentes, eu não tenho como antecipar o que os presidentes vão anunciar”, começou por dizer.

“A Colômbia, por exemplo, está tratando da questão do petróleo, e existe o Presidente Lula que está tratando muito fortemente da questão do desmatamento”, disse, acrescentando que os países estão em diferentes estágios no debate interno.

No cerne do desconforto poderá estar o estudo para exploração de petróleo perto da foz rio Amazonas, no estado do Amapá, norte do país, que tem como senador eleito Randolfe Rodrigues, um político próximo de Lula da Silva que até ao início do ano estava filiado ao partido Rede Sustentabilidade, que tem como bandeira as ações em prol do ambiente, da emergência climática e da proteção de biomas.

A Amazónia é a maior floresta tropical do globo, o maior manancial de água potável do planeta […], mas a Amazónia também são 25 milhões de humanos que aqui estão e para isso tem que se debater com eles as alternativas de geração de emprego e de renda”, disse, o senador de um dos estados mais pobres do país e líder do Governo de Lula da Silva no Congresso Nacional.

Ainda assim, frisou que respeitará a decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), baseada na ciência, que, para já, não deu aval a exploração.

A maior petrolífera estatal brasileira, Petrobras, disse sexta-feira estar muito confiante em poder começar a explorar um controverso campo de petróleo ‘offshore’ perto da foz do rio Amazonas, apesar de uma recusa recente por parte das autoridades ambientais.

O diretor de Exploração e Produção da empresa, Joelson Mendes, disse durante uma apresentação para investidores que todas as informações solicitadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já foram enviadas, depois de esta instituição ter negado as licenças.

Para tentar tirar as dúvidas dos ambientalistas, a petrolífera garante que o poço mais próximo da foz do Amazonas fica a 500 quilómetros dali e a 2.880 metros de profundidade.

Também na sexta-feira, o Presidente brasileiro afirmou que o país deve continuar a pesquisar a existência de petróleo na região conhecida como “margem equatorial”

É uma decisão que o Estado brasileiro precisa tomar, mas o que a gente não pode é deixar de pesquisar“, disse Lula da Silva ´

“E quando a gente achar, a gente vai tomar uma decisão do Estado brasileiro – o que a gente vai fazer, como é que a gente pode explorar”, concluiu.

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Reino Unido faz parceria com redes sociais para combater travessias ilegais do Canal da Mancha

  • Lusa
  • 6 Agosto 2023

A parceria com a Meta (dona do Facebook e do Instagram), o TikTok e a X (antigo Twitter) quer prevenir que os migrantes tenham acesso a conteúdo de contrabandistas que incentivam a travessia.

O governo do Reino Unido anunciou no sábado uma parceria com redes sociais para intensificar o combate ao conteúdo que incentiva migrantes a efetuar travessias ilegais do Canal da Mancha.

A parceria entre a NCA, a agência britânica de combate ao crime, e a Meta (dona do Facebook e do Instagram), o TikTok e a X (antigo Twitter) quer prevenir que os migrantes tenham acesso a conteúdo de contrabandistas que incentivam a perigosa travessia.

A parceria pretende combater publicações que promovem preços mais baixos para travessias em grupos, geralmente feita em pequenos barcos, ofertas de documentos falsificados e promessas de “passagem segura”, disse o Governo do Reino Unido, num comunicado.

Um plano lançado em 2021 já tinha resultado na suspensão ou exclusão de “4.700 publicações, páginas ou contas” em redes sociais, sublinhou o comunicado.

Um centro especializado, com financiamento de 11 milhões de libras (12,7 milhões de euros), deverá ser criado para combater este tipo de conteúdo.

O governo britânico espera ainda a futura aprovação de um projeto de lei que visa combater conteúdo ilegal colocado por contrabandistas não apenas nas redes sociais, mas também em outros pontos da Internet.

“Este novo compromisso” das redes sociais irá ajudar as autoridades a “redobrar esforços” para lutar contra os contrabandistas, “trabalhando juntos para acabar com o seu negócio sinistro”, sublinhou o primeiro-ministro Rishi Sunak.

A medida faz parte da nova política de imigração do Reino Unido, que quer dificultar os pedidos de asilo com medidas drásticas de cortes orçamentais no acolhimento dos requerentes.

No entanto, a contestação tem obrigado ao adiamento de várias das iniciativas emblemáticas da nova política do Governo conservador de Rishi Sunak.

Um navio de 93 metros de comprimento e 27 de largura, com 223 cabinas, deveria ter começado, em 01 de agosto, a abrigar até 500 requerentes de asilo, mas o arranque foi adiado por questões de segurança.

Um projeto para alojar dois mil requerentes de asilo numa base militar desativada no norte de Inglaterra foi adiado no final de julho, por falta de pessoal qualificado para gerir água, gás e eletricidade no local.

No ano passado, um projeto semelhante na aldeia de Linton-on-Ouse, também no norte do país, foi finalmente colocado de lado, após a oposição massiva dos moradores.

Sunak, que tem visto a sua popularidade cair nas sondagens, a um ano das próximas eleições legislativas, endureceu a sua retórica anti-imigração e prometeu acabar com as travessias ilegais no Canal da Mancha, um dos estreitos mais movimentados do mundo, palco frequente de naufrágios fatais.

Uma nova lei que entrou em vigor em julho – e que tem sido criticada dentro e fora de fronteiras, inclusivamente pela ONU – proíbe os migrantes que fizeram a travessia – eram mais de 45 mil em 2022 e já são quase 15 mil em 2023 – de pedirem asilo no Reino Unido.

