Ausência de outras ofertas e preço “justo” levam finlandesa Musti a recomendar venda à Sonae
Para a compra da empresa de produtos para animais de estimação, o grupo português diz que tem assegurado o financiamento com capital próprio e bancário levantado junto do CaixaBank e Santander.
A administração da finlandesa Musti recomendou por unanimidade aos acionistas que aceitem as condições da Oferta Publica de Aquisição (OPA) lançada pela Sonae, em conjunto com dois administradores e o CEO da empresa nórdica de produtos para animais de estimação, avaliando o grupo nórdico em 868 milhões de euros. Os membros da administração, que não estão envolvidos na operação, consideram a contrapartida de 26 euros “justa”, adiantando ainda que não identificaram interesse de outras empresas para avançarem com ofertas concorrentes.
“O Conselho de administração da Musti considera que a Oferta e o preço da Oferta são, nas circunstâncias prevalecentes, justos para os acionistas da Musti”, divulgou a empresa num comunicado, acrescentando que “os membros do Conselho da Musti que participaram da consideração e tomada de decisão sobre as implicações da Oferta e desta declaração na Musti recomendam por unanimidade que os acionistas da Musti aceitem a Oferta”. O mesmo comunicado esclarece que os membros da administração que participam no consórcio, Jeffrey David e Johan Dettel, não tiveram qualquer participação nesta recomendação.
Foi a 29 de novembro que a Sonae lançou uma OPA sobre a totalidade do capital da Musti. A oferta é realizada por um consórcio, através da sua subsidiária Sonae Holdings, SGPS, SA, em parceria com Jeffrey David, presidente do conselho de administração da Musti, Johan Dettel, membro do conselho de administração da Musti, e David Rönnberg, CEO da Musti.
O preço da oferta, de 26 euros por ação, a liquidar em dinheiro, representa um prémio de 27,1% face ao preço de fecho das ações na bolsa de Helsínquia na véspera do anúncio da OPA (20,46 euros); e de 40,4% face ao preço médio de negociação ponderado pelo volume nos últimos seis meses (18,51 euros).
Ausência de ofertas concorrentes. Sonae assegura financiamento
Outro dos fatores que levaram os membros da administração a recomendar a aceitação da oferta foi a ausência de alternativas estratégicas para a empresa. Segundo o comunicado, a administração “investigou anteriormente de forma confidencial oportunidades estratégicas para a empresa juntamente com a Jefferies GmbH, mas nenhuma dessas oportunidades progrediu”.
Na sua recomendação aos acionistas, a administração nota ainda que, à data da declaração, a probabilidade de existirem ofertas concorrentes à da Sonae era “limitada”.
Já em relação ao que será o futuro da empresa e dos seus funcionários, os administradores da Musti realçam que, face à informação obtida junto dos membros do consórcio que lançaram a OPA, “não se espera que a Oferta tenha quaisquer efeitos materiais imediatos nas operações da Musti ou na posição dos funcionários”.
No que toca aos riscos de a operação não avançar, os membros da administração adiantam que a Sonae garantiu que tem o financiamento da operação assegurado, com capital próprio e financiamento bancário levantado junto do CaixaBank e do Santander.
A Musti tem 33.535.453 ações emitidas, estando 33.387.887 dispersas e 147.566 são detidas pela própria empresa. A Sonae reservara-se o direito de comprar ações da empresa antes, durante e após o período da oferta, que deverá arrancar já na próxima segunda-feira, dia 18 de dezembro, após a publicação do prospeto da operação, que se espera nesta sexta-feira, 15 de dezembro.
Musti apresenta “sólida proposta de valor”
A empresa portuguesa, que representa 98% do consórcio que está a ser realizado através da Flybird Holding Oy, uma empresa constituída na Finlândia, tem “o objetivo de adquirir o controlo da empresa” que faturou 426 milhões de euros no último ano fiscal, com o EBITDA a atingir 74 milhões.
A Sonae já detinha uma posição minoritária, adquirida nos últimos meses, nesta empresa cotada na bolsa de valores de Helsínquia, destacando a “sólida proposta de valor omnicanal” da Musti, que tem uma rede de mais de 340 lojas, complementada por operações de comércio eletrónico especializadas em produtos de cuidado e alimentação para animais de estimação.
A OPA deverá estar concluída no primeiro trimestre de 2024, estando a conclusão da oferta dependente da aprovação por parte das autoridades regulatórias e da concorrência, assim como da obtenção do controlo de mais de 90% das ações e dos direitos de voto na Musti.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.