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Próxima JMJ será em Seul, na Coreia do Sul

  • Lusa e ECO
  • 6 Agosto 2023

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Seul, na Coreia do Sul, anunciou este domingo o Papa Francisco.

A próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) será em Seul, na Coreia do Sul, anunciou este domingo o Papa Francisco. O anúncio do país que recebe a próxima JMJ, em 2027, foi feito em Lisboa após a missa de encerramento da JMJ no Parque Tejo.

O Papa Francisco pediu hoje aos jovens que não tenham medo, frase que repetiu por diversas vezes, dizendo-lhes que são presente e futuro.

Não tenham medo“, afirmou Francisco, em espanhol, na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Parque Tejo, em Lisboa.

A missa foi concelebrada por 30 cardeais, 700 bispos e 10 mil sacerdotes.

Cerca de um milhão e meio de pessoas estão hoje no Parque Tejo, em Lisboa, na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), presidida pelo Papa Francisco, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé.

As autoridades locais confirmaram a presença de cerca de um milhão e 500 mil pessoas no Parque Tejo para a Santa Missa”, divulgou a Santa Sé.

Este é o mesmo número de pessoas que participaram na vigília, no sábado à noite, também no Parque Tejo, de acordo com as autoridades.

A JMJ, o maior evento da Igreja Católica, começou na terça-feira e termina no domingo. Pela primeira vez, realiza-se na capital portuguesa.

O anúncio da escolha de Lisboa foi feito em 27 de janeiro de 2019, na missa de encerramento da JMJ na Cidade do Panamá, pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Kevin Joseph Farrell. Este dicastério é o organismo do Vaticano que organiza a JMJ com um comité local.

Na mesma ocasião, o Papa Francisco, que presidia à JMJ, escreveu na sua conta no Twitter: “A vocês, queridos jovens, um muito obrigado por #Panama2019. Continuem a caminhar, continuem a viver a fé e a compartilhá-la. Até Lisboa em 2022”.

A JMJ em Lisboa acabou por ser adiada um ano, devido à pandemia de covid-19.

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Lisboa sob aviso vermelho e 14 outros distritos com aviso laranja até terça-feira devido ao calor

  • Lusa
  • 6 Agosto 2023

Entre hoje e quarta-feira, a temperatura máxima deverá variar entre 35 e 40 graus na maior parte do território.

O distrito de Lisboa está sob aviso vermelho (o mais grave) até às 23:00 de hoje, com o calor a justificar avisos laranja para outros 14 distritos, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Segundo o IPMA, até terça-feira, e excluídos Viana do Castelo, Porto e Aveiro, que estarão sob aviso amarelo, sob aviso laranja até às 18:00 de segunda-feira estarão os distritos de Castelo Branco, Coimbra, Portalegre, Braga, Santarém, Bragança, Setúbal, Viseu, Beja, Évora, Guarda, Vila Real, Faro e Leiria.

Devido à “persistência de valores extremamente elevados da temperatura máxima”, Lisboa está sob aviso vermelho desde as 06:39 até às 23:00 de hoje, refere o IPMA.

A partir das 23:00, Lisboa passa a laranja até às 24:00 de segunda-feira, e, posteriormente, a amarelo entre as 00:00 e as 18:00 de terça-feira.

O estado do tempo em Portugal continental está a ser influenciado por um anticiclone localizado a norte dos Açores, que se estende em crista até ao Golfo da Biscaia, originando uma circulação de leste, permitindo uma situação meteorológica de tempo quente e seco“, indicou o IPMA.

Para hoje, o IPMA prevê para Portugal continental tempo quente com céu geralmente limpo, com vento fraco a moderado (até 25 quilómetros por hora) do quadrante norte, sendo temporariamente do quadrante leste até ao fim da manhã, soprando por vezes forte (até 40 quilómetros por hora) até ao meio da manhã e a partir do final da tarde nas terras altas, em especial do Norte e Centro, e na faixa costeira ocidental a norte do Cabo Raso durante a tarde.

Entre hoje e quarta-feira, a temperatura máxima deverá variar entre 35 e 40 graus na maior parte do território, com exceção da faixa costeira ocidental, podendo atingir valores superiores a 40 graus no interior, informou o IPMA, referindo que as noites deverão ser quentes.

A persistência de tempo quente deverá manter-se, pelo menos, até dia 08 [terça-feira], a partir do qual se prevê uma descida gradual dos valores de temperatura“, adiantou, explicando que essa descida deverá ocorrer na região sul na terça-feira, alargando-se ao restante território nos dois dias seguintes.

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Do Alentejo ao sul da Europa, calor extremo ameaça êxodo no turismo

O aquecimento global pode atrair os turistas para climas mais frescos. Regiões mais quentes como o Alentejo e o sul da Europa têm que preparar-se para os desafios das alterações climáticas.

O turismo já está a sentir o impacto das alterações climáticas. O calor que se faz sentir no verão começa a ser menos apetecível para os turistas e as regiões como o Algarve e o sul da Europa podem sofrer com o aquecimento global. Por oposição, as regiões do Norte, que são mais frescas, podem tornar-se mais atraentes para as atividades turísticas. Para além de adaptar a oferta, a solução passa por implementar ações para mitigar a degradação do ambiente.

O ano de 2022 ficou marcado como um dos anos mais quentes a nível global e Portugal não escapou e os termómetros a chegaram a marcar os 46.ºC em algumas zonas do país. Em Portugal continental, o ano passado foi classificado como extremamente quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA). Foi o ano mais quente desde 1931.

O Alentejo é uma das regiões mais quentes de Portugal e está entre as regiões “mais pressionadas pelas alterações climáticas”. O presidente do Turismo do Alentejo, José Manuel dos Santos, diz ao ECO que do ponto de vista da atividade turística, o Alentejo “encontra-se numa zona crítica (influência do Mediterrâneo)” e admite que “a médio prazo (três a cinco anos) o destino Alentejo tem de adaptar as suas estruturas de oferta e planos de promoção a novos conceitos de época alta e baixa”.

José Manuel dos Santos afirma que as alterações climáticas são uma “preocupação” e que já estão a trabalhar no sentido de “capacitar as empresas do turismo para a prevenção de riscos e preparação para os desafios das alterações climáticas”.

A região do Alentejo encontra-se entre aquelas mais pressionada pelas alterações climáticas e que do ponto de vista da atividade turística encontra-se numa zona critica (influência do Mediterrâneo), admitindo-se que a médio prazo o destino Alentejo tenha que adaptar as suas estruturas de oferta e planos de promoção a novos conceitos de época alta e baixa”

José Manuel dos Santos

Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo

Para colmatar a eventual redução da procura em meses mais quentes, o líder do Turismo do Alentejo, realça que é “necessário esbater a sazonalidade e atrair procura externa qualificada ao longo de todo o ano”.

A Neoturis, consultora especializada em turismo, realça que na região alentejana já “existe uma menor procura nos meses de julho e agosto devido ao calor extremo, mas que “pode ser compensada por maiores ocupações em março, abril, maio ou em outubro e novembro”.

Em Vila Real o calor também não dá tréguas. Alexandre Favaios, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real, salienta em declarações ao ECO, que “emergência das alterações climáticas deve ser uma preocupação de todos” e quer ao nível do turismo, agricultura e da qualidade de vida, “há um impacto negativo originado pelo aquecimento global”.

Para o vice-presidente da autarquia de Vila Real, do Douro às serras do Alvão e do Marão passando pelo circuito Internacional de Vila Real, “o concelho apresenta uma diversidade de oferta ao nível turístico, que lhe poderá permitir um certo nível de adaptação”. No entanto, para além da adaptação considera que há trabalho pela frente e que “só com ações concretas de mitigação desta nova realidade, quer por parte das instituições, quer por cada um de nós individualmente, se poderá evitar uma degradação geral do ambiente e, por consequência, da indústria turística”.

A emergência das alterações climáticas deve ser uma preocupação de todos. Vila Real não é diferente de qualquer outro território neste aspeto e claro que, quer ao nível do turismo, mas também da agricultura e da própria qualidade de vida, acreditamos que há um impacto negativo originado pelo aquecimento global.

Alexandre Favaios

Vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real

Para a consultora Neoturis existem outros “impactos mais preocupantes” e alerta que “à medida que as temperaturas aumentam nos mercados emissores (Reino Unido ou Alemanha)”, os turistas que escolhem Portugal, Espanha ou Itália para passar férias e aproveitar o bom tempo “podem optar por desfrutar das praias dos próprios países”. A Neoturis alerta ainda que o “vá para fora cá dentro” não é exclusivamente português.

O turismo pesa significativamente na economia portuguesa: estima-se que, em 2022, o consumo turístico representou 15,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e 8,9% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) superando os níveis de 2019, de acordo com as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística, da Conta Satélite do Turismo (CST).

Seca grave e falta de água são cada vez mais frequentes

Os números são bastante otimistas, mas o próprio turismo contribui para as alterações climáticas. A consultora Neoturis corrobora esta ideia e salienta que “basta pensar nos efeitos do transporte aéreo” e alerta que “Portugal tem uma rede ferroviária pobre e sem ligações ao centro da Europa” e que isso poderá ser “prejudicial”.

Outra das preocupações relacionadas com as alterações climáticas é a seca. Para a Neoturis a “água é essencial em todos os aspetos do produto turístico”, desde logo para consumo, mas também para a paisagem (e até para o combate a eventuais incêndios). Por isso, a consultora especializada em turismo considera “vital”, tanto para os residentes como para os turistas, “que haja uma gestão de água a nível nacional, regional e local cada vez mais eficaz” e alerta que a “sua ausência pode comprometer seriamente o desenvolvimento turístico Português.

O novo presidente do Turismo do Algarve, André Gomes, que acabou de tomar posse, está consciente da problemática e manifestou-se empenhado “na luta pela sustentabilidade do território e na procura de soluções para a falta de água no sul do país”.

O dirigente apontou a necessidade de atrair mais investimento para o setor das águas “para mitigar o grave problema da escassez e permitir maior poupança deste recurso fundamental à vida e ao turismo”. Lembrou ainda a existência de “muitos bons projetos estruturais já em curso”, ao nível do aproveitamento de águas residuais tratadas, o reforço do sistema multimunicipal e a aposta em novas origens de água, adiantando que “o setor privado está a fazer a sua parte”.

Em junho deste ano, praticamente todo o território nacional estava em seca severa, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

De acordo com um estudo da Comissão Europeia sobre o impacto das condições climáticas no turismo, As regiões costeiras enfrentam os maiores impactos no turismo devido ao aquecimento global, é previsível que as maiores perdas (<-5%) aconteçam no Chipre, Grécia, Espanha, Itália e Portugal.

Abril deste ano ficou marcado como o quarto mês mais quente a nível global desde que há registos, revela um relatório divulgado pelo serviço do programa europeu Copérnico para as alterações climáticas (C3S, na sigla em inglês). Portugal não foi exceção e ultrapassou o recorde de 36ºC, para o mês de abril, registado no Pinhão em 1945.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertou que entre 11 e 17 de julho esperavam-se “valores extremos de temperatura em Portugal Continental” e que os termómetros poderiam alcançar entre os 42 a 45 °C no Alto Alentejo, Vale Tejo e em alguns locais do Alto Douro, Estremadura e Beira Litoral.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisa que “já não há tempo a perder” na crise climática e assinou um apelo com cinco chefes de Estado da Croácia, Grécia, Itália, Malta e Eslovénia comprometendo-se a “apoiar iniciativas de ação conjunta” para fazer face às alterações climáticas.

No texto, lê-se que, “como esperado, a crise climática chegou e atingiu proporções extremamente perigosas”, recordando-se que, na conferência sobre o clima em Nova Iorque, realizada em julho, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou a atual situação como sendo de “ebulição global”.

Num contexto europeu e de acordo com um estudo publicado pela Plos One em 2019, em 27 anos, 77% das cidades de todo o mundo vão enfrentar una alteração no clima, aponta o estudo. A previsão é que em 2050 o clima de Madrid seja semelhante ao de Marrakech, os termómetros de Londres serão mais semelhantes aos de Barcelona e Estocolmo assimilará as condições de Budapeste.

Um estudo, divulgado pela rede científica World Weather Attribution (WWA), concluiu que sem as alterações climáticas, as atuais vagas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido “praticamente impossíveis”.

Regiões do Norte podem beneficiar com alterações climáticas

Com o calor extremo, os incêndios, a seca e a falta de água a assombrar a Europa, incluindo Portugal, e com tendência a intensificar-se nos próximos anos, as regiões do Norte de Portugal e da Europa podem beneficiar com este fenómeno. As regiões mais frescas podem ganhar terreno e passar a estar no topo da lista dos turistas.

Regiões mais frescas poderão, de facto, ser beneficiadas nos meses de Julho e agosto.

Neoturis, consultora especializada em turismo

No contexto nacional, a Neoturis, consultora especializada em turismo, está convencida que as “regiões mais frescas poderão, de facto ser beneficiadas nos meses de julho e agosto”.

Num contexto europeu, as “regiões da Europa Central e do Norte podem tornar-se mais atraente para atividades turísticas durante todo o ano, em detrimento das áreas do sul e do Mediterrâneo”, de acordo com um estudo da Comissão Europeia sobre o impacto das condições climáticas no turismo.

Os países nórdicos podem beneficiar das alterações climáticas tendo em conta que não serão assombrados pelas vagas de calor e podem tornar-se mais apetecíveis para os turistas. A Alemanha, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Holanda, Suécia e Reino Unido são os países que podem beneficiar com as alterações climáticas, aponta o mesmo estudo.

De acordo com o estudo da Comissão Europeia, está previsto taxas de crescimento superiores a 3% no número de dormidas num total de 106 regiões (regiões sombreadas de azul claro a escuro no mapa abaixo). Do outro lado da moeda, 52 regiões europeias na Bulgária, Grécia, Chipre, Espanha, França, Itália, Portugal e Roménia devem perder fluxos turísticos.

Evolução projetada da demanda turística regional europeia para todos os cenários de aquecimento global

 

As alterações climáticas são uma realidade global, que preocupa e que nos convoca a todos“, comenta o Turismo de Portugal, referindo que este contexto terá impacto na forma como o turismo, “uma atividade que depende, entre outras, do território e do clima, ambas com vulnerabilidades aos potenciais efeitos das alterações climáticas“, evoluirá no futuro. “Temos vindo a acompanhar com particular atenção os possíveis impactos das alterações climáticas no setor, num trabalho conjunto com todos os agentes, privados e públicos, do turismo, e com os nossos congéneres europeus e entidades internacionais“, garante fonte da organização agora liderada por Carlos Abade.

Importa “que o setor tenha uma capacidade crescente de adaptação aos riscos que daí decorrem, no sentido de os reduzir”, pelo que “será determinante o conjunto de medidas a levar a cabo no sentido da mitigação dos impactes resultantes das alterações climáticas”, acrescenta o Turismo de Portugal sem pormenorizar. “Pretende-se acautelar, cuidar e preparar os destinos para que seja possível mantermos a nossa capacidade de atrair fluxos internacionais, em linha com as melhores e mais inovadoras práticas relacionadas com a sustentabilidade e o ambiente”, resume.

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📹 Temperaturas altas? Saiba como otimizar o carregamento do seu veículo

O calor do verão pode dificultar o carregamento do seu veículo elétrico. Uma bateria sobreaquecida compromete o desempenho do carregamento e, por sua vez, a do carro. Saiba os cuidados a ter.

Perante o crescimento da procura por veículos elétricos, importa saber que cuidados tomar em dias de elevadas temperaturas.

O calor do verão não é apenas um problema para as pessoas, tendo também a capacidade de provocar danos no próprio automóvel. Uma bateria sobreaquecida compromete o desempenho do carregamento e, por sua vez, o desempenho do carro. A Juice Technology, uma comercializadora de soluções de carregamento para veículos elétricos, reuniu seis dicas para otimizar o carregamento da bateria do seu carro durante estes meses de altas temperaturas. Saiba quais são neste vídeo.

http://videos.sapo.pt/fN4wZk1UU8n49KV3H4jr

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Com a “ajuda” da autarquia de Oeiras o cartaz sobre abusos na Igreja originou 291 notícias

Foram publicadas 291 notícias sobre os cartazes a lembrar vítimas de abuso. Ao tirar o cartaz, Oeiras fez "um total disparate" em termos de comunicação e amplificou a mensagem, dizem os especialistas.

Duzentas e noventa e uma notícias. Entre televisão, Imprensa, rádio e online, são 291 as notícias que referem os três outdoors sobre as vítimas de abusos sexuais na igreja católica em Portugal colocados no madrugada de quarta-feira em Lisboa, Loures e Algés. Enquanto o da Alameda, em Lisboa, e o de Loures permaneceram nos locais nos quais foram colocados, a autarquia de Oeiras mandou retirar o outdoor na tarde de quarta-feira. Estava criada a polémica, nas redes sociais e nos media, com a Câmara de Oeiras e erguer novamente a lona, agora numa estrutura da autarquia, na noite de quinta-feira.

Até ao momento encontrámos 291 notícias (Imprensa, tv, rádio e online) que referem os outdoors das JMJ. Estas notícias representam um AAV (Advertising Automatic Value) de aproximadamente sete milhões de euros“, avança Pedro Ladeira, senior vice president Portugal & Mediterranean Region da Cision, que a pedido do +M analisou o número de notícias publicadas sobre o tema. Estas notícias, 291, são as publicadas entre o dia 2 de agosto e as 11h de sexta-feira, 4 de agosto.

“Todas mencionam os outdoors, no entanto, algumas delas, mencionam em simultâneo outros tópicos relacionados com a JMJ/visita do Papa. Este facto é ainda mais notório na informação de TV”, esclarece o responsável. “É importante realçar que, embora as notícias tenham referências ao assunto, não significa que estas são exclusivamente relacionadas com este. Este facto é ainda mais importante nas notícias de TV, já que existem blocos de vários minutos sobre a visita do Papa em que o assunto foi mencionado apenas numa parte da notícia“, reforça Pedro Ladeira.

Os sete milhões de euros – a preços de tabela – são apenas um valor de referência e não foi aplicada a advertising equivalent value, métrica utilizada pela multinacional que mede exatamente o valor da referência ao assunto em análise, esclarece o responsável. Mas não deixa de ser um número impressionante.

“É um disparate total do ponto de vista de comunicação e contrário ao espírito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)”

José Bourbon-Ribeiro

CEO Portugal da Hill+Knowlton Strategie

Não tenho qualquer dúvida de que a Câmara Municipal de Oeiras [CMO] deu uma grande ajuda à amplificação da mensagem“, assegura Maria Domingas Carvalhosa, CEO da Wisdom. O comentário é feito já na noite de quinta-feira, depois de +M ter avançado que a autarquia ia novamente colocar a lona a lembrar as “mais de 4800 crianças abusadas pela Igreja Católica em Portugal”, como se lê no memorial escrito em inglês, desta vez visível numa estrutura da autarquia, situada na rotunda de Algés.

A estrutura na qual a lona começou por ser aplicada terá sido retirada pela autarquia, que perto desta colocou um novo outdoor, agora com uma mensagem de boas-vindas ao Papa Francisco. A CMO diz ao +M desconhecer os donos da estrutura, ilegal, retirada esta madrugada e os membros do movimento cívico que criaram o memorial, e que terão pago pelo espaço, também optaram por não dizer qual foi a empresa à qual contrataram o aluguer do espaço.

O tema dos outdoors ilegais é sério, mas a oportunidade é absolutamente contraditória com o espírito de inclusão, liberdade e abertura da JMJ e do próprio Papa Francisco“, começa por afirmar José Bourbon-Ribeiro sobre a retirada do outdoor em Algés. “A Câmara de Oeiras tentou ser mais papista do que o próprio Papa”, afirma o CEO da Hill+Knowlton Strategies Portugal, fazendo uso da expressão popular que neste caso pode ser interpretada à letra.

É um disparate total do ponto de vista de comunicação e contrário ao espírito da Jornada Mundial da Juventude [JMJ]“, prossegue em conversa com o +M, acrescentando que a “JMJ respira tolerância, representa uma Igreja aberta e que quer sarar as feridas. Sarar as feridas não é escondê-las”, diz dando como exemplo o próprio Papa Francisco, que já se referiu e recebeu vítimas de abusos da Igreja em Portugal.

É um atropelo da liberdade de expressão. A estrutura até podia ser ilegal, mas não era o momento para tratar disso. Num momento em que a JMJ, o Papa e a Igreja apelam à tolerância, retiraram (a lona) porque acharam que não fica bem?“, questiona.

A comunicação tem que ter em atenção todas as dimensões da ação. Foi um erro monumental“, reforça o responsável da agência de comunicação. “Ainda bem o município de Oeiras não representa nem a Igreja nem o Papa”, resume José Bourbon-Ribeiro. ”

Maria Domingas Carvalhosa recua uns dias. “A ideia da produção e colocação e até o próprio financiamento destes três cartazes nasceu no âmbito de um grupo de algumas centenas de pessoas que, na rede social X (antigo Twitter), se colocaram numa posição de grande contestação à Jornada Mundial da Juventude. Na realidade, diariamente, contestam as JMJ nas mais variadas vertentes. Tomaram, entretanto, a iniciativa de assinalar essa contestação publicamente através da colocação de um cartaz/memorial, com os números de abusos apresentados no Relatório da Comissão Independente, em três outdoors”, recorda.

Estamos perante um estudo de caso de comunicação conhecido como ‘Efeito Streisand’ e que consiste num fenómeno em que a supressão de um conteúdo ou informação faz com que eles se tornem mais visíveis.

Maria Domingas Carvalhosa

CEO da Wisdom

Estão no seu direito e não me parece possível bloquear esse direito sem violar a liberdade de expressão. Aliás, a própria Igreja, pelas palavras do Cardeal Patriarca, em conferência de imprensa, quando questionado, também referiu a importância do respeito pela liberdade de expressão”, acrescenta a também presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas (APECOM).

Ora, a reação da autarquia, ao retirar o cartaz, só amplificou a polémica. “Estamos perante um estudo de caso de comunicação conhecido como ‘Efeito Streisand’ e que consiste num fenómeno em que a supressão de um conteúdo ou informação faz com que eles se tornem mais visíveis. Este efeito nasceu de uma ação judicial colocada, em 2003, por Barbara Streisand ao fotógrafo Kenneth Adelman pela captura e publicação no seu site de uma foto que integrava a sua casa. Até à interposição da ação pela atriz, apenas seis pessoas tinham consultado o site, depois, em apenas um mês, 420 mil pessoas já conheciam a sua habitação”, enquadra Maria Domingas Carvalhosa.

Este tema estava a ser discutido numa rede social, divulgado por meia dúzia de meios de comunicação social, os outdoors teriam um impacto relativo e a remoção do cartaz, por questões jurídicas, catapultou o tema para a agenda mediática nacional, para as televisões e até para o comentário político. Passou a ser o tema“, resume a especialista em comunicação que, tal como José Bourbon Ribeiro, defende não ser a altura certa para a autarquia se preocupar com a irregularidade ou ilegalidade relativamente ao suporte do outdoor.

“O cartaz é péssimo, a ideia é péssima, a decisão política é péssima e voltar atrás é péssimo. É uma história demonstrativa de como vai o mundo”

Vítor Cunha

Administrador da JLM&Associados

A Câmara Municipal de Oeiras “deveria ter resolvido a questão logo na primeira fase oferecendo um suporte alternativo, como o faz agora, evitando toda esta mediatização da sua ação”, defende.

O cartaz é péssimo, a ideia é péssima, a decisão política é péssima e voltar atrás é péssimo“, caracteriza por seu turno Vítor Cunha, administrador da JLM&Associados.

Dizendo não querer “contribuir para a silly season“, época tradicionalmente com poucas notícias, pelo que pode ser dado maior destaque a temas que em outras ocasiões não o teriam, o administrador da agência não deixa de caracterizar esta como uma “história demonstrativa de como vai o mundo“. “Meteram logo os pés pelas mãos [a CMO]. O poder político está completamente volátil à pequena pressão da opinião pública. Formulação de decisão e a opinião política são pura gelatina“, constata.

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Decisão sobre petróleo em frente ao Amazonas no Brasil será técnica

  • Lusa
  • 5 Agosto 2023

A Petrobras planeia abrir 16 poços em cinco anos, com investimento de três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), na área do Atlântico conhecida como margem equatorial.

A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, afirmou sábado que a decisão final sobre as autorizações para a petrolífera estatal Petrobras explorar um jazigo em frente à foz do rio Amazonas será “técnica”.

Citada pela agência Efe, Marina Silva reconheceu que a Petrobras tinha voltado a apresentar um pedido corrigido depois da resposta negativa dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), mas sustentou que serão os funcionários públicos a ter a última palavra.

“Os técnicos têm liberdade de dar a sua opinião e as autoridades devem olhar para aquilo que os técnicos estão a dizer”, assegurou Marina Silva numa conferência de imprensa em Belém (no estado do Pará, nordeste), cidade onde na próxima semana se celebrará uma cimeira de países amazónicos.

A ministra recordou que o Ibama deu, ao longo dos anos, mais de 2.000 autorizações à Petrobras para explorações petrolíferas, e afirmou que as licenças ambientais não se negam por motivos ideológicos.

Na sexta-feira, a Petrobras afirmou-se “muito confiante” em superar as dúvidas do Ibama com a nova apresentação do pedido de exploração, para poder começar a atividade no polémico jazigo petrolífero.

Na mesma linha, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou esta semana que o estudo do Ibama “não é definitivo”, e que a Petrobras “tem direito a corrigir” as falhas técnicas apontadas pela autoridade.

A petrolífera assegura que o poço mais próximo à foz do rio Amazonas, uma zona de extrema sensibilidade pela sua proximidade a manguezais e por ser ‘habitat’ de espécies em perigo de extinção, se situa a 500 quilómetros do local e a 2.800 metros de profundidade.

No entanto, o Ibama argumentou que existiam “inconsistências preocupantes de alta vulnerabilidade socioambiental para a operação segura na nova fronteira exploratória”.

A Petrobras planeia abrir 16 poços em cinco anos, com investimento de três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), na área do Atlântico conhecida como margem equatorial, uma longa faixa de 2.200 quilómetros ao largo da costa norte do país.

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Serra de Sintra e monumentos encerram devido ao calor

  • Lusa
  • 5 Agosto 2023

O Palácio Nacional da Vila de Sintra e o Palácio Nacional de Queluz permanecem abertos durante este período, sem qualquer alteração ao seu funcionamento habitual.

O acesso ao perímetro florestal da serra de Sintra, Lisboa, e aos monumentos locais estará encerrado no domingo, devido às condições meteorológicas que apontam para temperaturas altas e elevado risco de incêndio, anunciou hoje a autarquia.

Numa nota hoje enviada à agência Lusa, a Câmara Municipal de Sintra alerta que “em consequência das condições meteorológicas adversas e risco de incêndio florestal muito elevado, e por forma a garantir a salvaguarda do património natural e cultural e a segurança de pessoas e bens, o perímetro florestal da serra de Sintra estará encerrado entre as 00:00 e as 23:59 de domingo (06 de agosto)”.

Estarão também “encerrados os monumentos localizados em zonas florestais“, acrescenta.

Face a esta decisão do município, até às 23:59 de domingo, está proibido o acesso, a circulação e permanência no interior dos espaços florestais (pessoas e veículos), bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem.

“Excetuam-se desta proibição os veículos de moradores e de empresas aí sediadas, veículos de socorro, veículos de emergência e das entidades integrantes do Sistema Municipal de Proteção Civil”, explica a câmara.

Os monumentos de Sintra situados na área interdita permanecerão também encerrados, designadamente o Parque e Palácio Nacional da Pena, Castelo dos Mouros, Santuário da Peninha, Convento dos Capuchos, Chalet da Condessa D’Edla, parque e Palácio de Monserrate e a Quinta da Regaleira.

O Palácio Nacional da Vila de Sintra e o Palácio Nacional de Queluz permanecem abertos durante este período, sem qualquer alteração ao seu funcionamento habitual, informa o município de Sintra.

A autarquia lembra que a serra de Sintra “integra uma região de proteção classificada sensível ao risco de incêndio florestal, caracterizada por um elevado número de visitantes” e que, por este motivo, “torna-se fundamental acautelar a sua proteção, manutenção e conservação, considerados objetivos do interesse público, de âmbito mundial, nacional e municipal”.

Adicionalmente, a autarquia informa que “não é permitida a realização de trabalhos em espaço rural e na envolvente de áreas edificadas com recurso a motorroçadoras, corta-matos e destroçadores, todos os equipamentos com escape sem dispositivo tapa-chamas, equipamentos de corte, como motosserras ou rebarbadoras, ou a operação de métodos mecânicos que, na sua ação com os elementos minerais ou artificiais, gerem faíscas ou calor“.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou hoje em aviso vermelho o distrito de Lisboa entre as 10:00 e as 18:00 de domingo devido ao calor, prevendo-se temperaturas entre 39 e 41 graus celsius.

Segundo o IPMA, no domingo e na segunda-feira, as temperaturas na cidade de Lisboa podem atingir valores entre 39 e 41 graus, enquanto a temperatura mínima irá variar entre 20 e 22 graus.

No comunicado, o IPMA indica que as condições meteorológicas em Portugal continente “deverão alterar-se significativamente” a partir de hoje, sendo esperado tempo quente e seco.

Assim, entre domingo e quinta-feira, a temperatura máxima deverá variar entre 35 e 40 graus na maior parte do território, “podendo atingir pontualmente 44 no interior“.

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Medvedev acusa Ucrânia de querer provocar “catástrofe ambiental” com ataque a petroleiro

  • Lusa
  • 5 Agosto 2023

O ataque, um dia depois de outro contra um navio de guerra numa base militar russa no Mar Negro, adensa a tensão na região entre russos e ucranianos.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev, acusou este sábado a Ucrânia de querer provocar uma “catástrofe ambiental” no Mar Negro com o ataque a um petrolífero russo ao fim da noite de sexta-feira.

“Os bastardos e os degenerados só entendem a crueldade e a força. Aparentemente, não é suficiente para eles atacarem Odessa ou Izmail”, disse o também antigo presidente da Rússia e delfim de Vladimir Putin no seu canal na rede social Telgram.

O político acrescentou que “se a escória de Kiev quer organizar uma catástrofe ambiental no Mar Negro, deve fazê-lo na parte do seu território [sudoeste] que logo cairá nas mãos da Polónia”.

A Ucrânia atacou na sexta-feira ao fim da noite (hora local) um petroleiro russo no Estreito de Kerch, disse à AFP uma fonte dos serviços de segurança ucranianos (SBU).

O ataque, um dia depois de outro contra um navio de guerra numa base militar russa no Mar Negro, adensa a tensão na região entre russos e ucranianos.

Segundo as informações, o navio sofreu um buraco na linha de água na zona da casa das máquinas. O barco tinha 11 pessoas a bordo e vários membros da tripulação ficaram feridos por estilhaços de vidro durante o ataque.

O número de ataques na região aumentou de ambos os lados desde que Moscovo se recusou, em meados de julho, a renovar o acordo negociado pela ONU que permitia a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, apesar da guerra iniciada com a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Tanto Kiev como Moscovo anunciaram, após a rutura do acordo, alcançado pela primeira vez em julho de 2022, que todos os navios que navegam nas águas do Mar Negro serão considerados transportes de carga militar.

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Consolidar já investiu em sete empresas. Só 5% do programa chegou aos beneficiários finais

Terminado o período da primeira subscrição de fundos de capital de risco para investimento na capitalização de PME e Mid Caps, três capitais de risco ficaram pelo caminho. Dinheiro foi redistribuído.

Quase um ano depois de ter sido lançado, são sete as empresas que receberam fundos dos Programa Consolidar. Em causa estão 43 milhões de euros. Este programa arrancou com 14 capitais de risco, mas agora está reduzido a 11, anunciou o Banco de Fomento.

A primeira beneficiária final do Programa Consolidar foi, em abril, a Campicarn, através de um investimento de mais de 6,4 milhões de euros por parte da sociedade de capital de risco Growth Partners Capital. Agora que o terminou o período da primeira subscrição (first closing) de fundos de capital de risco para investimento na capitalização de PME e Mid Caps, no âmbito do Consolidar, há já sete empresas que receberam fundos das capitais de riscos.

Crest Capital Partners, Growth Partners Capital e Touro Capital Partners reportaram investimentos em sete empresas (beneficiários finais), que totalizaram mais de 43 milhões, dos quais 25 milhões respeitantes ao Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR)”, revela o Banco de Fomento em comunicado na sexta-feira. Ou seja, apenas 5% da dotação do Consolidar chegou aos beneficiários finais.

A Growth Partners Capital investiu mais 50 mil euros nas Carnes Campicarn e 4,99 milhões no ID Energy Group, um grupo empresarial dedicado às energias renováveis e especializado na energia solar fotovoltaica. A empresa espanhola fez um aumento de capital de 19 milhões há cerca de uma semana, com a entrada da Growth Partners Capital e da Pangram Capital e pretende vir a ser cotada em bolsa.

a Crest Capital Partners investiu 26,06 milhões de euros em três empresas: Aquacria Piscícolas, Safiestela e AC Nazaré. A Aquacria Piscícolas foi criada em 1982 na Murtosa, mas desde 2012 integra o grupo espanhol SEA8, e dedica-se à piscicultura em águas salgadas, em especial linguado. A Safiestela é também uma empresa de aquacultura, criada em 2011, na Póvoa do Varzim, especializada em linguado, também integra o grupo espanhol SEA8, e já recebeu 92 milhões do Mar2020 para o investimento de 244 milhões que fez para aumentar a produção. Há apenas três produtores europeus de linguado em aquacultura.

Já a Touro Capital Partners investiu seis milhões de euros na S317 Consulting, uma empresa de serviços de consultoria e engenharia de gestão na área da sustentabilidade, que também já recebeu 42,35 mil euros de apoio do Programa Operacional Regional de Lisboa (Lisboa 2020) para reforçar a capacidade empresarial para a internacionalização e desenvolvimento de modelos de valorização do impacto ambiental na América Latina.

As regras do Consolidar determinam que as capitais de risco assegurem a subscrição de fundos com uma dotação mínima de 40 milhões de euros cada um, sendo que 30% desse valor tem de ser assegurado por privados. A comparticipação do FdCR, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pode oscilar entre dez e 50 milhões de euros. As 14 capitais de risco selecionadas tinham seis meses para levantar o capital privado necessário. Um prazo que terminou a 31 de julho.

Mas apenas 11 conseguiram reunir todas as condições para permanecer no programa. “Das 14 Sociedades de Capital de Risco selecionadas para investimento, 11 asseguraram condições para, até à passada data de 31 de julho, realizarem a primeira subscrição com envolvimento do FdCR”, revela o mesmo comunicado da instituição liderada por Ana Carvalho e Celeste Hagatong. “Totalizam uma subscrição do FdCR no valor de 478,3 milhões de euros”, acrescenta a mesma nota.

Contudo, o Consolidar tem uma dotação de 500 milhões de euros, depois da duplicação da sua dotação, e de acordo com as regras o dinheiro que estava inicialmente alocado à Draycott (tal como avançou o Jornal Económico), ECS Capital e Portugal Capital Ventures (a capital de risco do Estado, tal como avançou o Público) tinha de ser distribuído pelas restantes 11. “Os valores alocados a estas três capitais de risco foram descativados e alocados aos restantes candidatos selecionados, pela ordem de preferência previamente aprovada pelo Banco Português de Fomento (começando pelas mais bem classificadas)”, explica o mesmo comunicado.

Será a Crest Capital Partners e a Touro Capital Partners que “por força das metas intercalares” poderão receber “uma percentagem expressiva dos 21,7 milhões de euros”, explica o Banco de Fomento, precisando que “à data de hoje” [sexta-feira] ainda não foram alocados.

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Mais de mil operacionais combatem incêndios em Castelo Branco e Proença-a-Nova

  • Lusa
  • 5 Agosto 2023

"A estimativa, neste momento, é de seis mil hectares de área ardida", explica o Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Centro.

Mais de 1.000 operacionais combatiam, às 13:45, o incêndio que deflagrou na sexta-feira, em Castelo Branco, e que progride também em Proença-a-Nova, de acordo com a página da Proteção Civil.

O incêndio mobilizava, às 13:45, 1.038 operacionais, apoiados por 345 veículos e 12 meios aéreos, refere a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, consultada pela agência Lusa.

O fogo deflagrou pelas 15:00, na sexta-feira, na localidade do Carrascal, em Castelo Branco, estando também a progredir no concelho vizinho de Proença-a-Nova.

Segundo o ‘briefing’ realizado às 13:15, pelo segundo Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Centro, Jody Rato, os operacionais contam também com dez máquinas de rasto no terreno, estando a aguardar a chegada de outras cinco.

O combate no terreno tem-se revelado difícil, face à orografia e dificuldade de acesso, referiu.

O incêndio que deflagrou na sexta-feira, em Castelo Branco, regista uma área ardida de 6.000 hectares naquele concelho e em Proença-a-Nova, afirmou hoje o Comando Regional de Proteção Civil do Centro.

A estimativa, neste momento, é de seis mil hectares de área ardida, o que é uma área reduzida para aquilo que é o potencial deste incêndio”, afirmou o segundo Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Centro, Jody Rato, que falava aos jornalistas num ‘briefing’ sobre o ponto de situação daquele fogo.

De momento, o incêndio tem “vários pontos quentes” e duas frentes ativas que causam “preocupação” aos operacionais, devido “às dificuldades de acesso e orografia, num território difícil para aplicar técnicas de combate eficazes”, explicou.

Desde o início da manhã, tem sido possível manter “meios aéreos” de forma permanente, acrescentou, salientando que, até ao momento, não houve qualquer aldeia evacuada, apenas “retirada temporária de pessoas” de algumas localidades por onde as chamas estiveram próximas.

“Nós temos uma estratégia definida, estamos a posicionar meios humanos e máquinas de rasto, que estão a ter um papel muito importante na consolidação do perímetro do incêndio, que será um trabalho feito durante o dia e durante a noite, e esperamos resolver rapidamente uma situação que é complicada”, vincou Jody Rato.

Questionado sobre a possibilidade de alguma das frentes avançar para concelhos vizinhos, o responsável realçou que os operacionais estão a fazer “todos os esforços para que isso não aconteça”, admitindo, porém, o risco de isso surgir.

 

(notícia atualizada como mais informação às 14h44)

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